Era o último dia das competições. Por enquanto, o colégio EarthMoon havia obtido apenas uma medalha até então, a de natação com See; o que também rendeu um descolamento no joelho do Luniano. Nesse último dia aconteceria a final do boxe e a competição de música; por pontos da luta passada Khal foi selecionado para a final.

– Vamos ver... Temos que fazer uma canção que dure entre quatro e cinco minutos. Aqui diz que não pode conter palavrões, insinuações á violência, drogas ou qualquer coisa do gênero. - Um dos membros do clube de música leu o regulamento, logo após vieram resmungos de descontentamento.

– Droga, nem nos avisaram! Vamos ter no máximo, tipo meia-hora! - Leen reclamou.

– Calma pessoal. - Um dos membros tirou duas folhas de papel da mochila e entregou para Laryssa, que fora escolhida para comandar todos naquele dia. - Eu escrevi isso durante uma aula, acho que dá para pegar alguma coisa dessa letra.

– Só precisa de algumas adaptações que vai! - Laryssa declarou, muitos ficaram aliviados. - Agora... Hum... Jinan, é você que vai cantar!

– E-E-Eu...? - Um adolescente gagejou e corou. Estava bastante escondido, no fundo da sala. - M-Mas...

– Vamos lá! Você canta muito! E seria bem melhor para um Luniano cantar essa música do que um terráqueo! - Laryssa insistiu, olhando fixamente para Jinan.

– Mas e se os juízes forem separatistas...? Vamos perder pontos por eu ser um Luniano...

– Isso é o de menos! Vai lá! - Laryssa continuou insistindo. - Rapaz, você é muito tímido.

– Desculpe... Eu vou... - Jinan abaixou a cabeça e pediu o papel.

Ninguém sabia muito sobre aquele adolescente Luniano. Sempre mata aulas e ninguém sabe onde ele está durante esse tempo; só aparece nos dias de provas e na hora da aula de música. Correm boatos de que ele tem medo de Terráqueos por ter sido criado por uma Terráquea na terra e abandonado por ela no meio da rua. Sua personalidade tímida e retraída é perceptível apenas de olhar para o seu rosto.

Laryssa POV

Chegou a nossa vez. Jinan conseguiu aprender rapidamente a letra e o tom da música. Não foi necessário muita gente, apenas três pessoas para o acompanhamento. Enquanto eles se preparavam, Jinan ficou sentado no fundo do palco.

– Podem começar. - Um dos três juízes autorizou quando Jinan já estava na frente do palco. Os outros começaram a tocar

Apenas nessa hora percebemos a besteira que havíamos feito. Jinan suava frio na frente do palco, na sua frente estavam centenas de Terráqueos. Não havíamos pensado nesse detalhe. Nossa competição estava se arruinando na frente de nossos olhos.

Corri para a caixa de som, e peguei o outro microfone que estava lá. Liguei-o e fui para o lado de Jinan, segurei sua mão e começei a cantar também. Parece que aquilo teve o efeito que eu esperava, pois ele engoliu seco, respirou fundo e também começou a cantar.

"O que podemos observar?
O que devemos proteger?
Nem mesmo a solidão me fará hesitar
Nem mesmo irei me entristecer
Preciso correr aonde alguém me chamar...!

Mesmo sendo tão longe...
Continuarei a correr...
Agora esse tudo isto detestável
Tudo irá no futuro ser louvável...
Temos de lutar por isso!
Tem de ser agora!
Mesmo estando tão longe...

Esta dura voz...
O que está me falando?
Mesmo que eu caia na esquecimento
Ainda haverá um pouco de lembrança
Mesmo se eu morrer...
Basta continuar a desejar!

Mesmo sendo tão longe...
Eu ainda sinto um futuro pacífico
Mesmo que amanhã já esteja perdido
A vida do depois-de-amanhã ainda está inteira...
Eu vou ultrapassar tudo isto!
Tem de ser logo!
Mesmo sendo tão longe..."

Parece que o meu empurrão funcionou. Logo parei de cantar também, mas Jinan continuou a todo o vapor. Continuei ao lado dele e segurando sua mão. Ele estava de olhos fechados; não sei se era para não ver a platéia, esconder que era um Luniano ou por estar cantando mesmo.

