I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 31
Capítulo 30




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Pedro acordou perto das 14h, ainda exausto. Tomou uma ducha e bateu um prato de miojo, logo pegando sua picape e saindo rumo a casa de Karina. Mandou uma mensagem quando já estava chegando, lembrando que havia se esquecido de ligar.

Quando subiu o lance de escadas, a loira já o esperava na porta.

“A Clarinha foi buscar um brinquedo na casa do meu pai... Você não ligou avisando, não sabia que já estava vindo.” Ela explicou, enquanto o deixava entrar.

“Desculpa. Acordei, almocei e vim.”

“Percebi pela sua cara e seu cabelo... Você ainda não aprendeu a pentear eles.” Ela brincou, tentando descontrair o clima.

“Eu e o pente não nos damos muito bem.” Ele sorriu de lado. “Hã... Você deixa a Clarinha andar sozinha?”

“Aqui na praça, deixo. A Sônia, a senhora que comprou a banca depois que a dona Dalva faleceu, sempre fica de olho quando ela aparece. E é só alguns metros até a casa do meu pai.”

“Mas não é perigoso?” A lutadora bufou, revirando os olhos.

“Tanto quanto qualquer lugar. Pedro, a Clarinha sempre andou sozinha pelo condomínio onde nós morávamos, a praça é quase a mesma coisa. Ela vai ficar bem.” Prometeu, sentando no sofá. “Mas, aproveitando que ela não está aqui, vamos tratar algumas coisas.”

“Claro... Eu quero o reconhecimento da paternidade.” Ele jogou na lata, a pegando de surpresa.

“Oi?”

“Eu pesquisei ontem, e falei com o advogado da banda... Nós temos que entrar com um pedido na justiça, para que seja reconhecida a minha paternidade sobre a Ana Clara. Pelo fato dos meus pais estarem na certidão, isso deve ser rápido. Mas o juiz ainda pode exigir um exame de DNA.” Ele explicou da melhor maneira que conseguiu.

“E o que acontece com isso?”

“Bom, a certidão de nascimento dela será refeita, com meu nome como pai. E eu passo a ter os direitos paternos sobre ela.” Ao ver que ela se encolhia, ele tratou de completar. “Eu não vou exigir a guarda dela, Karina. Eu já te prometi isso, não prometi?”

“Prometeu...” Mas ela ainda não soava de todo aliviada. “Bom, o que eu queria falar com você, é sobre outras mulheres.”

“O-outras mulheres?” Dessa vez ele foi pego de surpresa.

“É... Olha, Pedro, essa situação toda já é bem complicada para a Clarinha sem um quarto elemento na história. Ela tá começando a assimilar o fato de que você é o pai dela, e de que nós dois, mesmo sendo os pais dela, não somos um casal. Então, pelo menos por hora, evita de apresentar ou aparecer com a sua namorada.” Ela parecia bem desconfortável ao falar sobre esse assunto.

“Bom, eu não tenho namorada.” Ele admitiu, observando um leve brilho perpassar os olhos azuis. “Depois que a gente terminou, nunca consegui ficar com mais ninguém.”

“Ah, que bom. Digo, que bom pra Clarinha. Não, é...” Pedro riu do constrangimento de Karina.

“E você? Nunca apresentou nenhum namorado para ela?” Ele tentou não parecer curioso ou enciumado, mas sabia que havia falhado miseravelmente.

“Minha vida se resume toda ao trabalho e ela, sem tempo para namoros.” Explicou, extremamente corada. “E eu não queria causar confusões na cabecinha dela... A psicóloga sempre me disse que, se isso acontecesse, eu deveria tratar com cuidado.”

“Psicóloga?”

“É... Durante a gravidez e nos primeiros anos, nossos pais acharam melhor que eu conversasse com alguém regularmente, para não corrermos o risco de, sabe, eu ficar deprimida.” Ela deu de ombros, como se não fosse nada. “Bom, sobre as visitas... Vamos ir pelo tempo dela, pode ser?”

“Acho melhor... Não quero forçar uma aproximação.” Ele concordou, lembrando da reação do dia anterior. “Ela falou mais alguma coisa?”

“Nada. Acordou, tomou café e pediu para ir na casa do meu pai. Disse que tinha esquecido um brinquedo lá outro dia e queria pegar. Achei melhor não forçar a barra e deixei ela ir. Logo ela está de volta.”

