Black escrita por Artur


Capítulo 2
Capítulo 02: Algo em comum


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, quero agradecer a cada um que comentou no primeiro capítulo e aos que leram e não comentaram também, espero vê-los mais uma vez neste capítulo então, deixem as suas opiniões!

Demorei um pouco porque tenho outras histórias para atualizar mas, tenho duas fics quase finalizadas então postarei aqui com mais frequências.



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|’’Tanto o amor quanto o ódio têm capacidade de nos mover, mas cada um nos conduz a um destino diferente.’’

Pov. Sofia Gibbert

Ergo minha cabeça lentamente. As gotículas de suor já escorrem pela minha face quando vejo a imagem de um homem apontando com uma espécie de arco na minha direção. Sinto minha própria respiração, ela estava arfante, meu olhar fica focado agora no corpo escancarado da minha pequena Claire. Fico desnorteada, não tive reação diante daquele momento torturante, apenas me desfoco de tudo ao meu redor, noto que o homem abaixa a tal arma enquanto caminha vagarosamente na minha direção. O encaro sem dizer nada e o rapaz responde com um olhar fuzilante, demonstrando o quão grande era a sua sobriedade.

– Precisa de ajuda? – Ouço sua voz um pouco falha. Não respondo, apenas fico olhando para os lados observando o sangue que derramei, o sangue da minha própria irmã.

– Depende ... – Respondi por fim fazendo uma pequena pausa para pegar fôlego: - Acha que eu preciso de ajuda? Você poderia ter aparecido antes, poderia ter me ajudado a salvar minha irmã, ai sim eu te agradeceria.

O homem me encara sério além de não dizer nada, apenas muda a direção do seu olhar, sigo-o e reparo uma quantidade extrema de errantes aproximando-se pela nossa direita. Nos entreolhamos enquanto levanto-me um pouco exausta, fico parada olhando os vermes se aproximarem e observava o desconhecido tomar alguma atitude.

– Espere, eles são muitos! – Exclamei em um tom alarmante, o homem dá de costas ao mesmo tempo que fazia um movimento preciso, pegando as flecha na parte das costas e lançavam-nas na direção dos errantes, acertando o crânio dos mesmos por completo. Engulo o seco ao ver tamanha agilidade em derrubar os zumbis, o homem logo deixa a arma de lado e apunhala desta vez, uma faca ficando-a precisamente, na teste dos vermes.

Observo seus movimentos atentamente e aos poucos, a quantidade de caminhantes é reduzida drasticamente sobrando por fim, o homem musculoso que andeja na minha direção enquanto limpava sua faca a qual estava suja de sangue.

– Você pode me seguir se quiser, tenho um grupo e um lugar seguro. – Proferiu continuando a caminhar e afastando-se de mim, não perguntei seu nome afinal, não havia necessidade disto mas acho que foi ele que evitou apresentações. Fico pensativa, não sabia o que fazer mas definitivamente, ficar sozinha é suicídio nas condições que estou. Agacho-me olhando para o corpo de Claire e com dificuldades, coloco-a estendida no meu braço.

E assim vou dando tímidos e singelos passos com o corpo da minha irmã em meus braços, seguindo o caminho tomado pelo homem habilidoso. Não tinha total confiança sobre o tal rapaz mas ainda assim, tinha que tentar a sorte. Era o inicio de tudo isso e ainda sou tão ingênua. Alguns minutos se passam e o sol escaldante me faz transpirar, andejo olhando fixamente para Claire, toco-a diversas vezes e sinto seu corpo gélido, já sem vida. Lágrimas escorrem pelos meus olhos atingindo a bochecha de Claire, queria ser forte nesse mundo devastado mas simplesmente não consigo.

O rapaz para de caminhar virando-se na minha direção, queria ter certeza que eu estava seguindo-o, ele olha para o corpo de Claire nos meus braços estranhando a situação enquanto retrocede os passos e esticava os braços oferecendo-se para carrega-la.

– Não. Quero ter um último momento ao lado dela antes de enterre-la. - Respondi apreensiva. O homem então retorna a andejar enquanto apenas o observo mais ao longe. A trajetória dura mais alguns minutos quando finalmente me deparo com um local cercado por arvores e matas, adentramos pelo pequeno e vasto local até chegar no tal local seguro, mais precisamente, em uma prisão.

