Black escrita por Artur


Capítulo 6
Capítulo 06: Cartas do Céu


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores queridos! Mais um capítulo, acho que o maior até agora! Vou logo avisando que acontece muita coisa, muita interação importante entre Sofia e os personagens, tem também uma narração de como o Governador conseguiu a informação da prisão. Acabou ficando mais longo que o esperado essa parte, pensei em postar sem a narração da prisão com o ataque iniciado no anterior e acabei desistindo disto.

Atenção! Prestem atenção nas apresentações da parte de Woodbury, tem uma dica do que virá a seguir!



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Ao longo de uma extensa rua, homens devidamente armados estão erguidos sob um muro de uma entrada principal. O silêncio da noite é meramente interrompido quando o barulho do motor de um carro se ecoa mais distante, logo o farol ilumina a localidade e quando o veiculo se torna visível, os homens de outrora sacam suas armas mirando-as na direção do mesmo.

O carro diminui a velocidade parando aos poucos, alguns errantes se aproximam e logo são derrubados. Um dos homens sobre o muro grita em um tom de voz potente e autoritário para que a pessoa que estava dirigindo saia do carro com as mãos para cima.

— Não será necessário. – Uma voz surgiu de dentro do carro. — Somos nós, e trouxemos uma lembrancinha para o Governador.

Imediatamente os homens abaixam suas respectivas armas como se conhecessem o dono da voz de antes. Logo as portas do carro se abrem e dois homens se retiram do mesmo com um sorriso sarcástico em face e outro homem, desmaiado e com os punhos amarrados, sendo carregado por ambos.

O imenso portão logo se abre e os homens do carro adentram no espaço com o rapaz desmaiado em mãos. O interior do local se mostra ser bastante longínquo, inúmeras fileiras de casas uma do lado da outra rodeavam uma dupla estrada no centro do espaço, o homem sequestrado é levado para um sala afastada das residências sendo mantido preso à uma cadeira em um local minúsculo e vazio.

— Não conseguimos pegar aquela negra vadia. – Explicou um dos homens com uma voz rouca assim que outro rapaz, alto e esbelto com um cabelo de tonalidade castanha arrumado, uma pela clara e olhos penetrantes adentrou em um recinto. — Mas conseguimos pegar um japonês.

— Fale mais sobre este japonês. – Respondeu o homem esbelto, com uma voz serena.

— Seu nome é Glenn se não me falhe a memória, fui do mesmo grupo que ele há muito tempo. Disparamos contra o pneu do carro onde ele estava fazendo-o capotar, havia outra mulher mas ela conseguiu fugir. – Começou a explicar o homem quando foi interrompido pelo outro rapaz que o ajudara a carregar Glenn.

— Merle esqueceu de falar algo, provavelmente a mulher que conseguiu escapar se encontrou com Michonne, um dos nossos homens foi morto com um ferimento na barriga, o corte de uma espada. Merle mandou ele ir atrás da mulher e quando fomos atrás dele ...

— Irei conversar com esse Glenn, e você virá comigo. – Afirmou o homem quando se retirava e andejava na direção de uma mulher de cabelos loiros não tão grandes que o chamava pelo nome.

— Phillip, sobre a Michonne ... – Sussurrou a mulher assim que o mesmo parou na sua frente.

— Não se preocupe Andrea, você mesma disse que ela sabe se virar lá fora principalmente com sua espada. Ela ficará bem, e você também ficará segura aqui dentro. Agora tenho resolver alguns assuntos com o Merle, tudo bem? – Respondeu rápido Phillip, efetuando um beijo de leve na testa da loira.

No interior da sala minúscula e distante das demais residências, Glenn era mantido preso em uma cadeira bem ao lado de um mesa, suas mãos estavam amarradas por uma espécie de fita e sua boca era tampada por um pedaço de pano que rodeava sua face. O coreano suava intensamente, uma grande quantidade de sangue escorria pela sua testa, - provavelmente devido ao acidente de antes. Seus olhos estavam assustados, não sabia onde estava ou o que aconteceu, mas logo o Governador e Merle surgem na sala, este último com um sorriso sarcástico.

