Black escrita por Artur


Capítulo 20
Capítulo 20: Guerra Total Part. IV — Back To Black


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Boa noite! Então, esse é o tão esperado e aguardado último capítulo de Black. É com muita alegria que encerro mais um trabalho meu a quino Nyah. Foram quase dois anos de uma fic de muitos empecilhos e contratempos que dificultavam a postagem, mas finalmente consegui!
Espero que gostem, têm muita referência ao primeiro capítulo da fic! Beijos, nos vemos nas notas finais!



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Black

Capítulo 20: Guerra Total Part. IV – Back To Black

Uma imensa escuridão angustiante tomava conta de seus olhos. Estava confusa, aflita e temerosa com os pequenos barulhos que soavam mais diante de onde descansava. Seu coração palpitou com mais força, sabia o que estava acontecendo.

Abriu os olhos com um desespero atordoante. Os sons se intensificam para o nervosismo da jovem adolescente. Suspirou enquanto se retirava da cama, seu irmão também havia acordado com o estrépito de duas vozes gritando entre si. 

— Volte a dormir, vai ficar tudo bem. — Disse beijando-o na testa. O garoto assentiu com a cabeça, ingênuo e inocente.

Fitou a brava irmã mais velha sair com alvoroço do quarto escuro, mas os gritos aumentavam; pareciam se aproximar. E, com um medo colossal espalhando-se gradativamente, levou suas mãos na direção de seus pequenos ouvidos enquanto deitava-se na cama temendo que o pior acontecesse, mais uma vez.

Seu destino era certo e preciso. A trajetória não muito longínqua parecia ser uma estrada sem fim. A jovem loira estava farta e cansada daquilo acontecer mais uma vez, das noites mal dormidas, do sonho de ir para universidade ser despedaçado a cada dia.

 Tentou se acostumar, mas sempre temeu o que estava acontecendo naquele instante. E, com um afinco jamais visto, adentrou em um quarto pequeno e parcialmente escuro. Correu na direção de um berço, a recém-nascida chorava intensamente com o barulho de outrora. Pegou-a no colo tentando acalmá-la, evitar o seu desespero era o trabalho de Sofia, afinal, a sua pequena irmã não tinha culpa te der nascido em um lar tão turbulento.

— Você é um idiota! Já estou cansada disso! — A voz de uma mulher soou pelo ambiente alcançando o quarto da recém-nascida. — Eu não aguento mais!  Quando você vai parar de fazer isso?

— Quando eu quiser, sua vagabunda imprestável! Não posso tirar um dia sequer para descansar? Para ficar livre de vocês por um momento? — Uma voz masculina e potente se sobrepôs.

— Não todo santo dia!

— Xiiih, pare de chorar... por favor, não chore — Sofia aninhava a irmã caçula no colo. Suas mãos estavam trémulas e sua respiração arfante. Temia que descobrissem que estavam acordadas, temia que seu pai pudesse fazer algum mal para elas. — Estou aqui, Claire, fique calma...

Olhou a porta semiaberta do quarto. A luz vinda da sala deixava o cômodo parcialmente iluminado, o que apavorava Sofia. Fechou a porta com um cuidado extremo, Claire ainda estava assustada com os barulhos e não cessava as lágrimas.

— Pare, por favor! Só pare, Claire! — Sofia não aguentou. As próprias lágrimas surgiram em sua face tristonha e amedrontada. Beijou a testa da irmã mais uma vez, no entanto, era Sofia quem estava com medo.

Medo de todos os dias ir dormir preocupada com o acordar. Temia a escuridão da noite por não saber quando ele chegaria e, apesar de fechar seus olhos quando deitada em sua cama, Sofia permanecia acordada apenas o esperando.

— Eu cuido de você, Claire... não se preocupe, estou aqui com você. — A loira balbuciou em um tom de sussurro. O barulho de um vidro se partindo soou no lado de fora do quarto. As pernas de Sofia ficaram bambas de súbito, sentou-se na frente da porta do quarto apoiando suas costas na mesma. Claire, ainda agitada, chorava nos braços da irmã mais velha.

E ambas ficaram ali, rodeadas pela escuridão e pelo medo que pairava sobre ambas.

                                                             ...

Sentiu a calorosa mão de Ethan envolver seu punho direito, enquanto a respiração quente e viva do rapaz surgiu ao lado de seu ouvido. Sofia fita o amado com uma expressão preocupada em face, sentia que algo de ruim estava prestes a acontecer.

— Ficará tudo bem, estou aqui com você — Ethan cochichou e aloira estremeceu. Lembrou-se da frase dita inúmeras vezes para seus irmãos, engoliu em seco tentando evitar tais recordações. — Sofia?

Inspirou e expirou lentamente. A imagem do Governador em cima de um tanque de guerra fazia um calafrio percorrer em sua espinha. Phillip estava bem diante de seus olhos claros, o homem que matou Seth e outros companheiros de seu grupo estava agora na frente da prisão.

— Nem tudo ficará bem. — Sofia pensou em voz alta. Não queria criar falsas expectativas, muito menos parecer esperançosa como a jovem Beth.

— Segurem — Glenn entrega duas armas para Ethan e Sofia, respectivamente. O asiático havia distribuído para os demais sobreviventes da prisão que se reunião na cerca principal e apenas presenciavam tal situação. — Precisamos ficar preparados, estamos com um psicopata bem na frente do nosso lar.

