Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 13
Verdades


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoinhas! ~Kady Kayle atacando aqui~

Hoje eu to postando MUITO cedo, não estou? Mas como não tem aula e eu sou muito elétrica, vai ser postado dez pras nove horas da manhã mesmo ~sim, GMT -4~
A Lara Chiozini me deu uma ideia bem batuta: como os dias de postagem são muito longe uns dos outros, nós sabemos que vocês esquecem o que leram por último fácil, aí ela me disse pra fazer tipo "Anteriormente em DANC" e eu achei muito boa essa ideia! Então estamos iniciando uma nova fase, onde todo cap tem uma partezinha do anterior pra vcs refrescarem a memória.
Então... começando.... Anteriormente, em DANC:

"— Você não parece tão inacessível hoje.
— Eu não sou inacessível — discordou. — Huh, vou voltar para a festa. Por quê você não aproveita mais a paisagem?
E ele praticamente voou até a escadaria.
— Falou cedo demais, Layla — comentei comigo mesma, virando o copo de uma vez só."

Divirtam-se!



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Eu tinha acabado de me vestir quando Dimitri entrou no meu quarto pela porta de ligação.

— Bom dia — ele se inclinou com as mãos escondidas atrás de si. Talvez fosse para não entregar seu nervosismo, as minhas entregavam o meu.

Havia muito constrangimento entre nós naquela manhã devido aos acontecimentos da noite anterior e Dimitri parecia estar cauteloso.

— Bom dia — cumprimentei analisando sua camisa social que estava com as mangas arregaçadas até os cotovelos e o cabelo bagunçado. Era o visual mais desleixado que eu já o tinha visto usar e, apesar da cautela, Dimitri parecia bastante descontraído sem as roupas mais sóbrias que costumava usar. — O que está fazendo aqui? Anya disse que o café só seria servido mais tarde.

Aparentemente o rei Ivan estava chapado demais para dar o ar de sua graça e eles só iriam servir a comida quando seu governante acordasse. Pelo menos foi o que eu entendi do discurso “Infelizmente rei Ivan está com problemas devido à festa de ontem ter sido tão boa e ele resolveu descansar até um pouco mais tarde” de Anya.

Dimitri assentiu, o rosto ilegível como sempre.

— Eu sei, vim te apressar para a sua primeira aula de estratégia militar russa.

— Isso é sério? — então percebi que suas mãos estavam era escondendo alguma coisa atrás dele, não suas mãos em si. — O que você tem aí?

— Que bom que você perguntou, porque eu tenho aqui é... — ele mostrou a caixa de madeira entalhada que era o que estava escondendo às costas. — Sua primeira aula de estratégia: xadrez!

Ergui as sobrancelhas.

— Você vai me ensinar estratégia jogando xadrez? Ok, agora fiquei animada — tentei acabar com o clima estranho, sem muito sucesso.

Ele assentiu e pegou minha mão. Só Dimitri conseguia fazer o ato de dar as mãos parecer uma coisa tão impessoal.

Pela primeira vez eu entrei em nossa saleta compartilhada, era um lugar grande e branco talvez do tamanho do meu quarto em Illéa, com algumas mesas, um sofá grande e macio diante de uma televisão de tela plasma, quadros de pontos turísticos do país nas paredes e janelas gigantescas que nos permitiam ver o céu cinza pesado lá de fora.

Encarei a paisagem, tão diferente da que eu estava acostumada, e voltei-me para Dimitri.

— Então… xadrez vai me tornar uma mestra da estratégia? — duvidei.

— É uma velha ideia russa… o primeiro passo para criar um guerreiro é treinar sua mente para ser vitoriosa.

— Sem pressão — gracejei e Dimitri quase sorriu.

— Foi assim que eu aprendi também, sabia?

— Mesmo? Pensei que, sei lá, você fosse um gênio das estratégias desde que aprendeu a falar. Você não parece fazer esforço para fazer estratégias simples e incríveis — sim, meu ego estava ligeiramente ferido pela solução extremamente óbvia que Dimitri havia me dado para o problema que Robert me enviou.

— De jeito algum. Eu odiava estratégia militar, mas tive um bom professor de xadrez que me ensinou tudo o que sei — havia carinho em sua voz.

— Seu pai? — chutei.

