I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 48
Capítulo 46




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/543322/chapter/48

Pedro definiu o pós-transplante como um porre, mas era necessário. João não podia se ausentar da unidade de transplante, podia receber uma ou duas visitas por dia, tinha que fazer exercícios leves e manter sua higiene impecável, além de uma alimentação cuidadosa. Os medicamentos fortes continuaram, para evitar a rejeição da medula e acelerar a produção de leucócitos, além de seguir recebendo-os por transplante junto das hemácias.

Mas com muita paciência e determinação, além de uma torcida gigante, a recuperação do nerd foi mais rápida que o esperado e, no dia que Pedrinho completou um mês, pôde afinal estar nos braços do pai, em sua casa, cercado de sua família.

“Ele é ainda mais lindo ao vivo.” Suspirou o homem, que segurava o bebê com um braço enquanto envolvia Julinha com o outro, a pequena mal se contendo de alegria por ter o pai de volta em casa.

Clarinha também estava ao lado do tio, protetora e cuidadosa, como que temendo que ele adoecesse instantaneamente. Alan, Lara e Marcos estavam entretidos com um tablet, enquanto Anabelle tentava arrancar a barba do pai, que a admirava babão como sempre.

“Eu to tão feliz que você saiu do hospital, meu filho.” Dandara mal conseguia conter as lágrimas, sendo constantemente amparada por Gael.

“E eu então, mãe? Não aguentava mais o hospital, e a culpa é sua.” Todos ficaram confusos. “Você que me tirou da vida do videogame e me fez conhecer o mundo real. Sentia saudades dele enquanto estava naquele quarto branco sem graça.”

“Ele realmente melhorou... Já está até fazendo piada sem graça.” Bufou Gael enquanto todos riam.

“Eu fico até desacreditada que esse pesadelo acabou.” Admitiu Jade, brincando com os cabelos da filha. “Não aguentava mais ter que me preocupar com o mala aí.”

“Admite que você ia chorar que nem louca se eu morresse, bailarina diabólica.”

“Gente, eles dois ficando tão amigos foi um fato que eu perdi e gostaria muito de ter visto.” Gargalhou Pedro, vendo os dois amigos se mandarem a língua aos risos.

“É, Pedrão... perdeu muita coisa nesses anos, irmão.” Concordou Jeff.

“Mas agora ele não vai perder mais nada.” Karina sorriu, abraçando o noivo e lhe dando um selinho.

“Hum... E essas alianças que voltaram aos dedos?” Fabi observou o reflexo nos anelares. “Uma família quase criada e voltaram a namorar sério. To até emocionada.”

“Às vezes eu consigo esquecer que eles não são mais adolescentes estudando na Ribalta e na academia, que se espinhavam e boicotavam.” Suspirou Marcelo, fazendo os demais ‘velhos’ gargalharem.

“Não, srta. vivo-junto-e-tenho-dois-filhos-mas-não-sou-casada, eu e o Pedro estamos com as nossas alianças de novo porque nós estamos noivos.” Anunciou Karina, surpreendendo a todos, especialmente a filha.

“Vocês vão se casar?” O grito de Ana Clara assustou João Pedro e Anabelle, que começaram a chorar. Ela ignorou o pranto dos priminhos, correndo até os pais e pulando no colo deles. “É sério mesmo? Vocês vão casar?”

“É, grãozinho, eu e a mamãe vamos nos casar.”

“E você vai ser daminha, sua manezinha.”

As palavras não vieram e nem foram necessárias. Só o abraço da pequena já demonstrou toda a sua emoção em ter mais um grande sonho realizado, enquanto todos os presentes na sala comemoravam e aplaudiam (com exceção de Jade e Fabi que haviam se retirado para acalmar as respectivas crias).

“O senhor parece aliviado, mestre.” Comentou Duca, aos risos.

“Aliviado? Eu estou no céu. Já estava com medo deles dois seguirem o exemplo da Fabi e do João, e seguirem procriando sem se casar, vivendo juntos e...” Ele se calou abruptamente, enquanto Karina baixava a cabeça. Dandara e Bianca olharam de um para o outro penalizadas, mas nada disseram.

“Tá tudo bem?” Alan estranhou o silêncio abrupto, os pequenos deixando o jogo de lado e encarando todos.

“Tudo sim, meu amor. O tio Gael só tava falando coisas que não devem ser ditar na frente de crianças.” Bianca tranquilizou o filho com um sorriso. “Bom, gente, acho que é melhor irmos, não é? A família que habita essa casa precisa se curtir, e nós precisamos pegar a Luz com a Bete.”

“Você sabe que minha mãe não liga de ficar com ela, não é?” Questionou Sol, mas todos já estavam se levantando. Algo havia acontecido durante o comentário de Gael e acabado com o clima para conversas, pelo menos em grupo.