~P&K~

Assim que pegou o brinquedo que precisava na casa do avô Gael, Clarinha correu para o Perfeitão, encontrando a avó Delma a arrumar as mesas.

“Vovó.” Chamou, recebendo aquele sorriso maravilhoso que os adultos endereçavam apenas para ela.

“Meu anjinho.” Delma a pegou no colo, dando um beijo no rosto. “Cadê a sua mãe?”

“A mamãe está em casa, esperando o Pedro. Eu fui buscar isso na casa do vovô.” Ela mostrou o brinquedo e Delma sorriu. “Eu só vim te dar um beijo antes de voltar para lá. Eu prometi para ela e o Pedro que ia conversar com ele.”

“Seu pai gosta muito de você, meu amor.” Garantiu a mais velha. “Aliás... Eu tenho uma coisa aqui que você vai gostar de ver.”

Ela levou a neta para o interior da casa, indo até o móvel da TV. Sentou no chão, enquanto ela fazia o mesmo ao seu lado, e puxou da gaveta de baixo uma caixa velha e empoeirada. Assoprou, abrindo a tampa e puxando um maço de fotos.

“Essas são todas as fotos do seu pai e da sua mãe, na época em que eles namoravam.” Explicou, enquanto os olhinhos azuis brilhavam de curiosidade, passando as fotos lentamente.

“Olha, o Flux.” Ela gritou, mostrando o brinquedo que estava ao seu lado. “Eles estão dando beijinho no Flux. E a Believe.”

“Sua mãe sempre foi a musa inspiradora do seu pai, todas as músicas dele eram para ela. E ela ia a todos os shows, acompanhando ele e a banda.” Contou Delma. “Olha essa foto... Eles dormiam em uma van, porque a banda não tinha sucesso e nem dinheiro. E o Wallace adorava tirar fotos assim, quando eles estavam dormindo.”

Clarinha observou, admirada e maravilhada, a imagem de seus pais enrolados em um lençol, dormindo completamente tortos e abraçados em um banco velho de van, a cabeça de Karina descansando embaixo da cabeça de Pedro.

“Essa é minha favorita...” Suspirou a mais velha, pegando uma foto que havia caído, já que a criança não conseguia segurar todas. “Foi no dia que eles contaram que sua mãe estava grávida de você. Seu avô Gael ficou maluco, mas depois todos nós ficamos muito felizes e a tia Bianca quis tirar essa foto. Ela quis que sua mãe mostrasse a barriga, sendo que nem barriga ela tinha.”

Os olhos da criança se encheram de lágrimas, admirando a imagem dos pais. Karina estava realmente com a camiseta levantada, enquanto Pedro abraçava a barriga dela e beijava seu rosto daquele jeito brincalhão e atrapalhado que só ele tinha.

Antes que percebesse, soluçava alto.

“Oh, meu amor, o que foi? Conta para a vovó.” Delma a abraçou apertado, consolando seu pranto.

“A mamãe e o papai eram tão felizes antes de ela ficar grávida. Fui eu que estraguei tudo.” Confessou, sofrendo.

“Não, não meu amor, não diga isso. Você não tem culpa de nada, sua mãe...”

“Ela me falou que eu não tenho culpa de nada, que ela e o papai só se amaram mais. Mas o que ele fez de tão errado? E por que quando ela ficou grávida? E por que você e o vovô quiseram deixar ele de castigo? Por que, vovó?” Ela despejava em meio aos soluços, fazendo difícil o entendimento. Delma secou os olhos, tentando afastar as lembranças do sofrimento do filho.

“Ana Clara, existem coisas que acontecem com os adultos, que apenas os adultos entendem.” Explicou calmamente, afagando os cabelos castanhos e com a mesma textura dos do filho mais velho. “O que seu pai fez é algo que você não entenderá até ficar mais velha, meu amor. Mas ele se arrependeu e, nesses últimos anos, tem se esforçado muito para pedir desculpas. E agora, nós achamos que ele já aprendeu a lição para não fazer de novo.”

“Vovó... Só me diz uma coisa: ele não tentou machucar a mamãe, não é?”

“Não, pequena. Seu pai nunca, nunca, tentaria machucar a sua mãe, está bem?” Ela assentiu, abraçando a avó. “Agora, que tal você ir para a sua casa? Acho que você vai querer estar lá quando ele chegar, não é?”

~P&K~

O guitarrista estava inquieto com a demora da filha, ansioso por ir procurá-la, mas Karina apenas pedia que ele se acalmasse.

