Forget-me-not escrita por ohhoney


Capítulo 10
Violeta


Notas iniciais do capítulo

Lili, querida, obrigada de coração pela recomendação. Até chorei um pouquinho. Essa fic é muito importante para mim e ver que você - que nem shippava esse pairing - gostou tanto me deixa mais do que radiante. Muitíssimo obrigada. Eu realmente tenho planos de escrever outras MorIzuki's, mas isso só mais pra frente.

Enfim, gente. Está chovendo bastante esses dias. A dança de chuva de vocês é realmente poderosa. Continuem com o bom trabalho haha ;) Por sinal, eu já pensei no capítulo bônus e devo começar a escrever em breve. Só preciso publicar mais alguns capítulos para dar um contexto, senão fica meio largado.

Espero que gostem do capítulo e perdoem eventuais erros de gramática (está tarde, eu tenho lição pra fazer, e ando meio estressada). Juro que depois eu dou mais uma revisada. De novo um capítulo com mais de 4.000 palavras... Ops. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541291/chapter/10

Violeta

.

Para mim, Moriyama-san é parecido com uma margarida.

Os dois são simples e bonitos, e conseguem animar qualquer ambiente. A alma de Moriyama-san é pura que nem uma margarida, e ele também é uma das coisas que mais gosto no mundo.

Margaridas me lembram o sol, e é como se Moriyama-san fosse seu próprio sol. Ele ilumina todo mundo por perto. Deve ser por isso que gosto tanto dele.

Quando digo que Moriyama-san é uma pessoa simples, digo no melhor sentido possível. Ele é simples de se entender; quando está feliz, diz para todo mundo. Quando está triste, recolhe-se. Ele é totalmente transparente e fácil de ler, e eu acho que isso é um dos atributos que mais gosto e admiro sobre ele. Simples que nem uma margarida.

Sabe por que uma margarida? Porque todo mundo gosta de margaridas, e todo mundo gosta de Moriyama-san. É a flor perfeita para ele.

Quero presenteá-lo com mil delas.

.

.

A primeira coisa que Moriyama percebeu quando entrou na floricultura naquela tarde de primavera foi o peculiar tom azulado. O ar estava carregado com um cheiro agradável e abelhas zumbiam por todo lado.

A loja estava repleta de umas florzinhas azuladas; e totalmente vazia.

–Izuki-kun?

Ninguém responde. Não há nenhum barulho. O sininho da porta tinha tocado, então Kobato, Suzume, ou Izuki apareceriam para ver quem era. Moriyama apoia-se no balcão e cruza os braços, esperando por alguém. Sentia-se feliz, pois aprendera a fazer red velvet, um bolo de massa vermelha. Moriyama espana uma abelha de perto de si e olha para as flores no balcão. São azuis, mas têm tons arroxeados também.

A abelha volta a zumbir em seu ouvido, e ele dá-lhe um tapa. Ouve-se um engasgo; Izuki está parado na saída do corredor com a boca aberta e a testa franzida.

–Não faça isso, Moriyama-san - Izuki aproxima-se, bravo.

–O quê? - Moriyama olha ao redor, mas não consegue segurar um sorriso tosco ao ver Izuki cheio de terra no avental e nas bochechas.

–Não mate as abelhas. Elas são importantes.

Izuki recolhe o pequeno inseto do chão e põe-no sobre o balcão. Izuki cerra os olhos para Moriyama e retira-se brevemente, trazendo consigo uma colherzinha na volta.

–Mas eu odeio abelhas - Moriyama diz -, elas têm todo o espaço do mundo para voar e vêm voar em cima da gente.

–Não mate as abelhas - Izuki repete e aproxima a colherzinha da abelha.

–O que é isso?

–Água com açúcar. Você quase matou a coitadinha.

–Mas ela estava me irritando!

–Não ligo; não mate as abelhas.

A água na pontinha da colher tremelica, e a abelha bate as asas com mais força. Ela começa a caminhar pelo balcão, e voa até a flor azul-arroxeada.

–Por quê?

–Porque isso tudo - Izuki ergue a mão para frente, mostrando as flores da loja - não existiria se não fossem as abelhas. Elas polinizam as flores, então não seja um ignorante e mate uma das abelhas numa floricultura.

Izuki está puto.

Moriyama só consegue rir dele e achá-lo extremamente fofo.

–Não ria, você cometeu um pecado - Izuki responde e vira o rosto.

Izuki está bravo, mas não consegue segurar o riso. Moriyama pega sua mão e rouba-lhe um beijinho.

–Foi mal - Moriyama dá uma piscadinha.