Glenn arregala os olhos surpreso diante da presença do irmão de Daryl dado como morto há muito tempo. Merle solta algumas gargalhadas como se fosse divertido o espanto de Glenn por ele estar vivo, e após dar alguns passos à frente, acaba retirando o pano que envolvia a boca do asiático.

— Merle ... onde estou? O que aconteceu? – Questionou com urgência Glenn, olhando para os lados e notando a ausência de sua amiga. — Cadê a Sofia? Onde ela está!?

Merle esboça um sorriso lateral e quando ia explicar o ocorrido com a acompanhante de Glenn, o Governador acaba interrompendo-o esticando seu braço na frente de Merle como se o privasse de contar toda a verdade. O homem andeja ficando mais próximo de Glenn, seu olhar era frio e sem sentimento algum, sua expressão era séria deixando um ar desconfortante no local.

— Ela ainda está desmaiada, muito mais ferida do que você possa imaginar. – Começou a explicar Phillip, virando-se para Merle e assentindo com a cabeça, já o preparando para toda a mentira iminente. — Está beirando à morte, temos médicos aqui e podemos trata-la. Para isso acontecer, você deve nos contar onde é o seu acampamento, sabemos que tem outros do seu grupo.

Glenn permanece em silêncio ignorando totalmente o pedido enquanto deixava seus olhos fixos no fundo da sala, evitando olhar para os demais. Phillip e Merle se entreolham, o Dixon gesticula um sinal de negativo com a cabeça enquanto o Governador apenas retorna sua atenção para o coreano.

— Merle, faça o seu trabalho. – Foi só o que disse o líder de Woodbury enquanto se retirava do local calado e Merle ria intensamente apontando a estrutura de metal amarrada em seu antebraço que substituía sua mão amputada, na direção do coreano que respirava nervoso.

— Como você ouviu, é hora de fazer o meu trabalho. – Esbravejou Merle em um tom de voz irônico enquanto andejava na direção do sequestrado posicionando-se por detrás do mesmo, enquanto ia disferindo inúmeros socos na face de Glenn que apenas ia sentindo a dor e gemendo a cada golpe. — Você vai contar onde o meu irmão está! Onde o xerife que me algemou vive se escondendo, agora!

O silêncio de Glenn promove novamente os mesmos golpes de outrora, Merle ia repetindo os movimentos enquanto berrava intensamente dizendo para o asiático revelar a localização do acampamento. A agressão dura por alguns minutos, até que Merle se retira da sala e retorna com um errante soltando-o dentro da sala, deixando Glenn sozinho e ainda preso na cadeira.

— Ele está resistindo, parece que o inverno esfriou o saco dele. Acabei deixando uma companhia na sala, vamos checar se ainda sobreviveu? – Questionou Merle, após se passar vinte minutos desde que deixou um errante na mesma sala onde Glenn estava. Phillip simplesmente assente com a cabeça enquanto ia na frente em direção à sala onde o coreano estava.

Assim que entraram na mesma, se depararam com todas as coisas que haviam no interior dela jogadas e espalhadas no chão, a mesa de antes estava revirada com o errante caído ao lado dela. Glenn estava de pé, respirando com dificuldades , sua face estava completamente inchada onde uma grande quantidade de sangue já escorria. Merle o encara sem acreditar no feito do rapaz, até que Phillip se aproxima do coreano com uma expressão nada amigável.

— Vamos logo com isso Glenn, sabe que não pode aguentar muito mais. Sua amiga também está em uma situação bem pior, podemos ajudá-la , dar mais uma chance de sobreviver. Só basta dizer onde seu grupo vive, a vida dela está em suas mãos.

— E se eu não disser? – Perguntou Glenn com bastante dificuldade. Merle e Phillip se entreolham mais uma vez, até que o líder da cidade retira um revolver do coldre apunhalando-o na direção do asiático que acaba ficando tenso.

— Do mesmo jeito que posso deixá-la viva ... posso matá-la em questão de segundos, mas veja pelo lado bom, ela não sofrerá tanto. Então eu irei lhe perguntar mais uma vez, onde fica o acampamento? – Deu um ultimato Phillip, ainda com a arma apontada na direção de Glenn que permanece em silêncio o que esgotou a paciência do Governador, que vira-se para Merle enquanto dava continuidade a sua fala: — Mate ela, não economize a munição.

