Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 38
Reviravoltas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Então esse capítulo ENORME (para os meus padrões) foi a junção de dois capítulos porque eu pensei "Porr*, divididos eles não ficam legais, mas juntos dá um sentimento alegre de 'eu quero matar essa autora maldita!'" Então tipo... sei lá. Juntei. Talvez fique confuso.
Pessoalmente eu já posso prever o que algumas de vocês vão dizer dele ahsuahsu. E saibam que independentemente do capítulo, eu amo vocês, lindas.



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— Alteza — rei Ivan balbuciou quando abriu a porta, usando um robe preto e com cara de poucos amigos. — O quê…?

— Quero voltar para Illéa — disse de chofre. — O mais rápido possível, de preferência.

Seus olhos escuros como os do filho se arregalaram um pouco e a fachada sonolenta desapareceu.

— E o que a fez tomar tal decisão? — seu tom era o de um homem de negócios.

— Dimitri.

Sua expressão se tornou ainda mais confusa.

— Acho que não a compreendi — falou lentamente. — O que meu filho fez?

— Ele me bateu! — Ou quase bateu, mas a intenção de me ferir foi pior do que de fato se ele tivesse feito. — Quero voltar para a minha casa, rei Ivan. Quero esquecer que um dia estive aqui.

— Dimitri, meu filho Dimitri, levantou a mão para uma mulher? — esbravejou — Ele enlouqueceu?

Eu tinha certeza que sim, que ele era um louco desde sempre, mas não disse nada.

— Tudo bem, princesa — acrescentou em tom apaziguador em vista do meu silêncio. — Você está coberta de razão em querer voltar para seu lar depois de tudo, mas não prefere ficar mais um pouco apenas para esperar o resultado da votação em seu projeto?

— Não, Majestade. Quero ficar o mais longe possível de Dimitri e da Rússia. Fico honrada por ter tido esse tempo aqui e espero que a aliança entre nossos países se consolide, mas não tenho pretensões de permanecer mais que o necessário na Rússia.

Ele assentiu.

— Verei amanhã o que posso fazer por você, princesa Layla. Boa noite.

Agradeci e voltei para meu quarto, mas não fui para a cama. Ela me trazia lembranças demais dele.

Fiquei sentada, encolhida, em uma cadeira até o dia raiar, embora ainda estivesse escuro para os meus padrões.

— Senhora? — Anya chamou delicadamente.

— Sim? — eu respondi, a voz enrouquecida. Pigarreei para ela ficar melhor. — O que houve?

— Onde está sua aliança, princesa? — inquiriu.

— Espero que no fundo do lago — respondi dando de ombros e parecendo mortalmente depressiva. Franzi o cenho para meu próprio comportamento.

— Você e o príncipe Dimitri brigaram? — arriscou com esperteza Anya.

— Não me fale dele — respondi com severidade, de modo rude. — perdoe-me, Anya — retifiquei. — Sim, nós brigamos. Dimitri estava me traindo e eu joguei aquele maldito anel nele. Deveria tê-lo feito engolir, mas na hora nem pensei nisso.

— O príncipe traindo-a? — Anya riu incrédula uma vez. — Perdoe-me, minha senhora, mas isso é impossível. Aquele rapaz a ama e isso é evidente em cada olhar dele.

— Anya, você não está exatamente me ajudando a seguir em frente — eu disse cansada do mundo. Depois de ter chorado metade da madrugada eu havia me posto em um estado quase catatônico tentando entender a mente de Dimitri e o que havia acontecido desde que eu tinha chegado na Rússia, mas minha mente estava oca, insensível.

— Você deseja um banho? — ela tentou mudar de assunto, sem jeito.

Assenti.

— Seria bom — concordei. — Vou para casa hoje.

— Vocês conversaram? — ela insistiu delicadamente. — Talvez seja apenas um mal-entendido.

— Para ele me dar um tapa na cara? Dispenso.

Anya ofegou.

— O que ele fez?

— Quase me bateu — confirmei cerrando os dentes. — Dimitri poderia ter feito qualquer coisa, inventado qualquer desculpa, mas me bater? Não mesmo.

Anya assentiu e se retirou para o banheiro, para preparar um banho.

Permanecemos em silêncio o resto da manhã e eu pedi a ela que trouxesse meu café no quarto.

Era uma atitude covarde, mas eu não queria ver Dimitri naquele dia e nunca mais.

Passei boa parte da manhã no quarto antes de decidir procurar o rei para agilizar meu retorno à Illéa.