— Os carros que coloquei dias atrás estão espalhados pelo pátio. Alguns estão no próprio campo da prisão, caso algo ruim aconteça, se refugiem por detrás deles. — Michonne informou fazendo todos desviarem suas atenções para a negra.

— Iremos revidar, é isso? — Milton questionou com sua voz trêmula.

— Isso é uma guerra, Milton. Não iremos fugir ou entregar a prisão para Phillip, é claro que iremos lutar e revidar caso nos ataquem. — Andrea respondeu ríspida e realista. A loira direcionou seu olhar para o Governador mais uma vez. Lembrou-se dos dias que viveu em Woodbury, das torturas que sofreu.

— Carol e Tyresse estão com eles — A voz sábia e rouca de Hershel soou no mesmo instante. — Se esse algo de ruim que vocês falam acontecer, os dois não irão sobreviver. Na verdade, serão os primeiros alvos.

— Não podemos fazer nada, pai. — Maggie estava triste e preocupada com toda situação. A Greene mais velha já vinha demonstrando sinais de preocupação com a guerra, e ver a prisão ser cercada por homens e por carros a deixou ainda mais nervosa.

— Rick está lá na frente, temo que consiga escapar com vida caso Phillip ataque. Precisamos agir daqui mesmo. — Andrea completou sendo interrompida por um berro do Governador.

— Michonne, sua filha da mãe! Você irá pagar por tudo que me fez naquele dia, irei estripar você por inteira, cortarei seus braços e suas pernas e então arrancarei os seus dois olhos! — O Governador continuou demonstrando o quão psicopata era. — Milton seu rato covarde, não irei me esquecer de você! O mesmo serve para você, Andrea, achou que poderia nos trair e sair ilesa?

— Desgraçado, juro que vou parti-lo em dois quando tiver a oportunidade. — Michonne ralhou trincando os próprios dentes.

— Ainda assim não será o suficiente para vingar a morte do meu pai. — Scott, o irmão mais novo de Sofia, afirmou com um olhar raivoso e punhos cerrados. O loiro desenvolvia um ódio gigantesco de Phillip, por tê-lo enganado, pela morte de Seth, por tudo que fez com Sofia.  — Ele merece muito mais que isso.

Sofia ouviu as palavras do irmão, mas seus olhos estavam completamente fixos no Governador e, com um simples erguer dos braços, a respiração de Sofia — assim como a de todos os sobreviventes da prisão — ficara anelante. Os orbes arregalados comprovavam o temor que todos sentiam ao ver tal ação do Governador, mas eis que o pior havia acontecido, e com um golpe sádico e desumano, a esperança de todos foi arrancada como uma flor é arrancada de um chão.

Carol foi brutalmente assassinada. Há quem desvie a visão para não presenciar uma cena tão absurda e brutal, mas, de qualquer forma, todos compartilhavam o mesmo sentimento, a mesma revolta, a mesma indignação. Carol foi degolada por Phillip, levando as boas lembranças consigo.

— Carol! — O grito atordoante e repleto de angustia saiu como um estrondo para os ouvidos dos demais. Sofia berrara intensamente, não conseguia aceitar o fato de Carol ser morta bem na sua frente e não ter feito nada.

Foi Carol quem primeiro acolheu Sofia quando a mesma entrou para o grupo da prisão, desde então, ambas compartilhavam um carinhoso laço afetivo, não só porque Sofia tem o mesmo nome da falecida filha de Carol, mas sim porque as duas sofreram de maneiras semelhantes; Carol sofreu na pele o que Sofia via acontecer todas as noites com sua mãe.

Sofia permaneceu estagnada, não conseguia descrever o turbilhão de sentimentos que sentia naquele instante. A imagem da cabeça de Carol rolando pelo chão se repetia em sua mente diversas vezes, deixando-a chocada e desnorteada.

— Carol... — A voz de Glenn saiu baixa e tristonha, o coreano quase demonstrou a mesma reação de Sofia, se não fosse por um brado retumbante de Rick. — Atirem, agora! — Glenn ergue a arma de fogo, disparando por dentre as brechas da cerca na direção do exército de Woodbury.

Maggie esboçou a mesma reação de Sofia. Seu olhar estava distante e exalava um profundo choque diante da cena de outrora. A filha mais velha de Hershel larga a própria arma no chão enquanto suas mãos tremiam demasiadamente.

— Mag! — Glenn tentou trazê-la de volta, sem sucesso. O descendente de asiáticos não conseguia dividir sua atenção entre disparar contra os invasores e ajudar a esposa.

— Maggie, me escute — Hershel caminhou na direção da filha acariciando o seu ombro direito. — Você precisa lutar, por todos nós! Não há tempo para lamentações, você precisa lutar! — Hershel segurou as duas bochechas de Maggie erguendo a face da filha vagarosamente até trocarem olhares aflitos e temerosos. Pai e filha se entreolham por longos segundos. — Você sabe que farei de tudo para manter você e Beth vivas!

— Pai... — Maggie sibilou com dificuldades. A mulher solta um suspiro enquanto apunhalava a própria arma mais uma vez e se preparava para a guerra já iniciada.

