Black escrita por Artur


Capítulo 19
Capítulo 19: Guerra Total Part. III —This Darkness is the Ligth


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como estão? Sei que demorei muito para atualizar aqui, alguns de vocês sabem que ultimamente tenho tido pouco tempo para fazer tudo que desejo aqui no site. Com sorte, consegui encontrar um tempinho para atualizar a fic com o penúltimo capítulo! Isso, passou tão rápido!

Chegamos nos momentos finais, nas ações finais, a guerra total já começou e estamos caminhando para o clímax da fic! Teremos neste capítulo muito drama, tensão, ação e suspense! Todos terão um foco especial, e teremos algumas mortes! Isso, no plural! Aproveitem!



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Black

Capítulo 19: Guerra Total Part. III – This Darkness Is The Ligth

        Amanheceu na prisão. Um sol fraco pairava sobre a cabeça do sobrevivente que passara a madrugada na torre de vigilância da prisão. Merle assoviava conforme caminhava lentamente pelo pátio do presídio, seus olhos estavam cansados e ao mesmo tempo cautelosos.

— Levantou cedo hoje, hein? — O Dixon mais velho percebeu a presença de Daryl, ao qual andejava lentamente em sua direção. — O que faz aqui uma hora dessas?

— Vou assumir o posto. Não sabia que você passou a noite em patrulha. — Daryl respondeu com uma voz rouca e sem vontade alguma. — Onde a Sasha se meteu?

— Ela me pediu um favor, estou apenas cumprindo. — Merle respondeu com sorriso largo e amarelado. O caipira mais velho virou-se para as cercas que vigiava.

— Não precisa fazer isso, Merle. — Daryl balbucio ríspido e seco. Merle encara o irmão mais uma vez erguendo uma de suas sobrancelhas. — Não precisa forçar estar de bem com tudo, querer fazer de tudo para agradar esse grupo só porque você está aqui agora. Todos sabem que você foi um dos capangas de Woodbury, sabem que você...

— Você é um frouxo irritante pra cacete, Daryl! — Merle interrompeu a frase do irmão com um tom de voz um pouco mais elevado. — Sim, fui um soldado do Governador. Sim, espanquei o japonês, mas agora estou aqui e é isso o que importa. Não estou fazendo essas coisas para agradar alguém, Rick e os outros me aceitaram de volta, e estou tentando fazer o papel aqui evitando que você ou mais alguém morra para aquele filho da puta do Governador.

Um silencio predominou-se entre os irmãos. Daryl o encarara com uma face surpresa enquanto um sorriso de leve surgiu em seus lábios. O caçador assentiu com a cabeça entendendo a posição de Merle e, em um singelo gesto de afeto, abraçou-o feliz por ver uma pequena mudança em seu irmão mais velho.

No interior da prisão, por dentre as paredes cinzas e grossas do local, um som ecoou de maneira uniforme pelos corredores e o bloco de cela correspondente ao barulho baixinho e quase inaudível aos mais distantes.

Passara o algodão molhado em água pelos ferimentos de maneira vagarosa e calma enquanto ditava tais palavras. Seu olhar doce e sereno fitava as diversas cicatrizes em sua pele clara repleta de ferimentos recentes.

Pôs-se a cantar baixinho naquela hora da manhã. Uma vontade que há muito não sentia diante de tantos acontecimentos turbulentos. Passou a mão nos cabelos dourados enquanto inclinava sua cabeça na direção do ombro esquerdo, fixando-se no curativo que ali existia.

— …Each step i left behind... each road you know is mine. — Começou enquanto tocava levemente no ferimento tratado por Hershel e Donna. A loira diminuiu drasticamente o tom de voz ao continuar com a letra da melodia, porém, logo seguiu com um tom mais alto e, ao mesmo tempo, delicado. — If i could take your hand, if you could understand...

— Beth? — A voz de Billy surgiu na cela pequena na qual a loira dormia. Um dos filhos de Donna e do falecido Allen fora atraído pela belíssima voz da Greene mais nova. O loiro sentou-se na pequena cama ao lado da jovem enquanto se olhavam sorridentes. — Não sabia que você gostava de cantar.

Beth soltou mais um sorriso tímido. Pensou na mãe, fora ela quem lhe ensinou a tocar violão e a cantar. Lembrou-se dos bons momentos vividos na fazenda, mas a coloração sem vida da parede de sua cela lhe fez voltar para a realidade; vivia agora em um mundo diferente, em um mundo escuro e sombrio. Sua feição mudou, a loira abaixou a cabeça enquanto tornava a cantar.

— We fight every night for something, when the sun sets we’re both the same… — Fez uma breve pausa fitando o teto do ambiente enquanto engolia em seco e continuava com a música. — Half in the shadows... Half burned in flames.

A imagem do celeiro dominado pelas chamas veio à tona.

— ‘’Nós lutamos toda noite por algo...’’ — Billy pronunciou o trecho dito anteriormente por Beth interrompendo-a. — Essa parte não poderia se encaixar melhor na  situação atual de todos nós.

— Sim, toda noite estamos lutando por algo, estamos lutando para ter mais um dia de vida, de descanso, e quando finalmente dormimos, pensamos no dia de amanhã; na próxima luta que virá.

