I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 40
Capítulo 39




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Na casa de Gael, mal cabiam os presentes na sala. João, Fabi, Jade e Sol estavam no sofá, por serem enfermos, grávidas e portadores de bebê de colo (uma piada infame de Wallace, que lhe rendeu um tapa no pé do ouvido). Apenas Mari e Jeff não estavam ali, por terem ficado responsáveis dos pequenos.

“O Orelha já enviou a pergunta?” Questionou Duca, recebendo um aceno de Nando.

“Ele disse que o Pedro já confirmou o recebimento, mas não enviou nenhuma resposta.”

“Vocês acham que ele vai direto para a Karina?” Perguntou Tomtom, ao que Cobra negou.

“Ele está estacionando aqui na frente. Ele vai subir aqui.” Avisou o rapaz, que estava na janela. Todos começaram a se agitar. “Hey, calem a boca. Vamos todos em silêncio para o quarto, agora.”

“Silêncio quer dizer sem derrubar a casa.” Rosnou Gael, ao ver a trupe se dirigindo aos fundos de sua casa. “Meu amor, vai você também. Quanto menos gente, melhor.”

“Pode chamar se precisar.” Avisou Dandara, lhe dando um selinho e saindo.

O mestre observou a sala com precisão, identificando se algo poderia denunciar a presença dos visitantes inesperados. Encontrou apenas a bolsa de Anabelle deixada no canto, o que foi fácil de esconder.

Logo depois, a campainha ressoava.

“Capiroto.” Gael saudou ao abrir a porta, logo se repreendendo. Mas Pedro estava tão perturbado que nem percebeu.

“Mestre Gael, posso entrar?” O mais velho assentiu, dando passagem. “Desculpa incomodar tão tarde, mas... Bom, eu recebi uma mensagem meio perturbadora.”

“Perturbadora?” Questionou o lutador, sentindo o coração acelerar. No interior do apartamento, uma dúzia de ouvidos se colavam às portas, ansiosos.

“Perturbadora não é a palavra; acho que chocante encaixa melhor. De todo jeito, eu estou inquieto, porque não sei se é verdade.” Ele virou-se para o ex-sogro. “Como a Karina acordou do coma?”

“Desculpe, como?” Dandara deveria aplaudir o marido por sua atuação, era o que ele pensava. Os demais pensavam que era sorte que Pedro estivesse tão confuso, porque como ator, Gael era um ótimo lutador.

“Ela me contou que entrou em coma depois que a Clarinha nasceu, depois das convulsões e de ter quase morrido. Eu quero saber quando ela acordou, e como.” Pediu o guitarrista, afoito.

Gael coçou a barba teatralmente, suspirando. Indicou o sofá, no qual Pedro sentou, deixando que o mais velho ocupasse a ponta oposta.

“Ela não te contou nada?” O rapaz negou. “Não sei se eu deveria te contar, então.”

“Gael, por favor... E-eu recebi isso pela entrevista para o site do Orelha.” Ele estendeu um papel amassado, na certa impressos às pressas, onde estava a pergunta que o grupo todo havia formulado minutos antes e enviado para o guitarrista. “Eu não sei quem é essa pessoa, ou como ela poderia saber disso. Mas eu preciso saber se é verdade.”

“Caralho, ele deveria ter essa conversa com a Karina.” Sussurrou João.

“É, mas pelo visto nosso plano deu um pouco errado.” Resmungou Wallace, deitando na cama e fechando os olhos.

“Ou certo...” Bianca sorriu. “A Karina poderia não reagir bem ao Pedro nesse estado.”

“Mas o mestre vai saber o que dizer, mesmo com ele nervoso assim.” Completou Fabi.

“Vocês já repararam que, mesmo quando dão errados, os planos dessas crianças dão certo?” Delma perguntou à Dandara e Marcelo, que apenas riram.

Na sala, o silêncio era inquietante, enquanto Gael tentava chegar a uma resposta adequada. Pedro se remexia, ansioso.

“E então, Gael; vai me contar a verdade ou não vai?”

“Que a Karina não descubra.” Suspirou o mestre. “Como você se sente sabendo que a Karina acordou do coma ouvindo você cantar a música que compôs para a filha de vocês? Bom, me diga como você se sente.”

“Então é verdade?” Sussurrou Pedro, sentindo a garganta fechar e os olhos marejarem.

“Sim, Pedro, é verdade.” Gael sorriu compreensivo. “Ela já estava em coma havia duas semanas, e nada do que fizéssemos surtia efeito. Já havíamos levado a Clarinha até ela, e nada; o João e a Bianca conversavam com ela todos os dias, e eu não saia do lado da cama. Mas tinha um problema que nenhum de nós sabia naquele momento: ela achava que você tinha morrido.”