Ethan efetuava os disparos ao lado de Glenn, o rapaz conseguia eliminar alguns capangas do Governador antes mesmo que adentrassem na prisão. Ethan olhou apressadamente Rick correr para detrás do ônibus capotado na prisão, fitou de relance a situação de Sofia enquanto voltava-se para os demais sobreviventes.

— Rick precisará de ajuda! — Exclamou em meio aos barulhos dos disparos.

— Eu vou até lá, não se preocupe. — Andrea responde arfando em nervosismo. A loira retira a pistola que carrega do coldre marrom, erguendo-a enquanto esperava Scott abrir a cerca. — Só preciso de cobertura.

— Não posso deixar que faça isso, Andrea — Milton interrompeu colocando seu braço direito no caminho da sobrevivente. — É suicídio, você será um alvo fácil.

— Você ainda não entendeu, Milton? Nós estamos em uma guerra, e escolhemos o nosso lado, agora precisamos defendê-lo sem hesitar. — Andrea respondeu, assentindo para Scott.

Andrea estava ciente que suas ações eram arriscadas e poderia custar sua vida, mas a loira compreendia que aquilo era para um bem maior; Rick liderou o grupo de Atlanta por longos meses e, mesmo tendo algumas desavenças, o xerife a aceitou quando decidiu retornar para o grupo da prisão. Andrea permaneceu no lado errada por longos meses, mas agora finalmente encontrou seu lugar, retornou para o seu antigo grupo.

E, assim que cerca fora aberta, Andrea dispara na direção de Rick, correndo pelas laterais da prisão. Os tiros dos seguidores de Phillip logo surgem em sua direção, muitos passam bem próximos à Andrea, mas nenhum a atingiu de fato.

— Milton, quero que você fique na passarela — Michonne proferiu com um semblante sério em face, entregando uma arma de porte maior para o cientista. — Você será mais útil lá em cima, se perceber que um de nós precisa de ajuda, atire.

Milton ajeitou os próprios óculos antes de apunhalar a arma de fogo e correr para a passarela da prisão. Apesar de estar visivelmente amedrontado, Milton queria fazer sua parte no seu atual grupo, principalmente depois das palavras ditas por Andrea.

— Passem pelas cercas com o tanque! Armas em punhos, vamos entrar! — Phillip fez uma pausa enquanto fitava a prisão com um olhar sádico. — Matem todos eles! — A ordem foi feita, e o tanque de guerra finalmente deu partida na destruição da prisão.

— Isso não pode estar acontecendo... — Ethan sussurrou. O sobrevivente estremeceu por inteiro ao ver e ouvir o barulho do tanque de guerra vindo em sua direção. Olhou para Sofia, a loire retrocede dois passos ao ver o veículo militar destruir as cercas que um dia representaram um sinal de proteção para si e para todos os sobreviventes do presídio.

— Vamos para os carros, agora! — Michonne berrou correndo na direção dos automóveis espalhados pelo pátio onde estava. Hershel e Scott seguem a negra, este último ajudando o patriarca dos Greene a caminhar com rapidez devido às muletas.

Os carros — devidamente equipados — do exército de Woodbury avançam no campo da prisão. A essa altura, Andrea já havia alcançado Rick por detrás do ônibus capotado do presídio. O tanque de guerra dava progresso em sua trajetória na frente, enquanto os capangas que estavam a pé e o próprio Governador seguiam mais atrás, protegendo-se dos disparos do grupo de Rick.

— Dispare! — O Governador ordenou, e eis que o capanga que comandava o tanque efetua o primeiro disparo, atingindo e destruindo uma das enormes paredes da prisão, a qual pertencia ao bloco de celas D.

— Não podemos ficar aqui — Ethan pensou em voz alta ao olhar o dano feito na parede da prisão, analisou Sofia por alguns segundos, percebendo que ela estava abalada e em choque. — Vamos, Sofia! Sofia! — Ethan puxa a loira pela mão, levando-a até a picape vermelha estacionada perto da entrada do bloco de celas C.

O casal se agacha atrás do veículo, Ethan olha de relance para Michonne e os demais que se refugiavam atrás de outro veículo, um pouco mais distante de onde estava. Maggie e Glenn continuavam disparando pelas cercas, abrigando-se nos muros das torres. Milton fazia a guarda na passarela, enquanto Rick e Andrea contornavam o ônibus.

— Os disparos começaram há alguns minutos, e logo depois veio outro estrondo como o de antes, algo aconteceu — Lori aninhava Judith em seu colo. — Precisamos ficar a par da situação. Não posso ficar aqui dentro sabendo que algo de ruim está acontecendo lá fora, preciso ver o que está havendo, como o Rick está.

— Não se preocupe, Lori. Você precisa ficar calma, não irá ajudar ficar nervosa assim. — Donna tentou acalmá-la.

— Donna tem razão — A voz do pequeno Carl ecoou pelo bloco de celas C. — Não iremos ajudar se formos lá, Judith precisa ficar segura. Nós ficaremos aqui e esperamos os outros voltarem. — O filho de Rick e Lori soava como um líder.

— E se for o Governador? E se ele estiver nos atacando? — Billy surgiu juntamente a seu irmão gêmeo, Ben, e Beth. — Não ficarei parado.

Todos se entreolham por alguns segundos, as ordens de Rick foram claras e Carl sabia que precisava manter Lori e Judith seguras, assim como os outros sobreviventes que permaneceram no bloco de celas por precaução.