Billy e Beth se olharam em silencio por alguns segundos.

— Desculpe, pode continuar. — O filho de Donna proferiu envergonhado. Beth sorriu enquanto olhava para frente mais uma vez e focava na parede rachada da prisão.

— We can’t look back for nothing, take what you need say your goodbeys… I gave you everything and it’s a beautiful crime. — Beth realizou fez mais uma pausa, a loira permaneceu em silêncio e quando uma lágrima ameaçou escorrer pelo seu rosto, enxugou-as rapidamente. — Você acha que vamos conseguir sair dessa guerra sem nenhuma baixa? Sem que ninguém precise morrer? Nós podemos vencer?

— Não sei... já perdi uma das pessoas mais importantes na minha vida. Acho que não estou preparado para encarar mais alguma morte. — Billy respondeu deixando-a cabisbaixa, porém, o loiro continuou com sua frase enquanto segurava a mão direita de Beth. — Mas eu tenho certeza que iremos passar por tudo isso, e no fim de tudo, eu, você, minha mãe, seu pai, nossos irmãos... todos estaremos apenas lutando por mais uma noite. Fique tranquila.

A essa altura, alguns sobreviventes que já estavam acordados foram atraídos pelo canto de Beth. Sofia juntamente à Lori Hershel e Donna estava presente ao lado da cela onde Beth e Billy estavam. Os quatro observavam o diálogo dos dois jovens até que Beth continuou com sua música.

— We leaving the things we lost... leaving the ones we’ve crossed. I have to make an end so we begin, to save my soul at any cost. — Beth ditou tais palavras enquanto Billy ainda segurava sua mão e apreciava a melodia de Beth. A Greene mais nova parou por alguns segundos analisando a próxima parte da letra a ser proferida, assentiu sozinha com a cabeça enquanto prosseguia: — This darkness is the light... this darkness is the light.

Hershel e Donna se entreolharam sorridentes, estavam felizes por terem presenciado um lindo momento entre seus filhos. Lori permaneceu silenciosa enquanto Sofia, calada e com o olhar distante, encostou as costas na parede enquanto refletia as últimas palavras ditas por Beth.

— Essa escuridão é a luz.... — Sibilou em um tom de voz inaudível, Lori encarou a companheira percebendo o quão distante ela estava. Sofia sentiu algo de estranho ao ouvir tal canção, algo dentro de si foi despertado, um sentimento ruim e angustiante espalhou-se repentinamente. — Espero que seja.

Sofia custara a acreditar que todo momento ruim que estavam passando seria precedido por, de fato, uma luz que amenizaria o caos vivido por todos. A loira acredita que, quando tudo se tornar escuro, será algo irreversível. Fechou os olhos enquanto sua mão ia de encontro ao pingente prateado em seu pescoço.

Uma lembrança amarga surgiu quando sentiu o coração gélido do pingente. Sofia abriu os olhos fixando-se no cordão que sempre carregara consigo. Abriu o coração da ponta do pingente e visualizou com um semblante triste a foto de si e da própria irmã mais nova, Claire, em cada metade do coração.

 Cerrou os punhos ao relembrar do dia em que recebeu tal pingente como presente do já falecido pai, Seth. A loira engole em seco quando a imagem do próprio pai como zumbi fez-se em sua mente, assim como o corpo sem vida de sua irmã Claire erguida nos próprios braços de Sofia meses atrás.

— Sofia, está tudo bem? — Lori demonstrava preocupação com a jovem sobrevivente. A mãe da pequena Judith tocou no ombro direito de Sofia que retorna à realidade olhando-a com uma expressão confusa e preocupada. — Vamos para o refeitório, irei preparar o café da manhã de hoje.

Sofia assente com a cabeça retirando-se do local cabeça com os braços cruzados ao lado de Lori, assim como Hershel. No caminho até o refeitório da prisão, ambos se deparam com Ethan e Scott.

— Bom dia, loirinha corajosa! Como dormiu? Espero que seus ferimentos estejam melhores desde ontem. — Ethan nem ao menos tentou disfarçar a preocupação com sua amada. Sofia responde com um sorriso amistoso antes de se beijarem.

— Ainda não consigo me acostumar com isso. — Scott franziu o cenho para o casal enquanto Lori e Hershel sorriam para o adolescente.

— Um dia você irá, Scott. — Hershel sibilou com sua voz sábia e rouca. — Talvez demore um pouco, como foi o caso de Glenn e Maggie, mas esse dia chegará.

O momento foi interrompido quando um grito alto e potente ecoou pelos corredores do bloco de celas. Os sobreviventes que ali se reuniam logo mudavam suas feições com o berro agudo do líder enquanto buscavam qualquer informação clara a respeito de tal ação.

— Rick? Rick?! — Lori correu pelo local assim como todos os demais, chegando finalmente no esposo e ouvindo, com clareza, o que o mesmo gritava.

 — Carol! Vocês a viram? — Rick indagou com o mesmo tom de voz de antes. Tosos se entreolham sem entender tamanha preocupação do xerife. — Me respondam! Vocês a viram?

— Não, a última vez que a vi foi ontem durante a reunião. — Lori respondeu assustada.  — Por quê? O que está havendo, Rick? — O líder observou todos que ali estavam. Seu rosto estava sério enquanto arfava constantemente.

