In my arms. escrita por Shadow Shirami Mitsuko


Capítulo 2
Em minha solidão - Teu calor me aquece


Notas iniciais do capítulo

Faz um bom tempo, não?
É... Eu não conseguia muito bem escrever essa, por alguma razão que eu não sei dizer, mas consegui, está da forma como eu planejei e é isso que importa.
Bem, espero que gostem... Se é que ainda há alguém acompanhando essa...



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O relógio marcava já as 17:30h quando atravessou a porta de entrada de sua própria casa. Estava cansado, tanto físico quanto mentalmente, ao encarar o relógio analógico na parede da sala de estar, sua expressão se tornou escura.

Sua mente já fazia toda a conta mental.

Quinze dias, duas horas e vinte e sete minutos.

Quanto tempo para teria que esperar para perder sua mente?

Sua testa se franziu em frustração enquanto suas mãos se fechavam em punhos de raiva. Raiva direcionada a si mesmo, se sentia tão inútil por não ter sido capaz de salvar Sonic, por não ter previsto o que poderia acontecer ao ouriço e principalmente por ter passado tanto tempo sem conseguir sequer rastrear o ouriço. Deveria ser fácil! Ele era o Ultimate Lifeform!

De nada adiantava aquele título se nem a única coisa que poderia lhe levar até Sonic havia falhado. Sua sensação era de que o passado sempre voltava para lhe machucar com tantas perdas, primeiro a morte prematura de Maria e agora o desaparecimento sem explicações de Sonic...

Ignorou a cozinha em seu trajeto, não estava com nenhum humor para ingerir qualquer alimento, sabendo que talvez acabasse com uma azia, seu dia havia sido literalmente um inferno. Rouge parecia ter uma paixão doentia em lhe provocar, o comandante foi na melhor das expressões um demônio.

Parecia aquele que era o dia em que todos resolveram reparar em si, o comandante reclamando de um botão solto em sua camisa, sobre como ela parecia abarrotada. Como se aquilo fosse realmente tão relevante, porém ele insistia em dizer que era obrigação de seus agentes seguir bem vestidos e o puniu dobrando seu trabalho só para ter a satisfação de poder visualizar a raiva cintilando nos olhos vermelhos. Se não fosse seu empenho em cumprir a promessa que fez à Maria, já teria em suas mãos a cabeça daquele desgraçado.

Rouge por sua vez deu atenção à algo até relevante — pelo menos em sua visão —, um dos anéis inibidores que estava faltando, justamente em seu pulso direito. Gastando todas as horas em piadas nada agradáveis sobre ele razões de seu acessório ter se perdido e até mesmo questionando sobre sua sexualidade. Até mesmo sobre como Shadow parecia tão estar tão feliz quanto ela pensava que ele ficaria quando Sonic desapareceu.

E quando chegou nesse assunto o clima ficou horrivelmente pesado, Rouge não entendia o porquê Shadow parecia abalado depois do desaparecimento de Sonic — em realidade ninguém conseguia entender —, quando ela esperava justamente o oposto, observava o modo como ele parecia que não dormia direito fazia bastante dias, como as olheiras eram escuras o suficiente para demarcar a face bronzeada, como seu humor parecia sombrio fazia dias e sempre que o viam o percebiam o estado de mau humor constante.

Rouge sempre foi vista por ele como sendo a garota problemática, a órfã que nunca soube realmente o que era afeto e, mesmo que tentasse ser compreensiva com a situação de Shadow, não conseguia, porque ela nem ao menos fazia ideia do que o fazia estar assim. Não era sua culpa, ela apenas tinha sua própria maneira de demonstrar sua preocupação, uma não muito agradável para os padrões para aqueles que as rodeavam.

Shadow sentou-se na cama, tirando o colete com o distintivo da G.U.N. e desabotoou a camisa social branca de algodão, tirou a ridícula calça que usava em um tom azul escuro e jogou a roupa de qualquer maneira em um canto do quarto. Se sentia bem melhor assim, a sensação de estar livre era indescritível, entretanto naquele estado de espirito ele não poderia simplesmente desfrutar da paz que tanto desejava se ele não estava ali para compartilhar consigo.