"Mesmo sendo tão longe...
Continuarei a correr...
Agora esse tudo isto detestável
Tudo irá no futuro ser louvável...
Temos de lutar por isso!
Tem de ser agora!
Mesmo estando tão longe...
Mesmo sendo tão longe...
Eu ainda sinto um futuro pacífico
Mesmo que amanhã já esteja perdido
A vida do depois-de-amanhã ainda está inteira...
Eu vou ultrapassar tudo isto!
Tem de ser logo!
Mesmo sendo tão longe...

Acreditamos em nosso futuro!
Todo mundo acredita! Nunca estamos sozinhos!
O futuro nunca morrerá! Depois do amanhã existe mais um novo dia!
Eu sei de que tudo que passamos!
Está guardado no meu coração!
Eu dedico tudo que tenho!
Não estamos sozinhos, alguém virá nos ajudar!
O futuro nunca morrerá! Depois do amanhã existe mais um novo dia!
Mesmo se eu morrer...
Não tenho medo, o céu e as estrelas são brilhantes!
Eu vou vencer!"

Jinan abriu lentamente e medrosamente os olhos após terminar. Nenhum aplauso; o que já era esperado por ele ser um Luniano. Corou instantaneamente viu novamente todas as pessoas olhando para ele e para o resto dos alunos, se afastou mais para o lado de Laryssa.

– V-Vamos voltar... São muitos terráqueos... - Sussurrou covardemente.

3º Pessoa

Khal treinava socos no ringue enquanto See lhe passava as instruções.

– Copiou? - See perguntando, sentado em uma cadeira na borda do ringue.

– Deixe comigo. - Khal se virou. - Vou vencer e nós vamos para esse tal de mar. Esse seu joelho não foi em vão.

– É bom mesmo!

– E agora temos a última luta dos jogos! A final é entre Khal Luxius do colégio EarthMoon e Enrico Chiara do colégio Core! Os dois se mostraram boxeadores de alto calibre em sua estréia! Quem será que levará a medalha, o Luniano ou o Terráqueo??

Os dois se encararam, cada um em seu canto. Provavelmente para tentar amedrontar ou impor sua força para o adversário. O encara-encara continuou até a campainha soar, indicando o começo do primeiro round.

– E a luta começa! Parece que o Luniano não quer partir para um confronto direto tão cedo!

"Antes de tudo, eu irei ver a maneira com que ele se movimenta e ataca. Quando souber dessas informações, irei partir para um confronto." - Planejou Khal mentalmente.

– O confronto começa! Enrico começa a lançar socos, porém Khal mostra novamente sua incrível habilidade de esquiva!

"Entendi... Ele prefere usar ataques curtos e rápidos. É só eu acertar ele com um contra-cruzado que irá facilitar muito para mim!"

Khal continuou desviando dos socos. Era uma luta tensa; ambas as torcidas estavam quietas, apenas observando.

"Agora!" - Khal enxergou a oportunidade.

Quando Enrico aplicou mais um soco de direita, que Khal desviou, o Luniano se pôs para frente, levantou o seu braço esquerdo e abaixou-se alguns milímetros para a impulsão.

Porém, não saiu como esperado por Khal. Durante os poucos segundos que o soco levaria para acertar a cabeça de Enrico, o Terráqueo mudou o ângulo e a direção do soco desferido pelo Luniano. Logo após desferindo um forte soco em seu maxilar.

– O contra-ataque de Khal falhou! Enrico responde rápido e lança um soco embaixo do maxilar dele! - O narrador narrou com um tom surpreso e animado. - Enrico lança um soco de direita! Depois um de esquerda! Khal não está tendo tempo nem ao menos de respirar!

Depois dos dois primeiros socos, todo o barulho do ginásio foi substituído por o barulho do impacto de uma seqüência de socos. Foram no total vinte socos, dez em cada lado do rosto e da cabeça, durante pouco mais de quinze segundos. Seu protetor bucal já havia voado longe e a cada soco, era saliva que voava de sua boca por conta do impacto.

Quando Enrico parou com os socos, Khal caiu de joelhos com a cabeça e os punhos no chão do ringue; na área embaixo de sua boca já se formara uma poça de sangue, que estava aumentando a medida de mais sangue pingava e derramava de sua boca e nariz.

– Um! Dois! Três! - O juiz começou a contagem do tempo...