Black escrita por Artur


Capítulo 1
Capítulo 01: Quando tudo se torna preto


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores queridos! este é o primeiro capítulo e espero que gostem bastante. A história girará em torno de Sofia, uma personagem original criada por mim, e os seus desafios no apocalipse. Mas tudo pode mudar com o aparecimento de Daryl Dixon.

Boa Leitura! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539971/chapter/1

|’’As vezes me sinto um simples anjo em meio ao apocalipse que não sabe para onde voar e nem ao menos onde pousar.’’

Pov. Sofia Gibbert

E lá vem eles novamente. Com suas mandíbulas afiadas à mostra, a pele escura e os ferimentos visíveis. O cheio podre rapidamente se alastra e já podemos vê-los sem nenhuma interferência. O som dos seus passos cambaleados sob o sol, aglomeram-se com os grunhidos famintos e sedentos por carne fresca, carne viva. Eles estão sempre à espreita, apenas esperando algum tipo de sinal que comprove a existência de sobreviventes, as vezes solitários, as vezes em grandes grupos.

Alguns deles eram pessoas conhecidas, amigos e parentes, agora são apenas monstros esfomeados, irracionais, sujos e pútridos. O pior é que eles estão em perfeitamente harmonia com o novo cenário, enquanto nós, sobreviventes, minoria humana, raça em extinção, é que somos os estranhos.

As ruas estão desertas agora, vidraças quebradas, carros abandonados, buracos de balas nas paredes dos prédios, sangue e pedaços de carne humana decorando todo o ambiente. Esse é o cenário atual da grande maioria das cidades do mundo.

- Apague as luzes querida. – Pronunciou minha mãe, relenta.

- Tudo bem. – Assegurei soprando a vela acesa sobre um pires de vidro.

- Mamãe, eles estão vindo não é? – A voz da minha irmã mais nova, Claire, se ecoa pelo local bastante receosa. Minha mãe não responde, apenas continua a observar a rua pela janela.

Pego duas lanternas e entrego uma delas à Claire que a liga rapidamente. Ouço minha mãe murmurar bastante tensa enquanto caminhava na direção da estante onde guardava sua arma, longe de Claire. Noto que sua mão estava trémula ao apunhalar a arma e logo me envolvo em Claire, esquentando-a e acalmando-a.

- Mana ... eles estão vindo? – Repetiu Claire, me olhando com aquele seu olhar tristonho e pávido de sempre. Evito olha-la mas é impossível, sinalizo com um sim enquanto ela se cobre com um lençol, esperando que tudo aquilo acabasse.

- Vai ficar tudo bem, estou aqui com você ... e a nossa mãe também. – Aleguei alisando-a vagarosamente.

Estávamos na nossa casa, era segura a principio mas era só o que tínhamos no momento. Os mantimentos eram poucos e não tínhamos nenhuma noção de como uma arma funcionava, minha mãe conseguiu uma com um homem, que saiu pelas ruas gritando feito um louco dizendo que estava vendendo armas e mantimentos para sobrevivermos por muito tempo.

Nos trancamos dentro de casa e apenas esperamos a hora que eles chegam e passam pela rua esbarrando em tudo que encontra pela frente... carros, latas de lixos etc. E torcemos, para que nenhum avance na nossa direção sem hesitar afinal, estávamos despreparadas e essa droga de apocalipse chegou sem avisar!

O pior de tudo é que meu pai saiu junto a meu outro irmão e até agora não voltaram. Minha mãe desde então, ficou inquieta e apreensiva, eles tinham nos deixados? Foi o que pensei inicialmente, mas logo outra opção veio em mente, a morte ...

- Meninas, fiquem tranquilas. – Esbravejou ela ainda observando a rua e a passagem dos zumbis. Minha mãe se vira nos encarando com um olhar tristonho, ela fica cabisbaixa por alguns segundos me fazendo estranhar tudo aquilo.

- O que está havendo? – Questionei levantando-me e indo na direção da janela mais próxima.

Arregalo meus olhos quando vejo do que se tratava, Claire fica curiosa e corre ao meu encontro. A quantidade de transformados que perambulavam pela rua era enorme, quase o triplo do que da última vez, muitos ficavam bastante próximos da nossa casa o que fez a Claire ficar amedrontada chegando a chorar.

Puxo-a para longe da janela enquanto a abraço tentando acalma-la, minha mãe caminha até nós balançando sua cabeça sem saber o que fazer. Começo a cantar uma musica que Claire gostava no ouvido da mesma que tenta parar o choro.

