Só Por Uma Noite escrita por Rhiannon


Capítulo 10
Hoje a Noite Não Tem Luar




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As pernas de Percy cederam de modo que seus joelhos chocaram-se contra a areia úmida. Apesar do frio, ele usava apenas uma camiseta velha do acampamento Meio- Sangue e um shorts jeans surrado. O vento balançava seus cabelos negros, como se já não estivessem bagunçado o suficiente.

Sentou-se ali mesmo e cruzou as pernas, encarando o mar. Encarando aquele monte de água salgada que nunca parecia ter fim. Mas ele sabia que, como todas as outras coisas, o mar também acabava em algum ponto. Talvez fosse um pouco maior, mas certamente terminava.

O frio da madrugada o fazia desejar ter trazio algo mais quente para vestir, mas não era como se ele tivesse planejado não ter sono naquela noite e, consequentemente, decidido caminhar até a praia do acampamento. O mar o acalmava. E ele precisava muito se acalmar ultimamente.

Percy se curvou para frente e, com a ponta dos dedos, traçou uma letra N na areia, e, logo em seguida, bem ao lado, um ponto de interrogação.

Ah, se Percy pudesse, administraria uma dose de morfina em si mesmo. Porque era disso que ele precisava: morfina. Muita morfina. Mas um abraço também contava. Só que a única pessoa capaz de lhe fornecer um abraço – daquele tipo de abraço que dura minutos e mais minutos e que te faz esquecer de tudo, você apenas aperta mais a pessoa contra si e sente seu perfume adocicado – não estava presente no momento.

Não que ele estivesse machucado – pelo menos fisicamente – mas seu emocional estava abalado demais nos últimos dias. Abalado o suficiente para pedir a Quiron para que fosse para casa uma semana mais cedo do previsto naquele verão. E o centauro até chegou a fazer com que Percy desistisse daquela ideia e continuasse no acampamento, junto a seus amigos, continuando com seus treinos e suas aulas de esgrima, mas o filho do deus dos mares simplesmente não conseguia encarar ninguém ali sem lembrar-se dele.

Percy sabia que houve muitos mortos na guerra contra Gaia (ele próprio por pouco não se tornou um) e que deveria se lamentar por cada um. E se lamentava. Todos os dias. Mas havia alguém que, por mais que continuasse mais vivo que nunca, ele se lamentava mais que os outros. Mas, pior ainda, se perguntava aonde é que ele estava. Pergunta que martelava em sua cabeça e que, por enquanto, não tinha resposta.

Percy pegou um punhado da areia na mão e deixou os grãos passarem entre seus dedos. Ali, a areia daquela praia, não essa areia em questão, mas aquilo o fazia lembrar-se de tantas coisas. Era areia do mesmo jeito, assim como a areia que sujava seus pés no dia em que seus lábios se tocaram e, com apenas aquele toque, Percy soube.

Soube de coisas que estavam na frente de sua cara, mas que nunca se dera conta, de coisas que deveria saber mas não sabia e que, se soubesse mais cedo, teria mudado tudo para melhor.

Teria tornado tudo diferente.

Mas, mesmo assim, com tantos empecilhos, Percy se sentiu infinito com aquele selar de lábios, sentiu-se como e estivesse no topo do mundo, voando de paraquedas. Só que, quanto maior a altura, maior a queda.

Tenho certeza que não sonhava
A noite linda continuava
E a voz tão doce que me falava
"O mundo pertence a nós"


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Notas finais do capítulo

Eaeeeeeee? Tranquilo no mamilo? :v O que acharam do cap? Comeram todos os legumes do prato hoje? *¬¬*



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