Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 10
Sob a faia


Notas iniciais do capítulo

Putz, que bosta de título do capítulo haushaus

Enfim amigos, mais um cap quentinho do forno pra vocês ^.^

Enjoy ;)



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O dia em que eu deixaria o conforto da minha casa e de meu país para trás e tomaria um voo que possivelmente salvaria Illéa e o reinado de minha família chegou impossivelmente lindo, com o céu de um azul miosótis, poucas nuvens e o sol brilhando.

Eu encarei a paisagem, debatendo comigo mesma.

O que eu deveria fazer? Me esconder? Admito que fiquei tentada, mas com um suspiro resignado eu peguei minha câmera fotográfica e deitei-me no chão. Se eu iria para a Rússia, eu levaria Illéa comigo.

Fotografei cada centímetro do meu quarto organizado. A cama de dossel, a janela branca, o lustre… eu iria levar aquilo comigo. Ia levar minha casa, mesmo que só em fotografias. Aproveitei-me das portas da sacada e usei-as como moldura para a vista linda que eu tinha da cidade, saí para o corredor e tirei mais uma rodada de fotos. O palácio era um grande estúdio fotográfico, meu avô sempre dizia isso. Até então eu nunca havia reparado no contraste incrível entre as portas e paredes e os quadros até ter que me despedir deles, mesmo que brevemente.

Aproveitei a luz da manhã que dava um ar pitoresco ao jardim florido para acrescentar aquilo à coleção. Angeles era uma cidade linda e eu morava provavelmente no lugar mais lindo da cidade quando não havia nenhum ataque rebelde louco à vista. Não que acontecessem muitos ataques, mas de vez em quando… nada é perfeito, ainda mais para quem tenta governar um país de milhões de pessoas.

Estava fotografando na floresta da propriedade quando vi alguém zanzando por ali. Como a boa curiosa que sou fui dar uma olhada, só para encontrar Dimitri, que continuava me ignorando mesmo estando prestes a morarmos por três meses sob o mesmo teto, carregando um livro para baixo de uma faia, Dimitri costumava ler muito, pelo pouco tempo em que passamos juntos dava para dizer.

Ele se sentou com as costas coladas à árvore e começou a ler, pude ver perfeitamente o momento em que ele se desligou do mundo a sua volta para entrar no livro.

Já que ele não iria saber daquela foto de jeito nenhum, resolvi fotografá-lo. Ele era um bom modelo, tinha uma postura impecável.

Aproximei-me sem ter ciência disso e sua cabeça escura se ergueu de uma vez, como se tivesse ouvido-me embora eu tivesse certeza de ser muito silenciosa.

— Ah, princesa — piscou algumas vezes. — Bom dia.

— Alteza — fiz uma reverência. — Bom dia. O que está lendo?

Ele virou a capa do livro em minha direção.

A arte da guerra, Sun Tzu — explicou. — Já perdi as contas de quantas vezes li esse livro, mas parece que toda vez que leio tenho uma nova coisa a aprender.

Eu não duvidava daquilo.

— Eu nunca li. É bom, então?

Ele encolheu os ombros.

— É o meu favorito, então sou suspeito pra falar — deu de ombros e então ele tirou o casaco pesado e colocou-o a seu lado na grama. — Quer se sentar?

— Claro — abaixei-me e me larguei a seu lado. Mordi o lábio. — Posso te fazer uma pergunta?

Dimitri me olhou de viés.

— Qualquer uma — respondeu solene.

— Você estava me ignorando essa semana?

— Não — ele me olhou desconcertado. — Eu apenas imaginei que quisesse distância de mim, sabe, porque eu sou o motivo pelo qual você terá que deixar seu país e tal.

Eu também me desconcertei.

— Ah. Não, de jeito nenhum, você não é culpado de nada, eu que quis ir.

— Você ficou furiosa no dia que seu irmão deu a ideia — apontou.

— Ele não "deu a ideia" ele me informou, de forma bastante rude, a propósito, de que tinha me vendido a você. E, desculpe dizer, eu não tinha as melhores lembranças da sua pessoa.

um sorriso contrariado curvou sua boca.

— Não tinha as melhores lembranças, hein? Mesmo depois do pedido de desculpas?

— Sim — cruzei os braços mas minha expressão não era irritada como eu queria. — Se Robert tivesse me perguntado ou se eu e você tivéssemos, sabe, nos conhecido do jeito normal, certamente eu não teria feito aquele show. Mas daquele jeito? Foi horrível, sinceramente. Eu fiquei puta da vida. — Corei — desculpe o palavreado, mas você não se sentiria usado?

Dimitri me olhava como se eu fosse um espécime interessante.

— Então se Robert primeiro dissesse "Olha, precisamos fazer uma aliança com a Rússia e queríamos a sua opinião sobre como eles são e se é um bom investimento" e depois você me conhecesse, não agiria daquele jeito?

Dei de ombros.

— De jeito nenhum. Eu provavelmente iria à Lua de felicidade por finalmente poder fazer alguma coisa útil ao meu país. Mas me casar por um acordo de negócios? Nem morta.

— Você está certa, um acordo de negócios não é amor — ele ergueu uma sobrancelha. — Você tem cara de quem acredita no amor.

— É porque eu acredito mesmo — empinei o queixo. — Essa não é a razão pela qual todo mundo vive? Para procurar ser feliz para sempre ao lado de outra pessoa?

Ele me olhou com ose me visse pela primeira vez, de um jeito pensativo. Por fim disse:

— Você tem razão, merece encontrar alguém que a faça feliz para sempre.

— E você não? — encarei-o.

Dimitri deu de ombros, se levantou e espanou a sua bunda. Admito que meus olhos se prenderam por alguns segundos ali.

Ele se voltou para mim.

— Bem, tenho certeza que serão três meses muito interessantes, Layla. Te vejo mais tarde — e saiu sem sequer pegar o casaco que ainda estava embaixo de mim.


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Notas finais do capítulo

Até quarta ♥



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