— Ah cara... — Ben resmungou levando as próprias mãos à cabeça. — Nós vamos morrer! Estamos perdidos! Mãe, nós vamos morrer feito o papai! Se esse Governador e seus homens entrarem aqui dentro, nós iremos morrer!

— Não repita ou sequer pense nisso que você acabou de falar, ouviu? — Billy ralhou com o desespero e o péssimo do irmão, algo que já vinha sendo alimentado há alguns dias com atitudes e conversas estranhas por parte de Ben. — Confie no Rick e nos outros.

— Você é muito estúpido, Billy. Quantas vezes vou ter que te dizer isso? — Ben retrucou caminhando na direção do irmão enquanto o empurrava severamente. —Quem vive é assombrado pelos mortos, nós somos o que somos, e fazemos o que fazemos porque eles ainda estão aqui... em nossas cabeças, na floresta... o mundo inteiro é assombrado agora e não tem como fugir disso, não tem como fugir da morte.

— Billy e Ben, parem agora! — Donna exclamou mais rígida que o normal. — Não quero que vocês dois troquem uma palavra sequer, ok? Vocês não têm a noção do que estamos passamos, da angustia que eu e Lori estamos sentindo aqui. Só queremos o bem dos nossos filhos, então não briguem em uma hora dessas! E você, Ben, nunca mais fale uma coisa dessas, procure um pingo de esperança que há dentro de você.

Um silêncio angustiante prevaleceu no bloco de cela. Beth ainda caminhava com dificuldades devido à bala que perfurou sua perna dias atrás, a loira não estava totalmente recuperada, mas tinha a ajuda generosa de Billy.

 Os disparos se intensificam no lado de fora da prisão, e os sobreviventes se viam cada vez mais desesperados diante da situação em que se encontravam. Lori era quem mais demonstra sua preocupação, Judith acabara de completar seis dias desde que nasceu segundo os cálculos de Lori, a pequena bravinha estaria exposta caso participassem da guerra.

— Eu tive uma ideia, não sei se dará certo, mas vale à tentativa — Carl surpreendeu a todos quando começou a proferir. — Nós podemos contornar a prisão, sairíamos pela parte cedida, a mesma que Tyresse e vocês entraram — O garoto com chapéu de xerife olhou para Donna e para os gêmeos — Alguns de nós se escondem na floresta ou em uma área segura, o resto faz o contorno até a entrada; estaremos livre do ataque e ainda poderemos ajudar o papai e os outros.

— Carl... — Lori não consegue prender as lágrimas de orgulhos que surgiram após o discurso do filho mais velho e, pela primeira vez, Lori o viu como um homem, como um garoto que toma atitude de adultos. Lembrou por alguns segundos da relação conturbada que tinham na época da fazenda, mas agora tudo mudou, Carl cresceu.

— Isso pode dar certo — Beth sorria para os demais. — Todos aqui estão armados, certo? — Indagou enquanto todos assentiam com a cabeça, no entanto, o grupo é surpreendido por outro estrondo, mais alto e mais potente que o anterior.

— Precisamos ir, está se aproximando. — Billy conclui enquanto todos correm na direção do bloco de celas A, prontos para partirem e seguirem com o plano de Carl.

Nos arredores da prisão, a silhueta de três homens tornava-se presente na longínqua estrada do local. Dois estavam estirados no chão, enquanto apenas um permanecia de joelhos. Sangue já era algo intrínseco ao asfalto, mas Daryl não parava de disferir facadas por todo o corpo — já sem vida — de César Martinez.

Os movimentos foram intensos no início, mas já perdiam a velocidade e a força principalmente pelo cansaço que tomava conta do caçador. Daryl continuou ao lado do corpo de Martinez, atacando-o diversas vezes, pelo simples motivo de não querer ver ou encarar o que o mesmo fizera com o próprio irmão.

Daryl estava sozinho, desolado, exausto e abalado com todos os acontecimentos recentes. Partiu em direção à Woodbury, pretendendo arriscar a própria vida para trazer Carol sã e salva para a prisão, assim como Carol fez.

Após tantos golpes disferidos e espalhados nas diversas partes do corpo do seguidor de Phillip, era impossível que Martinez retornasse como um errante, mas Daryl, inconformado com a morte do irmão, queria que César voltasse à vida para poder matá-lo mais uma vez.

— Merle... — Daryl sibilava o nome do irmão em um tom de voz quase inaudível. O corpo de Merle estava estirado no asfalto, não muito distante do caipira e do corpo de Martinez. Uma poça de sangue já se espalhava ao redor de Merle, enquanto o ferimento causado por Martinez estava exposto em sua barriga.  — Merle...

Daryl ergue a cabeça; deixou o sol estridente incomodar os próprios olhos, já não conseguia esconder as lágrimas, ao mesmo tempo em que a raiva tomava conta de si, mais uma vez. Porém, eis que um barulho conhecido a Daryl veio à tona, um grunhido que todos já estavam acostumados a ouvir. Mas Daryl custava acreditar que aquele barulho estava vindo de uma pessoa que, apesar dos empecilhos, era sua família.

Olhou para o lado, a imagem do próprio irmão reanimando-se aos poucos lhe causava uma comoção jamais sentida antes. Merle morreu, e ainda retornou como um errante, como um dos seres que Daryl elimina todos os dias.

