POV Austin

No dia seguinte antes de sair de casa e novamente ir para a casa de Ally, meus pais me olharam confusos e um pouco divertidos.

– Vai sem bolsa? – meu pai perguntou com um pequeno sorriso.

– Não vou para a escola. Preciso ver como Ally está – disse já me preparando para os olhares desconfiados, que realmente aconteceram.

– Por quê? – minha mãe disse me olhando seriamente.

– Ela não está nada bem desde que descobriu que tem um irmão – suspirei quando eles tinham expressões ainda mais confusas. – Ele é mais velho que ela e nenhum dos dois sabiam que eram irmãos. E como ela só tem o pai, estou preocupado de deixa-la sozinha – expliquei.

Ao ouvir o que contei minha mãe abriu a boca surpresa. Ela me olhou como se perguntasse se era verdade e eu apenas assenti seriamente e sincero.

– Nunca imaginei... – meu pai falou surpreso. Provavelmente essa era a parte em que eles estavam pensando em tudo que já falaram sobre Ally.

– Não me deram chances para contar – lembrei e depois só murmurei uma despedida.

Talvez isso os fizesse pensar o quanto a julgaram cedo demais.

Assim que cheguei à casa de Ally seu pai me agradeceu com um sorriso, pois ela realmente não havia falado com ele. E, na verdade, não estava sendo nenhuma dificuldade faltar um dia na aula.

Como já estava me sentindo praticamente em casa peguei algo para Ally comer, e para mim também. Bati na porta do quarto da garota e ninguém respondeu.

Suspirei e então dei de ombros.

– Entrei – falei alto e depois fechei a porta.

Ally fez uma careta e abriu um pequeno sorriso enquanto se sentava na cama. Percebi que ela estava um pouco melhor que ontem.

– Percebi – disse e eu ri.

Estendi sua comida e ela aceitou sem reclamar. Ally bateu na cama ao seu lado e eu sorri obedecendo.

– Meu pai já saiu? – ela perguntou um pouco preocupada.

– Saiu sim. Mas, acho que não poderá evita-lo para sempre, converse com ele. Lester não é o culpado – argumentei.

– Eu sei. Eu não consigo ficar longe de meu pai, alguma hora vou falar com ele – ela admitiu.

– E como está sua cabeça? – lembrei.

– Está doendo só um pouco, não se preocupe – ela pediu e eu acabei concordando.

Nós ficamos um pouco em silêncio, mas Ally o quebrou quando começou com um olhar acusador.

– Você não deveria faltar na aula por minha causa – falou brava.

– É uma ótima causa – afirmei, mas isso não mudou sua expressão. – E se ajuda, as aulas de hoje não faziam diferença nenhuma para mim – acrescentei.

– Não faça mais isso – pediu um pouco mais calma.

– Não prometo nada.

Ela me olhou feio novamente, mas dessa vez não mudei de opinião. Essa é uma das coisas que não dava para evitar, minha preocupação com ela.

POV Ally

Não sabia se me irritava ou agradecia por Austin se importar tanto comigo para até passar o dia comigo. Mas, pensando em minha própria dúvida decidi que era ridículo, se irritar com isso também era.

Austin e eu nem tivemos chance de falar após isso, pois meu celular começou a tocar irritantemente. Olhei para a tela e não fiquei surpresa com quem era, Kira. A garota provavelmente gritaria comigo por não ter avisado a ela que não iria à aula. E foi mais ou menos isso que aconteceu.

– Ally? Está tudo bem? Porque não veio para aula? – ela perguntou tudo rapidamente.

Revirei os olhos e escondi minha cabeça no ombro de Austin, demonstrando nenhuma vontade de explicar tudo o que aconteceu.

– Quem é?

– Kira – respondi e no segundo seguinte ele arrancou o telefone de minha mão.

– Oi Kira – ele atendeu e eu desejei ver a expressão de Kira naquele momento.

Austin sorriu e falou que eu não estava bem, mas que depois explicaria tudo. O loiro me olhou e então afirmou com certeza:

– Pode deixar, vou cuidar dela.

Austin desligou e deu ombros.

– Sua amiga ficou um pouco enlouquecida ao me ouvir atender. E acho que Trish estava junto – ele disse pensativo.

– Já imagino que não terei paz quando a encontrá-las – respondi e sabia isso que era verdade, eu as conhecia.

– Eu nem imagino. Boa sorte – ele desejou e eu suspirei.

Os olhos de Austin permaneceram em mim por um tempo e depois ele abriu um sorriso. Isso estava acontecendo muito ultimamente.

– Você deveria sorrir um pouco, já se preocupou demais – Austin observou e eu apenas o olhei como se estivesse falando alguma bobeira.

– Sorrir com o quê? – perguntei e dessa vez quem me olhou incrédulo foi ele.

– Com qualquer coisa. Só não peça para eu cantar Beyoncé – ele pediu seriamente e conseguiu o que queria.

– Era justamente o que eu iria pedir – brinquei rindo.

– Você sorriu, eu não preciso cantar então – concluiu.

Ele pode ser o garoto mais idiota que eu já conheci, mas, eu nunca conseguiria escolher outra pessoa para fazer o mesmo que ele estava fazendo. Ele, sem dúvidas, fazia parte das coisas que mudaram minha vida este ano.

POV Austin

O dia passou mais rápido que o esperado, tanto Ally quanto eu nem percebemos quando isso aconteceu. Mas, isso de uma forma foi bom, pois a garota melhorou muito e eu fiquei menos preocupado.

– Aula amanhã não é, senhorita Ally? – sorri.

– Claro. Digo o mesmo para você – falou estreitando os olhos. Ergui os braços concordando prontamente.

Beijei sua testa e me afastei. No entanto, não era o suficiente. Puxei-a para mais perto e dei um beijo de verdade dessa vez. Quando nos afastamos Ally apenas riu.

– Obrigada por passar o dia todo, mesmo não precisando – Ally disse e eu poderia muito bem discutir essa frase, mas decidi apenas ignorar.

– Vou te buscar – avisei e já estava muito longe caso ela resolvesse me contrariar.

Quando cheguei em casa já era de noite e foi incrível meus pais não reclamarem e nem me olhar estranho.

Tomei banho e quando voltei para sala Ethan logo se jogou em meu colo. Meus pais me olharam com atenção e eu nem imaginava o que isso significava.

– Filho, Ally está melhor? – nossa mãe perguntou e Ethan nos acompanhava com o olhar.

– Muito melhor – concordei. – Mas, sei que ela voltará a ficar assim quando tiver que conhecer o irmão – suspirei e ela assentiu.

– Espero que fique tudo bem, de verdade – ela disse sincera e eu sorri assentiu. Ethan me olhou curioso e eu percebi que logo viria mais perguntas.

– O que ela tem? – o garoto perguntou não entendo a conversa.

Ri e balancei a cabeça. As coisas estavam mudando por aqui e eu não poderia estar gostando mais disso.

– Nada, garoto – prometi e arrumando seu cabelo.

Era impressionante que uma notícia relacionada a Ally afetou tanto minha própria família. Pelo visto tudo nunca deixaria de ser uma loucura em relação a Ally.