Merle assente com a cabeça enquanto soltava um sorriso de satisfação, o capanga do Governador se vira enquanto andejava na direção da saída para poder realizar a falsa ordem de Phillip, mas antes que o Dixon saísse, Glenn acaba revelando o local onde reside com os demais em um momento de fraqueza, onde possivelmente a vida de Sofia estava em jogo.

— Uma prisão. Ela estava infestada, mas conseguimos limpá-la. Estamos em dez, contando com a Sofia já que vocês irão deixá-la viva, certo? – Revelou Glenn, enquanto ia respondendo as perguntas de Merle e de Phillip que após obterem o uso do que queriam, retiram-se da sala deixando Glenn novamente trancado, e partiam na direção de uma outra sala, possivelmente de reunião.

No interior dela, Phillip discutia a revelação de Glenn e se era possível apenas dez pessoas limparem uma prisão inteira, com os seus capangas entre eles, estava Martinez que tinha o mesmo peso que Merle em Woodbury.

— Martinez, junte um pequeno grupo e encontre essa prisão. Quero saber com quem estamos lidando, a essa altura a tal da Sofia já deve ter avisado aos demais sobre Glenn, e se ela estiver com a Michonne, o grupo da prisão já estará a caminho daqui. – Ordenou o Governador, autoritário enquanto olhava para os demais homens presentes na sala. — Podem atacá-los, mas deixem só um aviso. Preciso que voltem para Woodbury o mais rápido possível.

— Governador ... – Uma voz ecoou-se mais distante enquanto revelava-se para os demais, um homem de cabelos loiros, um pouco alto com um porte físico mediano e uma barba não tão expressa. — Gostaria de ir nessa missão, quero compensar tudo que Woodbury ofereceu para mim e o meu filho.

— Scott certo? - Sussurrou Phillip como se buscasse alguma memória. — Scott Gibbert, bem.. ainda está no inicio para você ir nessas missões, será bem perigosa uma vez que não conhecemos o poder de fogo deles. Prefiro que fique aqui com o Merle, farão a vigília dos muros caso tenhamos algum conflito.

O loiro assente com a cabeça enquanto recuava alguns passos ficando no fundo da sala. Phillip então olha para cada um que ali estava presente, enquanto esboçava um sorriso ambicioso estampado em sua face, o Governador se posiciona na frente dos demais enquanto indaga com certeza:

— Eles não nos esperam, os mais aptos virão atrás de Glenn, portanto só sobrarão os indefesos. Vocês darão conta, e não recuem até que existam perdas!

Pov. Sofia Gibbert

Faz alguns minutos que Daryl e os outros partiram em direção à Woodbury, não sabiam o que iriam encontrar pela frente mas estavam dispostos a enfrentar qualquer tipo de obstáculo para trazer o Glenn de volta. A situação na prisão não era nada confortável, todos estávamos apreensivos diante de toda a situação, até tentei quebrar o clima e ficou claro que piadas não são minha especialidade..

— Vou verificar a nossa capacidade de medicamentos, você vem comigo querida? – Pronunciou Hershel erguendo-se de pé com suas muletas enquanto Beth assentia com a cabeça acompanhando-o com o olhar. — Precisaremos deles caso haja algum ferido do resgate.

— Pai, você sabe que não haverá nenhum ferido. Eles pegarão o Glenn e voltarão para cá normalmente, pare de pensar no pior. – Rebateu Beth, agressiva. Gosto de vê-la assim, alimentando sua esperança mesmo que tudo ao redor aparenta desmoronar em questão de segundos.

Hershel para e olha para a filha por alguns segundos, solta um sorriso de leve e logo retorna a caminhar. Todos permanecem em silêncio e eu acabo acompanhando-o, andejamos juntos até a enfermaria não muito distante do bloco de celas onde os outros estavam. Hershel vasculha em silêncio uma mochila com uma cruz no centro provavelmente simbolizando um kit médico, minha atenção acaba voltando-se para a perna amputada e suas muletas ao lado de onde estava.