Um dos inconvenientes de se trabalhar para uma organização onde os overlanders ocupavam em maioria, era o fato de que ele era obrigado a usar uniforme, usar roupas não era uma opção, era uma norma rígida se quisesse permanecer no prédio sede e hoje foi um daqueles dias em que ele era obrigado a apresentar os relatórios da semana e como foi o progresso da equipe de busca que ele era o líder. Os resultados foram frustrantes, nenhum sinal de Sonic, só uma base nova, porém estava desativada recentemente. O que já estranho por si só.

Já não conseguia confiar na equipe de buscas que fazia parte do seu grupo, já que a crescente suspeita de que havia um informante dentre o grupo de busca lhe deixava alerta, tinha rostos que ele não se recordava de conhecer no meio daquele grupo, poderia ser qualquer um deles, era isso ou Dr. Eggman estava monitorando e grampeando a comunicação deles com o Comandante.

Deitou-se em sua cama de casal que havia comprado apenas para dividi-la com seu amante, agarrando os lençóis fortemente com as mãos, sentindo dor, frustração e uma absurda saudade. Sentia falta de seu contato, de seu braço lhe abraçando toda vez que tinha algum pesadelo, do calor de seu corpo aquecendo lhe em suas noites frias.

Sentia falta de como Sonic conseguia lhe desvendar e saber cada uma de suas frustrações e dores, como parecia que ele sabia como agir e falar quando ele se sentia mal ou não estava em humor algum para fazer qualquer coisa. A energia quase ilimitada do ouriço era seu açúcar diário.

Como já lhes fora explicado antes, em um momento anterior, a mudança da relação daqueles dois tinha sido rápida demais para que até eles mesmos pudessem se dar conta do que estava acontecendo até que fosse tarde demais para que pudessem voltar atrás.

Mas meses antes, nem tudo eram flores...

Sonic passou o dia todo trancado no quarto depois que correu para a casa que dividia com Tails, em um estado de tristeza tão grande que ele se via recusando até mesmo à comer, chorou todo seu desespero e tristeza silenciosamente, com medo e até vergonha de que Tails pudesse ouvir, reprimiu todos os soluços que queria gritar porém se recusava a isso, e em sua tortura acabou adormecendo. Esperava que talvez na inconsciência encontrasse paz, porém o destino parecia lhe odiar a tal ponto que a lembrança da rejeição recebida lhe perseguia até mesmo em seus mais profundos sonhos.

Não era certo ele se preocupar com aquilo ou se magoar, Shadow sempre foi o ouriço mais frio e difícil de lidar, ele sempre soube disso. Ele teria seguindo, teria realmente fingido que não era nada, mas era impossível. Porque Shadow retribuiu seu beijo e mais do que isso, ele também o tocava com delicadeza, sentia suas mãos em seu corpo e por mais que quisesse, não podia esquecer o quanto aquilo foi maravilhoso.

Foi umas das razões para a qual ele acordou chorando naquela tarde.

É, eu sei o quanto é absurdo imaginar Sonic chorando, eu também nunca pensei que algo assim poderia acontecer há algum tempo. Mas ele é um ser vivo, ele tem sentimentos. Você também choraria se tivesse seus sentimentos menosprezados e seu coração pisoteado por quem demonstrou amor, nem mesmo Sonic seria forte e otimista o suficiente para lidar positivamente em uma situação dessas.

Principalmente depois de ter fielmente acreditado que seus sentimentos eram retribuídos, talvez na mesma intensidade ou até mais, para logo depois ter lhe jogado um balde de água fria. A forma como os olhos vermelhos o olhou com tanta frieza, tanta insensibilidade.