De repente, tudo fica quente. Parece pleno verão; a sensação é de 40°C, e Izuki começa a suar como se estivesse embaixo do sol do meio-dia.

Moriyama ri novamente ao ver as bochechas de Izuki ficando vermelhas.

–Está fazendo o quê? - pergunta.

–E-Estava trocando a terra dos vasos dos jasmins, mas já terminei. - Izuki tira o avental e limpa o rosto.

–E as meninas?

–Saíram com umas amigas do colégio.

A abelha voa da flor roxa e pousa no cabelo de Moriyama. Ele sacode a cabeça, mas ela não vai embora. Izuki fica nas pontas dos pés e pega a abelha entre as mãos, assoprando-a para longe.

Moriyama olha para Izuki com aqueles olhos pretos brilhantes, e Izuki suspira, sacudindo a cabeça com um sorrisinho no rosto.

.

.

A casa de Izuki também está cheia daquelas florzinhas azuis-arroxeadas de cheirinho gostoso. Para a felicidade de Moriyama, não há abelhas por perto, somente uma borboleta pousada na janela. Há também algumas margaridas espalhadas pela casa.

–Eu queria saber o porquê das margaridas - Moriyama diz abertamente quando entra pela porta.

–Já falei, gosto delas. E me lembram de você, Moriyama-san.

–E as roxinhas?

–São violetas.

–Ok, e as violetas? Qual o nome delas?

–Violetas.

–Eu sei que elas são violetas, quero saber o nome delas.

Izuki ergue uma sobrancelha para Moriyama.

–Violetas.

Eu entendi.

Izuki começa a rir tanto que precisa se segurar no balcão da cozinha. Moriyama franze a testa. Não via o que era engraçado.

–São violetas, Moriyama-san.

–Eu vi que são, Izuki-kun, só quero saber o nome delas!

Izuki cai na risada de novo. Moriyama vai até ele e aperta suas bochechas com as mãos.

–Do que você está rindo, hein? - pergunta, sério. Izuki tem lágrimas nos olhos, e fica fofo com a cara toda amassadinha.

–São violetas.

–Ok, elas não são roxas nem azuis, são violetas. Eu saquei. Mas eu quero saber o nome delas!

Izuki ri de novo, e Moriyama aperta-lhe as bochechas mais forte.

–O nome é violeta, Moriyama-san. Elas têm cor violeta, e se chamam violeta por causa disso. - Izuki sorri que nem idiota.

Moriyama sente-se um também.

–Ah. Entendi.

Izuki inclina-se para frente e dá um beijinho em Moriyama.

–Você é o maior tapado (com todo o respeito, é claro).

Moriyama revira os olhos antes de beijar Izuki de novo. E mais algumas vezes. Ok, várias vezes. Inúmeras vezes.

Tantas vezes que sentem necessidade de se jogar na cama e tirar as roupas. Ops, é isso que eles fazem.

O quarto tem uma violeta e uma margarida no parapeito da janela, mas elas não conseguem disfarçar o cheiro de suor que domina o ambiente.

Izuki está sentado no meio das pernas de Moriyama, com as próprias passando ao redor dele, ambos sem camisa. Moriyama segura-o pelos ombros e tem as mãos do outro em sua nuca e em seu peito nu. Os dois arfam contra a boca um do outro, mas não querem parar de se beijar, porque é simplesmente tão gostoso.

As mãos de Moriyama escorregam pelas costas de Izuki, fazendo-o estremecer, e passa a beijar o pescoço de Izuki com entusiasmo, provocando suspiros entrecortados e gemidos baixinhos.

Izuki Shun já estava duro, muito obrigado.

Moriyama Yoshitaka mal conseguia se conter dentro das calças, muito obrigado.

Izuki suspira o nome de Moriyama em sua orelha e fecha os olhos. Moriyama morde-lhe o pescoço e a clavícula, beijando ombros, orelhas, queixo e bochechas.

Tudo em Moriyama era tão doce - Izuki pensava - tão doce quanto os bolos que preparava. Tão doce quanto o cheiro de caramelo que exalava e deixava-o com água na boca. Até a pele dele era docinha.

Quando Izuki passa a beijar-lhe os ombros, Moriyama consegue ver ambas as calças com volumes bem aparentes na parte da frente, e aperta ainda mais os dedos contra a nuca de Izuki. Com a mão livre, o rapaz dos olhos prateados segura na frente das calças de Moriyama, fazendo-o suspirar mais alto.

Moriyama também pega nos jeans de Izuki. Eles voltam a se beijar, e as respirações aceleradas batem nas bochechas uns dos outros. Os dois suam e têm os pelos dos braços arrepiados, mas continuam se esfregando até Moriyama segurar Izuki pelos pulsos e deitá-lo sobre os travesseiros consigo entre as pernas dele, colando o peito nu no dele.