O Dixon mais velho realiza alguns movimentos, pondo-se em pé com certa dificuldade enquanto já caminhava na direção da carne fresca de Daryl. O que minutos atrás fora o irmão mais velho de Daryl, ergue os dois braços, cambaleando de maneira desorientada e ainda emitindo sons típicos de transformados.

Daryl não teve reação, simplesmente chutou a perna de Merle fazendo-o ir ao chão instantemente. O caçador olhou o irmão transformado se arrastar pelo asfalto sedento em carne, deixando sempre suas mandíbulas à mostra.

— Não, Merle... — Daryl emitia tais palavras em voz baixa enquanto se imergia em lágrimas de dor e sofrimento. O caipira apunhala a própria faca enquanto disferia um único e preciso golpe no crânio do transformado. Merle finalmente cessa os movimentos enquanto Daryl o encara ainda de pé. — Eu te amo, irmão.

Suas pernas estremecem, Daryl sucumbe à dor de ter perdido uma ente tão querido, mesmo que às vezes não queira admitir a importância de Merle em sua vida. O caçador vai chão, deitando-se ao lado do corpo já sem vida do próprio irmão. E Daryl chorava incessantemente.

Agora, mais do que nunca, Daryl pôde sentir e compreender a dor que Sofia sentiu meses atrás, quando perdeu a própria irmã. Daryl entende o quanto a perda de um ente querido pode provocar uma dor e um sofrimento capaz de deixá-lo em pedaços.

Lembrou-se do que Sofia fizera no passado, a única coisa que pudera ser feito com Claire no mundo que vivem agora; uma cerimônia de despedida singela. E, assim como Sofia, Daryl caminhara vagarosamente com o corpo pesado de Merle em seus braços em direção à prisão, tudo que poderia ser feito era um enterro digno para Merle em um lugar onde o mesmo fazia, de fato, parte.

Na prisão, o tanque avassalador de Phillip avançava sem piedade. Os disparos efetuados por Glenn e pelos demais sobreviventes da prisão atingiam a lataria do veículo de guerra sem causar nenhum dano sequer. Enquanto isso, Phillip e seus seguidores caminhavam por detrás do tanque vagarosamente, porém, o líder de Woodbury fora surpreendido por um disparo vindo diretamente da passarela da prisão. Tratava-se de Milton com a sniper entregue por Michonne, o cientista atinge o solo bem ao lado do Governador, faltando pouco para acertá-lo.

— Dispare na passarela, agora! — Como resposta ao ataque de Milton, o Governador de Woodbury ordena os movimentos do tanque de guerra, ao qual efetua um fortíssimo disparo na direção da passarela onde Milton estava, não havendo tempo para que o mesmo pudesse fugir.

A passarela da prisão é completamente destruída com o ataque, já o corpo de Milton é lançando para longe assim como os destroços e alguns blocos de concreto que formavam a passarela. O corpo do cientista é banhando pelo próprio sangue, enquanto boa parte da pele de Milton fora queimada com a explosão.  

Sem notar a presença sorrateira de Rick, Phillip é surpreendido quando o xerife contorna o ônibus capotado e avança em cima do Governador com um alvoroço jamais visto.

— Rick! — Andrea se surpreende com a atitude do líder que decide partir para a agressão física ao invés do uso de armas de fogo. A loira, sem poder fazer nada, apenas observa o embate entre os dois enquanto efetuava alguns disparos nas costas dos seguidores de Phillip que já se espalhavam pelo campo da prisão.

Com o ataque de Rick, ambos vão ao chão imediatamente, contudo, é o xerife quem fica por cima e com vantagem nos ataques, disferindo golpes rápidos e extremamente fortes na face de Phillip. Este por sua vez consegue revidar com uma joelhada na região abdominal de Rick, jogando-o para o lado e, com um movimento extremamente rápido, Phillip efetua um chute na face do xerife, deixando-o desacordo por alguns segundos.

— Seu desgraçado! Rick! — Andrea gritou ao ver o estado do líder do grupo da prisão. Phillip vira-se na direção da loira, encarando-a com seu olhar sádico e maníaco de sempre.

— Andrea... sempre tomando atitudes tolas — O  Governador começou a proferir enquanto caminhava lentamente na direção de Andrea. — Você errou por ter me traído, você dispensou uma cama quente por essa vida miserável?

— Não, Phillip... — Andrea sibilou deixando-o se aproximar um pouco mais enquanto retirava seu pequeno canivete da cintura e o direcionava na garganta de Phillip. — Eu só escolhi meu verdadeiro lar do que uma vida de ilusões.

No entanto, Phillip consegue segurar o braço direito de Andrea, fazendo-a largar o canivete enquanto jogava-a na direção do ônibus capotado, envolvendo suas mãos no pescoço da loira.

Andrea tenta reagir, mas a força que Phillip realizava era muito superior e logo estaria sem condições de respirar. A atenção do Governador é atraída quando uma quantidade razoável de andarilhos adentra no campo da prisão através das cercas derrubadas pelo tanque de guerra. Os zumbis se dispersam pelo campo enquanto uns devoram os corpos já mortos dos capangas de Phillip, e outros caminham pelo campo em busca de carne viva.

— Vagabunda... vocês estão mortos. — Phillip menospreza Andrea cuspindo em sua face enquanto disfere um soco na loira fazendo-a ir ao chão. — Os errantes farão meu trabalho por mim. — O Governador deixa Andrea e Rick estirados ali mesmo enquanto os zumbis se aproximavam.

