Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 12
Festa no telhado


Notas iniciais do capítulo

Oooi, tudo bom com você?
Sim, eu estou bem. Elétrica, mas bem. Minha cadela teve um filhotinho *-* O nome dela é Luna ( a filhote, não minha cadela) e eu fico indo lá pra ver ela dormindo toda hora, é a coisinha mais fofa do mundo.
Sem mais delongas.... Capítulo do dia!



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Quando pousamos em Moscou eu estava tremendo. Não era de frio, meu casaco era muito quentinho, mas tremia de medo. A partir daquele momento eu estava fora do meu ambiente e voltar era impensável. Illéa precisava de mim na Rússia, eu sabia.

Gentilmente Dimitri me mostrou as acomodações do palácio, eu fotografava tudo como uma turista. As coisas eram muito diferentes ali, tudo desde a entrada nevada até as paredes azuis pareciam muito sérias e isso era incrível.

— Parece um castelo mal-assombrado — comentei e ele sorriu meio de lado.

— Eu também acho —confidenciou. — Quando criança eu não ficava sozinho aqui de jeito nenhum, tinha pavor da minha própria casa.

Eu ri.

— Sério?

— Com certeza — Dimitri pegou minha mão e indicou um caminho. — É a mesma oganização do palácio de Illéa. Aqui é o salão principal, ali é a sala de jantar, lá o salão de festas.... você se acostuma. — Deu de ombros. — Vou te mostrar o seu quarto.

Dois lances de escada para cima e vira do à direita do quadro da mulher que parece um homem (ou é um homem de vestido), se chega no corredor de quartos.

— Esse é o meu quarto — ele mostrou uma porta escura, a terceira do corredor —, esse é a nossa saleta compartilhada e aquele é o seu quarto. Você pode mudar o que quiser ali, suas roupas já estão lá e tudo — ele parou de falar, sem jeito.

Eu queria abraçá-lo, mostrar o quanto o fato de ele estar sendo muito menos mau do que eu esperava era reconfortante para mim, mas me contentei em sorrir.

— Obrigada por tudo, Dimitri.

Imagino que ele tenha notado o que eu não consegui exprimir totalmente, porque seus olhos se tornaram muito francos e gentis.

— Ei, imagina. Qualquer coisa que eu puder fazer por você — ele pousou uma mão em meu ombro. — Passo aqui mais tarde para te buscar para a nossa recepção.

Assenti.

— Tudo bem, a que horas devo estar pronta?

— Às oito — ele beijou minha mão e se inclinou. — Até logo.

Fiquei olhando feito boba enquanto Dimitri entrava em seu quarto e tive que conter uma inexplicável vontade de segui-lo. Em vez disso entrei no quarto que ele indicara, onde uma mulher corpulenta estava parada diante da cama de dossel.

— Dobryy den' vysochestvo , dobro pozhalovat' v Rossiyu . Menya zovut Anya, i ya yego pomoshchnik — ela falou em russo. Minha compreensão do idioma não era lá essas coisas, mas consegui traduzir para algo como "Boa tarde alteza, seja bem-vinda à Rússia. Meu nome é Anya e sou sua assistente”.

— Boa tarde — respondi, hesitante, também em russo. — Você pode me ajudar com minhas coisas?

— Já coloquei suas roupas no armário, com o tempo pedirei às costureiras do palácio que façam novos vestido para a senhorita — respondeu de modo claro e lento, fingindo não notar meu desespero com minha pouca eficiência idiomática.

— Ah, obrigada, Anya. Quanto tempo tenho até a recepção?

— Pouco mais de duas horas, minha senhora. Gostaria de descansar um pouco? Deve ter sido uma viagem cansativa.

De fato foi cansativa, mas como eu dormi a maior parte do tempo de viagem, dormir era a última coisa que eu queria.

— Não, acho melhor não. Se eu dormir provavelmente só acordo amanhã. Posso colocar algumas fotos aqui?