— Sabe Hershel, nessas semanas que fiquei aqui nunca perguntei como você perdeu a perna. Quero dizer, já era assim antes deste inferno ou foi mordido? – Acabo perguntando, o veterinário vira-se para mim com um sorriso no rosto.

— Fui mordido, mas por sorte Rick tomou a decisão de amputar o local da infecção, ele sempre toma as decisões mais difíceis. Beth e Maggie disseram que quase morri após a amputação pela enorme perda de sangue, mas cá estou eu conversando com você, Sofia.

— Como você não se transformou? Pelo que entendi foi realmente mordido. – Questionei estranhando o fato da amputação ter cessado qualquer possibilidade dele retornar como zumbi.

— Acho que esquecemos de contar este detalhe a você. – Afirmou Hershel enquanto parava de remexer na bolsa como se estivesse preparando para contar algo grande. — A mordida não te transforma, apenas te mata. Se você for atingida por uma bala no coração e morrer, irá retornar como um deles do mesmo jeito, é um vírus que todos contraímos. Um doutor contou para nós há um tempo.

Fico perplexa, isso definitivamente era novidade para mim. Saber que Axel ou até mesmo o acidente da noite anterior pudesse me matar e eu retornaria como um daqueles vermes é frustrante, mas acabo achando que isso não faria diferença. Meu objetivo é sobreviver, independente de qualquer coisa.

Deixo Hershel sozinho e vago na direção do bloco de celas passando pelos corredores. Beth ajeitava as pilhas de sua lanterna enquanto Carol preparava alguma refeição já que remexia nas panelas com uma colher. Estranho a ausência de Lori e logo um choro baixinho ecoa-se abafado, andejo um pouco até me deparar com Lori sentada na parte de baixo da beliche de uma das celas.

— Estava lhe procurando. - Afirmei enquanto Lori enxugava as lágrimas tentando disfarçar o choro, a esposa do xerife olha para mim segundos depois com um sorriso simpático em face — Desculpe-me pela curiosidade, você estava chorando?

— Não, só estava pensando em algumas coisas. O que você queria comigo? – Respondeu apressada, fazendo uma indagação logo em seguida para mudar de assunto.

— Pedir desculpas, eu e o Glenn pegamos tanta coisa útil na creche ontem, mas perdemos tudo no acidente – fraldas, roupas, talcos e até mesmo um berço. Sinto muito por isso, só agora que me lembrei do quão importante era para você e seu bebê. – Explico em um tom de voz tristonho, Lori fica cabisbaixa ainda soluçando do choro de outrora, ela fica em silêncio por alguns segundos parecendo revisar os seus pensamentos.

— É ... é sempre assim não é mesmo? – Ela disse quase como um sussurro, olho-a sem entender sua indagação até que Lori enxuga as lágrimas que escorriam mais uma vez e termina de explicar: — É sempre desse jeito, as pessoas se arriscam por mim tudo por causa de um descuido meu. A cada dia que se passa eu me sinto um enorme fardo que todos do grupo devem carregar nas costas, não escolhi ter esse bebê no mundo que vivemos agora.

Meus olhos fixam-se em Lori que permanece cabisbaixa, sua voz transparecia todo seu sofrimento que sentia por estar vivencia tudo isso, grávida em um apocalipse e pondo em risco a vida de todos que estão a sua volta. Por um momento lembro-me de ter perguntado a Hershel se a gravidez não os deixavam preocupados, é quase como uma obrigação.

— Sua família, Rick ... Carl, eles estão aqui para te apoiar independente de tudo. – Foi só o que pude responder, tentando ameniza-la. Lori suspira enquanto soltava um sorriso forçado, como se eu estivesse enganada, a esposa do xerife põe a mão na barriga virando-se na minha direção.

— Você chegou aqui há poucas semanas Sofia, não sabe de todos os erros que fiz. Meu marido me odeia e eu sei que não sou a melhor mãe do mundo, o Carl ... ele simplesmente me trata como a causadora de todas as coisas ruins que aconteceu ao grupo antes. – Lori explica sem conseguir conter as lágrimas, tento contesta-la e logo sou interrompida por ela. — Fiz o Rick odiar seu melhor amigo ao ponto de matá-lo, nem tenho a certeza se esse filho é dele!