Hershel e Scott disparavam por detrás de um dos carros do pátio da prisão, o irmão mais novo de Sofia estava mais próximo da lataria frontal do carro e era ele quem mais  conseguia eliminar os invasores.

— Michonne? — Hershel indagou em voz alta ao perceber a ausência da samurai no local onde estavam, contudo, a atenção do veterinário volta-se para Maggie que realiza um grito de desespero.

Glenn havia sido atingido na região do ombro esquerdo, contudo, a bala não havia se alojado o que facilitaria a recuperação do asiático. Maggie oferece apoio ao companheiro, ajudando-o a correr na direção contrária aos atiradores.

— Maggie, Glenn... eu dou cobertura a vocês. — Ethan sussurrou disparando contra os invasores mais próximos ao casal. Sofia estava ao lado do amado, a loira não estava mais pensativa como antes, muito pelo contrário, tornou à realidade e já ajudara Ethan.

— Você consegue ver o Rick? — Sofia pergunta a Ethan, que nega com o silêncio. — Precisamos sair daqui, encontrar outro local estratégico para ajudar quem pudermos.

— É muito perigoso sair agora, o tanque está se aproximando. Não viu o que fizeram com o Milton? Seremos alvos fáceis.  Vamos esperar um pouco, temos que observar a situação de ambos os lados. — Ethan responde enquanto recarrega a arma.

Na parte interna da prisão, o grupo remanescente no bloco de celas C já partia em direção ao bloco A, como planejado por Carl. O jovem Grimes liderava os sobreviventes estando mais à frente, com Donna e Lori — juntamente à Judith —, Beth e os gêmeos mais atrás.

— Espero que tenham conseguido, estou muito aflita — Beth lamentou. — Espero que Maggie e o papai saiam ilesos disso tudo, seja lá o que está acontecendo.

— Eles vão, pode ficar tranquila. — Billy respondeu, sorrindo para Beth.

— Aqui, só mais esse corredor e chegamos à parte cedida da prisão, logo estaremos no lado de fura, só precisamos ultrapassar o bloqueio que fizemos semanas atrás. — Carl informou, guiando o grupo de sobreviventes.

Alguns errantes presentes no bloco de celas A acabam sendo atraídos pela presença dos seis sobreviventes mais a pequena Judith. Os andarilhos surgem de maneira irregular e dispersa pelo local; dois são facilmente eliminados por Carl, enquanto um zumbi surge dentre de uma sala a qual a porta estava aberta.

O errante praticamente se joga em cima de Billy, levando-o ao chão enquanto tentava abocanhá-lo de qualquer maneira. O loiro gritou desesperadamente, contando com a ajuda de Beth, que também é surpreendida por um transformado que surge por detrás, para a infelicidade de ambos.

— Billy! — Donna gritou ao ver o filho se debatendo com um andarilho por cima de si. Carl ameaça ajudá-los, porém meia dúzia de caminhantes surge da mesma sala, andejando na direção de Carl, Donna e Lori, impedindo-os de ajudarem.

— Socorro, Ben! — Billy gritou, implorando pela ajuda do irmão e  percebendo que o mesmo era o único livre.

— Beth!? — Lori e Carl gritaram em uníssono, tentando obter alguma resposta do outro lado do corredor. A loira e filha mais nova de Hershel consegue eliminar o errante que a pressionava contra a parede do local, voltando-se imediatamente para Billy.

— Estamos bem, vamos conseguir sair daqui! Prossigam, logo! — Beth gritou, apunhalando sua pistola e disparando no crânio do zumbi que estava em cima de Billy, fazendo-o cair já sem vida em cima do jovem.

— Eu não posso deixá-los lá! — Donna ralhou tentando ir de encontro aos filhos e à Beth, porém a ex-obstreta é detida por Lori e por Carl.

— Precisamos seguir em frente, Donna! Judith não pode ficar aqui dentro com esses zumbis, Beth disse que está tudo sob controle, fique tranquila! — Lori tentou tranquilizar Donna enquanto já ultrapassavam a porta que ligava à área externa e cedida da prisão e percebiam que o dia só estava piorando.

— Carl...? — Lori sibilou ao perceber a quantidade volumosa de errantes que ultrapassavam vagarosamente a brecha que o carro, posto por Glenn para bloquear a abertura dos muros, possuía entre uma cerca e outra. — Temos que voltar, agora!

O jovem Grimes ficara estagnado ao perceber que seu plano não saiu como de fato planejou. A abertura da área cedida possibilitava e explicava a presença dos errantes no bloco de celas A, que já havia sido limpo diversas vezes pelos sobreviventes.

— Billy, você está bem? — Beth perguntou, ainda em pé enquanto o loiro estava sentado no chão e havia acabado de retirar o zumbi morto por Beth de cima de si. — O que deu em você, Ben? Simplesmente ficou observando seu irmão ser atacado!

Ben olha com desprezo para Beth, o loiro logo volta sua atenção para o próprio irmão enquanto erguia lentamente sua pistola na direção de Billy. As mãos de Ben estavam trêmulas, mas o adolescente estava disposto a atirar em Billy.

