Advertência escrita por Fernando Cabral


Capítulo 8
Capítulo 8 — Ricardo


Notas iniciais do capítulo

Está aí o capítulo da semana.
Espero que você curta!
Se quiser comentar algo, fique à vontade! Sempre respondo :)



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Antes de sair de casa para encontrar Jefferson, Ricardo se lembrara de checar para ver se sua espada ainda estava em seu devido lugar. Sempre checava, com medo de um dia, quando olhasse, ela não estivesse mais lá.

Dessa vez ela estava, bem dentro de seu guarda-roupa, onde deveria estar. A espada de punho vermelho e lâmina oriental era o melhor presente que Ricardo já havia recebido e havia sido dada por uma das pessoas que o menino mais amava: sua avó materna.

Segundo a avó, a espada havia sido encontrada por sua mãe, bisavó de Ricardo, ainda do lado de fora, junto de outras seis diferentes espadas. Esta que Ricardo tinha em mãos estava um pouco mais separada das demais, mas todas se encontravam no centro de um desenho que havia no chão. Por precaução, a bisavó de Ricardo copiou o símbolo numa folha de árvore, sem esquecer-se de apagar o desenho do chão logo depois.

A avó também disse a Ricardo que ele deveria escolher um lugar seguro, de preferência ao qual só ele tivesse acesso, para guardar a arma. Informou que a espada possivelmente possuía características mágicas, mas não sabia quais. O importante era que ele sempre checasse o paradeiro da arma, pois um dia ela poderia simplesmente desaparecer. A velha senhora entregou uma folha, esta de papel, que trazia, além do símbolo que deveria ser desenhado, duas linhas de palavras escritas numa língua que Ricardo não conhecia, mas que estavam pelo menos no alfabeto que ele podia ler.

Ricardo perguntou a avó se ela sabia o que estava escrito ali, naqueles símbolos que formavam o desenho que deveria copiar em algum lugar, e ela respondeu que não, apenas desconfiava de seu significado, mas que ela e sua mãe nunca haviam usado o símbolo. Falou para Ricardo que se ele quisesse testar um dia, deveria vir lhe contar os resultados logo em seguida.

Naquela mesma noite, o menino desenhou o símbolo no chão debaixo de sua cama, deixou a espada sobre ele e guardou no bolso da calça do uniforme da polícia o papel que sua avó lhe deu. Dali em diante, todo dia antes de ir trabalhar, checava se a espada estava em seu devido lugar.

Nunca entendera o porquê de sua avó possuir uma espada que ela mesma dizia ser roubada. E entendera menos ainda o porquê dela ter dado a ele. Mas como tinha sido ensinado a não recusar presentes (principalmente da sua avó), ele a aceitou de bom grado e a guardava como uma boa lembrança. No fundo, ou nem tão fundo assim, ele adorara o presente.

A avó havia lhe ensinado alguns movimentos básicos da arma, mas nada que servisse para uma luta real, afinal Ricardo nunca poderia usá-la em uma luta, visto que porte de qualquer tipo de arma em Pyr era proibido. Nem a polícia andava armada. O máximo que carregavam consigo era cassetetes. Ricardo, como agente juvenil da polícia, deveria ser um exemplo para seus amigos e colegas, por isso nunca insistiu para a avó lhe ensinar técnicas avançadas de esgrima, nem havia quem lhe ensinasse dentro de Pyr.

Começou a estagiar na polícia aos dezesseis anos, num momento de confusão. Um grande caso de roubo havia acontecido em Pyr, e Ricardo fora logo designado para acompanhar os policiais responsáveis pelas investigações. Ele deveria aprender como os policiais trabalham em missões secretas e também redigir os relatórios, que na verdade era um trabalho dos próprios policiais, mas que empurraram para ele.

Supostamente, os itens roubados dentro de Pyr estavam escondidos na área da base da pirâmide, que tinha uma grande extensão, e inúmeras salas escondidas, além dos quentes corredores que seguiam até o caldeirão subterrâneo, onde era incinerado todo o lixo de Pyr, e para onde algumas pessoas escolhem ser enviadas ao morrer, para serem cremadas.