Ele não sabia se sentia raiva ou pena de si mesmo. Por que tinha que se apaixonar logo por ele? Por que ele consegue controlar seus pensamentos e seu coração quanto estava em seu entorno? Por que ele preferia estar junto dele ao invés de Amy ou do resto de seus amigos?

Eram tantas perguntas que sua mente limitada estava cheia, mas ao invés do impulso de sair correndo como sempre fazia quando estava chateado com alguma coisa, ele apenas ficou deitado na cama, incapaz de encontrar forças em si mesmo para sequer tirar seu traseiro do colchão.

Nem mesmo os gritos insistentes de seu irmão conseguiu o fazer se levantar, eram raras as ocasiões em que seus pés tocavam o chão, eram essas para usar o banheiro ou tomar um pouco de água, isso claro, quando tinha plena certeza de que Tails não estaria em seu entorno. Não tinha coragem de encarar a raposa.

O jovem raposa estava preocupado demais com seu irmão, seus olhos azuis pareciam magoados enquanto sua mente pensava e pesava todas as possibilidades, o que poderia ter acontecido a Sonic? Ele não sabia, mas queria descobrir.

Não era somente uma mera curiosidade, não era desejo de saber sobre o que Sonic faz ou deixa de fazer, era somente sua preocupação de irmão, porém aumentada em vários graus, levando em conta que ele nunca o viu recusar refeição ou não cumprir sua rotina sair logo assim que acorda para correr, havia algo errado com o ouriço e o garoto não sabia o que seria ou como o ajudar, isso o fazia se sentir de mãos atadas.

Era quase uma sensação de frustração, como se estivesse falhando em usa tarefa de irmã, mesmo que não tenham nenhuma relação parental, ainda assim sentir um imenso e indescritível carinho por Sonic, detestava quando o ouriço parecia incomodado e não podia ajuda, odiava a sensação de não poder fazer nada, isso tornava seu dia azedo e nem para suas inúmeras invenções tinha paciência.

Uma ideia atravessou sua mente, era idiota, ele confessava, mas não saberia até tentar.

Entenda, quando você vê alguém que tanto preza em uma situação nada normal ou costumeira, sua mente passa a bolar diversos planos para que a situação mude, mesmo sendo parte deles nada sensatos ou até mesmo loucos.

E foi exatamente isso que a raposa fez.

— Não. — Foi a resposta direta e curta que recebeu, enquanto o ser cruzava os braços sobre o peito.

— Mas, por favor, você tem que me ajud- foi interrompido por um gesto de mãos.

— Não. — Repetiu com seu tom de voz frio, seus olhos comprimindo em fendas, uma imagem ameaçadora, porém a raposa não desistiu.

— Mas ele não saiu do quarto desde ontem e-

— Eu já disse que não. — Ergueu o olhar, desafiando o garoto a lhe contrariar.

Tails suspirou derrotado, seus olhos mudando do rosto do ouriço para o chão, seus ombros caiam.

— Esqueça isso, não foi nada. —Disse entristecido, virou as costas para o ouriço e se afastou derrotado.

“Esqueça isso, não foi nada.”

Essa frase ressoou pela mente do ouriço, não com a voz do garoto, mas com a sua. As memorias do que tinha acontecido no dia anterior inundaram sua mente. O encontro, o beijo, como ele pareceu frio aos olhos do ouriço azul.

“Não foi nada.”

Sentiu vontade de se estapear, não foi assim que ele queria se expressar, porém ele só percebeu que possivelmente machucou os sentimentos do outro ouriço quando as palavras já tinham saído.

Um erro.

Mas ele poderia consertar?

— Se eu te ajudar, vai me deixar em paz? — A pergunta soou inesperada. Tails rodou para encarar o ouriço negro surpreso, seus orbes azuis brilhando de surpresa e alegria.

— Você vai me ajudar? — Perguntou esperançoso, suas mãos se juntando como se em prece, suas caldas se remexiam em nervosismo.

— O que tenho que fazer? — Perguntou seco, seus braços se apertando em seu peito.

