Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 4
Acordo


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey o/
Saudades, saudades de você (8'
Nada a dizer aqui, então... divirtam-se

Música do capítulo: Numb - Linkin Park



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547941/chapter/4

Eu estava esparramada em uma cadeira desconfortável no Grande Salão enquanto Kristine tagarelava sobre as preparações dos criados do palácio para a recepção do meu aniversário, que só começaria dali há dois dias e mamãe coordenava outros criados, indicando o lugar de cada coisa. Mesmo que ela reclamasse muito daquele trabalho, minha mãe se divertia muito com tudo aquilo.

— Ainda estamos dando os retoques finais, mas você e sua mãe fizeram um grande trabalho — sorriu afetuosamente Kristine olhando para mamãe que estava provando a comida que seria servida enquanto conversava com um homem corpulento. — Esse será o melhor aniversário que já se teve notícia.

— Assim espero. Acho que é o nervosismo com a chegada das meninas da Seleção, mas, meu Deus, Robert está mais impossivelmente irritante. E eu sei que não estou muito melhor. Depois que ele se casar todo mundo vai cair matando para eu me casar logo.

Kristine assentiu.

— Você não quer isso, né? Se casar. Nunca entendi isso. É como um conto de fadas, um homem bonito, um país distante... — ela suspirou sonhadoramente.

— Como você pode dizer isso, mulher? Está louca? Você mora aqui há quase dez anos e sabe que se ser princesa fosse só isso, seria um piquenique. Você sabe que eu tenho que rever leis, orçamentos, estratégias e sempre estar impecável. É um pesadelo. Eu tenho que ser a pessoa que as garotas nas ruas olhem e pensem "Poxa, quero ser como ela".

Kristine deu de ombros.

— Você só diz isso porque ninguém realmente se importa com as suas ações porque o Robert é o herdeiro e você a imagem de capa — comentou, não fazendo muito por meu moral.

— Você viu aquela papelada sobre as tropas de Illéa na Índia que Robert me enviou? Eu não sei fazer aquilo. Ninguém se importou em me ensinar enquanto eu estava aprendendo música e fotografia.

— É um relatório, Layla — ela explicou de forma paciente. — Você só precisa destacar os dados mais importantes e fazer anotações sobre o que poderia ser feito para otimizar a ação das tropas lá.

Todo o relatório parecia importante, certo. Mas o que eu poderia dizer para otimizar a ação das tropas? Os nossos soldados não faziam nada lá além de ficar montando guarda. Com Kristine falando até que parecia fácil, mas eu sabia que Robert esperava mais. Ele sempre esperava mais de mim.

Sabe aquele ditado "Falar do diabo, aparece o rabo"? Pois bem, quem apareceu para me pressionar? Robert, é claro.

— Boa tarde, Kristine — saudou inclinado-se ligeiramente. — Layla, posso falar com você?

Ajeitei-me na cadeira, ereta.

— É claro.

— Com licença — Kristine fez uma reverência para Robert e saiu para rondar minha mãe, dando uns pitacos aqui e acolá.

— Qual a urgência? — sussurrei. Será que tinha acontecido mais alguma coisa? Presumi que não, uma vez que meu pai não havia chamado minha mãe para ajudá-los.

— Você precisa se casar com alguém, é essa a urgência.

— Eu não vou ser vendida só para termos aliados caso o governo de nossa família seja atacado — sibilei.

Meu irmão estreitou os olhos azuis.

— É um acordo, Layla. Que, a propósito, meu pai não quer assinar porque você está fazendo birra.

— Birra? Você e tio George praticamente querem me vender e eu estou fazendo birra? Pois vá você se negociar com a Rússia.

Ele me encarou.

— Eu não estou tentando te vender, você sabe que não. Eu te amo e você é minha irmã, mas você sabe que a coroa tem seus pesos. Alguém da realeza nunca coloca seus princípios à frente de seu povo.

Como ele conseguia virar a mesa desse jeito? Eu não estava colocando meus princípios à frente de nada. Haviam outros meios onde tanto o país quanto eu sairíamos ganhando.

— Eu tampouco o estou fazendo — rebati friamente. — Se esse fosse o único meio de nos aliarmos à Rússia, eu iria mesmo contra minha vontade, mas não é. Podemos tentar um acordo econômico ou...

— Robert Schreave, pare de chatear a sua irmã — mamãe ralhou aproximando-se, os olhos azuis, exatamente como os dele, faiscando.

Robert ergueu a cabeça.

— Não a estou chateando, preciso discutir alguns assuntos com minha irmã.

Mamãe me olhou de forma interrogativa. Assenti levemente para ela, confirmando que estava tudo bem.

— Eu e Kristine deixaremos vocês conversando, então — todo mundo podia ouvir a inquietação em sua voz. Era assim desde que entramos na puberdade. Diferentemente de outros gêmeos que conhecíamos, Robert e eu éramos como dois imãs que se repelem desde que consigo me lembrar. Era uma competição intensa da qual nenhum de nós ia desistir.

— Obrigado — agradeceu Robert, sem sorrir, me encarando.

Ele suspirou e passou um braço em torno de meus ombros, como um irmão normal.

— Layla, eu sei que você está chateada e sei que acha meus métodos de lidar com as coisas muito pragmáticos, mas Illéa é um país grande e jovem, muito cobiçado. Se dermos motivos para a Rússia querer se aliar aos Illéa...

— Não me faça sentir mal — sussurrei. — Sei o que está em jogo, mas a Rússia nos ajudar não está relacionado com os meus duvidosos talentos de anfitriã.

— Tente, Lay. Você é uma grande princesa, mesmo sendo tão teimosa. Faça isso por seu povo e por sua família.

— Robert… Eu gostaria, gostaria mesmo de fazer isso, mas não posso me casar com um total estranho. Não é por isso que você tem uma Seleção? Para não se casar com uma estranha qualquer?

— Não é um estranho. É o príncipe da Rússia.

Lancei-lhe um olhar irritado.

— Robert...

— Pelo meu aniversário. Só tente. Eu nunca te implorei nada, mas agora imploro. Por favor, Layla, tente se aliar a Dimitri! — Fiquei surpresa com a intensidade das palavras dele, eram suaves e desesperadas, Robert nunca se desesperava.

— Também é meu aniversário, Robert.

— Por favor, Layla. Nunca mais te peço nada.

— Certo, em nome da nossa irmandade tentarei. Não posso te garantir nada além disso.

— Obrigado, irmãzinha. Saiba que eu sempre te amarei.

— Também te amo, Robert. Mesmo você sendo tão chato.

Ele sorriu torto.

— Sou seu irmão, esse é meu dever.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijos o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Deixe a neve cair" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.