Percy Jackson odiava seu trabalho.

Mas, sendo sincero, nenhum adolescente de dezoito anos se sentiria prestigiado em trabalhar em uma doceria. Olhando para aquelas deliciosas guloseimas, sem poder experimentar nenhum pedacinho. O que, para Percy, era uma verdadeira tortura.

Tudo bem que ele não foi obrigado pela mãe a trabalhar, mas ninguém quer ser dependente pela vida inteira. Então, só para garantir aquele dinheirinho no final do mês que poderia chamar de seu, Percy aceitou trabalhar meio período. Não ganhava lá essas coisas, mas era o suficiente para não pedir dinheiro à mãe para comprar uma meia, ou para o lanche da faculdade.

A pior parte era aguentar os clientes.

Existe os indecisos, que levam séculos apenas para escolher o que vão comer; os que contam as moedas para pagar a conta; os que não pagam a conta; os que comem de tudo, sem se importar em quanto vão gastar. E existe Nico di Angelo, um garoto magrelo de quinze anos que estuda na antiga escola de Percy e que agora vai todas as tardes tomar café justamente onde ele trabalha. Coincidência? Eu acho que não, e Percy também. Quero dizer, ele nunca tinha exatamente reaparado em Nico, só o encontrara algumas vezes nos corredores da escola, mas seria impossível de esquecer daquele rosto, apesar de nunca terem trocado mais de meia dúzia de palavras.

Nico e Percy flertavam de um jeito muito estranho.

O mais novo parecia ter algum tipo de ritual em que consistia em ir tomar um café ou cappuccino logo depois que suas aulas acabavam, que batia bem no horário do fim do turno de Percy. E, por outra ironia do destino, os dois garotos moravam no mesmo prédio. Era de se esperar que voltassem para a casa juntos. Era de se imaginar que após três meses dessa rotina, os dois acabassem se aproximando, apesar de passarem só alguns minutos por dia juntos, foi assim que descobriram que tiram muitas coisas em comum. Também era previsto que Percy fosse procurar Nico em sua casa quando este finalmente quebrou aquela rotina no qual os dois passavam os 10 minutos da ida para casa conversando bobagens. O que não era de se imaginar é que Percy beijasse Nico quando o encontrou no outro dia, no meio da rua, com um olho roxo.

Mas as coisas são assim, você nunca pode prever o que vai acontecer.

Hoje eu preciso te abraçar
Sentir teu cheiro de roupa limpa
Pra esquecer os meus anseios
E dormir em paz