Izuki arregala os olhos, ainda sendo beijado com furor. Seu coração dispara ainda mais no peito, e as mãos se encharcam de suor. Moriyama aperta o quadril contra o dele; os dois gemem baixinho e novos arrepios descem as espinhas.

Nem Izuki nem Moriyama faziam ideia de como fariam aquilo. Nenhum dos dois tinha tido esse tipo de experiência, então as coisas estavam meio confusas e sem jeito. Moriyama continuava a apertar o quadril contra o de Izuki, e os gemidos estavam ficando mais altos. As calças jeans estavam apertadas demais, estava calor demais e abafado demais.

–M-Moriyama-san - Izuki segura nos ombros do outro e afasta-o para olhar em seus olhos.

Mostravam receio, dúvida e até certo medo. Moriyama teve vontade de rir, mas também se sentia assim. Não sabia direito o que fazer, por isso encarou Izuki da mesma maneira.

Isso não importava naquele momento. Os detalhes não incomodavam; enquanto eram só dois caras se beijando, nada mais importava. Izuki relaxa ao ouvir a risadinha de Moriyama e volta a beijá-lo com um sorriso no rosto. O rapaz no meio de suas pernas chupa-lhe o lábio e encosta a testa na sua.

As calças jeans estavam ficando desconfortavelmente apertadas, então eles resolvem tirá-las. Elas amontoam-se ao lado da porta; a cueca bordô de Moriyama esfrega-se na preta de Izuki, e eles gemem mais alto e mais frequentemente um na boca do outro. Gotas de suor escorrem pelos pescoços e peitos.

Izuki segura nos ombros de Moriyama novamente e usa o peso do corpo para joga-lo para o lado, sentando-se nas coxas do outro. Moriyama apoia as costas na cabeceira da cama, passando as mãos pelas costas de Izuki e tendo os lábios mordidos. Ele gostava de tudo sobre Izuki: o jeito que ele gostava de provocá-lo, tocando-lhe a língua só um pouquinho e depois recuando; o jeito que as mãos dele pegavam em seu cabelo e o puxavam para ele; como ele era silencioso e suspirava pesadamente contra sua bochecha; e principalmente como ele ficava ótimo de boxers pretas.

Moriyama abre levemente os olhos e observa a face de Izuki. Os cílios dele são bem escuros e curtos, ele tem uma pintinha na pálpebra, e o jeito que ele franze a testa quando puxa a cueca de Moriyama para baixo e fecha os dedos ao redor do pinto dele é excitante.

As sobrancelhas de Moriyama erguem-se e ele quase engasga na própria saliva, para depois fechar os olhos com força e tentar respirar. Izuki não sabia direito como fazer aquilo, então só fez do jeito que fazia em si mesmo, esperando que Moriyama gostasse.

O rapaz dos olhos pretos puxa a cueca escura e começa a masturbar Izuki, apoiando a testa no ombro dele. Eles só queriam saber de esfregar e esfregar, porque aquilo estava tão gostoso e tão empolgante que Moriyama gemia alto o bastante para fazer Izuki estremecer.

Izuki escorrega para mais perto, e segura as duas ereções juntas.

Izuki-kun – Moriyama implora.

Izuki esfrega e fricciona o mais rápido que pode, tentando controlar a própria respiração. Moriyama aproxima o rosto vermelho do dele e apoia ambas as testas, encostando as pontas dos narizes e sorrindo brevemente. Izuki olha-o através dos cílios e dá-lhe um beijinho amoroso.

Agora sim.

Izuki Shun e Moriyama Yoshitaka estavam em sincronia. Enlouqueciam conforme Izuki segurava as duas ereções juntas e esfregava devagarzinho uma contra a outra. Moriyama arranha as costas dele e mexe o quadril contra a mão de Izuki, gemendo em alto e em bom som pra quem quisesse ouvir.

Izuki usa os joelhos para se equilibrar e movimenta-se contra o quadril de Moriyama, arrancando mais suspiros.

–...Faz de novo.

Izuki apoia-se nos joelhos novamente, e move-se alguns centímetros no colo de Moriyama. Está tão próximo que só pode ver as bochechas vermelhas de Moriyama e seus olhos se cerrando com força, enquanto seu nome é suspirado mais uma vez.

Izuki-kun.