Ele concordou ajeitando as peças no tabuleiro.

— Nunca me importei com estratégias porque eu não iria ter que governar o país, meu irmão sim, e ele era muito bom nisso. Meu pai me ensinou na marra a jogar xadrez e a fazer planejamentos, orçamentos, ataques, acordos de paz… eu comecei a gostar daquilo. É muito gratificante ajudar seu povo, você verá.

Não entendi muito como jogar xadrez faria com que eu gostasse de fazer orçamentos, mas estava disposta a aceitar a palavra de Dimitri.

A quem eu queria enganar? Estava disposta até a vender minha alma a satã se isso fizesse eu me interessar pela parte mais chata da realeza.

Fiz o primeiro movimento, levando um peão a dar dois passos.

— Não sabia que você tinha um irmão — comentei. — O que aconteceu com ele?

Dimitri também fez seu movimento inicial.

— Yuri era o primogênito, então eu não iria governar se as coisas fossem como deveriam, assim ninguém se importava muito com as minhas decisões ou com a minha educação — explicou. — Acontece que um dia nós fomos jantar e no dia seguinte meu irmão não estava mais no quarto. Estava tudo revirado lá, meu pai ficou simplesmente louco, achamos que Yuri fugiu — ele sacudiu a cabeça. — As buscas continuam, mas… já se passaram seis anos.

Fiquei totalmente estática. Não podia imaginar um príncipe fugindo do dever, e alguma coisa em mim estava arrepiada dizendo que havia algo loucamente errado ali.

Não podia externar meus pensamentos, não para Dimitri, pelo menos. Eu queria reconfortá-lo, não preocupá-lo ainda mais.

Já tinha perdido metade das minhas peças antes de pensar em algo para dizer e mesmo assim foi uma coisa muito ruim.

— Eu lamento, Dimitri — murmurei.

Ele assentiu.

— Eu também. Os primeiros anos foram os mais difíceis, nossa vida parecia muito diferente porque Yuri era como o sol, meu pai e eu gravitávamos em torno dele. De repente tivemos que aprender a nos virar, nos dar bem. Foi uma combinação bem ruim — sua voz estava amarga.

Franzi a sobrancelha.

— Você e seu pai? Por quê?

Ele fez que sim com a cabeça.

— Você está em xeque — apontou. — Depois que meu irmão desapareceu eu me tornei uma bagunça e quando meu pai percebeu isso, nós tivemos provavelmente a pior discussão da minha vida e ambos dissemos coisas horríveis. Foi a primeira vez que eu tomei uma surra.

Olhei horrorizada para Dimitri. Há seis anos ele tinha 15. Rei Ivan realmente bateu em um adolescente?

— Por que ele te surrou?

— Porque eu era arrogante e inútil — deu de ombros. — Não é como se meu pai me batesse por nada, eu mereci todas as vezes em que ele fez e sei disso. Aprendi a ter disciplina, Layla.

— Espero que você não resolva me surrar também — tentei fazer piada para amenizar o clima que estava terrivelmente pesado entre nós. — Disciplina não é bem o meu forte.

Ele concordou.

— Não é uma coisa cobrada em Illéa, não serei eu que vou cobrar— embora ele não tenha dito, senti que havia algo a mais.

— Mas….?

Mas existem diferenças entre a Rússia e Illéa que serão difíceis de entender e você terá que lidar com elas enquanto estiver aqui.

Assenti e voltei a me concentrar no meu solitário rei que estava em xeque pela rainha de Dimitri.

Já estava quase desistindo do jogo quando Dimitri continuou falar como se lutasse para encontrar as palavras certas:

— Sei que… você me acha muito fechado, mas quero que se sinta à vontade comigo, Layla. Qualquer coisa que precisar, você entende? No que eu puder ajudá-la, tanto nos assuntos de Illéa quanto aqui em meu país, eu irei dar o meu melhor.

Fiz que sim, feliz por aquele homem, um poço de mistério, ter dito algo tão legal e eu sentia que, à sua maneira, Dimitri queria que eu o conhecesse tanto quanto eu queria conhecê-lo.

— Dimitri... Eu não sei o que seria de mim sem você aqui.


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Notas finais do capítulo

E aí? o que acharam?
Até sexta



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