— Acho que ela invadiu Woodbury sozinha.

— O que? — Sofia e Ethan reagiram em uníssono.

— Ela estava inconformada por não agirmos contra o Governador depois do que seus soldados fizeram com vocês e do Tyresse ser sequestrado. Carol sugeriu que atacássemos a cidade enquanto eles não nos esperam. Já procurei em todos os lugares, ela não está na prisão. Carol foi à Woodbury.

— Isso não pode ser verdade. — Sofia cambaleou para os lados, levando suas mãos à testa visivelmente surpresa com a revelação. — Tem certeza que ela não está aqui? Ir lá sozinha é suicídio, Rick!

— Ela não foi sozinha. — A voz grossa e ríspida de Daryl soou pelo ambiente. O arqueiro surgiu com Merle ao seu lado, interferindo-se na conversa dos sobreviventes. — Sasha foi junto a ela, ambas foram à Woodbury.

— A Sasha? — Ethan questionou a menção de Daryl em relação à companheira de estrada. — Não me diga que ela concordou com Carol para poder trazer Tyresse de volta?

— Faz sentido, mas não deixa de ser uma loucura! — Lori exclamou, estando visivelmente nervosa e aflita com a situação. — Duas pessoas contra uma cidade inteira!

— Merle me contou que, durante a madrugada, Sasha pediu para ele assumir a vigília dela, falou que precisava espairecer pela floresta. Juntei as peças e assim que percebi, vim contar para vocês. — Daryl explicou. — Mas não achava que Carol fosse junto também. Nós precisamos ir, não podemos deixá-las sozinhas, Rick.

— Não sei se essa é uma boa ideia. Carol e Sasha partiram durante a madrugada, a essa altura ou elas destruíram Woodbury e estão a caminho da prisão, ou foram pegas e...

— Não, Rick! Nem ouse continuar com essa frase. — Lori interrompeu. — Elas não estão mortas, tenho certeza disso. O que não podemos fazer é deixar as duas em um lugar comandando por um psicopata desgraçado!

— Lori está certa, Rick. Não podemos fazer isso com as duas! — Ethan reforçou.

— Nós não podemos arriscar! Tudo que podemos fazer agora é esperar algo que responda nossos pensamentos. Vamos aguardar mais algumas horas, se Carol e Sasha tiverem sucesso com plano, logo estarão aqui. — Rick respondeu irritado com a situação em que se encontravam, sabia que deveria tomar alguma atitude arriscada em algum momento, mas torcia pelo sucesso das duas sobreviventes. — Mas não podemos simplesmente ignorar a possibilidade de falharem! Se as duas foram pegas... o Governador estará nos esperando com o dobro de cautela, seremos alvos fáceis!

— Droga, Rick! — Daryl exaltou-se com o companheiro de grupo. — Você nunca reconhece que está enganado. Sempre tentar tomar medidas que tomem um melhor rumo para todos, mas nunca age conforme deveríamos agir.

A indignação do caipira assustara a todos. Daryl relutava com sua opinião de ir atrás de Carol e Sasha, principalmente de Carol, alguém de extrema importância para si. 

— Você deve analisar os dois lados, Daryl! Estamos a poucos dias de uma guerra violenta, precisamos acreditar que as duas irão sobreviver a isso, foi uma escolha delas, só nos resta torcer! — Rick rebateu convicto em suas decisões.

— Não! — Daryl soltou um grito alto, atraindo as atenções de Andrea, Milton e os demais sobreviventes da prisão que estavam dispersos. O Dixon mais novo ergueu o dedo indicador direito na direção de Rick enquanto continuava exaltado. — Carol estava certa ontem à noite! Tínhamos que invadir Woodbury antes dessa contagem idiota para a guerra, não me diga que você acha que Phillip irá aguardar esses dois dias restantes para atacar?

— Daryl! — Sofia bradou com um tom de voz capaz de ultrapassar a discussão. Todos olham para a loira enquanto um silencioso desconcertante prevalece no local por alguns segundos. Sofia encara Daryl com seus olhos arregalados, o arqueiro calou-se enquanto retirava-se do ambiente.

— Cedo ou tarde ele irá entender. — Rick suspirou enquanto assentia com a cabeça e caminhava para longe dali. Sofia e Ethan se entreolham assim como os demais sobreviventes da prisão e, com uma guerra iminente e a situação de Carol e Sasha, um clima tenso pairou sobre todos.

Após o breve momento de discussão, os sobreviventes se dispersam em núcleos menores, alguns argumentavam contra a decisão de Rick enquanto outros sabiam que aquela era a melhor saída.

Rick caminhava no corredor vazio do bloco de celas D, o líder coçava os olhos enquanto refletia nos acontecimentos anteriores. Rick sempre sofreu com o peso das decisões que era obrigado a tomar; nunca pediu para ser, porém, todos viram no xerife o reflexo de um líder que sabe escolher o melhor caminho para todos, mesmo que seja em momentos extremos e conturbados.

O pai de Judith e Carl parou enquanto encostava a testa na parede grossa do corredor. Sua expressão mudara drasticamente enquanto socava, com o punho direito, a mesma parede.