Assim que abri a porta eu quis fechá-la: Dimitri estava parado do outro lado com uma expressão ilegível e os braços cruzados. Seu cabelo zoneado indicava que não tinha sido penteado.

— E aí, quem esteve passando a mão no seu cabelo hoje? Kira ou Sasha? Ou uma prostituta?

— Layla, pare com isso — mandou cerrando os punhos. — Eu nunca, nunca trairia você.

— Dimitri, saia do meu quarto ou eu juro por Deus que vou gritar.

— Layla, você está se comportando como uma criança — ele disse cruzando os braços obstinadamente e eu tive que fazer força para não pensar naqueles braços me envolvendo. — Você tira conclusões precipitadas e não me dá a chance de te dizer a verdade! Você vai jogar o nosso casamento fora por pura teimosia?

— Você passa a noite desaparecido e eu encontro uma garota seminua na sua cama e eu sou teimosa. Há! ótimo. Agora vá para o inferno.

Dimitri murmurou algo em russo, baixo demais para que eu entendesse.

— Layla, não me faça ter que te sacudir até conseguir enfiar nessa sua cabeça loura que eu amo você e que jamais olharia para outra mulher, quanto mais para uma das minhas primas….

— com quem você já transou.

— Há mais de cinco anos — completou. — Layla, apenas ouça, ok? Depois você pode ir correndo atrás do meu pai para que ele te coloque dentro de um jato para que volte a Illéa.

Cruzei os braços e me sentei na ponta da cama e ele se sentou a meu lado.

— Estou ouvindo.

Dimitri pegou uma de minhas mãos — a esquerda — e colocou sobre seu coração que batia forte e rapidamente.

— Não sei se acredito em Deus, tem dias que acho que não, mas tem uma coisa na qual eu acredito, Layla, e é no meu amor — ele tirou minha mão de seu peito, mas continuou segurando-a. — Eu não vou mentir que passei a noite e boa parte da madrugada longe da sua cama porque eu passei e não vou negar que estava Sasha porque eu estava com ela trabalhando no meu escritório que tem câmeras de segurança e que você pode acessar a qualquer momento para ter certeza que o que digo é verdade.

“E, já que estamos no assunto das câmeras — continuou —, você também pode acessar as desse corredor e ver que Kira está sentada bêbada encostada no batente do meu quarto e seminua como você apontou. Também pode ver que eu converso com ela e talvez não dê para ouvir mas ela diz que não quer dormir no quarto dela e sim no meu e eu a deixo entrar e em seguida entro no seu quarto e você conhece o resto da história.

Continuei encarando-o por alguns momentos.

— É só isso? Sua brilhante explicação consiste em uma rodada de eventos aleatórios? Desculpa, não convenceu. Agora, eu vou… como é mesmo? — estalei os dedos como se tivesse lembrado de algo — correr atrás do seu pai para pedir a ele que me coloque no primeiro jato de volta para Illéa.

Sai da cama e cumprimentei os esparsos guardas nos corredores e bati à porta do escritório do rei.

Um “Entre!” foi ordenado.

— Majestade — fiz uma reverência.

— Alteza — ele respondeu o gesto. — Falei com seus pais e eles disseram que em hipótese alguma devo permitir seu retorno para Illéa e também cancelaram a viagem que tínhamos agendado para a segunda-feira próxima.

— Qual a razão? — pedi. Deveria no mínimo estar acontecendo a quinta guerra mundial para eu permanecer ali.

— Seu pai alegou instabilidade governamental e diz que se recusa a aceitá-la de volta por pura teimosia de sua parte, palavras dele, não minhas.

Michael Illéa, foi meu primeiro pensamento.

— Eu preciso voltar. Eles precisam de mim.

— Lamento, princesa Layla — disse com os olhos pretos bondosos —, mas quando aceitei-a aqui em meu país fiz um juramento de sangue para seu pai de que sempre a manteria segura. Voltar está fora de cogitação enquanto ele não me der seu aval.

— Mas Majestade… É a minha família!

— Eu lamento, sei o quanto está furiosa com meu filho, mas terá que permanecer aqui por mais algum tempo. Quanto tempo for necessário — ele quase sublinhou as palavras.

— Majestade, por favor, seja razoável — tentei argumentar com ele.

— Princesa, eu lamento. Isso não está aberto a negociações. Bom dia — ele se levantou e com uma curvatura saiu da própria sala.