Meus olhos se arregalam diante das cercas intactas que rodeavam o local além de inúmeros errantes estendidos ao chão no interior do espaço, eles definitivamente limparam a prisão. Andamos mais um pouco até ficarmos de cara com as cercas, o rapaz ao meu lado faz um sinal para um homem negro que recolhia alguns corpos de caminhantes – já eliminados – e os jogavam em uma parte do local formando um pequeno monte de errantes.

O homem me fita por alguns segundos até voltar sua atenção para alguns zumbis que surgiam por dentre a mata e vagavam na nossa direção.

– Mais deles. Vamos, pegue seu arco e mate eles! – Esbravejei nervosa para o rapaz que me acompanhava.

– Besta. – Foi só o que proferiu, olho-o sem entender até que o mesmo completa: - É uma besta, não um arco. Aliás, não posso desperdiçar as flechas por isso fique atenta e venha comigo! – Bradou correndo mais pela frente. Paramos em uma área especifica onde o rapaz retira uma linha que envolvia a cerca rapidamente, fizeram uma abertura ali para que pudessem adentrar ao local com facilidade.

Corremos por dentre o corredor onde o chão era coberto de terra e rodeado pelas cercas até chegar na entrada principal, onde avisto rapidamente uma pequena concentração de sobreviventes me encarando, atentos.

– Encontrei ela quando fui buscar pela fórmula. Estava encostada na árvore bastante abatida. – O homem que me acompanhou explicou aos demais que continuam a me encarar com seus olhares tortos. Um outro rapaz pôs-se na frente dos demais enquanto andeja lentamente na minha direção lançando um olhar sereno, como se fosse o porta-voz do grupo.

– Você estará bem aqui ... – Começou a dizer o mesmo quando fez uma pausa para olhar o corpo de Claire ainda em meus braços.

– Ela retornou mas consegui debate-la. Apenas quero enterre-la e depois, vocês podem decidir o que querem de mim. – Enalteci resoluta.

– Ah meu Deus, eu sinto muito! Era sua filha? – Uma mulher magra e alta com um cabelo pouco grisalho e curto, proferiu aproximando-se com sua voz aflita.

– Minha irmã. – Corrijo-a procurando manter uma certa distância entre os demais sobreviventes.

– Tudo bem, temos uma área do pátio que poderá ser útil para enterra-la. – Proferiu novamente o porta-voz enquanto olhava para cada um do seu próprio grupo como se coubesse a todos eles, as decisões a serem tomadas.

– Me chamo Rick. – Concluiu o homem enquanto fazia uma pausa esperando que eu dissesse o meu nome, não respondo-o apenas fico calada e me sentia ainda mais desconfortável diante de tantos sobreviventes.

– Ela não é de falar muito. – Ironizou o homem que supostamente me salvou afastando-se de nós.

– Olha, se você quer ficar aqui, se você quer ser um de nós ... estaremos dispostos a isto entretanto, preciso saber o seu nome e como sua irmã morreu. – Proferiu novamente Rick, desta vez com uma expressão ponderosa em face.

– Sofia. – Foi o que consegui proferir, ainda estava perplexa diante das perdas recentes e de tantos sobreviventes em um local aparentemente seguro. Se tem algo que puxei ao meu pai foi a desconfiança, fico sempre atenta a tudo que acontece em minha volta, o olhar de cada um, suas expressões ... tudo! E eu percebi, assim que pronunciei meu nome, todos os sobreviventes se entreolharam com uma face entristecida.

Fico sem entender a situação, a mulher que estava próxima a mim acaricia o meu ombro direito com um sorriso sorrateiro estampado.

– Lindo nome. – Disse por fim a mulher, percebo que ela estava mais que triste, sua voz transbordava sofrimento e dor, não sei o motivo mas o meu nome trouxe algumas lembranças negativas para o grupo.

– Vamos Carol, leva-a para dentro. Iremos cavar o túmulo de sua irmã, ok? – Disse Rick majestoso, asseguro balançando a cabeça num gesto positivo enquanto Carol e outra mulher me levam para dentro da prisão.

