POV Ally

A semana já havia acabado e até agora eu e meu pai não havíamos trocado uma palavra sobre meu novo irmão. Estranhamente, isso começou a me incomodar, já que nem mesmo seu nome eu sabia.

– Pai? – chamei me sentando ao seu lado e ele me olhou de forma curiosa.

– Quando meu irmão chega? – perguntei tentando não me enrolar na parte do “meu irmão”. Lester sorriu.

– Essa semana. Talvez quarta – respondeu e eu decidi não discutir o porquê dele ainda não ter me falado.

– Posso saber o nome dele? – perguntei fazendo-o rir.

– Claro, desculpe por esquecer isso – disse rindo e balançou a cabeça. – É Matthew. E tem 19 anos – informou.

– Nome legal – murmurei e ele sorriu.

– O resto você descobrirá – prometeu e eu tive medo que isso na verdade não acontecesse.

– Tudo bem – concordei e ficamos em silêncio, mas que logo foi quebrado por ele.

– E sobre você e Austin? – Lester perguntou tentando mostrar indiferença. Fiquei surpresa pela pergunta e ao mesmo tempo muito feliz.

– Hm, estamos bem. Eu gosto dele – admiti e ele riu.

– Isso já está bem claro. Espero que ele continue te tratando bem – disse agora seriamente e quem riu dessa vez fui eu.

– Não se preocupe com isso – pedi e ele assentiu.

Desviei meu olhar para o celular e arregalei os olhos com a mensagem de Austin. Ele pedia para que eu fosse a sua casa hoje para o jantar que seus pais haviam combinado para me conhecer.

Fiquei um bom tempo pensando no que responder e acabei apenas perguntando indecisa se aquela era uma boa ideia. Austin deixou bem claro que nem mesmo ia responder isso porque apenas respondeu com um: te pego às sete.

Bufei revirando os olhos, mas não discordei dele. Se Austin tinha tanta confiança assim, porque não?

– Jantarei na casa de Austin – avisei e meu pai franziu a testa.

– Tudo bem. Só não volte tarde – pediu e eu ri.

– Pode deixar - concordei.

Aquilo me fez pensar como tudo isso seria ao ter mais alguém ali. As coisas mudariam totalmente, ou simplesmente não mudariam? Ao menos essa pergunta não demoraria nem uma semana para ser respondida. Eu só não me sentia ansiosa com isso, pois no momento estava sendo ocupada por minha ida à casa de Austin.

Passei mais um tempo conversando com meu pai depois de olhar no celular pela milésima vez decidi começar a me arrumar.

Peguei um vestido vermelho curto e decidi ser ele mesmo. Não era muito chamativo e eu o adorava. Assim que terminei de me arrumar, depois de muito tempo, eu me sentia ainda mais nervosa. Em minha mente a possibilidade que prevalecia era a dos pais de Austin não gostarem de mim. E ainda tinha seu irmão.

Definitivamente, eu não estava nada bem.

Desci as escadas tentando voltar a respirar normalmente, mas ficou ainda mais difícil quando ouvi alguém bater na porta. Fiz um sinal para meu pai que eu atenderia e ele concordou.

– Tchau filha – ele disse e eu sorri.

– Tchau pai – disse e pulei para frente da porta rapidamente. Assim que a abri Austin virou para mim.

E ele estava lindo. Até aquele cabelo todo bagunçado o deixava lindo.

– Fico feliz que não tenha fugido – foi a primeira coisa que Austin disse, me obrigando a rir.

– Você me odiaria – falei como se fosse algo óbvio.

– Isso te incomodaria? – Austin perguntou divertido e eu revirei os olhos. Essa, sem dúvidas, era a pergunta mais idiota que eu já havia ouvido.

– Um pouquinho – dei ombros e ele riu.

– Tudo bem então. Vamos?

Entramos em seu carro e eu senti que aquilo já estava ficando tão normal. Nós dois sempre andando juntos para todos os lugares. Eu gostava disso.

– Meu irmão chega em menos de uma semana – falei atraindo um olhar preocupado de Austin.

– E você está preocupada com isso?

– Um pouco. Estou em dúvida se as coisas mudarão ou não.

– Provavelmente vão. Ter um irmão é algo bem diferente. Te ajudo com essa parte – Austin piscou e eu sorri.

– Tirando que seu irmão é anos mais novo e o meu é mais velho – lembrei e ele deu ombros.

– Não deve mudar muita coisa.

– Se considera um bebê então? – conclui e ele bufou.

