Advertência escrita por Fernando Cabral


Capítulo 4
Capítulo 4 — Matori


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é bem mais curto que os anteriores, mas serve pra ajudar quem estava curioso sobre a Matori. Espero que curtam!



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Estava sendo seguida. Sentia isso enquanto estava no topo da ladeira daquele chão de poeira grossa.

Alguma coisa dentro de si gritava em alarme, mas isso na verdade não era necessário, já que os tiros que foram dados em sua direção deixaram óbvio que viriam atrás dela.

Lembrou de Edna e começou a imaginar o que a médica estaria pensando sobre ela naquele momento. Tentou afastar o pensamento da cabeça, porque isso não importava mais. Provavelmente não voltaria a encontrá-la.

À frente, Matori só via o escuro. A floresta era iluminada somente pela lua, que seguia alta no céu, e lançava sua luz apenas na parte de cima da copa das árvores, deixando seu interior no completo breu. Isso não dava pra saber quando se olhava das janelas do hospital. Geralmente imaginavam que a mata ficava completamente clara nas noites de lua cheia.

O solo mudava um passo à frente de onde estava. A poeira grossa dava lugar a uma descida de rochas pequenas e úmidas. Não havia outro caminho possível para seguir.

Deu uma última olhada para trás. A construção da qual saíra não era bem um prédio gigante, pois tinha o formato de uma pirâmide, e, diferente das que já tinha lido sobre, era feita de vidro. Ainda conseguia enxergar dali o prédio que compunha o hospital. Ele ficava dentro da pirâmide gigante. Por isso, para fugir, tivera que quebrar uma parede de vidro além da janela do hospital. Agora entendia completamente o que Edna lhe dissera quando mencionara o “prédio dentro de outro prédio”.

Percebeu pessoas seguindo em sua direção, embora ainda estivessem longe. Matori então tratou logo de descer pelas pedras, para poder procurar um lugar para se esconder.

O percurso foi meio difícil. A menina teve que se abaixar e descer com a ajuda das mãos, pois algumas pedras eram muito escorregadias. No final da descida, já sobre o chão, havia folhas úmidas, escondendo buracos que poderiam fazê-la tropeçar, o que a obrigou a caminhar com cuidado, portanto devagar.

Assim que chegou na beirada da floresta, sentiu uma enorme dor na região da barriga. Matori se curvou de sofrimento, tapando a boca, para não chamar a atenção de quem quer que fosse que estivesse vindo atrás dela. Quase caiu de joelhos, mas conseguiu se manter de pé. Aos poucos a dor foi passando e, quando já tinha praticamente sumido, a menina decidiu seguir beirando a floresta, sem adentrá-la, pois provavelmente esperavam que ela tomasse um caminho reto por dentro da mata. E como tinha descido pelas pedras, não estava mais à vista, então seria mais difícil de continuarem a segui-la.

Caminhou por mais alguns minutos, quando a dor voltou com ainda mais força. Dessa vez não conseguiu se segurar, caindo ao chão, com uma mão na boca e a outra tentando se apoiar. Acabou machucando a mão, parte do braço e os joelhos. A dor era tão forte que sentiu uma forte pressão na cabeça, e sua garganta parecia estar se apertando, enquanto permanecia caída sobre as folhas.

O surto demorou mais que o anterior. Quando a dor na barriga já tinha quase desaparecido, Matori sentiu que estava quente, e sua garganta ficara dolorida. Tirou a mãos da boca e percebeu que havia um pouco de sangue nela, além de sujeira das folhas, e maquiagem, tudo misturado ao creme que ainda escorria de seu cabelo.

Não tinha mais forças para se mexer. Olhou em volta, atordoada, suja e machucada, e avistou uma grande árvore com raízes saltadas. Era o melhor abrigo que poderia achar nas condições as quais se encontrava. Levantou devagar, com as pernas tremendo, e se encaminhou para a árvore, deitando no espaço entre duas grandes raízes, na parte de dentro da floresta.

Precisava descansar.




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Notas finais do capítulo

O próximo já está indo ao forno! Qualquer coisa é só deixar comentário. Obrigado por ter lido até aqui :)



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