Uma Insuportável Adolescente escrita por Atena


Capítulo 9
Quarto, Sangue, Akira


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente, como vão?
Só antecipando, que ela não é má, ok? Não se preocupem, podem ler agora.



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Depois que voltamos do lago, vários olhares se voltaram para as nossas mãos que não se separavam. Contamos aos nossos amigos e todos ficaram surpresos, porém animados e felizes por nós. A tarde se passou tranqüila, tirando a Karin que me irritava toda vez que podia, mas, dessa vez eu tinha Sasuke a meu favor, o que Karin não gostou muito. Mas não importa, então deixa pra lá.

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Já era bem tarde, voltamos para a mansão e depois para os nossos dormitórios, para trocar de roupa. Descemos para o refeitório para a janta já eram 19 horas. Jantamos e subimos, todos para as camas, só faltavam 10 minutos para as 20 horas. Dormi. Acordei eram 20 horas e 24 minutos. Estremeci assim que olhei a hora. Aquela era a minha chance.

Abri a porta do quarto devagar, desci as escadas silenciosamente, parei em frente àquela porta. Passo por passo, fui me aproximando.

Abri a porta, e de novo, toquei as paredes. Tinha que ter um interruptor por ali. Procurava de olhos fechados, esperava não encontrar sangue de novo. Achei alguma coisa parecida com uma alavanca. Puxei. As luzes foram se acendendo uma de cada vez, e quanto mais eu via, mais eu me apavorava.

Era um quarto. Um quarto sangrento. Com sangue nas paredes, na cama, no chão. Espera aí... Aquilo é um corpo? Gente, tem um morto ali em cima da cama, pode isso, produção?!

Tapei minha boca pra não gritar, e me afastei alguns passos. Vi que a pessoa que estava ali usava um vestido branco com rendas todo ensanguentado. Parece que foi assassinato. Sim, CSI agente Sakura se apresentando. Se bem que minha vida está mais estilo "Sobrenatural" ou "American Horror History", mas né, deixa pra lá. Vi também que na parede à direita, de frente para a cama, tinha uma porta. Provavelmente o banheiro. Fui até lá e abri a porta.

O banheiro tinha mais sangue ainda! Uma pia, um vaso sanitário, o piso de azulejos brancos também era coberto de sangue. E, lá no fundo do banheiro, tinha uma banheira, coberta por uma cortina. Por que sempre tem uma cortina cobrindo a banheira assombrada? Sério, já estou com trauma disso.

Fui me aproximando da banheira. Dessa vez ela não se mexia, não tinha nada lá. Dessa vez eu tenho certeza. Com um movimento brusco abri a cortina rapidamente. Não tinha nada lá. Nada a não ser sangue.

No meu momento de distração com a banheira, ouvi um barulho alto de porta batendo, olhei para trás e vi a porta do banheiro fechada. Aí eu me desesperei mesmo, corri até a porta, e tentei abri-la de todas as formas, mas estava trancada por fora. Gritei. Talvez alguém acordasse e fosse me socorrer oras.

Nada. Nem sinal de algum ser de bom coração. Escorreguei pela porta e me sentei no chão. Abracei os joelhos, com as lágrimas já correndo pelo rosto. Seria esse o meu fim? Agora que tudo parecia estar perfeito, tinha Sasuke comigo, os melhores amigos do mundo. E isso acontece... Logo agora. Tá, talvez eu seja um pouco dramática, mas a situação vale isso sim.

Fiquei ali chorando até ouvir um barulho na fechadura, alguém abriu. Abri um sorriso enorme. Abri a porta com tudo e corri para abraçar quem é que fosse que abriu a porta pra mim. Tem tanto abrir nesse parágrafo que eu vou abrir é uma cova para a autora que não conhece outro verbo.

Enfim, abracei alguém. O meu salvador. Falando um monte de “obrigadas” a ele, ou ela. Ainda estava abraçada a esta pessoa quando abri os olhos. E quando os abri, o susto foi tão grande que me joguei pra trás, me afastando rapidamente e gritando. Olhei para ela. Reconheci o vestido branco com rendas todo ensangüentado.

– Olá... Sakura.

Tapei minha boca para não gritar. Não queria acordar todo mundo, até porque era proibido andar a noite pela mansão.

– Como sabe o meu nome? – Perguntei meio trêmula e gaguejando. Desprezível.

– Uns amigos meus me contaram. – Ela disse andando em minha direção.

– Você tem amigos? – Perguntei sem pensar. Bom, ela era um fantasma, me dê um desconto.

– Tenho sim. E acredito que você já tenha conhecido eles. - Ah sim, com certeza, sempre faço um "happy hour" com seus amigos. Espera, até que faz sentido...

– Você conhece os Cadáveres? – Perguntei a ela. Foi o que me veio à mente.

– É claro, achou que meus amigos fossem quem aqui, nesse fim de mundo? – Ela falou isso e do nada começou a soluçar, e logo depois derramava lágrimas. Se afastou de mim lentamente e se encolheu na cama.

– Vá embora enquanto pode, humana, vou lhe dar esta chance enquanto eu estou aqui sofrendo pela solidão! – Ela falou isso tudo com uma cara pidona.

Então eu aproveitei e fui caminhando até a porta, mas parei quando estava a poucos centímetros de sair dali. O choro dela era tão melancólico... Coitada, viveu aqui sozinha por anos. Ainda mais que eu não posso ver alguém chorando, maldita sensibilidade.