–Moriyama-san... - Izuki mal consegue se segurar, e começa a esfregar as ereções de novo, agora mais rápido; sua mente estava em branco: não havia como pensar em coisa alguma com tudo aquilo acontecendo. Só sabia que gostava de ver as bochechas de Moriyama tão vermelhas quanto as tulipas que comprara.

Moriyama morde os próprios lábios. Pôde sentir a barriga fazendo cócegas; Izuki-kun estava tocando-lhe tão gostoso que ele mal conseguia se segurar. O cheirinho de flores dele deixava-o meio tonto, e tê-lo ali no seu colo era mais do que excitante.

A respiração de Moriyama começa a falhar e suas bochechas ficam mais vermelhas conforme sente a sensação engraçada vinda da barriga tomar conta de seu corpo, e logo estava gozando sobre as ereções e a mão de Izuki.

O próprio estava mais arrepiado do que nunca; Moriyama tinha soltado um gemido rouco do fundo da garganta que fizera-lhe fechar os olhos e abrir a boca para conseguir respirar direito. A sensação engraçada estava vindo pela barriga também, enquanto sentia todos os músculos de Moriyama se contraírem e depois relaxarem de uma vez.

Izuki apoia a testa no ombro de Moriyama e goza também, soltando o ar mais rápido e mais forte do que antes. Suas coxas, assim como a barriga de Moriyama, estavam sujas, mas eles não ligavam.

Eles não ligavam para mais nada.

.

.

–Diz, Izuki-kun, você gosta desse bolo Floresta Negra? Eu estava aprendendo a fazer lá na doceria e o que é isso?

Moriyama e Izuki estavam sentados no sofá cor de canela assistindo à TV. Moriyama rondou os canais até parar em um de culinária, e assistia ao chef preparando o bolo Floresta Negra.

Izuki, sentado de pernas de índio ao seu lado, pegara o computador da mesinha de centro e estava vagando na internet. Tinha parado em um site pornô.

Izuki não responde, só continua clicando nas coisas e abre uma nova guia com um vídeo.

Moriyama não acreditava no que estava acontecendo. Era isso mesmo?, Izuki começaria a bater uma bem ali?

Mas não. Não era um vídeo pornô convencional, daqueles das primeiras páginas. Era um daqueles mais escondidos, porque ninguém nunca admitia que entrava em sites pornôs para assistir a sexo gay.

Moriyama ergue as sobrancelhas de espanto, mas fica quieto e inclina-se para perto de Izuki. Era mais do que óbvio que os dois estavam curiosos para saber como se fazia aquilo.

Os dois homens do vídeo eram grandes e musculosos, e se beijavam em cima de um sofá vermelho. Eles tiram as roupas, e até aí tudo bem. Dois caras pelados. E agora?

O cara mais alto ergue-se e coloca uma camisinha, enquanto o mais baixo pega um squeeze. Moriyama morde o lábio e vira a cabeça, tentando entender o que diabos estava acontecendo ali.

Em meio a gemidos forçados, o mais alto espreme o squeeze e um gelzinho sai de lá, e esfrega-o contra o próprio pinto e na bunda do outro. Izuki cruza os braços sobre o peito e franze a testa. Moriyama começa a sentir um calor estranho a lhe subir pelas costas.

O maior abre as pernas do menor e se posiciona no meio delas. O vídeo muda de ângulo, mostrando exatamente o que acontecia. Izuki leva uma mão a boca, e Moriyama desvia o olhar, ambos ainda não acreditando muito bem no que viam.

O menor gemia tanto e tão alto de dor que Izuki estava ficando com vergonha. O close era perfeito, e dava para ver tudo direitinho. Izuki arregala os olhos de pavor, e a cara de Moriyama pega fogo enquanto ele tenta desviar os olhos do vídeo, mas não consegue, porque aquilo era tão estranho que era impossível não olhar.

Quando batem sete minutos de vídeo, Izuki aperta o pause e continua encarando a tela do computador, meio atônito. Moriyama esfrega o rosto nas mãos. O clima estava envergonhado, e o som da batedeira do canal de culinária soava baixinho ao fundo.

Izuki continua com a mão sobre a boca como se estivesse tentando resolver uma equação muito difícil. Moriyama apoia a cabeça na mão e tenta respirar direito.

"Então é assim que se faz?"

Izuki percebe que Moriyama o encara, então dirige o olhar a ele. Os dois se olham meio nervosos, e Izuki começa a rir e balançar a cabeça.

–Não, não, não, não...

–Alguém vai ter que...

–Não, não, não, não...

–Qual é...

Não, não, não, não, não.

Izuki olha para o outro lado e sente as orelhas pegando fogo também. Ah, malditos sete centímetros de diferença de altura...