— Nós vamos morrer de todo jeito... — Ben sussurrou em um tom de voz quase inaudível. Seus orbes azuis estavam arregalados e assustados, Billy não conseguia compreender a atitude do irmão e nem sequer teve tempo para evitar o primeiro disparo que atinge seu braço esquerdo. — Todos vão morrer...

Ben se prepara para disparar mais uma vez, sendo surpreendido por Beth, que mais fugaz, efetua um disparo certeiro no crânio de Ben, fazendo-o ir imediatamente ao chão enquanto o sangue é jorrado pelo chão do corredor.

— Corram, agora! — Carl gritou retrocedendo o caminho com Lori e Donna ao seu lado. Ambos fugiam dos errantes que escapavam da área logo atrás de onde estavam. Carl, com o auxilio de Beth, consegue eliminar o restante dos zumbis que vagavam pelo corredor, mas Donna logo se desespera ao reparar no corpo sem vida de seu filho Ben.

— Meu Deus... o que aconteceu? Ben? — Donna ficara boquiaberta enquanto adeja na direção do corpo do filho, agachando-se enquanto gritava loucamente. — Ben!

— Ele estava maluco, mãe! Tentou me matar duas vezes, se não fosse pela Beth provavelmente eu estaria morto! — Billy explicou aos gemidos sendo ajudado por Beth a se levantar.

— Donna, precisamos partir, agora! — Lori tentou fazer a amiga prosseguir com o caminho de volta ao bloco de celas C, porém, a ex-obstreta é surpreendida por caminhante que por detrás acaba mordendo a região do pescoço de Donna, arrancando boa parte de sua carne e pele.

— Donna! — Lori gritou ao ver a amiga ser devorada. Billy também se desespera, mas acaba sendo puxado por Beth, enquanto Lori, Judith e Carl corriam juntamente ao casal de volta par ao bloco de celas C.

No pátio da prisão, a guerra se intensifica quando o tanque de guerra invade a cerca principal e adentra no pátio onde todos os sobreviventes se defendiam. Os homens de Woodbury se espalham rapidamente pelo local, assim como o próprio Governador.

Uma pequena horda de transformados já havia sido atraído pelos disparos das armas de fogo e os estrondos causados pelo tanque de guerra. Muitos já haviam adentrado no campo da prisão, e logo entrariam no pátio da mesma.

— Andrea! — Michonne, fugaz e assaz impiedosa, surge correndo pelo campo da prisão. Sua katana refletia a luz do sol ardente do local e, com ela, a mulher realizava diversos golpes precisos e firmes. — Precisamos sair daqui, venha!

Rick retoma a consciência a tempo de também ser salvo por Michonne, o xerife é ajudado por Andrea enquanto Michonne limpa a área decapitando e degolando todos os zumbis que surgiam em seu caminho. Até que um lhe chamou a atenção; Tyresse caminhava em passos irregulares e tortos, o irmão de Sasha havia sido morto — provavelmente pelos capangas de Phillip — e já havia retornado como um zumbi.

— Sinto muito, Tyresse. — Michonne lamentou, cravando sua katana no crânio do jogador de basquete enquanto tornava a correr com Andrea e Rick.

— Eles estão aqui — Sofia observou a chegada de Phillip e do tanque de guerra, assim como os seguidores restantes de Woodbury. — Os errantes já foram atraídos, precisamos ir para a torre, nos abrigarmos lá e termos uma visão ampla de tudo.

— O tanque ainda pode disparar na torre, estaremos perdidos. — Ethan rebateu a proposta de Sofia, deixando-a ainda mais nervosa. — Glenn arranjou algumas granadas quando fomos saquear aquela base militar, sei que Carol levou algumas quando atacou Woodbury, mas ainda deve restar alguma coisa.

— Vamos até o Glenn e a Maggie então, eles estão com o Hershel e o Scott agora. — Sofia respondeu enquanto Ethan respira fundo, estavam em uma situação complicada e logo seriam encurralados.

O casal se entreolha por alguns segundos, mas logo correm na direção do outro veículo ao qual os demais se abrigavam. Muitos disparos são efetuados na direção de Ethan e Sofia, mas os dois tiveram a ajuda de Glenn e Maggie para que corressem com segurança.

— Vocês estão bem? — Maggie perguntou, nervosa.

— Sim, precisamos das granadas, Glenn. — Ethan respondeu apressado. — Precisamos dela para destruir o tanque e evitar que mais estrago seja feito.

— Como pude esquecer-me das granadas?  Elas estão na mochila... — O coreano começou a explicar enquanto procurava a mochila sem conseguir encontrá-la. — Onde eu as deixei?

— Ali. — Sofia apontou com uma voz séria. A mochila estava jogada perto da torre principal onde o tanque e os soldados já estavam por perto. — É impossível chegarmos lá, seremos mortos antes mesmo de alcançá-la.

— Eu vou. — Scott Gibertt tomara a iniciativa, correndo na direção da picape vermelha antes mesmo de Sofia reivindicar. O jovem adentra no veículo, dando a partida enquanto suspirava de tensão.

— Scott! — Sofia gritava intensamente, a loira tentou impedi-lo, mas além de ter sido tarde demais, Ethan e o restante dos sobreviventes não a deixavam correr. — Não interessa, eu vou atrás dele, ele é meu irmão!