Ela levantou o rosto encharcado de lágrimas quando me viu se sentando ao seu lado na cama. Fantasmas já não me assustavam mais tanto assim, inclusive tem uns bem legais lá no meu colégio.

– O que aconteceu? – Perguntei a ela. Sim, psicóloga Sakura.

– Bem, é uma longa história... – Ela disse com a voz chorosa.

– Tenho bastante tempo até de manhã. – Falei colocando os pés pra cima da cama.

Ela se sentou e começou a contar.

– Bom, há um tempo atrás, quando eu era viva, eu estudava no seu colégio, o Blue Bird, tinha muitos amigos e era feliz... - Ela começou.

– Estudou no Blue Bird? - Perguntei, sério, aquele colégio precisa de um exorcismo.

– Sim, só que lá era um pouco diferente na época, nossos dormitórios eram no 6º andar, e não era dividido um andar para meninas e o outro para meninos, eram todos juntos, pois não havia muitos alunos. Um dia tivemos uma viagem, para a mansão do lago, essa mesma que vocês vieram passar a semana. Foram os melhores dias da minha vida, mas então, quando estávamos para ir embora, já estavam todos no ônibus, eu lembrei que havia esquecido o retrato da minha mãe dentro da cômoda. Saí do ônibus correndo e fui até meu dormitório, peguei o retrato e voltei correndo para o pátio, mas todos já haviam partido. - Ela contou. Nesta hora eu arregalei os olhos, pensando em como eu me sentiria sendo abandonada, o quanto aquela garotinha deveria ter passado. - Desesperada saí correndo até a estrada que os ônibus pegavam para voltar até a escola, mas não havia nada. Consegui ligar aquela televisão velha que tem na sala pra ver se eu me distraía. Até que ouvi uma reportagem que dizia que um assassino havia matado todos os alunos de um colégio. Vi que eram meus colegas e aí eu vi que era o fim, eu poderia viver isolada, se soubesse que meus amigos estavam bem. Eu não tinha mais salvação, estava deprimida, não comia, então fiz a primeira coisa que me veio na cabeça. Me atirei nas profundezas do lago. Primeiro perdi os cinco sentidos, depois minhas lembranças, meus amigos, meus sonhos, minha vida. - Ela contava tudo entre lágrimas.

– Você é obrigada a ficar aqui desde então? – Perguntei.

– Pois é. Como a minha morte foi por causa da morte dos meus colegas, e a morte dos meus colegas foi um assassinato, eu também não posso descansar enquanto ele não estiver morto. – Ela explicou com a voz chorosa.

– Ele quem? – Perguntei temendo a resposta.

– Acredito que os meus amigos já te falaram esse nome. – Então me lembrei.

– Orochimaru? – Perguntei.

– Shiu! – Ela me mandou falar baixo.

– Ah, desculpe, Orochimaru? – Falei cochichando.

– Não precisava repetir. – Ela comentou. Me segurei pra não rir.

– Tudo bem, prossiga. – Falei dando um basta.

– Ele sim, e ele continua por aí, programando assassinatos. Dizem que ele só age em colégios, ele só mata em colégios. Pode ser que ele esteja na Blue Bird agora. – Quando ela disse isso, eu tremi. Nunca pensei em um assassino tão perto de mim.

– Mas por que ele só age em colégios? – Perguntei.

– Foi pela infância dele. Dizem que ele sofreu muito quando era criança. Os colegas dele viviam zombando e batendo nele. Agora que ele cresceu quer se vingar. - Ela explicou.

Fiquei pensando nisso por um tempo. E se ele estiver na Blue Bird agora? A menina fantasma me olhava curiosa, e falando nela, eu nem sei o seu nome.

– Tenha cuidado talvez ele esteja. E meu nome é Akira. – Ela disse como se ler pensamentos fosse normal.

– Você lê mentes? – Perguntei abismada.

– É uma das vantagens de ser um fantasma. Na verdade é a única vantagem. – Ela disse triste.

– Espere só mais um pouco, Akira. Vou achar este assassino. Você vai ser livre. – Eu falei esperançosa.

– Você não vai conseguir sozinha. – Ela falou.

– Não estou sozinha, tenho amigos. – Falei e sorri pra ela.

– Amigos... – Ela repetiu baixinho. – Eu não tenho amigos.

Do nada ela começou a ficar com raiva, sua expressão começou a mudar. Ela olhou pra mim furiosa.

– Eu sabia, você também não me entende é igual aos outros que sempre vinham aqui, não sabe o que é ser sozinho por anos, nunca ter ninguém do seu lado! – Ela gritou.

– Outros? – Perguntei perplexa.

– Você acha que é a primeira a me visitar?! - Ela dizia furiosa.

– Bom, eu achava que sim. – Falei começando a me desesperar ao ver que ela se aproximava lentamente.

– Por que você acha que esse quarto é cheio de sangue?! – Ela falava cada vez mais furiosa.

– Sangue... – Repeti. Então tudo se esclareceu. – Não pode ser.

– Exatamente. Esse sangue não é meu...

– Não pode ser. – Repeti de novo.

– É das pessoas que eu matei, e não tenho nenhum problema em matar de novo. Eu e a morte sempre nos demos bem.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Beijos.



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