— É claro, senhorita.

Passamos algum tempo selecionando imagens, colocando em molduras e pendurando no lugar dos quadros no quarto. Descobri que Anya apesar de durona era muito gentil e amigável e que ela trabalhava ali desde os quinze anos e tinha seis filhas e que todas elas trabalhavam no castelo.

— É um bom emprego, muito respeitado e melhor que ser uma acompanhante — disse-me severamente quando perguntei porque todas as filhas, que eram lindas, trabalhavam ali.

Não toquei no assunto outra vez, Anya não parecia disposta a falar e eu não ia obrigá-la a nada.

Faltando cinco minutos para às oito horas Dimitri bateu à porta e eu saí, sentindo-me boba no vestido branco de mangas que Anya havia escolhido para aquela noite.

Quando encontrei Dimitri ele estava me encarando.

— Você está deslumbrante, Layla.

Algo em seus olhos, no modo como ele articulou as palavras, fez alguma coisa dentro de mim se contrair e descontrair de modo quase insuportável.

— Obrigada — agradeci, sentindo-me ainda mais esquisita quando Dimitri pegou minha mão.

Quero dizer, nós não tínhamos nada em comum e eu queria que aquilo tudo acabasse o mais rápido possível. Por quê então de repente eu me sentia uma criança só porque ele estava sendo gentil comigo? Eu era louca.

Ainda assim, louca ou não, senti-me feliz por estar sendo guiada para a recepção por ele. Robert era um idiota por ter começado todo esse acordo, mas eu estava feliz que pelo menos era Dimitri ali, não outra pessoa. Ele também não parecia chateado por eu estar a seu lado.

Assim que descemos, descobri que as recepções russas eram muito diferentes das que tínhamos em Illéa.

Primeiro que você não cumprimentava as pessoas do jeito tradicional, apenas apertava as mãos; depois que não se usavam os sobrenomes das pessoas — isso eu já sabia —, as pessoas eram apresentadas usando-se o nome e o patronímico, que era o nome do pai da pessoa mais uma terminação geralmente ich, ov, ev para os homens ou ovna e ivna para as mulheres — o nome de Dimitri era Dimitri Ivanov, Dimitri, filho de Ivan — e acredite-me: ainda bem que eles faziam isso. Devo ter conhecido uns cinco “Ivan” durante aquela festa, mas cada um tinha um patronímico diferente, mesmo os dois Ivan filhos de Petr tinham nomes diferentes, eram Ivan Petrovich e Ivan Petrov, e isso foi por pura sorte, Dimitri me disse.

Outra coisa diferente era que as pessoas bebiam muito. Os garçons não paravam nunca, era uma loucura e ninguém parecia estar sequer tropeçando.

As mulheres também eram exuberantes. A maioria era alta e morena com olhos claros e todos pareciam se conhecer e apreciar uns aos outros, sem serem frios como todos diziam que eram. Bem, exceto comigo, a estrangeira. Todos estavam me ignorando.

— Divertindo-se? — Dimitri apareceu para me entregar um copo de uma coisa que cheirava fortemente à álcool e que eu aceitei de bom grado.

— Bastante — menti dando um gole no que quer fosse era aquilo e quase engasguei. Parecia gasolina.

Ele não pareceu se deixar enganar por meu tom.

— É muito diferente, não é? — gesticulou indicando o salão onde haviam músicos tocando canções clássicas russas.

— Até demais — dei de ombros com um sorriso amarelo de desculpas.

— Quer sair?

— Nós podemos? Acho que é esquisito deixarmos os convidados aqui.

— Não se preocupe, você ainda vai ver essas pessoas. Essa festa só acaba quando o último bêbado for embora.

Isso me fez rir, apesar de ela estar totalemnte sério.

— Acho melhor passar, Dimitri. Essa recepção é para nós, seria meio errado sairmos agora.