Ao explorar a base da Pirâmide, o grupo de policiais encontrou um corredor que nunca havia sido acessado, ou pelo menos não constava nos registros. A maior parte do extenso corredor era lisa, sem portas, mas, ao final, encontraram dois grandes portões fechados. Ricardo tratou logo de incluir isso no relatório, enquanto a equipe de policiais tentava abrir as grandes portas.

Demorou, mas conseguiram. Todos os presentes ficaram muito surpresos ao descobrir que os portões davam acesso à área desértica de Pyr. Ricardo, olhando para a areia muito clara, iluminada pelo sol daquela tarde, pensou que realmente ninguém nunca tinha falado sobre os portões por onde todos haviam entrado na Pirâmide, e provavelmente eram esses.

Depois de fecharem novamente as portas, marcaram a descoberta como secreta, o que impedia qualquer um que tivesse envolvido a contar para outras pessoas, exceto superiores.

 

Ao sair de casa, Ricardo notou que o dia estava bastante claro, chegando a alguns raios de sol atingirem ali no quinto andar, onde morava, o que era difícil, já que o sexto andar, logo acima, funcionava como um teto, tampando a maior parte da luz.

Pretendia encontrar Jefferson logo antes de ir para o trabalho, apenas para acertar pessoalmente algumas coisas. Arrumou sua cama, se despediu de seus avós maternos, com quem morava, e saiu com três biscoitos de farináceo na mão, que comeria no caminho. Levava sua mochila às costas, recheada com seus pertences pessoais e alguns alimentos não perecíveis, que também havia prometido ao amigo.

Mal havia saído de casa, um agente juvenil que Ricardo conhecia apenas de vista, e que por acaso estava passando pela mesma rua, foi em sua direção, aparentando pressa:

— Ainda bem que encontrei alguém! — disse, se apoiando no ombro de Ricardo. Fui designado para chamar o máximo de agentes juvenis para irem até a área do hospital. — O garoto arfava. Devia estar andando com pressa já há algum tempo. — Deve ter alguma coisa a ver com o protesto… — terminou, então seguiu seu caminho, voltando à sua marcha, sem esperar que Ricardo respondesse.

— Não acredito — resmungou Ricardo. Com certeza o agente estava certo. Seria direcionado para fazer a cobertura do protesto que estava programado para acontecer dali a algumas horas.

Embora os agentes juvenis sempre fossem direcionados para trabalhos que não tinham nada a ver com a polícia, como limpar locais de crime, entregar papéis em diferentes campus da Pirâmide para pessoas nada simpáticas, entre outras coisas, Ricardo não esperava ser solicitado para acompanhar a manifestação. Isso atrapalharia seus planos.

Teve uma ideia. Foi até o telefone público mais próximo, ligou para a casa de Jefferson e disse a ele que se atrasaria um pouco. Em seguida, rumou para a pequena estação de trem que havia ali perto.

Desceu poucas estações depois e se dirigiu para um dos prédios que tinham entrada naquele andar.

Tocou o interfone de um dos apartamentos e foi atendido por André.

— Fala, cara. Tá tudo bem? — André demonstrou surpresa com a visita.

— Oi, beleza. Tá tudo bem, sim. Recebi ordens de entregar uns documentos num campus aqui perto e de passar aqui para dizer que você está sendo chamado na central. Um tal de Washington pediu para que você falasse com ele. É sobre alguma coisa no hospital, acho.

— Ué, eu estou de folga hoje!

— Eles estão entrando em contato com o maior número de pessoas possível. É questão de segurança, eles disseram... Bem, era só isso que tinha que te falar. A gente se vê.

— Tudo bem. Até. Obrigado.

Então Ricardo rumou para casa. Em seguida encontraria Jefferson.


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Notas finais do capítulo

O que achou do capítulo?
Semana que vem tem mais!
Até :D



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