Tails ficou quieto, seu corpo gelando. Olhou para o ouriço com a expressão envergonhada.

— Eu, uh, eu... — Tentou, mas em sua mente não vinha nenhuma ideia, ele realmente não tinha nenhum plano, porque ele verdadeiramente não tinha esperanças de que Shadow realmente o ouviria.

O ouriço suspirou. Tirou a esmeralda que guardava em seus espinhos, fechou os olhos em concentração. Abriu-os novamente erguendo a esmeralda verde e com a voz decidida, pronunciou o comando:

— Chaos control!

O quarto não era o que ele esperava encontrar, luvas e sapatos espalhados pelos cantos, um bolo de azul soluçava na cama, alheio a chegada do ouriço negro por seus olhos estarem fechados, seu peito subia e descia, sua respiração parecia doer.

Shadow cerrou os punhos, sua expressão se dissolvendo em preocupação.

— Por que, Shadow... — A voz saiu rouca e baixa, se não fosse sua audição sensível, talvez não teria ouvido.

Quando deu por si, estava respondendo.

— Eu não sei. — A voz saiu calma, em um tom normal.

Sonic virou ao som, seus olhos se arregalando de surpresa, seu coração batendo descompassado pelo susto.

— Shadow?! — Sua voz saiu alta demais, quase um grito.

— Não se faça de idiota, ouriço. — Respondeu secamente, sua preocupação anterior sendo mascarada pela frieza.

— O que está fazendo aqui? — Se endireitou na cama, passando as costas da mão para tentar esconder as lágrimas, porém Shadow conseguia ver claramente, era uma tentativa falha.

— O garoto estava preocupado com você. — Disse como se explicasse tudo, Sonic ergueu o olhar.

— Veio só porque Tails pediu? — Perguntou incrédulo.

Shadow se aproximou lentamente, ergueu o braço e tocou a bochecha de Sonic, recolhendo uma lágrima que escorria por ela. Encarou seu dedo com a ponta da luva molhada, confuso com o porquê de fazer algo assim.

— Desculpe. — Disse calmamente, olhando para um Sonic com uma expressão confusa e bochechas de um tom claro de rosa.

— O quê? — Disse confuso.

— Desculpe. — Repetiu erguendo o olhar, como se zombasse dele.

— Isso eu ouvi — resmungou — mas, você me pedindo desculpas? — Zombou, seu olhar sustentando o de Shadow, mesmo que os olhos verdes ainda estivessem carregados de tristeza.

— Você estava magoado ontem. — Disse sem rodeios, olhando curioso como o outro se encolheu com a lembrança.

— Esqueça isso, não foi nada. — Repetiu aquelas palavras, algo no interior de Shadow se incomodou com isso, enquanto via mais uma lágrima escorrer daqueles olhos verdes.

Não soube de onde veio o impulso, mas no mesmo momento em que ambos se olhavam desafiadores, em outro Shadow estava com uma mão espalmada em uma bochecha pêssego enquanto os lábios se tocavam, rápidos, sedentos e esfomeados, Sonic fechou os olhos com força enquanto rebatia a intensidade com mais vigor.

Shadow interrompeu o beijo com calma, um meio sorriso enquanto via o estado do ouriço, os olhos em fendas enquanto sua respiração estava descompassada.

— Não esqueça, isso foi algo. — Disse calmamente.

Sonic olhou para ele com um olhar indecifrável enquanto tentava regularizar sua respiração.

— Esse era o ponto o tempo todo? — Shadow perguntou calmamente.

Sonic olhou para o outro lado, incapaz de encarar o ouriço a sua frente, em seus lábios, carregava a lembrança fantasma do beijo recente.

— Olhe para mim, faker! — Ordenou, seus olhos vermelhos queimando sobre a figura azul.

Sonic fingiu o ignorar, ainda não conseguindo coragem para o encarar.

