Black escrita por Artur


Capítulo 18
Capítulo 18: Guerra Total Part. II — The Consequences


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como vão? Dessa vez trouxe o maior capítulo da fic até aqui. Gostei muito de escrevê-lo e espero que desfrutem bastante da leitura.

Este capítulo é dedicado à Menta, uma querida leitora que além de redigir lindos comentários, me presenteou com uma belíssima recomendação que nunca esperei. Sou muito grato por tudo que você fez, Menta, então espero que se delicie com este capítulo! Beijoos!



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Black

Capítulo 18: Guerra Total Part. II – The Consequences

       

Todos estão com medo. Somos fracos, e se não fizermos nada... as consequências virão. E então morreremos um por um, até que no fim não permanecerá ninguém de pé, iremos perder essa batalha, e cada sangue derramado terá sido em vão.

Carol refletia sobre o ocorrido na noite anterior, pensativa e temerosa por tudo que aconteceu e que viria a acontecer naquele mesmo dia. Apesar de tudo, Carol sabia naquele instante o que deveria ser feito, o que deveria fazer. Seus passos estavam vagarosos, parecia estar aflita dos resultados iminentes, tinha medo de não conseguir voltar para sua casa, para a prisão, tinha medo de morrer.

Mas aquilo era necessário. Algo deveria ser feito, não poderiam esperar mais, não depois de tudo que aconteceu nos dias anteriores, não depois de mais algumas covas cavadas, de mais lágrimas derramadas.

Chega de túmulos, chega de mortes, o outro lado da moeda tem que ser mostrado.

Carol não conseguia esconder seu nervosismo diante dos próprios atos. Pretendia esconder seus medos e suas aflições mesmo demonstrando confiança e firmeza em suas escolhas. Duas mochilas em cada ombro, um olhar exalando preocupação e uma pistola apunhalada em uma das mãos.

— Você não precisa fazer isso, Carol. — Uma voz conhecida para a Peletier surgiu pelas mediações da prisão. Tratava-se de Sasha, saindo do próprio posto de vigia para ir de encontro à mulher de cabelos grisalhos. — Não posso deixar que você faça isso. —

— Saia da minha frente, Sasha. — Por algum motivo, Carol estava ciente da presença de Sasha no pátio da prisão durante a madrugada, mas pretendia continuar com seu plano mesmo assim. — Você não pode me impedir, ninguém pode. Se nenhum de você pode fazer algo, eu vou fazer. — Carol ergue a própria pistola na direção de Sasha, ela não iria atirar, apenas queria prosseguir com seu caminho. — Apenas me deixe ir.

— Carol. — A voz de Sasha soou fria e seca, a sobrevivente fitou Carol com um olhar que revelava tudo que sentia, um misto de revolta e tristeza; tristeza pelo o que acontecera com o irmão, e revolta por simplesmente não fazerem nada, por temerem o pior. — Eu não posso deixar você ir sozinha. Eu também irei, você precisará de ajuda.

Carol encara Sasha por alguns segundos, os riscos de uma das duas não sobreviverem eram maiores agora. Antes apenas Carol poderia sofrer com o desfecho das próprias ações, apenas ela poderia encarar as consequências de frente. Carol estava disposta a morrer caso fosse necessário, não sem antes lutar e pôr um fim em tudo aquilo.

Mas agora Sasha estava inclusa e Carol não poderia ter o mesmo pensamento de antes. Ambas simplesmente caminham em direção aquilo que definirá o destino de suas vidas, e de seus amigos.

Dispostas a arcarem com as consequências.

....

Carl abrira a cerca da prisão com um alvoroço e uma pressa imensa. As buzinas alertavam que algo deveria ser feito com rapidez, algo de estranho havia acontecido. E então a picape vermelha adentra no pátio da prisão, não demorou muito e todos os sobreviventes enviados em suas respectivas missões saíram do carro, alguns sérios, outros nervosos.

— Algum problema? — O filho de Rick Grimes perguntou curioso, o garoto notara a preocupação por parte dos sobreviventes. E então que o ocorrido se revela; Ethan carregava Sofia em seus próprios braços, a loira estava desacordada diante do acidente sofrido meia hora atrás, bastante ferida e machucada.