- Sofia, eu não sei ... não sei o que devo fazer! – Desabou minha mãe caminhando para todos os lados enquanto ia por fim, para a cozinha distanciando-se de nós. Deixo Claire deitada ao sofá chorando baixinho e caminho na direção dela tocando nos seus ombros pretendendo acalma-la.

- Calma mãe, essa não é a Sarah que eu conheço! Ninguém nasceu preparada para isso então, fica tranquila que vamos ficar bem. – Exclamo serena, provavelmente eu era a única da família que sabia controlar meus sentimentos, alguém tinha que permanecer intacta emocionalmente naquela situação, e esse alguém era eu.

- Não adiante Sofia, seu pai e seu irmão ... eles nos deixaram como se fossemos um mero fardo!! Não sei se consigo protege-las por muito tempo. Então me prometa uma coisa, aconteça o que acontecer, proteja sua irmãzinha de tudo ok? Eu te am.. – Começou a proferir minha mãe enquanto é interrompida por um grito desesperado de Claire, corremos em sua direção e nos deparamos com ela observando em uma janela lateral, os zumbis lá de fora.

- Eles estão aqui, estão no nosso jardim!! – Berrou apavorada enquanto corria na minha direção e me abraçava rapidamente algo bate na porta da frente, eram eles ... finalmente chegaram.

Nossa mãe começa a se desesperar, tapando seus dois ouvidos para ofuscar o barulho das batidas na nossa porta. Claire aperta minha mão com força, estava mais que assustada e não queria vê-la assim.

- Mãe, me ajuda a empurrar o sofá até a porta! Vamos impedi-los de adentrarem aqui! – Exclamei mas sou simplesmente ignorada.

- Tudo bem, farei sozinha então. – Sussurrei me agachando e realizando uma certa força para empurrar o sofá que começa a se mover mas com dificuldades. Eis que vejo Claire, com os braços esticados e uma careta feia em face, tentando me ajudar a mover o sofá.

Ela é tão fofa e não tem noção do que está acontecendo lá fora. Dou um sorriso entristecido e retorna a empurrar mas antes que o móvel chegasse no destino, um estrondo enorme se ecoa pelo espaço, a porta havia cedido abrindo um buraco no meio da mesma por onde surgiu um transformado se rastejando pelo chão.

- Claire, não olha! – Falei colocando-a atrás de mim. Rapidamente os outros transformados adentram ferozmente, suas faces pútridas me enojam, muitos deles tinham a face desfigurada outros perderam braços e pernas.

- Sofia, o que vamos fazer?? – Perguntou assustada Claire, puxando minha blusa.

- Escuta, estou aqui com você. Fica calma ok? – Respondi colocando minhas mãos sob os ombros da pequenina. Viro-me chamando a atenção da minha mãe mas a mesma permanece imóvel com a presença dos seres imundos que a abocanham sem piedade, vejo minha mãe ter seu braço devorado em questão de segundos e logo depois, os zumbis tomam posse dela por completo.

Fecho meu olhos por alguns segundos, ainda era difícil de acreditar que os mortos estão retornando e devorando as pessoas. Pego no braço de Claire com força puxando-a para longe dos intrusos, ela estranha a ausência da nossa mãe e percebe uma certa aglomeração dos errantes na parte onde ela estava.

- Sofia, cadê a mamãe? – Perguntou assustada. O grunhido dos caminhantes ficam cada vez mais forte mas eu sabia que tinha que fazer algo, não tive tempo para derramar uma lágrima sequer e ainda devia manter a segurança da minha irmã, tínhamos que sobreviver.

- Eu sinto muito ... – Lamentei enquanto pegava um banco de madeira e o lanço na direção da janela, quebrando o vidro posteriormente. Os transformados que estavam no interior da nossa casa, rapidamente andejam na nossa direção.

- Se prepara, iremos pular! – Sussurrei no ouvido de Claire que hesita um pouco ainda pela perda da nossa mãe mas logo a empurro pela janela segurando-a com cuidado quando por fim, ela consegue chegar ao chão já que a altura não era muito grande. Fui logo em seguida e quando me preparava para pular, eis que um errante surge por detrás e agarra meus cabelos, faminto.