— Sonic... — Disse suavemente, o ouriço o olhou com surpresa. — Se você se sentia assim, era melhor ter colocado tudo para fora, não acha? — Perguntou com uma calma estranha.

— Para você jogar na minha cara depois? — Respondeu cético.

— Estou jogando na sua cara? — Perguntou calmamente, erguendo o olhar. Sonic nada falou. — Vê?

— Mas mesmo assim, é estranho. — Inflou as bochechas infantilmente. — Sabe, é estranho, diferente. Não sei como explicar. — Mexeu os dedos nervoso. — Eu gosto de você, não sei dizer quando, mas eu gosto. — Seus dedos pareciam muito mais interessantes que o ouriço negro. — E doeu quando você disse que não era nada.

— Sonic... — Pronunciou calmo. — Eu não fazia ideia de que você iria reagir assim, na verdade você consegue ser muito mais imprevisível que minhas expectativas. — Suspirou. — Mas se você quiser, podemos tentar. — Deu de ombros suavemente.

— Você está falando sério? — Perguntou surpreso e incrédulo. — Nós somos rivais, nos odiamos! — Disse em causa.

— Não foi isso que eu ouvi de você agora há pouco. — Rebateu calmamente, vendo Sonic abrir a boca incrédulo.

— Mas você me odeia! — Argumentou, sua cabeça baixa, seu tom derrotado enquanto olhava para suas mãos apertando com força os lençóis.

— Eu te beijei, não? — Perguntou erguendo o olhar, como se desafiasse Sonic a negar.

— Mas-

— Faker... — disse calmamente — pare de procurar desculpas, você é horrível nisso. — Sorriu minimamente, olhando para ele de uma forma mais calma e suave.

— Eu-

— Shiii, você quer a verdade? — Perguntou, Sonic balançou a cabeça concordando. — Eu não sei porque fiz isso, mas eu quis fazer. Eu não sei o que eu sinto, mas a verdade é que eu não me arrependo. — Disse calmamente. Tocando suavemente a bochecha de Sonic com o polegar, uma caricia desajeitada. — Mas pareceu... Certo. — Disse com sua voz saindo duvidosa.

— O que vão dizer de nós? — Olhou para Shadow como se suplicasse uma resposta. — Isso é estranho, Tails vai me estranhar, Knuckles eu não sei e Amy-

— Eles não precisam saber, ninguém precisa saber. — Disse tão calmamente que Sonic acabou por se sentir mais calmo, até mesmo confortado.

— Relacionamento escondido? Isso parece tão... — Sorriu levemente enquanto pensava em uma palavra melhor para usar.

— Perigoso? Antiquado? — Shadow sugeriu, enquanto Sonic apenas balançava a cabeça divertido.

— Eu diria divertido ou excitante. — Sorriu enquanto Shadow apenas balançava a cabeça como se não acreditasse no que o outro dizia.

A audição sensível de Shadow detectou o som de passos subindo a escada da casa de dois andares que o ouriço dividia com seu irmão de consideração, tinha apenas alguns poucos minutos antes que o garoto chegasse até onde estavam apelo som do eco de seus passos.

— Seu amigo voltou. — Disse com calma em um tom baixo, tentando fazer com que a audição de raposa de Tails não conseguisse o ouvir. — Vou ter que ir, nos falamos depois. — Disse se afastando rapidamente e puxando a esmeralda que guarda dentre seus espinhos, mas antes que pronunciasse algo, Sonic puxou seu braço com urgência.

— Onde vai? Vou te ver de novo? — Pediu com sua voz soando nervosa, Shadow podia ouvir um leve toque de desespero, como se tivesse medo de que ele desaparecesse de sua vida.

— Não irei muito longe, você pode me encontrar eventualmente ou eu te encontrarei. Não se preocupe, faker. — Disse baixo, sua voz soando levemente provocativa no final.