— Você tem que voltar Carol... por todos nós. — Trincou os dentes, socando com mais força a parede até que sentiu uma mão tocá-lo em seu ombro direito.

— Não precisa sofrer calado, Rick. Basta concordar que seus atos sempre são para o bem de todos. Estou aqui há pouco tempo em comparação aos outros, mas sempre senti essa confiança que você nos passa todos os dias desse apocalipse.

— É você, Michonne. — O líder estava surpreso com a presença da mulher ali. — Só estou um pouco estressado com tudo isso. Essas pessoas... vocês estão contando comigo, mas não sei se podemos enfrentar essa guerra sem perdas.

— Não saberemos se não tentarmos, se não dermos o nosso melhor. Não fique abalado, confie em suas decisões, ainda não fomos longe demais. — Michonne tentou acalmá-lo enquanto Rick assentia com a cabeça.

— Vou conferir o arsenal, provavelmente Carol saqueou alguns armamentos. — Rick concluiu, prosseguindo com a trajetória de antes.

Em uma das celas do Bloco C, Maggie e Glenn descansavam deitados na cama do local. Ambos olhavam para cima, com pensamentos e olhares distantes e dispersos. Maggie mordeu o canto do lábio inferior como uma demonstração de preocupação; algo a incomodava.

— É sobre Carol? — Glenn percebeu a aflição de Maggie, voltando-se para o rosto da amada ainda deitado na cama. — É difícil acreditar que Carol um dia faria algo tão arriscado.

Maggie permaneceu em silêncio até erguer o tronco e ficar cabisbaixa. A filha mais velha de Hershel entrelaçava as próprias mãos estando visivelmente nervosa.

— Estou pensando no papai e na Beth, além dessa situação de Carol, é claro. — Maggie enfim respondeu, fazendo uma breve pausa. — A ficha ainda não caiu. Estamos no meio de uma guerra, pessoas vão morrer, amigos irão sofrer com as perdas. O papai e a Beth são muito parecidos, eles são esperançosos, acreditam que todo dia de vida é motivo de agradecimento... lutar para não morrer não é viver.

— Maggie... — A voz de Glenn saiu baixa e preocupada.

— Tenho medo de algo abalar profundamente eles. É muito ruim ter esperança, sei como é isso, ficamos aguardando alguma melhora em nossas vidas, mas sempre nos desapontamos. — Maggie começou a chorar ainda cabisbaixa.

— Maggie... — Glenn segurou a mão direita da amada. — Na situação atual, mais do que tudo, a esperança tem que ser maior que o medo. Maggie, você não pode ter medo por estar viva.

— Ter medo não comprova que estamos vivos? — A Greene mais velha questionou virando-se para o companheiro.

— Não, é só o modo como respiramos. Acredite. Você, sua irmã e seu pai, todos estarão bem ao fim de tudo isso. Nós permaneceremos vivos, lutar pelas nossas vidas é a única maneira de sobreviver. — Glenn acariciou os cabeços escuros de Maggie enquanto fitava-a carinhosamente. — Farei de tudo para proteger vocês.

Os dois se beijam por alguns segundos. Glenn pôde sentir a angustia que Maggie sentia naquele momento e, assim como Glenn, Maggie percebeu que poderia contar com o coreano para qualquer evento que venha a lhe abalar futuramente.

Ethan, Donna e Ben se reuniam em um local reservado e mais afastado dos demais. A mãe dos gêmeos propôs uma pequena reunião com o companheiro de Sofia para tratar assuntos pertinentes a ambos.

— Acho que deveríamos falar a respeito do que aconteceu agora a pouco. — Donna começou assim que Ethan sentou-se próximo à loira de cabelos na altura das bochechas. — É sobre a Sasha que estavam discutindo. Tyresse e ela nos abrigaram quando tudo isso começou, sinto que deveríamos retribuir, não podemos ficar esperando o pior.

— O que sugere? Que partíssemos para Woodbury? — Ethan retrucou.

— Sasha e Tyresse são os únicos vivos do nosso antigo grupo. Sinto a obrigação de fazer algo por eles, Allen sempre foi grato por tudo que Tyresse fizera por nós, e agora ele foi raptado e a Sasha nem sequer contou conosco. — Donna continuou, já indo aos prantos.

— Não precisa chorar, mamãe. — Ben revirou os olhos sorrateiramente. — A culpa não é sua se Sasha foi tão burra ao ponto de achar que poderia trazer Tyresse de volta.

— Não fale desse jeito, Ben. Você não sabe o que Sasha sentiu ao saber que ninguém iria buscar o irmão dela. — Ethan advertiu o garoto que dá de ombros enquanto se retirava do local. — Donna, você não precisa ficar assim. Eu entendo sua posição e seu sentimento de impotência, mas não podemos fazer nada. Só fique tranquila, já passamos por muitas coisas e tenho certeza que passaremos por isso também.

Ethan consola Donna com um singelo abraço. Ambos compartilhavam um único sentimento em comum, não poderiam fazer nada a não ser esperar e torcer por Sasha e por Tyresse.

No pátio da prisão, Daryl caminhava ao lado de Merle na direção da cerca principal da prisão, contudo, a dupla de irmãos foi surpreendida quando Sofia surge chamando-lhes a atenção.