–Ok, vamos decidir justamente. - Moriyama limpa a garganta, e Izuki vira-se para ele.

Moriyama estava sério.

–Ok.

–Jo-ken-po.

–O QUÊ?

–Jo-ken-po. Melhor de três.

Izuki tem vontade de gargalhar na cara de Moriyama.

–Isso é sério? - pergunta.

–Super sério. Além do mais, você sabe que não precisa ser... Hm, fixo, né? A gente pode mudar. Sabe. Revisar? Trocar?

–Ok, ok. - Izuki faz uma careta e ergue a mão - Melhor de três.

Os dois encaram-se furiosamente. "Não posso perder", pensam.

Alguém iria perder.

–Jo-ken-po.

Izuki coloca pedra, e Moriyama, tesoura. Izuki 1x0 Moriyama.

–Jo-ken-po.

Izuki coloca tesoura, e Moriyama coloca pedra. Izuki 1x1 Moriyama.

–Melhor de três, hein. - Moriyama não deixa de sorrir, mas Izuki não vê a menor graça.

–Jo-ken-po.

Pedra e papel.

–Melhor de seis, né? - Izuki diz rapidamente.

–Eu disse melhor de três.

–Melhor de seis.

–Melhor de três, Izuki-kun. Nem vem.

–Eu tenho certeza de que você disse melhor de seis, Moriyama-san.

A campainha toca, e Izuki levanta-se para atender.

–Eu ganhei justamente, não começa! - Moriyama sorri largamente.

–Foi roubado. Roubado. - Izuki abre a porta - Roubado, nós vamos de novo. Ué, Kobato?

–Shun-nii. - Kobato olha para o irmão com o rosto preocupado.

–O que aconteceu?

–A alergia da Suzume está péssima e ela me mandou vir aqui para pedir para você levá-la ao hospital "porque isso é tudo culpa daqueles irresponsáveis que se pagam de adultos".

Izuki coloca a mão na testa e balança a cabeça. Moriyama fecha a tela do computador rapidamente e vai até eles.

–Ok, ok. Tá muito feio? - Izuki pega seu casaco no gancho.

–Parece pior do que a última vez.

–Ai, ai... - Izuki veste o casaco e vira-se para Moriyama - Vou levar a Suzume ao hospital, se quiser ficar aqui com a Kobato...

–O quê? Eu vou junto. - Kobato diz - A irmã é minha também.

–Posso ir? - Moriyama sorri para Kobato.

–C-Claro que pode, Moriyama-san.

Os três cruzam o corredor e vão até o apartamento de Kobato e Suzume. A garota está no sofá enrolada em um cobertor, e esconde o rosto quando vê que Moriyama está junto dos irmãos.

–Vamos, Suzume. - Izuki vai até a irmã e coloca a mão na cabeça dela - Consegue andar?

–Eu conseguiria se minhas pernas não estivessem tão inchadas por causa daquela maldita tinta que você e o Moriyama-san insistiram em jogar pra todo lado, ah, e tem a Kobato também, que...

–Ok, ok - Izuki corta-a - Eu te levo, vem.

Ele abaixa e Suzume sobe nas costas dele. A pele dela está toda vermelha e cheia de pontinhos. Moriyama afaga o cabelo dela e sussurra:

–Para mim, continua linda, Suzume-chan.

Suzume enterra o rosto inchado no ombro do irmão, e os quatro pegam o elevador e seguem pela rua até o hospital do outro lado do parque.

–Kobato, coça as minhas costas, pelo amor de Deus.

–Por que eu?!

Se eu não me engano, foi você quem encostou aquela maldita tinta em mim, sua vadiazinha.

–Suzume!

–Desculpe.

Kobato resmunga, mas coça as costas da irmã. Moriyama acha aquilo muito engraçado. Pelo visto já tinha acontecido mais vezes.

–Quando a gente se mudou, tivemos que pintar o apartamento também, e foi aí que a gente descobriu a alergia dela. - Kobato explica - E depois, quando reformamos a floricultura e mudamos a cor das paredes. E quando tivemos que pintar algumas coisas para um trabalho da escola.

–Eu quase morri, ok? - Suzume diz contra o casaco de Izuki.

–Dramática - Izuki balança a cabeça e ri.

Eles cruzam a rua, e entram pela porta do hospital. Izuki deixa Suzume com Moriyama e Kobato, e vai falar com a recepcionista.

Alguns minutos depois, uma enfermeira surge com uma cadeira de rodas, e Suzume é levada até uma salinha para tomar soro. Kobato puxa uma cadeira e senta-se ao seu lado, segurando-lhe a mão.