Sofia consegue se soltar dos braços de Ethan, fazendo a volta no veículo em que estavam enquanto corria na direção de onde Scott fora, tentando pará-lo de todas as maneiras. Ethan corre atrás de Sofia, quase como um instinto ou impulso de querê-la segura e viva.

— Atirem! — Phillip gritou, e seus capangas obedeceram. Os disparos atingem o vidro frontal e lateral da picape vermelha que Scott pilotara. O irmão mais novo de Sofia rodopia — propositalmente — com o carro fazendo o lado do motorista parar bem ao lado da mochila, e de costas para Phillip e seu exército.

— Scott! — Sofia gritou, mas uma onda de disparos surge em sua direção. Ethan é obrigado a puxá-la para a torre central, adentrando na mesma enquanto Sofia ainda gritava bradava pelo irmão.

Lori, carregando Judith em seus braços, juntamente a Carl, Beth e Billy, rapidamente chegam ao pátio da prisão e finalmente percebem o que de fato estava acontecendo, aquela era a única saída visto que os blocos internos estavam sendo dominados pelos zumbis, mais uma vez.

— Mais ratos escondidos... — Phillip mirou sua arma com atenção e delicadeza na direção do quarteto de sobreviventes. O maníaco de Woodbury trincou os dentes antes de, finalmente, disparar contra os mesmos.

A primeira bala causa o maior impacto entre todos que presenciam tal cena; o disparo atinge Lori fazendo cair de súbito no chão enquanto a pequena e brava Judith é esmagada no processo. Phillip solta um sorriso lateral enquanto um disparo misterioso atinge seu braço esquerdo; tratava-se de Sofia e Ethan em cima da torre, já disparando e eliminando os capangas do Governador.

O corpo de Lori estirado no chão deixa Carl, e todos os demais sobreviventes, chocados com tamanha brutalidade de Phillip. O pequeno Grimes se ajoelha no chão, chorando inconformado com a perna da mãe e da irmã bem na sua frente. A única coisa visível em Judith foi seu pequeno braço à mostra, o resto transformou-se em uma mistura de sangues de Lori e da própria recém-nascida.

— Atire na torre, porra! — Phillip berrou ao ver que estavam atirando de cima da torre, contudo, antes que o próprio tomasse alguma medida, eis que Michonne surge por detrás fincando sua katana na barriga de Phillip enquanto eleva a arma branca — ainda dentro da barriga do líder — e rasga por completo o abdômen do Governador.

— Eu disse que te cortaria em dois. — Michonne ironizou, com Andrea e Rick ao seu lado. Maggie, Glenn e Hershel logo se aproximam ao perceber que Phillip havia sido derrotado, mesmo não percebendo as reais perdas de seu próprio grupo.

— Ethan... nós conseguimos? — Sofia perguntou já com os olhos marejados. Ethan a abraça com uma força e vontade imensa, o casal não consegue evitar as lágrimas de felicidade por saber que conseguiram derrotar Phillip e ganharam a guerra sangrenta.

— Nós conseguimos. — Ethan respondeu, separando-se dos braços da amada. — Nós vencemos, meu amor! — Ethan e Sofia se beijam por alguns segundos ainda na torre central.

Mas o destino nunca deixou de ser traiçoeiro com Sofia. O tanque de guerra, ainda sendo operado por um seguidor do Governador, dispara mais uma vez, atingindo a torre onde o casal estava.

E tudo aconteceu muito rápido. O estrondo foi imenso, e o zumbido ficaria no ouvido de Ethan por longos minutos, mas nada superaria a dor que estava prestes a sentir; fora Sofia quem sofreu com o ataque, afinal, a estrutura da torre foi parcialmente destruída, fazendo-a cair do outro lado, o lado do campo da prisão, ao qual já estava infestado de zumbis que inclusive rodeavam a torre.

— Sofia! — Ethan gritou desesperado ao ver a amada cair de súbito na direção dos errantes. As veias já surgiam no rosto de Ethan, que não conseguia conter as lágrimas e o desespero. — Sofia!

De baixo, Sofia só conseguia enxergar o rosto preocupado e ouvir a voz potente de Ethan, mesmo com o barulho dos grunhidos dos errantes se intensificarem cada vez que se aproximava do solo.

E tudo pareceu entrar em câmera lenta. Sofia queria dizer mais um eu te amo a Ethan, se despedir dos amigos e companheiros de grupo, mas nada disso foi possível. A loira finalmente alcança o chão tendo seu corpo tomado pelas diversas mãos pútridas dos errantes, logo não sentia mais dor ou sofrimento, apenas um bom pensamento surgia em sua mente.

Seu corpo foi dilacerado brutalmente, como se fosse um pedaço de carniça entregue aos urubus. E Sofia nada pôde fazer, apenas fitou o céu límpido, plácido e azul enquanto observava tudo se tornar, vagarosamente, preto outra vez.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Sei que muitos não vão gostar do final porque alguns preferem desfechos ''redondinhos'' com nada faltando ou coisa do tipo. E ficou obvio que não optei por isso, ficaram várias situações a serem abordadas ainda. Talvez irei postar um epílogo contando como ficou a situação dos sobreviventes após a Guerra.
Um enorme agradecimentos aos leitores queridos, a quem recomendou, favoritou, marcou em acompanhamentos, a quem é leitor fantasma também! Meu singelo obrigado! Tudo isso foi por vocês! Beijos, e até a próxima!



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