— Sabia que fariam isso. — Sua voz saiu forte e suave ao mesmo tempo. — Mas pensei que teriam pelo menos a capacidade de nos contar. — A loira caminhou na direção dos irmãos até parar ao lado dos mesmos.

— Não precisamos pedir permissão a ninguém, Sofia. — Daryl respondeu mais seco que o normal. O caipira já estava farto de tudo que aconteceu na prisão, discordara completamente da decisão tomada por Rick e, ao contrário dos demais, não ficaria simplesmente esperando sentando a vinda de Carol e Sasha.

— Não se trata disso, Daryl. — Sofia aumentou o tom de voz. — Você mesmo disse que nós éramos uma família, que cada um se preocupava com o outro. Eu entendo isso que você está sentindo, mas você tem que entender o lado de Rick, ele só quer o bem a todos nós.

— Meu irmão entende isso, loirinha. Só não quer ignorar o próprio instinto de caçador, ele irá atrás da Carol, e eu iria ajudá-lo. — Merle rebateu enquanto Daryl o olhara com uma expressão séria.

— Sei o que Carol representa para você. Nos meus primeiros dias aqui na prisão, ela me contou bastante sobre vocês e, principalmente, sobre seu posicionamento controverso nas mais variadas situações. — Sofia ignorou Merle fitando exclusivamente em Daryl. — Se não fosse a minha condição atual, provavelmente teria a mesma reação que você.

Sofia continua a caminhar passando por entre os irmãos até alcançar a cerca principal, estando de costas para ambos.

— Não posso impedir que você faça isso, mas também não posso aceitar. Vocês dois estão na mesma posição de Sasha e Carol; irão sozinhos para uma cidade suicida. — Sofia continuou, abrindo a cerca no processo.  — Mas sei que são os únicos que podem trazê-las de volta.

Daryl encara em silencio o ato da jovem. Sabia que Sofia nunca iria fazê-lo desistir de ir até Woodbury, porém, não pensou que a mesma fosse ceder à passagem.

— Uma hora Rick irá sentir a nossa falta. Avise-o e diga que só voltaremos com Carol e aquela outra lá. — Merle respondeu, caminhando na direção do campo da prisão. Daryl faz o mesmo e, antes de ultrapassar os limites da cerca principal, o arqueiro fita Sofia enquanto assentia com a cabeça e tornava com o caminho.

— Só tomem cuidado. — Foi tudo que Sofia dissera antes de fechar as cercas e observar a dupla de irmãos seguir com o caminho na esperança de trazer Sasha e Carol de volta.

                                                    ...

Minutos se passaram desde que Daryl e Merle saíram da prisão e foram em direção à Woodbury. Os dois irmãos caminhavam atentos e cautelosos na floresta aos redores da prisão que dava acesso à estrada. Merle passara boa parte do caminho falando asneiras para o irmão, no entanto, Daryl sentia que seu irmão mais velho havia mudado levemente.

— Ali vem um. — Comentou ao perceber a presença de um andarilho pútrido e imundo no meio dos arbustos. Merle corre na direção do errante cravando sua barra de ferro no crânio do mesmo sem dificuldades. No mesmo momento, um esquilo soltou assustado próximo dali fazendo Daryl quase disparar uma flecha em sua direção. — Vamos continuar.

— Não falei? Instinto de caçador. — Merle comentou antes de prosseguir.

Caminharam por longos minutos até encontrarem a estrada que buscavam. A dupla finalmente alcança o asfalto e logo continuavam com a trajetória. Porém, na primeira curva, Daryl percebeu algo de estranho.

— O que foi? Não me vá dizer que mudou de ideia? — Merle questionou estranhado o ato do irmão que faz um gesto com as mãos pedindo silencio.

— Tem um barulho estranho mais à frente. Vamos para as árvores, logo! — Daryl alertou enquanto corria para a área lateral da estrada indo de encontro mais uma vez às árvores da floresta. Merle fizera o mesmo e, com bastante esperteza, os dois presenciaram algo de meter calafrios em qualquer um.

— Mas que porra é essa? — Merle indagou em sussurros. O Dixon mais velho assustou-se ao ver que um enorme tanque de guerra seguia a estrada vagarosamente enquanto inúmeros carros estavam logo atrás. Caminhões, jipes, carros de guerra do exército, e incontáveis sobreviventes armados no interior de tais veículos.

Daryl e Merle instantaneamente se agacharam perante a quantidade assustadora de homens. Perceberam que aquilo se tratava do exército do Governador que se tratava para atacar a prisão antes mesmo do prazo dado por Phillip, assim como dissera Daryl.

— O que vamos fazer? Iremos atacar? — Merle perguntou em um tom de voz quase inaudível. Daryl permaneceu em silêncio com seu olhar furioso e fuzilante afinal, aquilo só poderia significar alguma coisa; Carol e Sasha foram derrotadas e agora o Governador responderia ao ataque de ambas invadindo a prisão.

— Não podemos fazer nada agora, eles estão indo para a prisão. São muitos, estaremos em desvantagem aqui. Vamos esperar eles abrirem certa distância para retornarmos à prisão o quanto antes. — Daryl respondeu com o pensamento voltado para todos os companheiros que estão na prisão sem terem a menor noção do ataque precipitado de Phillip e do quão equipado e preparado ele está.

