Skyler P.O.V.

— Skyler, o que foi? — grita Hayley, de longe. — Skyler?

Ben a empurra com as duas mãos. Murmura alguma coisa e levanta, se virando para trás e andando de volta à Briarcliff. Ele me encara confuso, depois todos os olhares se viram a nós.

— Ela disse que não era o Steve. — diz ele. — Ela disse que era eu. Que era impossível viver sem mim e...

— Calma, Ben. — o abraço. Ele derrama algumas lágrimas no meu ombro.

— Ela era minha melhor amiga, Skyler. — ele choramingava. — Minha pequena...Por que ela fez isso? Me explica!

— Eu não sei. — falo, quase sussurrando. — Eu não sei, Ben. Olha pra mim. Isso é normal.

— Skyler, agora eu não vou poder mais... — começa ele.

— Não vai mais poder ser o mesmo com ela, eu sei. — puxo a cabeça dele de volta para meu ombro. — Eu sei.

— Eu sabia. É por isso. — Clementine chega por trás de Ben. — É por causa disso que você não quer ficar comigo, não é?

— Clementine, voc... — ele começa.

— Eu, que estou com você desde que eu nasci, desde que tudo começou, e você não pode ficar comigo por causa dessa... — começa ela.

— Você é minha irmãzinha, Clem! — interrompe ela. — Você foi tudo pra mim desde o início, mas não desse jeito!

— Por que não? — grita ela. — O que eu não tenho que ela tem?

— Talvez eu não seja uma criança clichê e chorona que assim que for rejeitada vai correr pra debaixo da saia da mãe. — digo, cortando no meio a fala de Ben.

— Não é disso que ela precisa, Skyler. — Ben diz.

— Tem razão. — diz Clem — Eu preciso de...

— Cala a boca, Clementine! — grita Ben. Clementine o olha com os olhos arregalados de susto e abre devagar a boca. — Você precisa de um tempo sozinha.

— Como assim? — pergunta ela.

— Tem certeza? — pergunto.

Ele balança a cabeça em concordância. Imobilizo Clementine com as mãos atrás das costas e a guio até um quarto qualquer, a colocando amarrada lá dentro e pegando a chave.

— Ben, você não pode... — começa ela, interrompida pelo estalo que a porta fez ao fechar, logo depois ser trancada.

— Eu não sei porquê. — ele diz — Do nada ela ficou assim e...

— O que aconteceu aqui? — Steve chega por trás de mim. No começo de tudo todos deixaram a sala, afinal... — Clementine está lá dentro?

— Foi preciso, Steve. — diz Ben. — Ao menos que queira ela e o grupo inteiro mortos.

Silêncio.

— Posso pelo menos vê-la? — pergunta ele.

Balanço a cabeça e entrego a chave a ele. Ele entra e fecha novamente a porta. Eu e Ben saímos andando daquela sala, indo em direção ao pátio de trás, onde todos os outros foram.

— 'Tá tudo bem. — digo ao chegarmos. — Como está o Stanley? — ando até Bob, que está com a criança nos braços.

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— Eu dei uma chance a ele. — digo, sentada em frente a lápide. — Não sei se isso foi errado, mas não me sinto mal por isso, então você também não deve se sentir. E se estiver sentindo... Eu não sei o que fazer. As coisas estão piorando, como eu disse. Tudo acontece tão rápido. Mais rápido ainda sem você aqui. Quer dizer... Eu não sei mais como reagir. Agora tudo é mais difícil pra suportar e...Agora me resta torcer pra que eu volte.

Encaro a lápide improvisada por alguns segundos.

— Tudo mudou, Portman. — continuo. — Tudo. E você ainda está comigo.

— Bem do seu lado. — sorrio ao vê-lo sentado realmente ao meu lado. Os cabelos loiros bagunçados, a camiseta preta manchada, tudo.

— Tem coisa mais clichê que ter alucinações com entes mortos? — pergunto.

— Não sei, me diz você. — ele coloca a mão no meu ombro, mas não sinto nada. Afinal, ele não está realmente ali.

— Não, você é mais clichê que isso. — digo, fazendo-o rir.

— Mesmo morto você não perde a chance de tirar uma com a minha cara, isso é incrível. — ele ri.

— Eu sei, garoto. — respondo. — Mesmo morto você não larga do meu pé.

— Quer que eu largue do seu pé?

— Eu não disse isso. — digo.

— Skyler? — Ben chama por trás de mim. — O que está fazendo aí?

— Só contando como foi o dia. — digo — Eu já estava saindo mesmo. Como a Clementine 'tá?

— Bem. — ele responde, me abraçando. — Vai ficar tudo bem, certo?

— Se vamos mesmo tentar, eu tenho uma condição, Ben Evans. — digo.

— Qual?

— Não minta pra mim.