Caminhamos por dentre os corredores do espaço até chegar em um local especial, o bloco de celas onde provavelmente todos dormiam. Sou recebida por uma adolescente de cabelos loiros curtos com a pele bem clarinha, ela não me conhecia e mesmo assim lançou um leve sorriso demonstrando sua simpatia.

Logo um senhor de cabelos brancos e barba cumprida, surge cumprimentando-me. Ele estava de muleta e percebo que sua perna havia sido amputada. Sento-me em um banco de concreto em volta de uma mesa onde o senhor senta-se ao lado com algo em mãos.

– Você está um pouco suja, Sofia. Irei lhe limpar tudo bem? Também trataremos desses seus pequenos arranhões no braço, não é nada demais porém, precisamos garantir de que não seja algum arranhão de zumbi. – Explicou o senhor bastante seguro de si, ele molha alguns algodões em um recipiente com água e logo direciona-os na direção do meu rosto, fazendo inúmeros movimentos idênticos.

Fico receosa diante de tantas pessoas desconhecidas, talvez eu não devesse confiar nas pessoas ao decorrer do apocalipse mas sobreviver por ai sozinha era meramente impossível para mim. Rick, Carol e outro rapaz surgem no local com a mesma face de sempre, os encaro enquanto Hershel verificava os arranhões em meus braços, noto que Rick lançara um olhar confortante para uma outra mulher que estava encostada na parede ao lado de um garotinho, provavelmente filho dela e do Rick.

– Sofia. – Começou Rick. – Você ainda não nos contou, como sua irmã morreu?

Dou um suspiro ofegante enquanto o olhava profundamente, era difícil tocar neste assunto sem me lembrar dos últimos acontecimentos. Fico nervosa e quando já estava preparada para contar, eis que a voz de alguém se ecoa pelos corredores da prisão chamando Rick intensamente.

– É o Daryl? – A loirinha, filha de Hershel, sugeriu. Rick simplesmente corre na direção oposta enquanto os demais o seguem apreensivos restando apenas, Hershel e sua filha, a mulher, o garotinho e claro ... eu.

– Não acha que é algo preocupante? – Indaguei aflita, Hershel me ignora quando o barulho de tiros começaram a se ecoar ofuscados, todos se entreolham sem entender a situação até que tomo uma atitude.

– Algo de errado está acontecendo! – Exclamei levantando-me com velocidade enquanto andejava um pouco exausta na direção dos tiros. O garoto corre junto a mim bastante assustado enquanto sua mãe o chama pelo nome, Carl.

Rapidamente chegamos na lado exterior e nos deparamos com uma correria imensa. Rick e os demais eliminavam alguns errantes que surgiam por alguma espécie de abertura, pelo menos foi o que entendi já que todos estavam nervosos.

– Maggie! Daryl! O que está havendo? – Berrou Rick enquanto disparava na direção dos zumbis.

– O portão está aberto! – Respondeu um negro enquanto abatia os transformados com sua faca afiada. Vejo Daryl e Carol correrem na direção do portão enquanto um alto alarme ecoou-se por toda a prisão.

– Carl, não fique ai. Entre e fique com sua mãe, agora! – Ordenou Rick mas o garotinho, ao qual estava do meu lado parecia ignorar as ordens do pai completamente.

– É melhor você ir garotinho, será o único homem a cuidar da sua mãe e do Hershel não acha?- Tento convence-lo mas Carl da de ombros afastando-se de mim.

Alguns errantes se aproximam de nós alarmantemente, me vejo desesperada sem nenhuma noção de defesa quando o rapaz dos olhos puxados surge com uma pá e atinge o zumbi mais próximo de mim. Agradeço com o olhar enquanto o mesmo retornava a ajudar os demais companheiros.

– Rick, esses alarmes estão atraindo mais errantes para as cercas! – Avisou a outra filha de Hershel enquanto ia disparando contra os megafones, Rick ordena para que eu e Carl voltássemos para o bloco de celas para que não sejamos pego de surpresa.

Carl hesita mas acaba entrando enquanto permaneço no lado de fora observando a situação, o local era supostamente seguro mas algo de errado aconteceu em menos de três horas, não sou tão azarada assim.