Como combinado previamente, Ana Clara foi para a casa de Mari e Jeff, que deixaram Marcos com Bianca e Duca. Karina e Pedro haviam ficado com toda a trupe no final de semana anterior, o que lhes dava direito a duas semanas completamente livres.

Ao chegarem em casa, o silêncio que os acompanhara pelo caminho preencheu o local. Pedro havia percebido a reação da noiva com o comentário do pai e entendeu rapidamente o problema, ou assim ele pensava.

“Esquentadinha, não liga para o que o seu pai disse. Nós não precisamos casar correndo, se é o que te preocupa. E eu não tenho pressa de ter outro filho, ok? Podemos esperar mais um pouco, nos estabilizarmos como uma família e...”

“Pedro.” A loira o interrompeu, se virando em sua direção com os olhos cheios de lágrimas. “Nós não vamos ter outro filho.”

“Oi?” Ele ficou confuso por um instante.

“Depois de tudo o que aconteceu com a Clarinha, eu não posso mais ter filhos.”

“Você ficou, ficou, ficou estéril?” Ele gaguejou, sem coragem de dizer aquilo.

“Não, não. É só que... O médico já me avisou naquela época, Pedro, que eu ter sobrevivido à gravidez da Ana Clara foi um milagre, que nós duas poderíamos ter morrido várias vezes e...”

“Eu sei de tudo isso, amor.” Ele se aproximou e a abraçou, a garganta apertada. “Foi minha culpa isso tudo. O acidente, o estresse, o parto prematuro...”

“Foram agravantes, Pedro, mas não a causa do problema. Eu tenho a pressão alta e o risco da pré-eclâmpsia vai existir em toda a gravidez que eu tiver. E ninguém vai aguentar passar por isso de novo, principalmente eu. Eu passei nove meses achando que nem conheceria a nossa filha, e não quero passar mais nove pensando que vou deixar você, ela e mais uma criança inocente para trás.” As palavras jorraram da boca dela em uma confissão triste e desesperada, angustiada.

E como uma rajada de balas, atingiu Pedro diretamente no peito. Ele sabia que nunca conseguiria falar ou pensar na época da gestação e nascimento da filha sem ser acometido pela culpa e pelo desgosto. Perdera os momentos mais importantes da vida dela, e de sua própria, mas sonhava em um dia recompensar isso, ter a chance de viver parte disso com um novo filho. Mas agora, esse sonho estava lhe escorrendo pelos dedos.

Karina caminhou até ele, se ajoelhando à sua frente no sofá e segurando suas mãos.

“Eu sei que nós falávamos sobre ter dois ou três filhos, que nós sonhávamos com isso. Mas a Clarinha me basta, Pedro. Ela foi minha vitória, minha maior batalha, e eu tenho o sentimento de dever cumprido. Mas eu não quero, e não vou, empacar a sua vida e seus sonhos. Se você quiser um tempo para pensar, eu entendo e respeito.”

“Eu não preciso de tempo, esquentadinha. Tudo o que eu quis nos últimos anos, todo o dia e noite, foi estar com você e a nossa filha. Vocês duas terem sobrevivido a tudo isso foi o meu maior presente, uma dádiva do universo, e eu vou encarar como minha missão pelo resto da vida cuidar de vocês em retribuição à isso.” Ele soava tão sincero quanto conseguia. “Nossa pequena família é perfeita. Eu não preciso de mais nada.”

“Eu te amo, meu guitarrista.”

“Eu também, minha linda.” Ele segurou o rosto dela e selou seus lábios. “Bom, nós não vamos aumentar a família e nem nos amarrar tão cedo... O que você acha de treinarmos um pouco para não estarmos fora de forma na lua de mel?”

“Você sabe que isso não fez o menor sentido, certo?”

“Você é a inteligente da relação.”

Mais tarde, deitados em meio aos lençóis e ouvindo a chuva bater na janela de seu quarto, o silêncio voltou, mas dessa vez não era incômodo. Era o tipo de silêncio que preenchia o espaço vazio de maneira suave, confortável.

Na cabeça de Karina, ela repassava suas ideias e convicções. Seu medo era muito grande, e naquele momento sua decisão era permanente. Porém, lá no fundo, sabia que talvez com o tempo e a calmaria que a vida passaria a ter daquele momento em diante, além da convivência com Pedro e Clarinha como uma família, poderiam vir a quebrá-la cedo ou tarde.

Já Pedro tentava se conformar com a situação. Amava Karina e não abriria mão dela por nada. Daria todo o seu amor para Clarinha, mimaria a filha até não poder mais, e poderia viver o acompanhamento dos primeiros anos de uma criança com o afilhado, já tendo vivido toda a expectativa (e tensão) para seu nascimento.

Mas a verdade é que não importava muito o que nenhum dos dois pensasse ou decidisse. O futuro é traçado de maneiras que ninguém pode descrever ou prever, e já começara a acontecer sem que eles pudessem ver.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

http://www.facebook.com/fanficswaalpomps



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I'm forever yours" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.