Não almocei naquele dia, mas fui para a sala de jantar ficar brincando com o meu prato. Todos estavam estranhamente silenciosos e a única vez em que alguém quebrou o silêncio foi dirigido a mim.

— Layla, coma alguma coisa — Dimitri pediu sem sequer me olhar. Notei que ele também não estava comendo. Não que isso fosse da minha conta.

— Estou sem fome — murmurei.

Dimitri suspirou.

— Tente.

Sacudi a cabeça e cruzei os talheres em meu prato, fazendo um X.

— Teimosia é um traço seu, não é mesmo? — sussurrou só para mim.

Eu assenti e tornamos a ficar em silêncio.

Por fim suspirei e inventei uma desculpa para voltar a meu quarto.

Dimitri não me acompanhou, felizmente.

Sentada sozinha no colchão eu pensei em como minha vida que em muitos sentidos estava perfeita até alguns dias. Eu era casada com uma pessoa que amava, minha família estava bem, meu irmão estava procurando sua alma gêmea e meus pais governavam com sabedoria nosso país. Agora meu marido tinha estado com uma garota que não era eu em sua cama, eu não tinha ideia de como estava minha família e muito menos meu irmão e meus pais podiam perder o governo e morrerem por se oporem ao regime louco de Michael.

Suspirei quando percebi que eu tinha muito mais do que a maioria das pessoas jamais sonhavam em ter e que tudo isso estava escorrendo como areia entre meus dedos.

Fiquei deitada um bom tempo e por fim entrei em um estado quase adormecido. Ainda nesse estado senti a cama cedendo sob o peso de outra pessoa e um braço frio foi delicadamente posto sobre mim e aquele cheiro que eu amava me preencheu.

Seus dedos acariciaram meus cabelo.

— Layla — ele murmurou. — Queria que você acreditasse em mim antes que eu me vá.

Adormecida como estava, murmurei em resposta e me aconcheguei naquele lugar que sempre significou lar para mim mesmo quando nem eu sabia que o amava.

Fui acordada suavemente.

— Boa tarde, Alteza.

Pisquei para o rosto pálido acima de mim.

— Boa tarde — respondi esfregando os olhos. — O que a traz tão cedo até meu quarto, Anya?

Ela sorriu um pouco.

— Cedo para o café da manhã de amanhã — brincou. — Os resultados da votação saíram. Quase noventa por cento de aprovação, até mesmo no leste a aceitação foi alta.

Levantei-me de um salto.

— Sério?

Anya assentiu.

— Meus parabéns, princesa — ela disse.

Eu a abracei.

— Oh Deus! Estou tão feliz!

Anya me abraçou de volta e então voltou a ser minha assistente perfeita, séria e compenetrada.

— Irei preparar o seu banho, Alteza — ela me informou.

— Obrigada — eu disse dando-lhe um enorme sorriso.

Enquanto Anya enchia a banheira e peguei um vestido no armário, preparando-me para voltar para casa. Eu lembrava perfeitamente do que o rei tinha dito, mas eu precisava voltar para Illéa, antes era só para ficar longe de Dimitri, mas agora eu queria voltar para ajudar meus pais, não que eu fizesse a menor ideia de como fazê-lo, mas pelo menos eu estaria lá com eles na pior das hipóteses e não ia desistir da luta com facilidade.

— Alteza, seu banho está pronto — ela chamou e eu fui lá me lavar para tirar a cara de sono da tarde.

Embora quisesse sair o mais rápido possível da Rússia, não apressei muito meu banho, sentindo o vapor perfumado ao meu redor.

Quando me dei por satisfeita eu fui para o quarto para me vestir.

— Dimitri! Saia daqui — gritei fechando ainda mais o roupão. Tudo bem, ele já tinha me visto nua e seminua antes mas ainda assim me sentia esquisita e com minha irritação à flor da pele por causa da discussão da noite anterior, quando eu tinha encontrado Kira em seu quarto.

Anya pigarreou.

— Eu vou deixá-los a sós.

— Não, fique aqui — dissemos em uníssono eu e Dimitri e ele abriu um sorrisinho para mim, a qual eu não retribui.

Com um suspiro, Dimitri pegou minha mão — ignorando meus protestos — e a levou até sua boca mantendo seus olhos escuros fixos em meu rosto. O beijo foi lento e quente, mandando arrepios desde a ponta dos meus dedos até os pés, me fazendo estremecer e sentir minhas pernas como se tivessem virado chumbo e ao mesmo tempo geléia. Dimitri sorriu outra vez, porém agora mais amplamente, fez uma reverência e saiu.

