River tinha uma habilidade especial de surpreender o Doutor, e ele não sabia ao certo se gostava disso ou não.

Como no modo que ela era esperta e ousada, respondendo ou fazendo certos comentários de uma maneira que a maioria das pessoas não faria. Ou da sua habilidade em situações difíceis (e a excelência nas armas de fogo), sempre com uma estratégia pronta, calma quando todos estavam em pânico. Ou em todo o mistério cercando seu passado e futuro, todas as suas questões no assunto sendo desviadas com um sorriso e “Spoilers”.

Ou agora, com ela mandando ele calar a boca e o beijando.

Era uma sensação boa, ele achava. Os lábios de River eram macios sobre os seus. Só havia o toque de suas bocas, mas ainda assim parecia algo muito íntimo. Ele se sentia uma parte intrínseca do ato ao mesmo tempo que desconectado, e não sabia ao certo onde colocar suas mãos. No ombro, na cintura, nos braços, no rosto? O beijo terminou antes que ele pudesse se decidir, e foi com estranheza que saiu do estupor e reconheceu os efeitos que um simples beijo (o beijo dela) tinham em si.

Ele estava tremendo, o coração batendo forte. Não conseguia tirar os olhos dela e, mesmo que sentisse que devia dizer algo, se encontrava numa incomum perda de palavras. Olhou para os lados algumas vezes, murmurando frases como “Isso foi bom” e “Interessante” sem nem mesmo perceber.

Sabia o que era beijar: Com mais de dois mil anos, era inevitável que tivesse essa experiência ao menos uma vez (ou dez, ou vinte…). Mesmo sua última regeneração tivera seu quote de beijos, e estes não lhe soaram estranhos ou, por Rassilon, deixaram ele se sentindo dessa maneira. Mas aquelas eram memórias desbotadas, no entanto, e essa era a primeira vez que beijava nessa regeneração. Todas as primeiras vezes eram diferentes. Nesta, se encontrava surpreendentemente desajeitado.

Era pelo amor que já sentia por River, mesmo que ele ainda não soubesse disso.