Só Por Uma Noite escrita por Rhiannon


Capítulo 7
Yesterday




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A chuva arranhava as janelas lá fora, mas nada disso importava no momento. O jovem casal não daria à mínima se estivesse acontecendo um dilúvio, contando que pudessem ficar juntos. Um precisava da presença do outro, e um pouco mais que isso também, um precisava do amor do outro. Mas isso já tinham, pelo menos naquela noite.

Os dois corpos estavam sob a cama velha daquele motel que cheirava a alvejante e cigarro. Nico enterrava suas unhas na carne de Percy Jackson, ele não se importava se deixaria marcas. Deuses, o que ele mais queria era marcar aquela pele bronzeada para todos saberem a quem pertencia. E nesse ponto as costas de Jackson não tinham mais solução, ficaria com oito marcas paralelas por um bom tempo.

Os cabelos negros de Nico estavam colados na testa, devido ao suor, ele arfava e suas bochechas estavam coradas, e Percy não conseguia deixar de pensar como aquilo era incrivelmente sexy. Pensando nisso, ele tomou novamente aqueles lábios em um beijo profundo. Como se respondesse pelo ato, Nico apertou ainda mais suas pernas ao redor no corpo sarado de Percy. Os dois se separaram alguns centímetros, ainda sentindo a respiração do outro. Nico tinha ambas as mãos nos cabelos escuros de seu amante, amigo e fiel escudeiro. Tudo em um só. Ele passou as pontas dos dedões nas bochechas de Percy, onde horas atrás as lágrimas molharam seu rosto, mas que agora era marcado por gotículas de suor. Um suor que mascarava seu sofrimento, que o deixava livre por um momento, que transformava seus problemas em pó. Porque era assim quando ele estava com Nico, tudo sumia. Só restava os dois, nada de problemas. Não. Pelo menos não no momento. Porque foi ali, naquele quarto de hotel fedendo a cigarros e com a luz queimada, que Jackson se deu conta que amava aquele ser intitulado Nico di Ângelo. O amava tanto que chegava a doer. Era do tipo de amor que consumia a alma.

Obviamente, quando dizemos que amamos alguém, é a mesma coisa que dizer que morreríamos pela pessoa, apesar de que, às vezes, essas palavras saem como se não significassem nada, como se estivessem dizendo que o café da tarde estava bom, e não que estamos dando uma prova de seu amor.

Porém, para ambos, aquilo significava muito, ao contrário de pessoas que dizem um “Eu te amo” levianamente. Porque o mundo é assim, as palavras pesam, mas quem as diz raramente mede seu peso. Talvez isso seja o grande problema da humanidade: Falar sem pensar; dizer sem crer; expressar com palavras ao invés de demonstrar com atitudes; amar sem ser amado; dar carinho sem receber.

Ontem

O amor era um jogo fácil de se jogar

Agora preciso de um lugar para me esconder

Oh, acredito no ontem.

Agora que a noite havia passado e o sol nascido, Percy não se sentia nem metade do homem que era ontem. Não existia mais Nico, não existia mais abraços, caricias, amor.

Agora era tudo no preto e branco.

Por que ele havia sumido sem deixar um recado? Sem um “Eu volto depois”. Isso é o que Percy mais queria, a certeza de que o teria de volta, o propósito para viver mais uma noite. Só mais uma noite. Nem que fosse, só queria vê-lo novamente. Aquele garoto com quem se encontrava no mesmo motel todo mês, mas que não apareceu no mês seguinte, e nem o outro após esse. Aquele jovem que aguentava mais responsabilidades do que deveria, que tinha mais deveres do que qualquer um deveria ter.

Se ele o procurou? Com todas as forças que tinha.

Foi até sua casa, que nunca havia chegado perto algum dia. A irmã de Nico di Angelo atendeu a porta, e Percy teve que dizer que era apenas um colega da escola. Quando pergunto pelo amante, a cara de Bianca di Angelo foi a resposta. Seu choro foi o fim da linha.

Percy apenas deu meia volta e correu.

Correu porque era tudo o que poderia fazer.

O amor é um jogo difícil de se jogar, afinal. Mas ele ainda acreditava no ontem. Acreditava em suas memórias, nos momentos em que viveu. O problema é que ele precisava de novas memórias e de bons momentos, nem que fossem criados por ilusões causadas pelo êxtase ou LSD. Ou memórias que nunca existiram sendo inventadas em alguma parte de sua perturbada mente. Nem que pra isso precisasse fazer coisas que se arrependeria na manhã seguinte. Ou coisas que estariam manchando a vaga lembrança de ainda tinha de di Ângelo.

Dizem que quando perdemos alguém importante essa pessoa fica marcada em nossa mente para sempre, que nunca conseguimos esquecê-la, por mais que tentamos, esse alguém nunca desaparece, pelo menos por completo. E muito menos é substituído por outra pessoa. Mas para Percy aquela era uma mentira terrível.

Ele mal se lembrava do rosto de Nico.

Tudo o que sua mente dizia é que aquela era uma boa lembrança. Vaga, ofuscada, esquecida, porém boa.

A melhor que tinha.


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Notas finais do capítulo

._. esse capítulo quase que não saiu hoje. Eu quase que desisto do desafio.
Quase. Foi por um fio. Mas não quis decepcionar vcs, meus caros leitores.



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