O silêncio se prevalece prolongando-se por alguns segundos. Aconteceu muita coisa com cada um deste grupo, e não sei se quero saber sobre mais dor e sofrimento, acaricio o ombro de Lori ela sorri de volta e logo andejamos juntas para o bloco onde os demais estavam. Encontramos Carl pelo caminho, o garoto passa bufando ignorando completamente nossa presença.

— Carl! – Grito chamando-o, ele se vira enquanto esperava a continuação. — Sei que você também queria ir resgatar o Glenn e pode apostar que eu queria tanto quanto você. Mas acontece que não podemos fazer tudo que queremos, certo? Enquanto isso tomaremos conta da prisão, aliás, todos os presídios tem quadra de basquete para os detentos jogarem, que tal darmos uma partida qualquer dia desse?

— Claro. – O garoto responde com um sorriso envergonhado, mesmo ele querendo fazer as coisas dos adultos, um lado infantil ainda está guardado lá no fundo e Carl não consegue esconder isso.

Voltamos com a nossa trajetória, desta vez sendo guiada pela doce e suave voz de Beth que nos prestigiava com uma linda melodia. Logo chegamos onde os demais estavam, a filha mais nova de Hershel estava sentada no chão com uma espécie de lampião aceso ao seu lado, Carol a observava cantar com um sorriso largo, o mesmo se repetia com a face de Hershel.

Sento em uma cadeira próxima à Beth enquanto Lori ia conversar com Hershel, a loira apenas continuava com sua canção um pouco conhecida - Letters From The Sky, a música puxava muito pro tema religioso e por um momento havia esquecido que Hershel e sua família continuavam com sua religiosidade mesmo depois de tudo.

Conforme a cação progredia, pude entender um pouco mais de sua letra. Falava que cartas cairiam do céu dizendo para nos libertamos, e que todo mundo iria saber que alguém estava voltando, voltando por todos nós. É meio estranho ver isso quando o que se tem lá fora são os mortos, para alguns Deus nos abandonou, e para outros apenas está preparando o terreno para que possa voltar e levar consigo os remanescente. Era incrível quanta esperança Beth tinha, acho que é a única pessoa que conheci que tenta trazer o lado bom das coisas, mesmo que este lado não exista.

— Linda não é? – Cochichou Carol, aproximando-se de mim, assenti com a cabeça sem desviar minha atenção de Beth. — Escuta, aquele abraço no Daryl hoje mais cedo foi bem caloroso não acha? Desde o primeiro dia que você chegou aqui eu senti que ele ficou diferente, conheço ele há um bom tempo ... vale a pena investir.

— Do que você está falando? Foi um abraço de boa sorte, faria isso com qualquer um. – Respondi envergonhada, Carol solta uma risada com aquele seu olhar malicioso que só ela sabe fazer, não resisto e acabo sorrindo também. Acontece que meus sentimentos por Daryl ainda são uma incógnita. Não senti ou demonstrei nada que não fosse um mero afeto e ás vezes, acho que ele fica bem incomodado com isso.

As horas se passam e a ansiedade de saber se o resgate foi bem sucedido era torturante. Hershel decide passear pelo lado exterior da prisão alegando estar passando muito tempo enfurnado no bloco de celas, todas concordamos exceto Lori que fica descansando em sua cela.

Carol estava ao meu lado, espreguiçando-se enquanto erguia a cabeça na direção do sol, Beth e Carl conversavam um pouco distante de nós enquanto Hershel caminhava com suas muletas pelo espaço.

— Cuidado para não cair Hershel! – Exclamei brincando, todos de imediato sorriem enquanto o veterinário apenas esboçava seu sorriso sem dizer nada. Estava focado nas muletas, acho que para treinar um pouco mais.

— Ainda estou esperando aquela corrida que marcamos!! – A voz de Carl ecoou-se alegre.

— Não se preocupe filho, logo deixarei você comendo poeira. – Rebateu Hershel, risonho. Por um breve momento, todos nós esquecemos da situação em que nos encontrávamos mesmo que tenha sido por alguns minutos, pensar muito em Woodbury e nos outros era torturante então acabo comemorando este momento alegre que tivemos.

