POV Ally

Durante todo o dia anterior Austin me impediu de pensar muito no que aconteceu, mas quando acordei no dia seguinte ele não estava lá para fazer isso. O assunto sobre meu irmão simplesmente não saía da minha cabeça.

Eu não sabia nem mesmo seu nome, isso me assustava. O pensamento de que poderíamos ser bons amigos também me deixava em dúvida, para duas pessoas que acabaram de ouvir o nome um do outro realmente seria difícil.

Criei coragem e fui para a cozinha tomar café. Eu até tinha visto meu pai no dia anterior, mas falar com ele sobre o que havia acontecido eu não havia feito e acho que estava mais do que na hora disso.

– Bom dia, pai – falei o assustando. Meu pai me olhou preocupado e um pouco cauteloso. Sentei-me ao seu lado e sua mão segurou a minha.

– Bom dia, filha. Está tudo bem?

– Sim. Só precisava pensar um pouco – garanti.

– Me desculpe por ter dado a notícia tão de repente, mas nem eu mesmo sabia como falar isso. Ainda demorará um pouco para seu irmão vir para cá e espero que entenda – ele pediu e eu suspirei.

– Tudo bem. Ele já sabe sobre mim? – perguntei curiosa.

– Com certeza. Ficou bem surpreso – foi tudo o que ele falou.

Tudo o que conversamos nos minutos seguintes não era nada relacionado a isso e eu fiquei aliviada com isso. Quando o barulho de um carro interrompeu nossa conversa eu sorri e meu pai me olhou desconfiado.

– Suponho que não seja Dez – disse me olhando seriamente e eu escolhi os ombros com um pequeno sorriso.

– E não é mesmo.

– Tem sorte que eu gosto desse garoto – avisou estreitando os olhos e eu ri.

– Obrigada pai – disse me levantando.

Nós dos despedimos e assim que saí vi o carro de Austin. Ele realmente não estava brincando quando disse que viria. Entrei ao seu lado e o garoto já tinha um sorriso enorme.

Austin me surpreendeu com um beijo, mas eu não reclamei nem um pouco.

– Bom dia – disse com um sorriso e eu abri meus olhos falando o mesmo. – Melhor? – perguntou esperançoso.

– Muito – concordei e nos afastamos, cada um sentando direito em seu banco.

Assim que chegamos no colégio os normais olhares femininos se voltaram para Austin, mas todas também se surpreenderam ao me ver sair alegremente. O loiro colocou seu braço em minha cintura e eu olhei desconfiada e divertida.

– Deixando que todo o colégio veja isso? – perguntei sorrindo e ele deu ombros.

– Não pensei em nada disso, estou fazendo o que eu queria – Austin confessou e eu ri.

Vi Dez primeiro, ele sempre é o mais fácil de se encontrar, e junto estavam Trish e Kira. Esta última foi a que nos viu primeiro, e óbvio, sorriu convencida. Provavelmente, mais tarde falaria que sempre soube que iriamos ficar juntos.

– O casal do ano chegou. Prevejo a escola toda falando sobre isso – Kira disse divertida quando chegamos ao lado deles.

– Não estou muito preocupada, têm coisas mais importantes para me preocupar do que pessoas falando de mim – falei sincera.

– E o que aconteceu? – Trish perguntou sabendo que eu me referia a isso. Suspirei e Austin apertou minha cintura me incentivando.

– Meu pai antes de casar com a minha mãe, um pouco antes, teve uma namorada e ela ficou grávida, ele não ficou sabendo – comecei e todos eles prestavam atenção. – Eu tenho um irmão mais velho – concluiu e os três arregalaram os olhos em sincronia.

– E como... – Trish disse confusa.

– Ele virá morar conosco, sua mãe... – minha expressão terminou a frase.

– Agora entendi porque estava mal, mas tenho certeza que dará tudo certo – Kira garantiu.

– Estou bem melhor. Austin me ajudou muito – falei recebendo um sorriso em troca. Trish bateu palmas animada.

– Que bonitinhos – Dez observou com uma voz estranha e eu ri.

– Vocês ficando juntos e eu terminando – Kira observou e eu olhei surpresa.

– E como você está?

– Muito bem – disse dando ombros e isso estava evidente em seu rosto.

– Acho que é melhor pararmos de confissões e irmos para a aula – Trish avisou divertida.

– Agora que estava começando a ficar bom – Dez reclamou.

Durante toda a manhã as pessoas realmente comentaram sobre mim e Austin, mas eu não prestei atenção em nada disso e muito menos ele. A única coisa que prestei atenção realmente foi na tão esperada aula de música. E isso não é apenas para mim. Austin estava cada vez mais animado com as aulas.

– Ainda lembra de nosso improviso? – perguntei sorrindo para Austin enquanto entrávamos na sala vazia.

Eu me referia a última aula de música em que nós dois fizemos uma música totalmente improvisada, mesmo que algumas ideias já estivessem em minha cabeça.

– Mas, é claro que lembro – Austin me olhou como se dissesse “óbvio”.

E o garoto ainda confirmou começando a cantar a minha música. Quando eu tinha a intenção de dizer que havia entendido Austin me girou ainda cantando.

– Lembra mesmo – admirei feliz por isso.

– Tem talento garoto – uma voz se fez presente na sala.

Joseph, o professor, sorria indo até sua mesa.

– Obrigado. Nunca achei – Austin confessou.

– Então, entenda isso logo, porque tem um potencial enorme – Joseph afirmou e sorriu. Austin agradeceu novamente e o professor se distraiu com qualquer outra coisa para esperar o resto de seus alunos chegarem.

– Meus pais disseram praticamente o mesmo – Austin disse em um tom baixo.

– Então é para você acreditar que é bom no que faz – falei e ele sorriu.

– Vou tentar – garantiu. Eu tinha certeza que no fundo, música já era uma certeza para Austin. – Falando em pais... Eles querem te conhecer – Austin falou e eu me afastei o olhando assustada.

– Me conhecer? – repeti e ele riu.

– Sim. Admito que foi culpa minha – Austin disse erguendo os braços e eu estreitei os olhos.

– Espero que o que você tenha dito não fez eles me odiarem mais – falei com medo.

– Eles não te odeiam nem um pouco. Apenas não te entediam – o loiro disse com certeza.

– Confio em você. Apenas me avise o dia – falei e ele sorriu vitorioso.

– Você vai adorar, tenho certeza – Austin sorriu.

Estou descobrindo que só Austin para deixar notícias assustadoras mais aceitáveis.