Os irmãos esperam como combinado e, após saírem de dentro da floresta, dão de cara um carro avulso do exército de Woodbury. O veículo estava em alta velocidade justamente para alcançar os demais soldados.

— Merle! — Daryl gritou alertando sobre o carro. O arqueiro ergueu sua besta mirando no vidro frontal do automóvel, lançando uma flecha em sua direção enquanto corria para o lado com o intuito de se safar da direção do carro.

— Cacete! — Merle murmurou ao notar a presença do veículo, soltou a barra de ferro e ergueu a arma de fogo, mirando e disparando na direção do pneu do carro fazendo-o entrar em zigue-zague enquanto girava e, por fim, se chocar de frente com uma árvore. — Você está bem?

Daryl assente enquanto aponta para o carro com um gesto apressado. O arqueiro corre cautelosamente na direção do veículo com sua besta erguida assim como Merle, que já apunhalava a arma e mirava na mesma direção.

— Saiam do carro com as mãos para cima, agora! — Daryl gritou. Eis que dois homens saem do carro disparando na direção dos irmãos.

Merle efetua dois disparos que atingem a perna e o abdômen do primeiro homem que surge respectivamente. Enquanto Daryl elimina o segundo com uma simples flecha que atravessa o crânio do soldado de Woodbury. Os dois se aproximam do veículo vagarosamente até que outro capanga do Governador surge surpreendendo-os.

Martinez salta por detrás do carro atingindo Daryl com um soco extremamente forte e assaz violento. O arqueiro vai ao chão recebendo todo impacto do golpe. Merle logo tratou de disparar na direção de Martinez, porém o seguidor de Phillip foi mais rápido e astuto, efetuando um tiro na perna direita de Merle que também vai ao chão.

— Seu desgraçado! — Daryl resmungou chutando a perna de Martinez fazendo-o cair enquanto o caipira se rastejou na direção do inimigo posicionando-se acima do mesmo. Daryl realizou inúmeros golpes contra o rosto de César Martinez ao ponto de deixá-lo sangrando intensamente. Martinez tenta se safar da situação, revidando com chutes e pontapés até conseguir jogá-lo para o lado e alcançar a barra de ferro que Merle havia jogado anteriormente.

Martinez põe-se agora em cima de Daryl enquanto erguia lentamente a barra de ferro afiada na direção do caipira, prestes a matá-lo.

— Daryl! — Merle havia aproximado dos dois enquanto brigavam e, já próximo o suficiente de ambos, Merle apontava uma arma na direção de Martinez que acaba mudando de opção cravando a barra de ferro na direção do abdômen de Merle, atravessando-o durante o processo. — Filho da puta! — Merle gritou de dor ao mesmo tempo em que dispara contra César, atingindo a região do coração do ex-professor de educação física.

— Merle, não! — Daryl gritou desesperado ao ver que o irmão havia sido atingido por Martinez. O arqueiro não consegue segurar a raiva voltando-se para Martinez que se debatia no chão agonizando-se de dor. Daryl retira sua pequena faca do coldre, fincando-a diversas vezes na barriga e na face de César.

Daryl estava irreconhecível; um completo animal raivoso que disferir inúmeros golpes fatais em Martinez, que mesmo morto, continuava a receber as facas de Daryl. O arqueiro já não conseguia conter as lágrimas, golpeava-o enquanto as gotículas caíam em sua direção.

Bem próximo deles, Merle observava o irmão com um sorriso no rosto. Sua mão tentava tampar o ferimento causado pela barra de ferro, mas o fluxo de sangue era muito intenso. Merle fitou Daryl demonstrar uma raiva jamais vista antes ao mesmo tempo em que mostrou um lado mais sentimental e afetivo ao ver que o irmão havia sido atingido.

— Daryl... — Sibilou com dificuldades enquanto revirava os olhos e ia de encontro ao chão para sempre.

                                                   ...

As coisas estavam começando a ficar intensas na prisão. Rick finalmente percebeu a ausência de Daryl e Merle, mas logo ficou ciente do que se tratava quando Sofia explicou-lhe o ocorrido e, mesmo discordo do ato dos irmãos, Rick não pudera fazer nada contra isso.

— Eles vão voltar logo, pai. — Carl disse tentando acalmar o próprio pai. — Você sabe como Daryl é, ele sempre consegue arrumar um jeito de fazer a coisa certa do jeito dele.

— Eu sei filho, só estou preocupado com tudo isso. — Rick respondeu colocando o chapéu de xerife na cabeça do menino. Lori observava tudo um pouco mais afastada com Judith nos braços enquanto todos os outros se reuniam bloco de celas C.

— Como Beth está, Hershel? — Glenn perguntou assim que surgiu no local e a viu conversando com Billy e Scott.

— Um pouco preocupada com a situação, mas em relação aos ferimentos era irá melhorar. Agora me conte o que te assola. — Hershel percebeu a real intenção de Glenn fitando-o com um olhar sincero e curioso.

— Maggie está um pouco nervosa com tudo isso, principalmente em relação a vocês dois no meio dessa guerra. Acho que seria bom você e Beth conversarem com ela depois, irá ser ótimo para ela saber que vocês dois estão cientes dos riscos que todos iremos correr. — Glenn explicou enquanto Hershel assente com a cabeça e acaricia o ombro direito do coreano.