— Chamem o Hershel! — Michonne exclamou, ajudando Maggie a retirar Beth de dentro do veículo. A loira estava visivelmente exausta. Beth Greene recebera um tiro que perfurou o próprio ombro, além disso, a mais nova dos Greene foi alvo de diversos golpes de um dos capangas do Governador.

— Beth? — Carl deixou escapar uma voz preocupada. O jovem estava surpreso com o estado de Beth, principalmente com tanto sangue escorrendo e se espalhando pelo braço da loira. — O que aconteceu com ela? E com a Sofia?

— Não se preocupe, tudo ficará bem. Apenas entre, precisamos de todo mundo dentro. — Michonne respondeu com a mão no ombro direito de Carl que apenas assente com a cabeça correndo na direção dos demais que adentravam na prisão.

— Michonne! — Sasha aclamava pela companheira de grupo. — Onde está ele? Onde está o Tyresse? Não me diga que ele... — Sasha havia percebido a ausência do irmão assim que todos os sobreviventes saíram da picape. E, dada às circunstâncias de Sofia e Beth, algo de ruim de fato aconteceu.

— Eu sinto muito, alguns capangas de Phillip atropelaram e o sequestraram. Beth estava na hora, ela relutou para não ser captada também. Sofia e Ethan os perseguiram, mas o resultado final não foi muito bom. — Explicou Michonne, seguindo rapidamente a trajetória dos demais assim como Sasha.

O grupo estava reunido no refeitório do Bloco de Celas C, o corrido fora explicado a Rick e aos demais que preocupados, se reunirão ali para obterem respostas. Beth e Sofia estavam sendo tratadas por Donna e Hershel, o veterinário estava visivelmente nervoso ao ver o estado da filha mais nova, apesar de mostrar-se confiante a melhora das duas.

— Cadê ela? Onde a minha irmã está? — Scott Gibbert, o irmão de Sofia recém-chegado à prisão berrava pelos corredores do local. O loiro acabara de ser informado sobre o ocorrido com a irmã mais velha, e não conseguia esconder seu nervosismo. — Ela vai ficar bem, não vai?

— Vamos fazer tudo para que ela acorde logo. Não se preocupe. — Hershel tentou acalmá-lo enquanto Donna o olhava de relance. A viúva e o próprio veterinário temiam que Sofia tivesse sofrido alguma pancada extremamente forte na cabeça.

Lori chorava escondida na cela onde dormia. A esposa de Rick tentava abaixar a própria lamentação, porém, Carol percebeu assim que passou por perto.

— Lori? — Carol surgiu na cela fazendo Lori enxugar as próprias lágrimas com uma pressa questionável. Contudo, Carol lança um olhar de questionamento em direção à ela, forçando-a a contar o que aconteceu para que estivesse chorando.

— É tudo culpa minha. Tudo sempre é culpa minha. — Lori enfim desabafou, segurando as lágrimas mais uma vez estando cabisbaixa, sentia vergonha de encarar Carol e todos os outros companheiros de grupo. — Se não fosse por mim, Beth e Sofia estariam bem. Se eu não tivesse engravidado... não seria necessário essa missão, e Beth não seria atingida e nem Sofia sofreria um acidente.

— A culpa não é sua, Lori. — Carol respondeu, sentando-se ao lado da amiga. A Peletier acariciava os ombros de Lori demonstrando seu afeto, mesmo com pensamentos totalmente divergentes da situação de Lori. — Não maltrate a si mesma como você está fazendo.

— Vocês sempre estão preocupados com meu bem-estar, com minha situação. Tantas coisas que aconteceram por causa de mim, tantas consequências negativas em sequência. — Lori continuou até parar no momento em que Carl surgira na cela com Judith em seus braços. O pequeno Grimes entrega a irmã mais nova à mãe, enquanto Lori sorria tentando disfarçar o choro de antes.