– Claro que não – Austin reclamou e eu ri. Ficamos em segundos de silêncio que serviram apenas para me deixar ainda mais nervosa.

– Seu irmão ainda deve me odiar não é? – perguntei com medo e Austin me olhou incrédulo.

– Terá uma surpresa quando chegar se pensa desse jeito. O garoto só tem um pouco de ciúme. Faz tempo que ele implica com... – Austin parou no meio da frase e nem mesmo me olhou.

– Com...? – perguntei erguendo as sobrancelhas em desafio porque já sabia o que ele falaria. “Com todas minhas namoradas”. Mas, na verdade, não sou sua namorada.

– Esta é minha casa – Austin disse rapidamente e a curiosidade me venceu.

A casa era um pouco maior que a minha, mas do mesmo estilo. O jardim pequeno na frente era todo decorado e tinha inclusive uma bicicleta de criança nele. Como havia escurecido já todas as luzes da frente da casa haviam acendido e eu achei fofo o jeito que havia ficado.

– Antes de tudo preciso falar algo – Austin disse assim que saímos do carro. O loiro pegou minha mão e me puxou para mais perto. – Não combinamos de como te apresentaria aos meus pais – lembrou e eu suspirei.

O problema é que eu não fazia a menor ideia de como fazer isso.

– Talvez... – comecei, mas Austin me impediu com um sorriso.

– Já tenho algo, que pensei em fazer há muito tempo, mas nunca soube como... Prometo que na próxima pergunta será mais romântico. Ally, quer namorar comigo? – ele perguntou abrindo um lindo sorriso e ficou a centímetros de minha boca.

Por essa solução eu não esperava nem um pouco. Mas foi a que eu mais gostei. Austin não teve nem tempo de ficar preocupado ou coisas do tipo, porque sorri e o beijei na mesma hora.

– Sim – respondi assim que nos separamos e ele me puxou para um novo beijo.

– Agora sim podemos entrar – Austin riu e eu revirei os olhos.

– Espero que não fez essa pergunta pelo momento – falei sincera e ele me olhou sério.

– Nunca duvide disso, eu apenas não sabia como fazer isso – confessou e eu ri.

– Tudo bem – disse e ao ouvir isso Austin me puxou imediatamente para a entrada de sua casa.

Sorri nervosamente quando entramos em sua casa de mãos dadas. A primeira coisa que ouvi foi uma risada fofa de criança e logo foi explicada. Ethan, o irmão de Austin estava assistindo um desenho e se divertia. Mas o melhor de tudo foi quando o garoto desviou seu olhar para mim e não perdeu o sorriso. Esse já era um bom começo.

– Oi Ethan – falei abrindo um sorriso e acenei. O garoto me retribuiu e parecia ter um pouco de vergonha.

– Se lembra de Ally? – Austin perguntou nos aproximando do irmão e o garoto assentiu várias vezes.

Antes que continuássemos uma mulher entrou na sala e eu deduzi ser a mãe dos dois garotos ali comigo. Ela abriu um sorriso quando me viu e ao ver aquilo eu fui obrigada a retribuir. Austin realmente havia falado algo que mudou toda a opinião da sua família e eu esperava deixar que essa impressão boa continuasse.

– Ally? – a mulher perguntou e eu assenti. – Você é linda – ela disse quase como se estivesse surpresa. Ross riu e soltou sua mão para sua mãe vir me abraçar.

– Obrigada, senhora Lynch – respondi e ela nos afastou para me olhar feio.

– Me chame apenas de Mimi – pediu e eu ri assentindo.

Ao lado de nós duas surgiu um homem que eu já sabia ser Mike. Ele me deu um abraço rápido.

– A famosa Ally – Mike disse e eu sorri envergonhada.

Austin se aproximou novamente de mim, agora com seu irmão no colo.

– Vocês estão ainda mais parecidos – observei sem querer em voz alta. Como via Ethan muito pouco perto de Austin realmente foi a primeira coisa que pensei.

Ross riu e apertou Ethan contra seu rosto fazendo o menino fazer uma careta.

– Mas o olho de Ethan continua sendo ainda mais lindo, desculpe – acrescentei dando ombros para Austin e deve ter sido naquele momento que ganhei o coração de Ethan.

O garoto riu lindamente enquanto Austin fazia uma expressão chateada falsa. A mãe de Austin rapidamente me puxou para me sentar ao seu lado e nós entramos em conversa animada sem problemas nenhum. Ela me perguntou sobre minha família, se eu sempre morei em Miami e coisas do tipo.