Noto que Rick e mais duas pessoas andejam apressados na direção de dois homens desconhecidos – ao meu ver -, trajando roupas de prisioneiros. Rick eleva a voz contra os dois parecendo culpa-los por todo o caos na prisão mas logo todos, incluindo os prisioneiros, correm na direção de outro bloco de celas.

Daryl e o negro permanecem eliminando os zumbis que cambaleiam pelo local, Daryl está de costas para o companheiro que enquanto fechava os portões para evitar que mais zumbis adentrem, é mordido no pescoço e posteriormente, em um dos braços.

– T-Dog!! – Exclamou Daryl aflito correndo na direção do companheiro, viro-me sem acreditar no que via, era obvio que com tantos zumbis caminhando livremente pelo local, alguém terminaria o dia em um túmulo. Acontece, que ainda não me acostumei com o fato de pessoas, ou pelo menos foram, matarem sobreviventes simplesmente para saciar a fome.

Corro na direção de Daryl que derruba o errante que abocanhava T-Dog sem piedade. O negro se debatia no chão enquanto o seu sangue já jorrava e escorria pelo solo. Daryl mantém o olhar firme, atento no amigo que tentava pronunciar algo.

– Vamos cara, atira! Não me deixa retornar como um desses vermes, é tudo que eu menos quero. – Implorou T-Dog com dificuldades, Daryl então surge com uma flecha, a mesma que eu finquei no cérebro de Claire.

Daryl coloca objeto pontiagudo bem próximo a testa de T-Dog mas simplesmente, fica parado sem conseguir fazer qualquer movimento que pudesse evitar o sofrimento e a transformação do negro.

Dou mais alguns passos e já fico ao lado de Daryl que permanece imóvel enquanto T-Dog já se contorcia de dor. Encaro Daryl bastante imponente enquanto ele resmunga algo, não consigo entende-lo, apenas tento faze-lo terminar com o ato.

– Você sabe que é preciso, você me viu ... – Começo a esbravejar fazendo uma pausa enquanto fecho meus olhos e relembro daquela cena que me arrepia por completo, minha irmã retornando como um errante e tentando me abocanhar como se não me conhecesse mais.

– Me viu atingindo o cérebro da minha própria irmã com uma flecha, a sua flecha. Foi difícil de fazer aquilo mas era o necessário a se fazer. – Completei enquanto seguro as mãos de Daryl que ainda apontavam a flecha para a testa de T-Dog, e ajudo-o a fincar o objeto no crânio do negro, cessando o seu sofrimento instantaneamente.

Os alarmes repentinamente param. E tudo parecia ter se resolvido, e o culpado um tal de Andrew, não escutei muito bem mas foi o que Rick nos explicou e lamentou a morte de T-Dog.

Já estava quase anoitecendo e após as devidas apresentações, Glenn me ajuda a cavar o túmulo de Claire e de T-Dog sendo ambos enterrados posteriormente. Caminho pela grama seca e pequena do local com o meu pensamento distante quando noto a presença de Daryl de frente para o túmulo de T-Dog. O rapaz estava cabisbaixo, dou singelos e tímidos passos na direção do túmulo de Claire ao qual ficava ao lado do de T-Dog, ambos possuíam uma cruz de madeira feita por Carol. Daryl me olha rapidamente ao perceber minha presença, ficamos lado a lado completamente calados e observando o túmulo de nossos companheiros.

– Ele era meu amigo a muito tempo, mas sempre teve esse seu jeito heroico. Trancou as cercas se sacrificando para nos salvar de mais ameaças, bem típico dele. – Quebrou o silencio Daryl, apenas fitando seus olhos no túmulo de T-Dog.

– Sei bem como é isso, minha mãe morreu na nossa frente. Claire ficou confusa com a situação, nossa mãe estava bem assustada mas de certa forma, acredito que ela tenha se sacrificado para dar uma oportunidade de ver suas filhas vivas. – Proferi apoiando minha mão no ombro direito de Daryl.

Não há mais nada a se fazer agora, e independente de tudo. Daryl e eu tínhamos algo em comum no final daquele dia.


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Notas finais do capítulo

Então, espero que tenham gostado! Aliás, viram que não segui a série certo? Pois é, farei algumas adaptações então nem todo mundo irá viver/morrer!