– Quatro! Cinco! - O juiz continuava a contar.

Khal, mesmo debilitado, esticou sua mão e pegou seu protetor bucal. Depois disso se levantou com dificuldade, colocou novamente o protetor e levantou a guarda; para o espanto de muitos.

– E-Eu posso continuar. - Falou, ainda respirando alto.

Mesmo hesitando, o juiz se afastou para uma das laterais e autorizou o combate a continuar. Enrico se impressionou, mas manteve a compostura. Quando fora autorizado, partiu para cima de Khal já com o punho erguido. O Luniano cambaleou para frente.

– Autoriza o juiz! Enrico avança, parece que ele realmente busca um nocaute completo em Khal, que parece não estar aguentando muito! Será que aguenta mais um soco?

Khal conseguiu bloquear o soco. Em um contra-ataque antes mesmo do oponente preparar-se para um soco, o Luniano encaixou um soco na mandíbula de Enrico, o que fez o Terráqueo recuar alguns passos.

Enrico não deixou apenas por isso, começou mais um combo de socos direita-esquerda na guarda de Khal, que era cada vez mais pressionado nas cordas do ringue. Aproveitando uma brecha, Khal acertou um soco na lateral da cabeça do oponente. Faltavam vinte segundos.

– Ei! Ei! Ei! - See reclamou. - Não tente contra-atacar, você precisa ficar em pé para o segundo round!

Khal só não esperava um forte contra-ataque de Enrico; não tão forte quanto outro, mas o suficiente para deixar suas pernas tremendo e fazer um estalo sair de seu pescoço. Apesar de tudo, ele não caía.

O Luniano novamente tentou socar, mas errou. Seu erro lhe custou mais alguns socos de esquerda na cabeça. Mesmo assim, Khal continuou tentando socar, e como represália acabou sendo acertado por uma direita no queixo. Depois disso, soou a campainha.

– Fim do primeiro round! Parece que o Luniano Khal está com problemas! É visível tamanho dano que levou só nesses primeiros três minutos! Quanto tempo será que ainda irá durar este combate?!

– Esses Lunianos são mesmo bem idiotas, né?! - Um dos companheiros de Enrico falou durante o intervalo. - Quase todo quebrado e ainda continua brigando!

– Não fala merda. - Enrico foi duro em sua fala. - Isso se chama coragem, de tentar me socar sabendo que vai apanhar. Vou finalizar nesse round com um nocaute. Vou provar meu respeito por ele. Parece que Lunianos não são tão ruins, hein?

– Você não pode simplesmente tentar socos de sorte! - See falou irritado para Khal. - É o que eu falei, precisa encontrar uma técnica.

– M-Mas...

– Cala e boca e descansa. - See, após falar aquilo parou por alguns segundos, e mudou para um tom sério. - Não tenta perder, ok? Se eu ver que você não consegue continuar, vou jogar a toalha. Você consegue, você é um de nós.

– Entendi. Pode contar comigo. - A campainha soou e Khal voltou novamente para o centro do ringue.

– E o segundo round começa! Por enquanto ninguém partiu para o ataque!

Os dois apenas se encaravam, quietos e imóveis. A plateia também acompanhou o silêncio, principalmente o EarthMoon. Laryssa e os outros mordiam o lábio, preocupados e torcendo por ele.

Khal foi o primeiro a tentar um ataque. Deslizou o pé violentamente para frente; a ação foi seguida de descontentamento pelo golpe ter sido muito previsível. Porém, o Luniano parou no meio do golpe e ao invés da lateral da cabeça, tentou acertar o rosto de Enrico; foi um golpe que o oponente escapou raspando.

Seguido do golpe, Khal começou a desferir vários socos na guarda de Enrico. Uma tática quase que suicída, porém o Luniano encontrou uma brecha e lançou uma esquerda e uma direita.

Depois destes dois golpes, ambos lutadores começaram a trocar socos; hora acertavam e hora não. A plateia estava animada com o combate. Os dois eram bons em desviar. Neste troca-troca, Khal acertou três socos de esquerda em seguida no rosto de Enrico; o prendendo nas cordas e desferindo mais socos logo em seguida.

"Ele ainda não se recuperou..." - Enrico pensou, e quando encontrou uma brecha, desferiu um forte soco de direita no abdômen de Khal.

O Luniano recuou algum passos, ofegante e tossindo. O Terráqueo não deixou a chance escapar e voltou com mais um combo de esquerda-direita, finalizando com um soco na base da mandíbula. See mordia o lábio vendo aquela cena, segurando a toalha fortemente e pensando no que deveria fazer.

Para novamente o espanto de todos, Khal não caiu. Tentou socar a guarda baixa de Enrico, porém seus socos já não tinham mais força. Avançava com passos pesados, podendo desabar no chão a qualquer momento.

Mesmo assim, a luta ainda continuou para Khal; conseguira acertar um soco nas costelas do adversário. Enrico, por sua vez, lançou um soco no punho direito do Luniano, o fazendo recuar de dor alguns passos. See era pressionado pela plateia a não jogar a toalha para encerrar a luta. Todos do EarthMoon estavam torcendo ferozmente.

Enrico, aproveitando do segundo de fraqueza, acertou um soco na base da mandíbula de Khal, seguido de um combo de dezesseis socos direita-esquerda, até o Luniano cair no chão.

– Um! Dois! Três! Quatro! Cinco! Seis!

"Fique deitado!" - See pensou, mordendo o lábio. - "Você não aguenta mais um!"

– Sete! Oito!

Khal, cambaleando, se segurou nas cordas. Com o olho inchado e sangue seco no rosto. Porém, ficar de pé segurando nas cordas contava como nocaute.

– Nove! Dez! - O árbitro apitou. Khal não conseguirá se levantar a tempo. Depois do anúncio de sua derrota, soltou um suspiro e desabou no chão.

... Dia 30 de Junho ...

– Ei animal, pode me responder uma coisa? - See perguntou para Talles, quando estavam sem nada para fazer.

– Diz.

– O que é mar?

– É muita água. Muita mesmo. Tanta água que quando você olha para o horizonte só vê água. Na borda da água tem um pó amarelo que nós chamamos de areia. Dentro da água tem uns animais que chamamos de peixes e umas plantas que são algas.

– E o rio?

– Rio é como o mar, só que sem graça.

– Beleza, então eu vou para o mar.

– Vou ver se te ensino a pegar peixes. A única coisa ruim do mar é que as meninas escolheram ir para o rio.

– E...?

– Não vai dar para ver elas de biquíni.

– Biquíni?

– Você tem irmã?

– Tenho.

– Imagina ela de só de calcinha e sutiã. - Talles puxou uma revista de debaixo do colchão. - É isso aí, ó. Olhas as mulheres.

– Quê?! - See exclamou enquanto via a revista.