Carol observa Lori aninhando a quieta Judith nos próprios braços. Lembrou instantemente da falecida filha, dos choros e das madrugadas mal dormidas, das saídas de Ed no meio da noite por causa dos berros da pequena Sofia. Carol não estava feliz com tais lembranças, do contrário demonstraria uma feição amistosa em face. A mulher dona de cabelos grisalhos estava séria, pensando em toda situação que passavam e como tudo iria acabar afetando alguém.

Pensou em Judith. Pensou no bravo e pequeno Carl, nos gêmeos Billy e Ben, pensou naqueles que sofreriam por uma batalha sem sentido algum, e que estariam expostos caso nada fosse feito.

Quem eu estou engando? Ainda bem que você não sobreviveu, Sofia. Não aguentaria ver você no meio desse caos, não suportaria ver você sofrendo as consequências de tudo isso. Ainda assim você sofreu com esse mundo acabado.

— Hershel. — A voz rouca e grossa de Daryl surgiu na enfermaria onde Beth e Sofia eram tratadas. A filha mais velha dos Gibbert estava deitada em uma das mesas do local, Ethan estava ao seu lado segurando o punho direito de Sofia com uma firmeza jamais vista antes. — Como elas estão?

— Você vai ficar bem, estou aqui com você. — Cochichava Ethan, beijando a mão de Sofia sem tirar os olhos da mesma.

— Donna conferiu Beth, a bala não ficou alojada. Apesar do susto ela ficará bem. — Hershel respondeu, enxugando o suor que escorria por sua testa com um pedaço de pano qualquer. Daryl fica em silencio, olhando para Sofia e Ethan demonstrando sua maior preocupação para com a outra loira. — Ela está instável. Sua situação é muito delicada, a pancada foi forte e brusca.

A respiração de Daryl ficara pesada.

— Mas ela irá se recuperar, não se preocupe. — Hershel notou o espanto do caçador, contudo, o próprio patriarca dos Hershel estava com medo de algum dano maior ter atingindo o pescoço de Sofia. Principalmente na hora em que o carro colidiu com a árvore afinal, o pescoço foi lançado para frente e forçado a retornar para trás assim que Sofia bateu a cabeça na área porta-luvas do carro.

— Tudo bem. — Daryl assentiu com a cabeça virando-se para Ethan. — Ei, Rick quer reunir todo mundo. Vamos discutir sobre a situação.

— Eu não vou sair do lado dela, diga ao Rick que ele não pode contar comigo dessa vez. — Ethan respondeu vidrado no corpo inerte de Sofia. Daryl o encara com tamanha estranheza, porém o caipira entendia o posicionamento de Ethan, Daryl sabia que o loiro sentia um apreço muito grande por Sofia.

Rapidamente o grupo se reuniu mais uma vez no refeitório do Bloco de Celas C, e desta vez apenas os mais experientes estavam ali, esperando alguma resposta de Rick diante de tudo que aconteceu. Michonne estava ao lado de Daryl e Merle, aparentemente o irmão mais velho do caçador havia deixado de lado as indiferenças por um momento. Maggie e Glenn estavam juntos com Andrea e Milton próximos ao casal.

— Rick. — A voz de Carol ecoou pelo local, a mulher surgira apressada e com uma feição extremamente séria. — Temos que fazer alguma coisa, temos que acabar com isso. Eles estão com o Tyresse, poderíamos atacá-los já que eles estão esperando o prazo de sete dias terminar.

— Não, Carol. Esse não é o nosso melhor dia, dois dos nossos estão incapacitados. Todos vocês arriscaram suas vidas em missões simples, não podemos arriscar, não agora. — Rick discordou da ideia da mulher.

— Meu irmão está com um psicopata, Rick! — Bradou Sasha com os braços cruzados. — Não podemos deixá-lo sozinho com ele! Temos que ir e acabar com isso, é uma ótima chance!

— Sinto muito Sasha, mas não vamos fazer isso. Da última vez que fomos atrás do Glenn quase fomos dizimados e o Oscar morreu, poderia ter sido a Maggie, o Daryl ou qualquer um de nós. — Rick elevou um pouco mais o tom de voz. — Nós não iremos à Woodbury, as coisas estão recentes.

