Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 36
Incerteza


Notas iniciais do capítulo

Bom dia! (é, eu sei que são quase 3 da tarde, mas finjam que agora são 9 da manhã). Demorei mas cheguei ç.ç
Como foi o fds de vocês, pessoinhas? Descansaram bem? Quem fez o ENEM tá preparado pra ver as notas que saem amanhã?
O medinho está batendo e eu tô com insônia ç.ç

Voltando a fic, no último capítulo:
"Dimitri fechou a cara.
— Layla também é uma anfitriã dessa casa — disse friamente. — Os hóspedes são vocês.
— Não me lembro de ela ser casada com alguém dessa casa para ser anfitriã — retrucou.
Sasha começou a tossir e eu fixei o olhar na parede para não rir e me entregar.
— Questão de tempo, espero. — rei Ivan interveio e eu corei. — Eu teria muito gosto de ter a princesa Layla em nossa família.
Demyian, Kira e Alexander ficaram olhando de mim para Dimitri como se esperassem uma reação. Eu não olhei para ele, mas sabia que seus olhos estavam em mim.
Finalmente sua família desistiu desse assunto e todos comemos em silêncio.
Dimitri me puxou até seu escritório, um cômodo que eu nunca tinha estado antes mas que se parecia um pouco com os escritórios de Illéa e o de seu próprio pai.
Ele se encostou na parede com os olhos fechado e a mão na testa, a imagem do cansaço.
Nos casamos há um dia e já estávamos sofrendo para manter o segredo.
— Vou ligar para Illéa — avisou. — Nós precisamos contar para eles."



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Uma semana havia se passado e minha família não havia se manifestado sobre aceitar ou não o convite de Dimitri para eles virem para a Rússia.

Quando havíamos ligado para lá, depois do fatídico café da manhã onde sua tia destilou um pouco de veneno sobre mim, Robert havia dado um evasivo "Estamos todos muito ocupados no momento, podemos ver isso em outro momento?" e desligado na cara dele, então nós continuamos sendo um casal clandestino e ficou muito claro que Dimitri estava escondendo algo de mim e novamente — para minha irritação — passava um tempo interminável com Sasha enquanto eu me afundava em papeis para reler cada centímetro do meu projeto contra a pena capital que seria posto em votação dali a alguns dias pelo rei Ivan.

— Temos uma resposta dos seus pais — Dimitri disse chegando por trás de mim e me fazendo pular. — Podemos ir para Illéa.

— Quando? — perguntei colocando a mão sobre meu coração como se isso pudesse acalmá-lo e Dimitri abriu um sorriso fraco. Ultimamente ele tinha se fechado para mim e era um evento raro ele dar um sorriso genuíno como os que eu amava então eu me contentava com esses que não chegavam até seus olhos.

— Dia dezenove.

— Mas é o dia da votação da minha proposta! — eu disse em pânico. — Não podemos ir para Illéa.

— Layla, as pessoas não precisam de nós para votarem — ele disse tranquilo. — Mas meu pai concorda com você. Ele quer saber se pode adiantar a apresentação da sua proposta para sexta feira.

—Sexta feira? Depois de amanhã?

Ele assentiu, o rosto grave.

— Eu disse a ele que era uma ideia tola, o preferível seria adiarmos, mas você o conhece, quando coloca uma coisa na cabeça, fica irredutível.

Assenti, pensando.

Eu já tinha terminado de rever a proposta, tinha feito a síntese e tudo mais que precisava. Os orçamentos estavam planificados junto com os dados das previsões de entrega dos primeiros presídios. E seriam apenas alguns dias antes do dia original da proposta.

— Tudo bem, que seja sexta.

Dimitri assentiu e se afastou.

— Dimitri? — chamei e ele voltou-se para mim.

— Sim?

— Fiz algo que te irritou? — prendendo a respiração, finalmente fiz a pergunta de um milhão de dólares.

Ele me olhou confuso.

— Não, por quê? — seu tom espelhava seu rosto.

— Porque você está sempre fugindo de mim. Você se deita muito depois de mim e levanta antes, você se tranca em seu escritório com Sasha e quando eu quero ficar com você, inventa uma desculpa e some!

— Você notou? — perguntou com a voz rouca e eu recuei um passo como se ele tivesse dado uma bofetada, porque nem em um milhão de anos eu esperaria que Dimitri iria concordar comigo.

— Teria sido difícil não notar — rebati friamente. — Se você se arrependeu, ainda há tempo. Quase ninguém sabe sobre o que nós fizemos.

— Layla! Como pode pensar isso de mim? — ele parecia confuso, magoado e muito, muito triste. — Não é nada disso. Eu estou tentando… quero protegê-la… — ele passou a mão pelos cabelos sedosos e agora curtos.

— Do que você está falando? O que está acontecendo?

Ele sacudiu a cabeça, e em vez de me dizer o que tanto o atormentava, Dimitri me beijou.

E o jeito como ele me segurou, a maneira como sua boca dominou a minha... foi assustador. Era como se ele não fosse me ver nunca mais.

— Dimitri... — murmurei em sua boca e tentei me desvencilhar dele. — Me conte qual é o problema.

— Não é nada, Layla — murmurou beijando-me novamente.

— Você é um mentiroso horrível — comentei me afastando outra vez e ele deu um sorriso forçado.

— É apenas preocupação. E se sua família não aceitar nosso casamento? E se eles a afastarem de mim? Estou apenas me preparando para o pior — disse por fim.

— É só isso? — perguntei desconfiada.

Ele assentiu.

— Que bobagem, Dimitri. Para começo de conversa, eles que me mandaram para cá já prevendo uma aliança.

Ele me segurou contra si e beijou o topo da minha cabeça.