Dou um grito de dor enquanto o empurro com um chute o que possibilitou a minha fuga. Abraço Claire enquanto observávamos atentamente a movimentação no interior de nossa casa, a imagem da nossa mãe ser devorada persistia em prevalecer na minha cabeça, ficamos em um silencio profundo até que Claire indaga:

- Eles estão aqui fora também.

Viro-me sem entender até que percebo inúmeros caminhantes perambulando pela rua, eles marchavam sem destino algum, mas estavam prontos, para estraçalhar qualquer presa. Minha respiração fica arfante, seguro a mão de Claire com força, a garota estava gélida diante da situação, seus lindos olhos verdes ficam arregalados ao verem tantos transformados.

Caminhamos vagarosamente para evitar qualquer tipo de barulho, ultrapassamos a cerca da nossa casa chegando no asfalto da rua, logo os zumbis percebem a nossa presença e avançam sem piedade alguma.

- Corre!! – Gritei para Claire enquanto corríamos na direção oposta, haviam muitos transformados por todos os lugares, alguns estavam nas calçadas e outros vinham na nossa direção.

Tive medo, medo de que algo de errado acontecesse e de que todas as minhas esperanças, chegassem ao fim. Ultrapassamos a esquina e logo nos deparamos com mais errantes, só que dessa vez a quantidade era enorme, retornamos o trajeto na rua à direita enquanto eles persistiam em nos pegar, Claire corre assustada ao meu lado afinal, nunca esteve tão exposta desde que esse inferno começou.

- Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem ... – Sussurrei constantemente fitando meu olhar mais ao horizonte, esperava por qualquer sinal que nos ajudasse, algum sobrevivente ou coisa do tipo mas eu estava assustada e por um desleixo, não vi a aproximação de um errante que segurou o braço de Claire e a mordeu com alvoroço.

Viro-me surpreendida, Claire dá um único grito de dor mas logo puxo-a novamente livrando-a do errante que continua persistindo em devora-la por completo. Fico na frente dela enquanto o errante se aproximava, pego uma pedra que estava no chão e a lanço na cabeça do transformado que vai ao chão agonizado.

Claire gemia intensamente e se contorcia de dor. Um sentimento de culpa começa a se eclodir, eu estava confusa e não sabia o que fazer, nunca vi nada parecido e não sei agir diante das circunstâncias. Só o que fizemos foi correr até chegarmos em um ponto que a Claire não aguentava mais, coloco-a encostada na parede enquanto a garota ardia em febre, olho para tudo a nossa volta mas não existia nenhuma ameaça no momento.

- Me desculpa ... – Sussurrei ainda agachada ao lado dela, as lágrimas já escorriam pelos meu olhos mas rapidamente enxugo-as, Claire me observa com aquele seu jeito, sempre meiga e atenciosa.

- Não se preocupa ... eu te amo. – Esbravejou ela com dificuldades enquanto se contorcia encostada à arvore, seguro sua mão com força enquanto rezava em meus pensamentos para que tudo desse certo mas eis que um barulho estranho se ecoa baixinho, olho para todos os lados pensava que fosse um zumbi ou coisa do tipo mas foi muito pior do que isso.

Claire realiza sons agudos e estranhos enquanto contorcia seu corpo com estranheza. Minha irmãzinha havia se tornado um deles ....

Cambaleio para trás ainda sentada quando observo aquela cena torturante. Vejo Claire abrir a boca e mostrar seus dentes afiados, sedentes em carne. A ferida do braço estava exposta e ela impiedosamente, avança para cima de mim.

No primeiro momento não reajo, era difícil de imaginar que isso fosse acontecer com alguém que eu amava, o que até então fora Claire, estica os braços tentando me abocanhar. Começo a me imergir em lágrimas de profunda tristeza quando percebo que aquilo não era mais a minha irmã caçula, e sim, outro ser ...

Ainda ao chão, minha mão vai ao encontro de algum objeto largado no solo, seguro-o com força ao ver do que se tratava, uma flecha de ponta amarela. Levanto-me ainda chocada enquanto via Claire retornar na minha direção tentando me morder novamente, seguro seu ombro com força enquanto finco a flecha na cabeça dela inúmeras vezes, fazendo-a ir ao chão já sem vida.

Apoio minhas costas na árvore enquanto via a imagem de Claire morta, o nervosismo e a tristeza toma conta de mim, estava suja com o sangue da minha própria irmã ... estava sozinha e perdida num mundo devastado. Escuto alguns passos, elevo minha cabeça lentamente quando vejo a imagem de um homem em pé, apontando com uma besta na minha direção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!