“Ela está atravessando a rua, seu maluco. Senta nesse sofá.” Ela ajeitou as cortinas, voltando ao seu assento no sofá, enquanto Pedro largava a porta aberta e fazia o mesmo. Não demorou mais do que alguns minutos para a filha dos dois atravessar a porta, uma mochilinha nas costas. “Demorou...”

“Eu fui na casa da vovó Delma.” Avisou, sem ver que Pedro estava ali. Quando Karina o indicou com um meneio de cabeça, Ana Clara se virou em sua direção, fechando a cara. “Ah, oi.”

“Oi, grãozinho.” Ela sorriu de lado com o apelido, indo até a mãe e deixando a mochila ao seu lado.

“Foi buscar um brinquedo ou vários?” Questionou Karina, sentando a filha em sua perna.

“Só um... Mas a vovó me deu umas coisas também, aí me deu a mochila da tia Tomtom para eu trazer tudo.”

O ex-casal trocou um olhar confuso e curioso, enquanto a loira apanhava a mochila e colocava mais próxima de si. Abriu o zíper, olhando o interior e encarando a filha.

“O que tem aí?” Perguntou Pedro.

A lutadora não respondeu, apenas tirou Flux da mochila, o depositando no sofá. Logo depois, apanhou o bolo de fotos e deixou cair espalhadas pelo almofadado. Os dois suspiraram ao se depararem, pela primeira vez em tanto tempo, com as lembranças doces que se tornaram amargas, e encaram Ana Clara, que mordia o lábio inferior, tentando reprimir o choro.

“Filha...”

“Eu sei, eu sei... Não é minha culpa.” Karina suspirou, encarando Pedro.

“Não é mesmo, eu já te disse isso ontem. O que aconteceu entre eu e seu pai, antes de você nascer, não foi por sua culpa.”

“Mas vocês parecem tão felizes nas fotos. Vocês se amavam, mamãe, eu sei que se amavam.” O assunto era bastante desconfortável para os dois, mas necessário de ser encarado. Pedro se aproximou mais, empurrando um pouco as fotos.

“Nos amávamos sim, Clarinha. E nos amamos mais ainda quando sua mãe engravidou.”

“Ela me disse isso.”

“E por que você não acredita em mim?” A loira continuava acarinhando os cabelos da filha.

“Porque tá doendo aqui, mamãe.” Ela apontou o peito, indicando o coração. “Fica doendo, apertando. É porque é minha culpa.”

“Não, grãozinho. Tá doendo porque você está chateada comigo e com a sua mãe, e como você não quer ficar chateada com a gente, você prefere acreditar que está se culpando.” Pedro acariciou as perninhas da filha, que não o encarava. “Não tem problema você ficar chateada com a gente. Nem você estar brava comigo porque eu fiz uma coisa errada. Eu também fiquei bravo comigo quando fiz essa coisa errada e isso me afastou de você e da sua mãe.”

“A gente prefere que você fique brava com a gente, do que se sentindo desse jeito, se culpando por uma coisa que não é sua culpa.” Garantiu Karina, beijando seu rosto.

“Se você quiser, eu vou embora, Clarinha. E quando seu coraçãozinho parar de doer, a gente conversa.” Sugeriu Pedro, mas ela negou.

“A vovó já me disse que não, mas eu quero que você me diga uma coisa... A coisa feia que você fez, você não machucou a mamãe, não é?” Os mais velhos engoliram em seco diante daquela pergunta, sem saber o que responder.

“Seu pai nunca fez nada para me machucar, filha.” Garantiu Karina.

“Eu quero que ele responda.” Os olhinhos azuis o encaravam.

“Eu nunca, nunca, faria nada para machucar você ou a sua mãe, Ana Clara. Isso eu te prometo.” Garantiu Pedro, engolindo um bolo amargo na garganta.

Ela não disse nada. Apenas desceu da perna da mãe, dando dois passos e parando em frente à Pedro. O encarou por alguns minutos, antes de abraçá-lo. Ele retribuiu de imediato, sentindo as lágrimas virem.

“Você pode ser meu papai. Mas você tem que me prometer que nunca mais vai fazer nada de errado.” Sussurrou ela.

“Eu prometo que vou me esforçar muito para isso, grãozinho.” Ele beijou o rosto dela. “Eu te amo, filha.”

“Também te amo, papai.”


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Notas finais do capítulo

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