— Às vezes o meu treinamento militar é uma coisa muito ruim, sabia?

Ergui o rosto para olhá-lo. Sua expressão era de uma tristeza resoluta.

— É? Por quê? — Dimitri adorava o seu treinamento militar e eu não entendia como seus sentimentos poderiam mudar tão rapidamente.

Ele desviou o olhar.

— Uma das primeiras lições que aprendemos é nos prepararmos para todas as possibilidades, e eu a afastei para, caso o pior aconteça, a dor não ser maior. Lamento que a tenha magoado.

Parecia uma boa explicação, mas não batia com o Dimitri que eu conhecia. Ele estava sempre por perto, mesmo que silencioso como uma sombra. Uma negativa de meus pais para nosso casamento já consumado era risível.

— Tem mais alguma coisa que você não está contando — acusei.

Dimitri sorriu.

— Layla, sempre há algo que eu escondo, você sabe. mesmo sendo jovem, meu passado é marcado.

Eu o encarei, mas deixei para lá. Dimitri estava claramente desconfortável.

— Tudo bem — disse-lhe mau-humorada. — Esconda o grande segredo por enquanto, mas eu gostaria que você confiasse em mim.

— Eu confio, amor — sua voz era suave. — Contar não vai atenuar o peso. Na hora certa você saberá.

Suspirei e mudei de assunto. Eu não queria brigar.

— Sua família estará lá para o anúncio do casamento? Isto é, seus tios e primos.

— Sim, Anya também estará conosco na sala de reuniões como testemunha de que o casamento foi consumado — ergueu uma sobrancelha sugestivamente.

Corei e ele sorriu, parecendo novamente com ele mesmo e me beijou no ombro.

— É só uma formalidade — garantiu.

— Você não parecia tão seguro há cinco minutos.

Novamente aquela sombra cruzou seu rosto, dando a certeza que ele mentira sobre o que o perturbava.

— Você não precisava ser tranquilizada há cinco minutos.

Assenti e deitei a cabeça em seu peito. Dimitri acariciou meu cabelo.

Permanecemos assim por um bom tempo, vez ou outra ele beijava minha testa, têmpora ou bochecha.

Uma garota de longos cabelos pretos entrou no quarto e nós nos sobressaltamos.

— Ah, desculpe-me — Kira disse quando finalmente olhou para nós. — Seu pai está te procurando, Dimitri. Parece importante.

Meu marido assentiu para a prima e beijou minha mão antes de sair, de costas para a porta, olhando-nos.

— Ele é ótimo, não é? — disse, animada.

— Dimitri sabe ser encantador — disse evasivamente.

Ela deu uma risadinha adolescente.

— Você está afim dele?

— Eu seria louca se não estivesse — brinquei. — Doce, gentil, atencioso, lindo e um pouco maluco… o pacote é completo.

— Cuidado — advertiu como se levasse minhas palavras a sério. — Amo meu primo, mas ele sabe como iludir uma garota. Ele consegue levar qualquer uma para a cama, não quero que você seja mais uma, afinal é uma princesa.

Corei.

—Dimitri não é assim — eu o defendi aborrecida. Meio segundo antes ela o estava elogiando e agora fazia acusações a alguém que não poderia se defender, mas eu podia e iria defendê-lo.

— Você realmente acha que o conhece porque conviveu com ele dois meses pela metade do tempo? — criticou. — Eu o conheci por toda minha vida e perdi as contas de quantos corações foram partidos. Até Sasha ele conseguiu levar para a cama, e olha que minha irmã é difiícil.

O choque me atravessou intensamente e eu olhei boquiaberta e assustada para a menina.

— Dimitri e Sasha já dormiram juntos?

— Mais fácil perguntar quem na Rússia ainda não dormiu com ele — Kira riu. — Depois do desaparecimento de Yuri, Dimitri ficou um caco por meses, se tornou um verdadeiro libertino antes de meu tio o colocar de volta na linha.

— Vocês já…? — perguntei, engasgada.

Ela corou e desviou o olhar.

—Sim, eu estava bêbada — explicou.

— Kira, meu pai não está no palácio — Dimitri se queixou irritado. — Layla, você está bem? Você está verde — ele disse em um sussurro angustiado tocando meu rosto.

Murmurei alguma coisa sobre estar trabalhando demais.

— Vou para meu quarto, com licença — me esquivei.

Preocupado, Dimitri me acompanhou e ficou o resto do dia ali me rondando sob o olhar atento de Anya. Fiquei feliz por ela estar ali, assim Dimitri não poderia me tocar mais que apenas alguns beijos.

Embora eu soubesse que o passado de Dimitri era difícil, não esperava que ele já tivesse levado as duas primas gêmeas que foram criadas como suas irmãs para a cama. Me perguntei: se ele era capaz de fazer isso com elas, o que não poderia fazer com uma princesa que mal conhecia? Sexo era tudo em jogo ali e finalmente tendo conseguido o que queria estava me afastando porquê a minha serventia acabou?

Eu pensei nisso por horas e, vendo seu olhar negro prestando atenção em cada movimento meu, senti-me envergonhada e com nojo de mim mesma.

Aquele homem que Kira havia conhecido não era o meu Dimitri. Porque comigo não havia apenas preocupação com o carnal, ele me amava em cada gesto, cada vez que entrelaçava os dedos nos meus e cada vez que me dava um beijo suave e sem segundas intenções. Tudo que o homem que eu amava queria era o meu bem tanto quanto eu queria o dele.

Suspirando, já com Anya desaparecida e o céu lá fora escuro — tornando indistinguível o horário — estendi meus braços, chamando-o para nossa cama.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso! Espero que gostem porque em breve o booom começa *-*



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