— Você não pode fazer isso. — Carol aproximou-se de Rick visivelmente aflita, a sobrevivente diminuiu o tom de voz para que os demais não ouvissem o que fora dito por ela. — Todos estão com medo. Somos fracos, e se não fizermos nada... as consequências virão. E então morreremos um por um, até que no fim não permanecerá ninguém de pé, iremos perder essa batalha, e cada sangue derramado terá sido em vão.

Rick e Carol trocaram olhar desafiados por longos segundos, o líder discordava da ideia da mulher em todos os sentidos, enquanto Carol insistia em atacarem antes que sejam atacados.

— O que você pretende fazer? Esperar eles nos atacarem? Se você não fizer nada... se nós não fizermos nada, tudo estará acabado. Não deixe que Judith sofra por algo que você não fez Rick. — Carol continuou encarando dessa vez todos os sobreviventes. — Nós temos armamentos, invadiremos de surpresa e mataremos todos.

— Mesmo discordando das atitudes de Phillip, existem pessoas inocentes lá dentro, Carol. Pessoas que acreditam que aquele seria o único abrigo seguro deles. — Andrea interrompeu.

— Não. — Milton surpreendeu todos os presentes naquele local. — Phillip fez questão de reunir todos os moradores dias antes da chegada de Sofia em Woodbury. Ele induziu todos a acreditarem que vocês são maníacos, que nos atacariam a menos que fizessem algo antes. Phillip fez com que todos os moradores concordassem em ajudar na guerra iminente, ele virá com força total.

O cientista havia surpreendido Andrea que estará boquiaberta diante das palavras ditas pelo companheiro. Carol assente constantemente com a cabeça enquanto voltava a encarar Rick, que permanecia relutante em sua decisão.

— Eu concordo com ela. — Merle demonstrou ter os mesmos pensamentos de Carol, todos o encaram, incluindo Daryl. — Você não pode esperar muito, Rick. Temos que agir depressa, ou então eles vão nos matar.

O grupo agora estava em silêncio. Todos se entreolhavam constantemente até que Hershel surge trazendo boas notícias para todos; Sofia havia acordado e sofrido apenas um desmaio diante da forte pancada.

— Ninguém sai da prisão hoje. Nós não faremos nada por enquanto. — Determinou Rick retirando-se do local enquanto todos os demais faziam o mesmo.

Sofia aos poucos abria os olhos. Ethan já estava ao seu lado com os olhos marejados enquanto exibia um sincero sorriso de felicidade. Scott também estava ao lado da irmã, demonstrando seu alivio.

— Você me deu um susto enorme. — Ethan brincou enquanto Sofia o olhava ainda um pouco zonza. A loira ergue lentamente o tronco ainda por cima da mesa enquanto passava suas mãos pelos seus cabelos dourados.

— Como estão os outros? — Sofia perguntou com dificuldades, apesar de estar bastante ferida, a loira não conseguia parar de se preocupar com os outros companheiros de grupo.

— Estão bem. Todos estavam preocupados com você. — Scott responde. Sofia e Ethan se abraçam, o loiro não parava de dizer o quanto estava feliz por vê-la viva, logo os demais sobreviventes chegaram para cumprimentá-la, assim como Beth que estava na mesa ao lado.

Contudo, Carol estava mais distante que todos. A mulher pensava na conversa que acabara de ter com Rick, estando bastante quieta e revoltada por perceber que Rick não pretendia fazer nada no momento, assim como os demais que concordaram com a ideia do xerife.

E foi no início da madrugada do outro dia que Carol tomara uma decisão arriscada e muito perigosa. A mulher esperou a maioria dos companheiros dormirem em suas respectivas celas para poder juntar o máximo de armamentos possíveis em duas mochilas. Carol pegara de tudo e um pouco; desde lança-chamas à granadas potentes.

Esperou o sono atingir os remanescentes para seguir com seu plano, invadir Woodbury e matar o Governador. Algo de fato arriscado para uma simples sobrevivente e até então mulher indefesa aos olhos de alguém. Mas Carol queria seguir com o plano, não poderia esperar mais, e mesmo que não sobreviva, ela terá feito algo por todos.