Suzume está toda vermelha e inchada. Izuki e Moriyama encostam-se à parede ao lado da porta e assistem as mãos da garota irem diminuindo de tamanho.

Kobato olha para a irmã, mas Suzume encara fixamente o irmão, que conversa baixinho com Moriyama. Ela sussurra alguma coisa para Kobato, então as duas param para observá-los.

Izuki ri baixinho de uma piadinha e, quando ergue o olhar, vê tanto Kobato quanto Suzume com uma expressão confusa nos rostos.

–P-Por que os pescoços de vocês estão vermelhos? - Suzume pergunta, passando os olhos de Izuki para Moriyama algumas vezes.

–I-I-Isso daí...

–Ahn, Suzume... - Izuki sorri sem jeito e solta o ar desesperadamente.

–I-Isso daí são...

Moriyama vê como os olhos de Kobato se enchem de lágrimas e ela aperta a mão da irmã mais forte.

–Mordidas...?

Os olhos de Suzume também se enchem de lágrimas ao perceber a cara de pânico do irmão. O coração de Izuki falha algumas batidas, e Moriyama sente-se sem ar.

–A-Ahn - a voz de Izuki sai entrecortada - Sabe...

Kobato arregala os olhos. Suzume não mexe um músculo.

–S-Shun-nii... - ela começa - Você e o Moriyama-san estão... Saindo?

Izuki tem vontade de virar as costas, sair pela porta e correr algumas voltas ao redor do parque, enquanto Moriyama procura por uma pá para cavar um buraco e se enterrar.

–N-Não é...

–S-Sim. - Moriyama engole em seco e repete - Sim, a gente está.

A expressão nos rostos de Kobato e Suzume é de horror. As duas erguem as sobrancelhas do mesmo jeito, e têm a boca aberta na mesma proporção. Kobato balança a cabeça, ainda apertando a mão da irmã, e abaixa o rosto, soluçando.

Algumas lágrimas pulam dos olhos de Suzume também, e ela se encolhe para perto da gêmea, ainda com o fio do soro preso ao braço.

–S-Sai daqui, Shun-nii.

–O-O quê?

–Vai ficar no corredor - Suzume parece brava por cima da face molhada.

O ar dos pulmões de Izuki foi embora e nunca mais voltou. Ele pisca algumas vezes, tentando absorver tudo aquilo, e sai pela porta.

Moriyama não entendia o que estava acontecendo. Aliás, qual era o problema? Kobato e Suzume não queriam que eles saíssem? Não o achavam uma pessoa boa para o irmão?

Izuki joga-se sobre o banco de metal do corredor e encara os próprios pés. Moriyama senta-se ao seu lado, e o olha com dor no peito.

Izuki parece desolado, inconsolável, profundamente magoado e confuso. Ele apoia os braços nos joelhos e parece estar a ponto de chorar.

Moriyama não sabia o que dizer; não sabia sequer do que aquilo se tratava. Queria falar alguma coisa, mas não sabia o quê, e sentia-se mal por causa disso. Izuki não compreendia. Era porque era Moriyama-san? Era porque era um cara?

Era por que Izuki estava com um cara, e isso supostamente o fazia gay?

Honestamente, Izuki não dava a mínima pra esse negócio de orientação sexual. Era só ficar com quem se gosta e pronto, não precisa dar um nome àquilo. Ser homo, hétero, bi, pan ou assexual era só um título dado a você por outra pessoa por causa do tipo de gente que você gosta (ou não gosta). Qual o problema em gostar de uma pessoa do mesmo sexo?

Absolutamente nenhum.

O que Izuki não entendia é como a ideia de ser gay afetou tanto suas irmãs. O que era? Vergonha? Vergonha de ter um gay na família? Vergonha de ter o irmão mais velho - aquele que as criou, que as levou para a escola todo santo dia, que as ensinou sobre as flores - saindo com um cara? Era esse o problema?

Izuki não conseguia deixar de se sentir triste. Então ele era motivo de vergonha para as irmãs, que maravilha. Nunca imaginaria que pudesse ser mal compreendido assim.

Izuki morde o lábio e fecha os olhos. Moriyama coloca uma mão sobre o joelho do rapaz; dói ver Izuki triste desse jeito, dói vê-lo sendo rejeitado pela família assim.

O que poderia fazer se gostava tanto dele?

Moriyama apoia a testa no ombro de Izuki e fecha os olhos, ouvindo a respiração irregular do outro. Izuki encolhe-se um pouco mais. Moriyama ergue o rosto e dá um beijinho em Izuki quando ele olha para si.