Eis que um estrondo agudo e potente ecoa na área externa da prisão.

— Lori, Donnna e as crianças, fiquem aqui. Os restantes corram armados comigo, algo grande está para acontecer. — Rick informou de forma apressada. O xerife sabia que aquele estrondo era obra do Governador, correu na direção do pátio da prisão com Michonne, Ethan, Sofia, Maggie, Glenn, Andrea, Milton, Hershel e Scott.

O pior surgiu bem na frente dos sobreviventes; o Governador tornou a aparecer com seu enorme exército na entrada da prisão, mas dessa vez ele estava com foça total. Rick encara uma torre distante destruída pelo tanque de guerra que Phillip trouxera consigo, todos os sobreviventes se entreolham assustados, sabiam que aquela seria a guerra total contra Woodbury.

— Rick! Venha até aqui! — O Governador gritou utilizando o mesmo megafone da primeira que veio à prisão. — Precisamos conversar! — Sua voz soara mais grossa e fria que o normal, alastrando um calafrio na espinha de todos os sobreviventes que ali estavam.

— Ficará tudo bem, vamos passar por isso. — Rick comunicou aos que estavam ao seu redor observando tudo pasmados e tensos. — Mas estejam preparados para tudo.

Rick Grimes retira a corrente da cerca que divida o pátio do campo da prisão. O líder então desce o pequeno declívio que o leva até a entrada onde o Governador e seus homens armados estavam.

— Que bom que você não relutou. — Ironizou Phillip, voltando-se para um de seus soldados. — Traga os dois. — O capanga andeja na direção de uma van retirando de dentro dela dois rostos conhecidos para Rick e seus companheiros; Carol e Tyresse foram amarrados e colocados de joelhos no chão bem à frente do tanque ao qual Phillip estava em pé.

As feições de Rick e dos demais muda drasticamente ao verem ambos sob posse de um maníaco. Maggie leva a mão à boca, estando perplexa com o fato de Carol ter sido pega, o mesmo acontece com Hershel e Andrea.

Sofia estava visivelmente nervosa ao ver Phillip e seus soldados bem ali, e dessa vez com duas pessoas queridas como reféns. A loira cruzou os dos punhos na altura do peito, extremamente arfante, a jovem relembrava-se do dia em que viu o Governador jogar o seu pai como zumbi no campo da prisão; ela sabia do que ele era capaz.

— Ficará tudo bem, estou aqui com você. — Ethan cochichou no ouvido de Sofia, a loira agradece enquanto segura a mão do amado com uma firmeza incontestável, sentia-se segura ao lado de Ethan.

— Eu estou aqui, liberte-os! Você tem um tanque, não precisa de reféns! Deixe-os ir embora e conversaremos o quanto quiser. — Rick tentou reverter à situação ao ver o estado de Carol e Tyresse. Phillip solta uma gargalhada imensa enquanto encara o líder da prisão com um olhar insano e sádico.

— Eu preciso, Rick. Isso é para mostrar o quanto estou falando sério! Não é para fazer um buraco no nosso novo lar, mas farei se for preciso. — O Governador respondeu enquanto ajeitava o próprio tapa-olho. — Vocês têm até o pôr do sol para irem embora daqui, ou eles dois irão morrer. Não adianta contestar, eu tenho mais pessoas, mais poder fogo... vocês estão perdidos.

Rick olhou para Carol, a companheira de grupo do líder passava confiança através do olhar. Carol, apesar de tudo que acontecera, olhava para Rick com uma serenidade jamais demonstrada antes.

— Eu poderia atirar em vocês, mas vocês revidariam e eu sei disso. Mesmo assim nós venceríamos e vocês morreriam. Não precisa ser assim, você decide! Então desista e entregue a prisão! — Phillip continua com seu discurso psicopata. Rick fica cabisbaixo, suspirando intensamente. — Tic-tac, tic-tac... o tempo está passando! Quando mais demorarem, mais difícil ficará para sair daqui!

— Você não cumpriu com o prazo de sete dias. Você fez um acordo, teríamos esse encontro de agora só daqui a dois dias, não importa o que você faça, não iremos sair daqui. — Rick retrucou mais sério e nervoso que o normal.

— Não, Rick. Você que não está entendendo a situação direito... sua amiga invadiu Wodbury também antes do prazo, dezenas de habitantes inocentes foram mortos. A cidade foi tomada pelas chamas, mas agora estou aqui para dar o troco.

Nesse momento, todos perceberam que o plano de Carol havia dado certo até algum ponto, porém, Carol estava refém de Phillip agora, e nada poderá ser feito.

— Não iremos ceder! Não há escolhas, a não ser iniciar uma batalha inútil. Os tiros atrairão os zumbis e sem as cercas este lugar é inútil. Nenhum de nós viverá aqui! Todos aqui cometeram atos desumanos em algum momento de nossas vidas, todos possuem uma escuridão interna, todos foram obrigados a lutar por algo, a buscar um local e chamar de lar e, finalmente, descansar longe do caos desse mundo. Mas você está indo além, Phillip, você não pode chegar aqui e nos impor uma decisão dessas, nós não sairemos dessa prisão, ela é nossa e derrubamos nosso sangue para conquistá-la!