Shadow se abaixou lentamente e cuidadosamente, tocando seus lábios suavemente, não era como um beijo, mas como um leve roçar. Mas surtiu o efeito desejado, Sonic parecia menos nervoso, soltando o braço que segurava como se sua vida dependesse disso. Tocou seus lábios com um sorriso bobo, olhou para Shadow e acenou com a mão. O ouriço retribuiu o gesto com um pequeno aceno de cabeça e logo desapareceu.

Ouviu batidas na porta, sabia que seria Tails preocupado consigo, se sentiu culpado por ter agido daquela forma com seu irmão e por ter lhe deixado preocupado.

— Sonic? Você está aí? — Ouviu a voz de seu irmão soar através da porta.

— Sim, irmãozinho! — Respondeu alegremente, um pequeno sorriso em seu rosto, seu semblante mais animado.

— Você está bem? — Ouviu a voz da raposa soar meio hesitante, franziu o rosto ao se sentir culpado.

— Ficarei, irmãozinho, ficarei. — Foi sua resposta ao se recostar na cama, seus olhos encarando o teto e um sorriso nunca deixando sua face.

Havia se passado pouco mais de um mísero mês, porém parecia que tinha de passado muito mais tempo, ambos interagiam e se tocavam como se estivessem juntos há tempos e não somente algumas semanas. O calor, a luxuria, os sentimentos intensificados pelo contato faziam com que os corações se descompassem.

— Você quer realmente isso? — Perguntou rouco, enquanto os lábios tocavam a pele de seus ombros, lambendo, mordendo e deixando pequenas marcas e rastros de saliva.

— Sim... — Sua voz saiu rouca, em meios aos gemidos que soltava por estar sendo apertado pelas mãos fortes.

— Se assim deseja. — Disse rouco, enquanto se ajustava e segurava Sonic fortemente mais perto de si.

Aquela primeira noite foi inesquecível para ambos, quando se sentiram enfim interligados de uma forma indescritíveis, não sentiam medos, pressões ou sequer vergonha. A sensação de prazer era mutua e profunda e foi a primeira vez que Sonic ouviu Shadow dizer as palavras que ficariam marcadas em sua mente.

— Amo você, faker, como nunca pensei que fosse amar. — Foi o que disse suavemente enquanto puxava o ouriço mole para seus braços e o apertava junto de si.

       

Olhou intensamente para as suas mãos, apertando-as fortemente com lembrança e em pensar que antes ele pensava que estava certo se afastar de tudo e todos, impor limites, não deixar que ninguém chegue perto o suficiente para que pudesse marcar sua vida.

Não precisava de ninguém, era o que repetia e dizia a si mesmo. Não queria ter que sofrer novamente com a perda de alguém importante para si. Sim, isso mesmo que acabou de ler. Aquele demônio rápido e insuportável para importante para Shadow, fazia seus dias terem algum sentido mesmo que, por variadas razoes acabavam raramente se encontrando. Um por estar ocupado detendo os planos do cientista que acreditava que um dia colonizaria o planeta e o outro trabalhando para a organização de humanos daltônicos que estavam envolvidos com o massacre da ARK.

Tinha prometido a Maria que protegeria os humanos, e isso infelizmente incluía trabalhar para quem causou a morte de sua frágil irmã humana e a ruina de sua pureza emocional.

Deitou na cama exausto, sua mente cheia, cansado e seu corpo pedia, não, implorava algum descanso. Todo o estresse das semanas e noites sem descanso ou tempo sem dormir fazia com que se sentisse completamente exaurido.

Fechou os olhos lentamente, em sua mente imagens das noites compartilhadas, como se sentia quente e de certa forma feliz.

O que mais desejava era Sonic ali, em segurança, nos seus braços.


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Notas finais do capítulo

Bem, se acaso houver erros, por gentileza, me avisem, sei que sempre passam erros, principalmente pelo capítulo ser um pouco grandinho, então não hesitem em dizer.
Comentem se quiserem, como a história é bem curtinha, ficaria feliz em saber o que estão achando dela até o momento.
Até uma próxima.
by: Shadow Shirami



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