Izuki só consegue ver um dos olhos e as pontas do cabelo de Moriyama por causa da proximidade, e sentir a mão dele em seu joelho. Os cílios de Moriyama são grandes, ele repara, e ele também tem os olhos tristes.

Um baque metálico soa no ar, e os dois rapazes erguem a cabeça de imediato por causa do susto. Uma enfermeira tinha deixado cair a bandeja de metal, e encarava os dois com os olhos arregalados e a mesma expressão horrorizada de Kobato e Suzume.

Izuki desvia o olhar rapidamente.

O que há de errado em duas pessoas se gostarem?

Izuki estava se levantando para dizer que iria para casa quando ouve Kobato chamando-os. Ele e Moriyama se olham por um instante. Izuki não tem vontade de ir e de ter que encarar as irmãs.

Moriyama puxa-o pela manga da blusa até a salinha. Kobato seca o rosto com as mãos, e Suzume mantém a cara séria. Ela não está mais vermelha.

–Desculpe - é a única coisa que Izuki consegue dizer.

–Eu que peço desculpas, é tudo culpa minha - Moriyama dá um passo à frente.

O quê?– Izuki exclama e franze a testa.

–Eu que comecei essa história toda...

–Pare com essas idiotices, Moriyama-san. Kobato, Suzume, desculpe por fazê-las ter vergonha de mim...

–Hm?

–Olha, eu sei que é complicado... Mas dá pra resolver, certo? É claro que dá. Só não queria que vocês se sentissem tão mal por causa disso, não queria sujar o nome da nossa família.

Suzume não se mexe um centímetro, e Kobato vira ligeiramente a cabeça.

Quê? ­­- as duas perguntam ao mesmo tempo.

–... Quê? - Moriyama e Izuki também repetem.

–Shun-nii, mas que porra que você tá falando? - Suzume balança a cabeça.

O mundo de Izuki parece ter dado duas voltas e despencado.

–Vocês estão tristes por... Por eu estar com um cara. - ele diz pausadamente - Certo?

O quê?– elas repetem, e Moriyama olha para Izuki como se um pão de ló tivesse queimado.

Izuki começa a olhar ao redor, esperando encontrar uma explicação escrita na parede ou vinda de avião pela janela.

–Você achou que vocês dois - Kobato aponta para os dois rapazes - saindo era motivo de vergonha?

–E que a gente estava envergonhada? - completa Suzume.

–Bom... Sim.

–Ah, meu Deus. - as duas colocam a mão na cabeça, exatamente iguais. É Kobato quem continua falando - Shun-nii, a gente ficou triste por você não ter contado pra gente.

–Como você é idiota. E você também, Moriyama-san.

–Suzume!

–Desculpe. Mas sério. Por qual motivo a gente teria vergonha de você, Shun-nii? - Suzume agora sorri levemente - Moriyama-san é um cara bem e não tem nada de errado em vocês dois namorarem, se pegarem, transarem, qualquer que seja o nome do que 'tá acontecendo.

Izuki perde o ar e quase engasga. Moriyama fica olhando para as meninas com cara de paspalho.

–Por sinal, parabéns aí ou sei lá - Kobato dá de ombros.

Izuki tem uma urgência de abraçá-las e dizer que as ama muito; e é isso que faz. Ele vai até Suzume e a aperta contra si.

Moriyama sorri que nem bobo e vai até Kobato, abraçando-a também, e dizendo o quão feliz estava por saber que era querido por elas.

Kobato volta a chorar quando se separa de Moriyama, e soluça contra o ombro do irmão. Ela segura o tecido das costas de Izuki com força e aproxima-se do ouvido dele, sussurrando:

–V-Você sabia que eu gostava dele...

Izuki respira fundo no cabelo de Kobato; tem cheiro de shampoo de chá verde, e é bem macio. Ele solta o ar pesadamente, e não pode deixar de se sentir super culpado com isso.

–Não sei o que falar, Kobato... Desculpe... - ele responde baixinho e a aperta mais forte.

A menina volta a soluçar. O que se faz quando seu irmão rouba o cara que você gosta?

.

.

Moriyama Yoshitaka estava sentado no sofá cor de canela da casa de Izuki, cercado pelas violetas e margaridas, e de extremo mau humor.

Depois de agradecer pelo dia, Izuki foi trocar de roupa.

–Vai sair? - Moriyama perguntou casualmente.

–Vou.

Ele não estava esperando receber aquela resposta, então ficou curioso. Eram dez e meia da noite. Ainda, não queria soar como sendo um possessivo.

–Fazer o quê?

–Eu e Kaena marcamos de sair hoje. Um amigo dela vai fazer show num barzinho e ela disse para irmos.

Kaena? Kaena?