Carol sorriu para Rick, sentiu que ele estava fazendo o que era certo; não ceder a prisão em hipótese alguma. A Peletier olhou para o lado, viu um Tyresse bastante ferido e cansado lançar um olhar de socorro para ela, não pôde fazer nada, estavam perdidos.

— Não, Rick! Você não nos deu escolha, Woodbury está destruída, nosso lar se foi, e agora vamos tomar o seu de um jeito ou de outro!

— Todos chegaram até aqui, todos que sobreviveram... fizemos as piores coisas só para nos mantermos vivos, mas não iremos nos redimir. Não fomos tão longe!

— Cala essa boca, Rick! Você fala pra caralho! — Phillip salta do tanque apunhando uma espécie de katana de porte inferior ao de Michonne, o líder de Woodbury põe-se no meio de Tyresse e de Carol. — Vocês não são diferentes de mim, de nós! Vocês mataram pessoas inocentes na minha cidade, um porto seguro para muitos deles, matou a minha garotinha Penny e ainda me deixaram sem um olho, caralho!

— Michonne, sua filha da mãe! Você irá pagar por tudo que me fez naquele dia, irei estripar você por inteira, cortarei seus braços e suas pernas e então arrancarei os seus dois olhos! — O Governador continuou demonstrando o quão psicopata era. — Milton seu rato covarde, não irei me esquecer de você! O mesmo serve para você, Andrea, achou que poderia nos trair e sair ilesa?

— Phillip... — Rick tentou continuar com os argumentos para evitar uma guerra entre os grupos. O líder estava com medo e não conseguia disfarçar, a vida de sua esposa e de seus filhos dependia dele.  — Desista, vá embora! Arrume um lugar para viver, nos deixe em paz! Você poderá reconstruir sua vida, assim como os seus seguidores. Vocês também não foram longe demais.

— Você não entende, Rick... — Phillip responde em um tom de voz inaudível segurando a ponta da pequena katana com uma força raivosa que se eclodia lentamente dentro de si. — Neste momento eu posso matar ou este aqui... ou ela, ou posso matar os dois ao mesmo tempo! Tudo depende de vocês, porra!

Rick olhou para Tyresse e Carol, viu o semblante convicto de ambos. Os dois reféns sabiam que Rick e os demais não entregariam a prisão, sabiam que suas vidas estavam por um fio, mas estavam satisfeitos por todos os outros lutarem por algo os motiva a cada dia. Carol e Tyresse assentiram a cabeça para Rick.

Os olhos de Carol lacrimejavam-se lentamente enquanto a Peletier encara Rick com um sorriso simplório sem mostrar os dentes, Carol modifica a direção de sua visão conforme encontra seus demais companheiros com o olhar, estavam longes, mas podia ver e sentir suas preces e preocupações mesmo com a distância. Carol estava feliz por fazer parte de um grupo tão humano e leal, feliz por viver com cada um deles.

                        

 — Muito bem, então tomarei uma decisão! — O Governador ergueu a katana, olhou para Tyresse e Carol e, por fim, fincou a arma branca no braço de Tyresse sem que ocasionasse a morte do mesmo. — Acha que irei deixar passar em branco alguém que matou e incinerou meus fieis habitantes? — Phillip disfere um chute na coluna de Carol fazendo-a ficar de quatro no chão. — Alguém que destruiu completamente a minha cidade? — O Governador ergue a katana e, em um movimento rápido e preciso, rasga a região da nuca de Carol, fazendo-a gritar de dor.

— Carol! — Rick, assim como os demais sobreviventes da prisão, gritou diante do ocorrido.

— Desgraçada! — Phillip eleva a katana mais uma vez e novamente realiza outro corte no pescoço de Carol, o movimento se repete por mais duas vezes de maneira violenta e brutal. — Cretina, filha da mãe! — Carol já não conseguia mais gritar, da sua boca o sangue era jorrado, assim como o ferimento exposto em sua nuca.

Eis que Phillip efetua o último golpe, decepando a cabeça de Carol que rola pelo chão enquanto seu corpo sem vida cai feito uma boneca de pano. Carol no fim de tudo deixou as coisas que perdeu, os nós que cruzou, cada respiração que deixou para trás, cada passo dado, cada ação tomada; conheceu a escuridão sem olhar para trás. 

— Não!! — Rick gritou disparando contra o Governador, uma onda de disparo surge em ambos os lados. Phillip é atingindo no ombro enquanto Rick é ferido na perna antes de se jogar por detrás do ônibus capotado da prisão.

O Governador sorri sadicamente enquanto os disparos começam. O grupo de Rick se dispersa pelo pátio da prisão, ainda chocados com a cena que acabaram de ver, mas eis que Phillip brada uma última ordem.

— Passem pelas cercas com o tanque! Armas em punhos, vamos entrar! — Phillip fez uma pausa enquanto fitava a prisão com um olhar sádico. — Matem todos eles!


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Espero que sim! Estamos caminhando para o último capítulo e confesso que será sensacional! Abaixo está o link da música que Beth canta, ela é muito significativa para todos os personagens da fic, por favor, escutem caso tenham tempo!

https://www.youtube.com/watch?v=hSb2UJqrtd4



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