— Idiota — xinguei sem ter certeza do porquê e nem se eu estava xingando a ele ou a mim mesma. Possivelmente nós dois. — Quanta audácia! — esbravejei. — Quem ele pensa que é?

—Ele é seu marido, princesa — Anya me lembrou. Às vezes eu gostaria de que ela não levasse minhas retóricas tão a sério.

Fechei os olhos.

— Culpa da minha impulsividade — concordei. — Mas sim, ele é, não é? Só que ele se esqueceu disso.

Anya suspirou enquanto me ajudava a fazer um coque elaborado no cabelo, apenas para protelar a social que eu faria na saleta. Cheguei um pouco tarde demais e todo mundo parou de falar ao mesmo tempo, tornando o momento extremamente constrangedor.

— Bom dia, Bela Adormecida — Demyian foi o primeiro a falar, com um tom falsamente animado, prensado entre suas duas irmãs. Não as olhei.

— Bom dia — respondi. — Morreu alguém, para precisar de tanto sigilo?

Demyian sorriu.

— Claro que não e espero que nem morra em um futuro próximo.

Ele olhou para Dimitri e parou de sorrir.

Ignorei a expressão pouco amistosa que Dimitri muito possivelmente estava exibindo e me sentei em silêncio a seu lado fazendo força para não olhá-lo. Eu não conseguia acreditar que ele tinha tido a coragem de invadir meu quarto e que eu tinha dormido com ele. Eu tinha vontade de me socar só de lembrar disso.

Permaneci muda como uma porta o resto da tarde e me recolhi em meu quarto o mais rápido possível, tendo por companhia apenas eu mesma.

Já estava escuro quando alguém bateu à porta e eu a abri, já prevendo que seria Dimitri com uma expressão impaciente estampada no rosto, mas não era ele quem eu via. Era seu pai.

— Majestade — fiz uma curvatura respeitosa.

— Princesa. Esta noite haverá um evento e sua presença é requisitada nele.

— Um baile? — perguntei enfadada.

— Não, um jantar apenas para o conselho para divulgar uma decisão do meu filho.

— Decisão? — estranhei, sentindo meus dedos dos pés ficarem dormentes. — Que tipo de decisão?

— Uma que a afeta profundamente — ele disse enigmaticamente. — E meu filho deseja falar-lhe sobre isso em particular em seu escritório.

Dimitri vai contar!, meus instintos berraram. Ele vai contar que nós nos casamos.

Soltei um guincho agudo que o rei pareceu tomar como uma aceitação do convite e com uma reverência fez o caminho de volta para os andares inferiores.

Eu estava quase surtando com essa ideia, porque não poderia voltar para Illéa se todo mundo soubesse que eu era casada com o príncipe da Rússia e que por associação agora também era princesa desse país.

Corri atrás de Anya pelo palácio e a encontrei na saleta ao lado do meu quarto, onde Dimitri também estava. Eu o ignorei.

Puxei minha assistente pelas mãos o mais longe possível dele.

— Ele vai contar para todo mundo, não vai? — sussurrei. — Que nos casamos.

Anya olhou por sobre minha cabeça para Dimitri.

— Não, não vai. É uma notícia… chocante a que o príncipe tem para lhe dar, querida.

— Por que você está me olhando assim? — estranhei a pena em seus olhos.

— Layla, podemos conversar? — Dimitri pediu. — É importante e serei breve.

Olhei para Anya e ela assentiu.

— Converse com ele. Tenha a mente aberta para entendê-lo.

Suspirei e aquiesci.

— Pensei que você estaria me esperando no seu escritório — comentei tentando parecer blasé.

— Depois da primeira meia hora pareceu se tornar claro que você não apareceria — explicou olhando para a minha mão esquerda, focando em um dedo em particular. — Pensei que mais cedo ou mais tarde viria até aqui.

Eu sentia a falta do anel no meu anelar como se houvesse um buraco ali, mas não fiz gesto que indicasse isso e ignorei seu olhar.

— Não, eu não iria aparecer mesmo no seu escritório, e você sabe o porquê.

Eu não a traí, Layla — sua voz estava baixa e vi seus punhos se cerrando. — Seria pedir demais para se ter confiança em mim, não seria?

— Seria pedir demais autocontrole da parte de um homem casado, não seria? — rebati.

— Eu me excedi quando quase a agredi e me recrimino muito por isso — concordou. — Mas não a traí, eu nunca faria isso, fosse com você fosse com qualquer outra mulher. Eu vi como minha mãe ficava quando flagrava meu pai com outras, acha que eu iria infligir a mesma dor a você?