Izuki deve ter percebido a cara que Moriyama fez, porque naquela hora aproximou-se dele e disse:

–Ela é minha amiga, Moriyama-san.

Moriyama tinha vontade de rir.

–Claro. Amiga.

Que tipo de amigos transavam a noite toda e depois saíam casualmente?

–É sério, Moriyama-san. - Izuki tira a camiseta e coloca uma azul-marinho.

Moriyama não tinha o menor direito de falar nada, e sabia disso. O quê, iria impedir Izuki de sair com Kaena, por mais que não gostasse dela? Falaria abertamente que estava com ciúmes, e que ela claramente não se via como só amiga dele? Não, muito obrigado.

Por isso Izuki se despediu, dizendo que voltaria antes das duas horas, e Moriyama ficou lá sentado no sofá, emburrado, vendo um canal de pesca aleatório que realmente não lhe importava.

Não dava para acreditar.

Moriyama pega o computador de Izuki e resolve vagar pela internet, esperando o tempo passar. Ele resolve ir pesquisar o que as tais das diabinhas violetas significavam.

.

Pesquisa: violetas

Resultados

Significado das flores; significado de violeta.

Click, click.

As violetas, da família Violaceae, originárias da Europa, datam centenas de anos, sendo as preferidas dos gregos e romanos, representando o amor entre Zeus e sua sacerdotisa na mitologia grega.

É uma flor de cor violeta, como remete o nome, podendo variar nas tonalidades, e é utilizada para fins medicinais e culinários. Muitos produtos no mercado são feitos à base da flor, e têm ótimo efeito cicatrizante.

As violetas são flores lindas e singelas, ideal para serem oferecidas a quem se gosta, pois demonstram um amor modesto e leal. Podem também significar "sou tímido, mas com a violeta mostro que te gosto".

.

Moriyama encara a tela do computador com uma expressão neutra. Aí, olha para a única florzinha boiando no copo d'água na mesinha de centro, e sorri enquanto sente as bochechas pegando fogo.

.

.

Moriyama acorda com o barulho da porta da frente e vira-se na cama para olhar o relógio na mesa de cabeceira; uma e meia.

Os passos no chão são suaves. Moriyama encara a porta no escuro enquanto ouve Izuki abrindo a geladeira, fechando a janela da sala, ligando a torneira e abrindo e fechando o armário do corredor.

A porta do quarto é aberta lentamente. Moriyama sente o cheiro de Izuki no travesseiro, e só consegue ver os contornos de sua forma quando ele entra pela porta.

–Está acordado?

–Estava te esperando - confessa.

Izuki vai até o banheiro, acende a luz, e deixa a porta só um pouquinho aberta para poder enxergar o quarto. Moriyama aperta o travesseiro no rosto.

–Foi legal? - pergunta.

–Foi.

Izuki senta-se na beirada da cama e tira as meias.

–Bebeu muito?

–Não, não estava a fim.

Ele tira a camisa e joga-a para o canto. Moriyama observa-o através dos olhos semicerrados, vendo como a luz do banheiro ilumina somente a parte esquerda do corpo dele.

Moriyama fecha os olhos e vira para o outro lado.

–Vocês transaram?

Izuki solta uma risadinha anasalada e responde:

–Não, Moriyama-san.

–Ela te beijou?

Moriyama ouve outro barulho no chão, e sente o colchão chacoalhar levemente.

–Sim.

Silêncio. A cama não se mexe, o ar permanece parado. O cheiro de Izuki entra-lhe pelas narinas e deixa-o imensamente...

–Ela me beijou, e eu a afastei, dizendo que não era para fazer isso porque eu gostava de outra pessoa.

A cama chacoalha novamente, e as cobertas são erguidas. Moriyama sente o calor de Izuki nas suas costas, e como ele se inclina sobre si.

Moriyama vira-se para Izuki e puxa seu pescoço para baixo, aproximando-o de si e colando os lábios nos dele brevemente.

Izuki suspira e vai até o banheiro. Moriyama vira-se de barriga para baixo e abraça o travesseiro. Quando Izuki volta, deita-se no travesseiro do lado e encara o teto escuro.

Moriyama pega na mão de Izuki e eles entrelaçam os dedos enquanto caem no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Curiosidades #7

— Como eu mencionei no meu twitter, o Izuki realmente tem duas irmãs. Só que, diferentemente do escrito aqui, ele é o filho do meio, e não o mais velho. Suas irmãs se chamam Aya (mais velha) e Mai (mais nova).

— Pular de paraquedas é o sonho da vida de Moriyama.

(ainda prefiro Kobato e Suzume)