Por ironia ou não do destino, o barulho de um disparo ecoa-se atingindo uma parede próxima a mim e Carol. A expressão de todos muda rapidamente, alguém havia atirado contra nós e por sorte não nos atingiu, os tiros se repetem e dessa vez em maior quantidade. Duas caminhonetes estavam paradas bem em frente à Prisão, homens atiravam na parte de trás na nossa direção, o motivo? Eu não sei.

— Corram! – Carol berrou assustada, olho para o lado e vejo Beth se protegendo atrás de Carl já que o garoto possuía um colete aprova de balas, os tiros recomeçam e chegam bem próximos da gente.

Estava sem armas no momento e eu não poderia apenas correr e desviar dos tiros para sempre. Eis que Lori surge entregando duas armas para Carol enquanto a mesma mandava ela voltar para o bloco de celas.

— O que está acontecendo aqui? – Perguntou Lori assustada tentando fitar seus olhos em Carl que disparava com sua pistola na direção dos homens. — Carl!

— Você tem que voltar e ficar segura, Carl ficará bem e ele tem que nos ajudar! – Respondeu Carol pegando as duas armas, Lori hesita mas acaba entrando novamente no interior da prisão fechando o portão do bloco de celas, e um tiro acaba atingindo por sorte o portão assim que ela adentra.

— Sofia! – Ouço Carol me chamando, estava tentando me proteger dos disparos atrás de uma das mesas do refeitório a qual virei para obter um espaço maior de bloqueio contra as balas que atingem a mesa inúmeras vezes.

Carol corre na minha direção apressada, não tem tempo de chegar onde eu exatamente estava ficando a alguns metros de distancia. Ela acaba jogando a arma para mim e sem muitas dificuldades, acabo pegando-a e mirando-a na direção dos desconhecidos. Hershel estava visivelmente perdido diante dos disparos, o patriarca da família Greene acaba tentando correr com as muletas até chegar em um bloco de concreto jogando-se por detrás do mesmo enquanto deixava suas muletas de lado.

— Quem são eles? – Berrei a Carl que gesticula um sinal negativo com a cabeça, ele e Beth se protegiam atrás de um muro que recebia a maioria dos disparos. Olho para trás e vejo Carol correndo na direção da passarela da prisão, os tiros atingem o solo bem próximos a ela que sobe na escada que dava acesso ao local mais alto daquela área sem dificuldades.

Já em cima da passarela, Carol se agacha mirando sua arma na direção dos desconhecidos atirando logo em seguida. Mudo meu foco para os mesmos e noto que um foi atingido por ela já que o homem cai em questão de segundos da parte de trás da caminhonete. Os homens fazem uma pausa provavelmente para recarregar, é neste momento que Beth acaba correndo na direção do pai que se encontrava do outro lado do muro onde a loira estava, um disparo é feito atingindo em cheio sua perna esquerda fazendo seu sangue jorrar. Beth solta um único grito de dor enquanto ia ao chão sem completar seu trajeto.

— Beth!! – Hershel e Carl gritaram em uníssono, o filho do xerife logo corre na direção da loirinha enquanto ainda mirava e disparava por alguns segundos na direção dos homens. Carl segura Beth pelos braços tentando levantá-la, sua guarda estava baixa e os dois poderiam ser atingidos a qualquer momento.

— Sofia! Não! – Carol gritou e quando me dou conta, estava correndo na direção dos dois para tentar ajudá-los enquanto disparava com uma arma de porte maior que a de Carl. Beth já estava de pé apoiada no ombro do garoto que se via sem saber o que fazer, um barulho mais forte que o normal se ecoou, provavelmente de uma sniper que na maioria das vezes é mais potente.

— Vamos, temos que sair daqui. – Sussurrei apressada e nervosa para Carl e Beth, que pela sua expressão não estava nada bem. — Hershel! Venha você também!

Assim que me viro para avisar a Carol que entraríamos, vejo ela esticada no chão da passarela sem dar um único movimento sequer, meus olhos se arregalam já pensando no pior. Definitivamente, essa não era a carta que eu esperava.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado, deixem seus comentários! No próximo tudo estará esclarecido, quem morreu, o que aconteceu com Rick e os outros lá em Woodbury e o desfecho deste ataque!

Feliz Ano Novo!



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