— Eu não sei, Dimitri! — gritei. — Não sei mais. Nem sei se tudo que aconteceu entre nós foi verdade ou só encenação.

— Não duvide dos meus sentimentos por você, Layla — havia a ferocidade de um lobo em suas palavras. — Nunca menti para você sobre eles. Você podia ver com perfeição que eu estava apaixonado por você toda vez que eu fugia e toda vez que estive com você.

Fechei os olhos e encostei a cabeça no encosto do sofá.

— Isso não vai nos levar a lugar algum.

— Não — ele anuiu. — É melhor passarmos para o assunto de relevância aqui. Você está disposta a permanecer mais algum tempo aqui na Rússia?

— Você sabe a resposta — retorqui.

— Quero que diga em voz alta. Você está disposta a ficar aqui e tentar resolver o nosso problema junto comigo?

— Não acho que haja algo a ser discutido aqui — falei por fim.

Dimitri assentiu.

— Então é isso. Te vejo daqui a pouco — Dimitri pegou minhas mãos e beijou os dedos, um a um lentamente e de olhos fechados.

— Você tem que parar de fazer isso — eu disse fracamente quando ele terminou com o último dedo.

Dimitri me olhou, sério.

— Não posso. Amo ver como você reage a mim mesmo fingindo desesperadamente para si mesma que não se importa.

Fiquei olhando-o sair para seu quarto com vontade de me socar. Estava tão óbvio assim que eu ainda estava desesperadamente apaixonada por aquele idiota?

Desci para a sala de jantar exatamente às oito horas e não dirigi um único olhar para Dimitri enquanto me posicionava em pé a seu lado para recebermos os conselheiros do rei.

Casualmente Dimitri segurou a minha mão e eu juro que vi Sasha reprimindo o riso enquanto eu tentava me desvencilhar e seu primo se mantinha obstinadamente segurando minha mão, por fim me dei por vencida e aceitei ficar de mãos dadas com ele enquanto os homens em roupas escuras entravam pelas portas pesadas.

Mãos foram apertadas e beijos dados nas mãos das mulheres antes que todos nos sentássemos à mesa.

O jantar em si foi um evento tranquilo até o momento em que Dimitri bateu o garfo em sua taça de cristal para chamar a atenção para si.

— Boa noite. Agora que já comemos e bebemos, eu gostaria de pedir um minuto da sua atenção para um comunicado importante. — Ele fez contato visual com cada pessoa na mesa, deixando-me por último, e continuou. — Como visto, nos últimos meses a situação de ataques rebeldes no leste do país tem chamado a tenção não apenas de nós com ode todo o mundo, porém, como todos nós também sabemos não foi feita nenhuma vítima, de modo que meu pai e eu acabamos por conversar com um dos líderes rebeldes por intermédio de um informante para descobrir o que eles querem e o que eles desejam é falar comigo. Então, como príncipe-herdeiro da Rússia, eu estou informando a vocês, amigos e familiares, que amanhã cedo estarei partindo para resolver esse problema e trazer novamente a paz para nosso país.

Todos os conselheiros brindaram e comemoraram essa decisão, mas eu não consegui fazer nada além de ficar olhando para Dimitri porque eu sabia que ele iria se oferecer como um cordeiro de sacrifício.

Quando percebi este fato eu notei que era exatamente isso que Dimitri havia andado escondendo de mim. Ele estava fazendo negócios com rebeldes pelas minhas costas.

— Por que você não me contou? — exigi em voz baixa, magoada, mesmo estando brava com ele por causa do negócio traição/quase-soco.

Dimitri deu de ombros parecendo envergonhado.

— Eu não queria que você tivesse que se preocupar com isso antes da hora — sussurrou. — Mas agora isso já não importa, não é? Você está louca para se livrar de mim.

— Não diga isso — retruquei. — Estou furiosa com você, mas eu não quero que você morra — minha voz falhou na última palavra.

Dimitri ergueu um canto da boca em uma expressão que nem de longe era um sorriso.

— Eu me recuso a morrer até você me perdoar inteiramente, e Deus sabe que eu sou um homem teimoso quando quero sê-lo.


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Notas finais do capítulo

E AGORA CHEGOU A PARTE QUE EU MAIS AMO NA FIC: A parte onde todos querem matar a autora haushaus E ainda nem chegamos na melhor parte hehehe
Beijos, amo vocês. Não me matem!