Quando ela me perguntou sobre a escola pareceu alegre ao me ouvir dizer que vou bem na maioria das matérias. No mesmo momento virou com um olhar significativo para Austin, que desviou os olhos. Sorri observando a troca de olhares da família.

– Já pensou em algo que quer seguir quando terminar a escola? – Mimi perguntou realmente interessada e eu, por um momento, tive medo de responder. Mas como não queria mentir acabei falando o que sempre tive certeza.

– Estudar música. Para dar aulas, algo assim – falei em um tom mais baixo e vi sua expressão novamente se tornar surpresa.

– É mesmo? – perguntou interessada.

– Sim. Meu pai tem uma loja de música, então desde pequena eu penso nisso – expliquei e ela pareceu entender algo.

– Ah, a loja de música. Então já sei uma coisa que vocês dois tem em comum – Mimi sorriu e eu fiz o mesmo olhando rapidamente para Austin que estava distraído demais.

– E ele realmente se sai muito bem nisso – falei sincera e Mimi sorriu orgulhosa.

– É mesmo. Vamos dar um tempo na conversa e jantar? – a mulher falou animada e eu não tive tempo de responder por que um pequeno garoto pulou entre nós.

– Sim – ele gritou e sua mãe o olhou feio.

– Quanta animação – observei sorrindo.

– É sempre assim – Mimi afirmou até se esquecendo que provavelmente iria dar uma bronca em Ethan.

Mimi se levantou e Ethan pulou ao seu lado. Eu nem tinha visto quando o pai de Austin também havia saído. Vi uma mão estendida para mim e sorri. Austin me puxou, mas ao invés de seguirmos todos para fora da sala continuamos ali.

– Eu estava certo – Austin comemorou e eu sabia que ele se referia a seus pais gostarem de mim.

– A mãe de vocês é maravilhosa – disse fazendo-o sorrir.

– Então vamos lá – Austin disse e foi o que fizemos.

Pouco tempo depois também descobri que a mãe deles também é maravilhosa cozinhando. Meu medo pareceu ridículo no momento porque durante todo o tempo ela foi muito simpática assim como Mike. Já Ethan realmente tinha esquecido de tudo que pensava sobre mim.

Mesmo depois de comer todos nós continuamos na mesa por um bom tempo apenas conversando. E Austin me surpreendeu quando pegou minha mão atraiu atenção dos pais.

– Eu estou muito feliz que tenham se dado tão bem – Austin disse e seus pais sorriram. – Porque eu e Ally estamos namorando.

Sorri timidamente e me perguntei se Austin precisava mesmo fazer isso naquele momento. Mas nenhum deles pareceu achar aquilo ruim, apenas pareceu uma surpresa.

– Antes eu não gostaria nada disso, mas estou muito feliz por vocês. Você é uma pessoa incrível querida – Mimi disse e eu sorri com sua sinceridade.

– Minha opinião é a mesma. Vamos ver se Ally coloca Austin na linha – Mike disse.

Tive que rir com essa típica frase.

– Vou tentar – prometi e Austin riu ironicamente.

Olhei para Ethan que quase dormia sentado e Austin entendeu sem eu nem mesmo falar algo.

– Acho melhor levar Ally para casa – Austin disse para seus pais e se virou para mim sorrindo – Não quero perder pontos com seu pai – acrescentou.

– Esperto você – Mike concordou e eu ri.

Os dois me abraçaram e garantiram que estavam realmente felizes antes de me deixar ir.

Beijei a bochecha de Ethan que já estava até dormindo no colo da mãe.

– Mais calma agora? – Austin disse assim que entramos no carro.

– Com certeza.

– A única capaz de mudar o que meus pais pensam – ele observou.

– Duvido, mas acho melhor não tentar provar – falei seriamente e ele revirou os olhos.

– Não farei isso, tenho que me preocupar em contar ao seu pai que a pedi em namoro.

– Não acho, ele te adora – dei ombros.

– Farei isso essa semana – ele prometeu. Eu poderia muito bem contar, mas se ele preferia fazer isso, tudo bem.

Nós saímos do carro e Austin me abraçou.

– Amei tudo hoje. Amei o pedido – disse sorrindo.

– Poderia ter sido muito melhor, mas como o que mais importou foi sua resposta, essa forma simples serve – disse e me beijou.

As coisas ficariam interessantes daqui para frente. Quando não namorávamos era uma confusão imagina agora.