Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 37
Eventos


Notas iniciais do capítulo

Postando mais cedo que o normal? Não! Tomei vergonha nessa minha cara negra e comecei a agendar os posts porque como visto eu acordo meio-dia hashaus
Enfim... como foram as notas no ENEM? As minhas foram bem piores que o esperado, mas ainda fiquei com uma média razoável.

No último capítulo de DaNC:

"Embora eu soubesse que o passado de Dimitri era difícil, não esperava que ele já tivesse levado as duas primas gêmeas que foram criadas como suas irmãs para a cama. Me perguntei: se ele era capaz de fazer isso com elas, o que não poderia fazer com uma princesa que mal conhecia? Sexo era tudo em jogo ali e finalmente tendo conseguido o que queria estava me afastando porquê a minha serventia acabou?
Eu pensei nisso por horas e, vendo seu olhar negro prestando atenção em cada movimento meu, senti-me envergonhada e com nojo de mim mesma.
Aquele homem que Kira havia conhecido não era o meu Dimitri. Porque comigo não havia apenas preocupação com o carnal, ele me amava em cada gesto, cada vez que entrelaçava os dedos nos meus e cada vez que me dava um beijo suave e sem segundas intenções. Tudo que o homem que eu amava queria era o meu bem tanto quanto eu queria o dele.
Suspirando, já com Anya desaparecida e o céu lá fora escuro,— tornando indistinguível o horário — estendi meus braços, chamando-o para nossa cama."



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Acordei com beijos insistentes na nuca.

— Sai pra lá, Dimitri — resmunguei.

— Levanta, Layla — pediu.

Eu estava prestes a perguntar o motivo dessa insistência quando ele continuou:

— A votação do seu projeto é hoje.

Ergui a cabeça e o olhei. Dimitri já estava inteiramente vestido da cabeça aos pés em preto.

Sentei de uma vez na cama e fiquei tonta.

— Tudo bem, estou indo. Te encontro na saleta?

Ele assentiu e beijou minha testa.

— Te vejo lá — disse-me pegando minha mão e a beijando também.

Eu o olhei sair pela porta de ligaçaõ e fui para o banheiro.

Quando estava confortavelmente dentro de um vestido de cashmere branco fui para a saleta, onde meu marido estava displicentemente sentado no sofá.

Ele se levantou quando eu entrei usando minha coroa de princesa de Illéa.

— Aproveite seus últimos dias com ela, porque a partir de segunda-feira você só usará as jóias da família real russa — ele provavelmente queria parecer leve, mas a vitória em sua voz era incontestável.

— Estou ansiosa por isso — disse-lhe aceitando seu braço em L.

Dimitri não comentou, mas seu corpo pareceu maior, orgulhoso.

A votação, marcada para aquele dia seria feita através de um método onde as pessoas escolhiam sim ou não, completamente simples e rápido.

— Teremos o resultado por volta do meio-dia de sábado — rei Ivan tinha dito. — Teremos dificuldade para contabilizar os resultados no leste.

Entramos no estúdio onde faríamos o anúncio que iniciaria a votação do projeto.

O rei e seu irmão conversavam seriamente e logo Dimitri foi chamado para se juntar a ele.

Com um assentir rápido e um beijo demorado nos meus dedos ele foi para um lado e eu fui para o outro, com suas primas.

Kira quase quicava de animação e pela primeira vez Sasha sorriu para mim.

— Espero que seu projeto tenha maioria sim — a menina de quem eu mais tinha ciúmes disse. Sua voz doce parecia sincera.

— Eu também espero — sorri.

Um canto de sua boca se ergueu e ela voltou a ficar em silêncio.

Um homem se aproximou do rei e de Dimitri e os dois assentiram e fizeram um gesto para mim.

Me posicionei no palco iluminado me sentindo extremamente nervosa como no dia o meu casamento.

— Bom dia, como amplamente divulgado, hoje a população poderá votar se aprova ou não a proposta para acabar com a pena de morte na Rússia — o rei disse. — Agora chamo a pessoa que propôs essa ideia: a princesa de Illéa, Layla.

Ele passou para o lado e eu fiquei diante do microfone.

— Bom dia, essa ideia, na verdade eu recebi em Illéa uma sugestão de uma moça: porque países tão grandes como a Rússia ou a propria Illéa ainda matam alguns condenados? Por quê não agimos com humanidade e permitamos que eles vivam em prisão perpétua, não livres para cometer novos crimes, porém não mortos de fato? Eu estudei sobre isso, os valores para se matar um condenado e a pensão que o governo dá para algumas famílias. O dinheiro poderia servir para pagar serviços que eles fazem para o próprio governo, como um salário. Espero que tenham isso em mente durante a votação: uma morte não paga outra.

Assentindo levemente, o rei retomou a palavra.

— Esperamos que pensem no que é melhor não só em nome da justiça, mas também dos nossos irmãos humanos. A votação está aberta.

E foi isso.

As luzes se apagaram e nós saímos.

Dimitri olhou frustrado para o pai e fez que não co ma cabeça, indicando que não podia me acompanhar.

— Sabe…— Kira começou com tom de conversa. — Você e Dimitri parecem bem ligados nesses últimos dias.

Dei de ombros.

— Ele é a única pessoa mais ou menos da minha idade com quem posso conversar e conviver vinte e quatro horas por dia.

— Hum — ela não parecia convencida e se retirou para seu quarto enquanto eu ia para o meu.