Assentiu.

— É, você está certa. O que quer fazer então?

— Qualquer coisa, menos ficar parada feito uma idiota.

— Você não parece uma idiota, Layla. É só um dos inúmeros problemas russos se manifestando, sabe. Nós somos muito fechados.

Eu ri outra vez.

— Mari… princesa Marianne... costuma brincar que os italianos são bobos, os alemães são pontuais e os russos são antissociais.

Ele inclinou a cabeça para um lado.

— E os illeanos?

— O que você acha? Somos estourados.

— Faz sentido — Dimitri assentiu para si mesmo.

Eu ri de sua expressão séria e dei-lhe um soquinho.

— Não era para você concordar, Dimitri.

Ele passou um braço em torno de meus ombros.

— Mas é verdade, vocês são mesmo estourados e isso não é ruim, dá certo charme.

— Não tenho certeza se isso é um elogio, mas se for, agradeço — ergui uma sobrancelha.

— Sim, é um elogio. Você quer sair? Última chance.

— Podemos ficar em outro lugar aqui no palácio? Eu vou me sentir mal se deixarmos seu pai cuidando de tudo sozinho, afinal isso aqui é para vocês dois.

— E para você também — disse-me com intensidade, encarando-me olhos nos olhos.

Concordei com a cabeça e deixei Dimitri me guiar, ele parou para sussurrar com seu pai, imagino que para dizer onde iríamos e me levou para uma escadaria assim que o rei nos dispensou com um gesto da mão.

A princípio imaginei que iríamos para a saleta compartilhada ou coisa parecida, mas Dimitri passou direto pelo terceiro andar e me levou até um parte do telhado que era descoberto.

Ao chegarmos lá, fiquei sem ar.

— Dimitri, isso é…. lindo! — sussurrei.

A vista do telhado mostrava muitas coisas ao redor do castelo, inclusive a cidade, que estava bem embaixo de nós, linda, nevada e muito iluminada com suas ruas brilhantes por causa dos postes de iluminação pública.

Era a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida.

— Eu queria muito te mostrar isso — Dimitri pousou a mão na base de minha coluna e fez um gesto amplo para a imagem, abarcando com a mão a cidade. — Achei que você iria gostar.

Fiz que sim.

— Eu amei — sussurrei. Caramba, como eu queria poder tirar uma foto daquilo. — É… é a cidade mais maravilhosa do mundo, é mágica…

Dimitri sorriu meio de lado, parecendo contrafeito por isso.

— Alguém já lhe disse que você fala muito quando está animada?

Corei violentamente e olhei para o meu copo quase cheio.

— Desculpe.

Ele inclinou a cabeça para um lado.

— Eu gosto disso — Dimitri afastou uma mecha de cabelo do meu rosto. — Você vê beleza nas coisas mais simples, como uma criança. Uma criança em um corpo de mulher. Isso é encantador, sabia?

— Dimitri…

— Acho que esse momento compensa aqueles momentos esquisitos em Illéa — ele disse isso normal, porém suas palavras seguintes saíram em um jato. — Finja que esse é o nosso primeiro encontro, Layla. Que eu te levei para a parte alta do palácio de Illéa e te mostrei a linda imagem de verão que a cidade é, em vez de ter esbarrado em você e ter sido um imbecil.

Caramba, Dimitri falou mais comigo em cinco minutos que em uma semana.

— Você também fala demais, sabia? — eu sorri amplamente. — Eu gosto disso. Você não parece tão inacessível hoje.

Ele enrubesceu.

— Eu não sou inacessível — discordou. — Huh, vou voltar para a festa. Por quê você não aproveita mais a paisagem?

E ele praticamente voou até a escadaria.

— Falou cedo demais, Layla — comentei comigo mesma, virando o copo de uma vez só.


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se: eu NÃO falo russo, então eu peguei a tradução do Google translate mesmo u.u



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