“A notícia do acidente?” O mestre confirmou. “E o que isso tem a ver?”

“Pedro, você não consegue assimilar?” Ele negou, fazendo Gael bufar. “Menestrel do capiroto... Por algum motivo, a minha filha não consegue cogitar a ideia de viver em um mundo no qual você não exista.”

“Ela não acordava... Por minha causa?” O guitarrista sussurrou, surpreso.

“Durante toda a gravidez, a Karina teve certeza que não ia resistir ao parto; diversas vezes ela nos pediu que cuidássemos da Clarinha, ou que levássemos ela para você. O que ela não imaginou, em momento nenhum, é que você não estivesse aqui.” O sorriso do lutador era gentil. “Pode soar errado, mas a Karina morreria e deixaria a Clarinha aqui; mas ela não conseguia aceitar viver se você não estivesse mais aqui.”

“E como isso mudou?”

“Você se lembra do Brazilian Day? Quando você lançou a música que escreveu para a Clarinha?” A boca do rapaz foi quase ao chão.

“Você está brincando?”

“Não, não estou. Você foi minha última alternativa, moleque; eu não sabia mais o que fazer, e ela tinha ficado tão feliz com a notícia do show de vocês em Nova York... Eu tinha que tentar.”

“E deu certo?” Gael assentiu com um sorriso.

“Ela não se moveu durante o show, mas assim que vocês começaram a cantar a música para a Clarinha...” O mestre suspirou. “Ela chorava emocionada, e eu mal sabia como reagir. Foi só no momento em que teve certeza que você estava vivo, certeza absoluta, que a Karina acordou. Foi você, moleque dos infernos, que trouxe a minha filha de volta.”

Pedro tentou abrir a boca diversas vezes para falar, mas não conseguia dizer uma palavra. Havia um bolo em sua garganta, que parecia tentar se esvair pelos olhos, em lágrimas salgadas que marcavam sua face. Para sua surpresa, o mestre se aproximou, o abraçando e deixando que chorasse em seu ombro.

“O que você fez, mesmo sem saber, foi um milagre, Pedro. O amor de vocês dois é um milagre; e a Clarinha é o fruto disso.” Ele explicou, como se ensinasse o alfabeto a uma criança. “Você precisa lutar por elas.”

“Ela não quer nada comigo, Gael.”

“Até parece que você não conhece a minha filha. Ela pode falar o quanto quiser; aqui dentro...” Ele apontou o peito do guitarrista. “Ela vai sempre chamar por você.”

“Você sabe quem enviou isso? Quem é esse Amigo?” Gael empalideceu, se levantando e dando de ombros.

“Deve ser aquele maluco do João; ou então o alucinado do Cobra. Vai saber, você e a Karina estão cercados de malucos.”

Mas Pedro não prestava mais atenção. Ele dobrou o papel novamente, o enfiando no fundo do bolso da calça. Abriu a porta sem se despedir, saindo tropeçando nos próprios pés. Gael riu, enquanto ouvia a porta do quarto se abrir.

“Agradeço o seu amor e carinho, viu padrastinho?” Ironizou João, que vinha apoiado em um Cobra bicudo.

“Meu Deus, e eu ainda tenho que aguentar isso?” Gael resmungou, enquanto a esposa o abraçava.

“Achei lindo o que você disse para o Pedrinho.” Ela suspirou.

“Eu chorei, para ser bem franca.” Delma limpava os olhos.

“Vocês acham que agora dá certo?” Perguntou Bianca.

“Se não fosse minha filha caçula, eu diria para passarmos a noite na janela, observando o apartamento dela. Mas, apesar de vocês já seres mães, eu prefiro pensar que vocês ainda são puras e intocadas, então vou dormir.” Avisou Gael, fazendo todos rirem e a filha lhe plantar um beijo no rosto.

“Acho que é o melhor que podemos fazer. Do mais, é só dar tempo ao tempo.” Decretou Fabi por fim.

~P&K~

Karina já estava no décimo sono quando a campainha começou a gritar de forma insistente. Coçou os olhos, levantando da cama e se arrastando para a sala. O horário não era tardio, mas a festa definitivamente havia acabado com ela.

Mal olhou pelo olho mágico, já destrancando e abrindo a porta. Quase caiu para trás ao ver quem a esperava ali.

Ou melhor, o que ele iria fazer.

“Esquentadinha.” Pedro saudou com um sorriso e os olhos cheios de lágrimas, antes de empurrá-la contra a parede e selar seus lábios.


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Notas finais do capítulo

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