Passei a tarde na companhia de Anya, que parecia interessadíssima em manter meus pensamentos longe da votação que estava acontecendo e decidiu que qualquer assunto era assunto urgente.

Quando desci para o jantar, apenas Demyian e Yeva estavam lá também.

— Oi, gracinha — Demyian disse quando me juntei a eles. — Vem sempre aqui?

Eu ri.

— Hum…. sim. Eu moro aqui, sabe?

Demyian também riu.

— Sou um homem de sorte, então.

Comemos brincando, o jantar — apesar da presença de Yeva — foi o mais leve em um bom tempo.

Ultimamente eu tive que esconder minha atração por Dimitri e depois o nosso casamento, não olhar muito para ele e não ignorá-lo. Embora eu preferisse que ele estivesse ali, não podia negar que era bom poder respirar um pouco.

Fui para meu quarto ainda brincando com Demyian e fiquei bastante surpresa por Dimitri não estar ali me esperando.

Fiquei um tempo sentada na cama e o esperando, fui olhar pelas janelas — estava nevando outra vez —, tentei escrever e nada de Dimitri.

Já havia passado e muito da meia-noite quando eu resolvi procurá-lo.

Olhei na nossa saleta e ele não estava lá, então fui para seu raramente usado quarto e meu coração parou.

Havia uma garota usando apenas calcinha e sutiã deitada em sua cama.

O ar que havia sem meus pulmões pareceu se solidificar quando ouvi meu nome sendo chamado em meu quarto.

Recuei fechando a porta sem gentileza e encontrei Dimitri parado com uma expressão cansada porém satisfeita.

— Estava me procurando? — ele sorriu, sexy como o demônio.

Fiz que sim e me joguei sobre ele, estapeando e socando-o em todo lugar a meu alcance.

— Layla! — o canalha disse, tendo a audácia de parecer chocado enquanto segurava ambas as minhas mãos com apenas uma das suas. — Layla, o que foi?

Me desvencilhei dele, um feito e tanto, e apontei para a porta pela qual eu havia entrado e onde Kira ou Sasha, sei lá qual das duas, estava em roupas íntimas.

— Você me traiu — acusei com vontade de estrangulá-lo. Os olhos de Dimitri se arregalaram até ficarem redondos como duas moedas.

— O quê? — sua voz estava baixa e magoada. — Como pode pensar isso de mim?

— Não se faça de bobo. A garota semi-nua no seu quarto. — acusei. — E que curiosamente você já transou com as suas duas primas! Que incrível que uma delas esteja no seu quarto, não é?

Se possível, seus olhos se arregalaram mais.

— Layla, eu posso explicar — ele disse lentamente.

Cruzei os braços e Dimitri os pegou.

— Ah é? Que pena que eu não quero ouvir. Você é como todos os outros homens, sempre atrás de sexo! — minha voz se elevou histericamente. Sinceramente, naquele momento histeria era tudo que me definia.

— Meu Deus, deixe-me falar! — ele também estava gritando, o rosto vermelho, o inglês pendendo perigosamente para o russo. — Não é nada disso que você está pensando.

Afastei-me de suas mãos com um safanão.

— Jura? Por que será que sempre que é exatamente como eu penso as pessoas dizem isso?

— Por quê eu te trairia, Layla?! —exigiu sacudindo-me até meus dentes baterem levemente na boca.

— Porque você é um filho de uma puta — xinguei furiosa. — Eu te odeio, Dimi...

Minhas palavras ficaram falhadas por conta do choque, pois no segundo seguinte, o punho de Dimitri havia afundado na parede atrás de mim, causando um barulho de algo quebrando. Um arrepio causado pelo barulho me fez parar por alguns segundos.

Eu não estava tão em choque por ele ter gritado e nem por ter estado com outra enquanto estava casado comigo, mas sim por Dimitri ter esmurrado uma parede. Ele tinha chegado tão perto de me acertar, que me deixou paralisada..

— Você… — não consegui dizer nada por algum tempo, apenas encará-lo.

Ele tentou falar algo, mas acabou por fechar os olhos com força, parecendo querer desaparecer da minha frente.

Soltei o ar em uma lufada.

— Você quase me bateu — sussurrei desacreditando em minhas próprias palavras.

Dimitri se afastou, horrorizado.

— Layla…

— Saia — exigi em voz baixa tirando o anel do quarto dedo da mão esquerda e jogando nele. — Saia daqui.

— Layla, por favor — novamente seus olhos se arregalaram e ele estendeu uma mão delicadamente para mim, da qual me afastei.

— Amanhã minhas coisas estarão prontas. Vou informar o seu pai de que eu desisto de tentar entender você, Dimitri, e que eu quero voltar para a minha casa, onde ninguém me trata como se eu fosse uma vagabunda. Agora, saia desse maldito quarto antes que eu chame os guardas.

Por um segundo pensei ter visto seus lábios tremendo, mas Dimitri voltou a usar aquela expressão ilegível que sempre usava quando nos conhecemos e meu coração se apertou.

Ele assentiu, se abaixou para pegar o anel que caiu no carpete e saiu pela porta de ligação, não sem antes me lançar um olhar cheio de tristeza e sussurrar "Desculpe" antes de me deixar.


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Notas finais do capítulo

Nada a declarar, mas lembrando que assassinato é crime!
*Correndo para as colinas*