Porém, estando prestes a se retirar da prisão, Carol fora surpreendida por Sasha que diz querer junto à mulher. A irmã de Tyresse pretendia ajudar o plano de Carol a dar certo, e rapidamente ambas caminham para o exterior das cercas da prisão.

— Conversei com o Merle, ele ficará de vigia no meu lugar. — Sasha revelou enquanto caminhava com Carol ao seu lado.

— Você contou que eu iria até Woodbury hoje? — Carol questionou a atitude da negra.

— Eu mesma pretendia ir, mas então vi você se preparando para partir. Merle concordou com o seu plano, mas ele não sabe. Acha que apenas irei aliviar a cabeça por aí, disse que precisava matar alguns errantes e assim que ele perceber minha ausência, ele virá para cobrir meu turno. — Sasha explicou o ocorrido.

As duas percorriam o caminho direcionado à Woodbury por mais alguns minutos até se depararem com um enorme caminhão do qual uma buzina ecoava-se intensamente. As duas aproximaram-se vagarosamente do veículo até perceberem que o motorista havia se transformado em um zumbi. Contudo, aquele não era o único errante existente no local; uma horda razoável de andarilhos vagava pela extensa estrada, era um numero consideravelmente grande, capaz de encurrala-las em questão de segundos.

— Droga. — Murmurou Sasha ao ver o fluxo de caminhantes logo à frente. — Podemos usar esse caminhão para passar por cima dos transformados.

— Não. — Ralhou Carol, ainda fitando os zumbis que vagavam de um lado para o outro da estrada. — Mate esse motorista e o tire de dentro. Vou atrair os zumbis para um único lado da estrada enquanto você assume o volante. — Carol explicou fazendo Sasha erguer uma de suas sobrancelhas sem entender os pensamentos da mulher. — Eu tive um plano.

Isso vai dar certo. Tem que dar certo. 

Carol estava suja, totalmente imersa em um sangue pútrido. O odor que exalava de todas as partes do seu corpo era horrível, mas Carol parecia não se preocupar com isso no momento. Tripas e outros órgãos do motorista zumbi de antes estavam envolta do próprio pescoço, do seu lado passavam inúmeros errantes vagando em linha reta, atraídos pelo barulho do caminhão ao qual Sasha dirigia.

A Peletier misturou-se com os errantes. Agora fazia parte deles mesmo aquele não sendo seu lugar, contudo, caso ninguém tomasse alguma atitude, logo seria. A horda andejava em conjunto durante a madrugada escura em direção à Woodbury, e Sasha os guiava lentamente.

— Essa luz... — Sasha refletiu em voz alta. — É aqui, logo depois dessa curva.

Sasha colocou a mão esquerda para fora da janela, era o sinal que alertava Carol de que estavam próximas à cidade de Phillip. A negra inspirava fundo, estava nervosa diante do que viria a acontecer, mas Sasha pensava no seu irmão Tyresse, no que estaria passado nas mãos do Governador.

— Vamos fazer isso. — Pensou mais uma vez em voz alta, virando a curva e logo se deparando com o pedaço da estrada que ligava à Woodbury. Os holofotes fixaram-se em Sasha que acelerou como nunca tivera feito antes. Os disparos dos capangas do Governador que estavam em cima dos muros logo surgiram.

Sasha acionou a buzina do caminhão com o objetivo de atrair definitivamente a horda para Woodbury. A negra se joga do caminhão alguns metros antes do mesmo se chocar com o muro da cidade. Em cima do acelerado, uma pedra pesada garantia que o caminhão não parasse a trajetória tão facilmente.

— Filha da puta! Atirem! — Um dos homens gritou. Parte dos capangas miravam e disparavam na direção de Sasha que se protegera por detrás de um carro que estava estacionado na área lateral da estrada. — O caminhão porra! O caminhão!

Alguns soldados pularam de cima do muro antes que o mesmo fosse totalmente destruído pelo veículo, abrindo um espaço enorme na cidade deixando-a vulnerável aos errantes.

— Parte um. — Sasha retirara um dos coquetéis molotov feito por Carol, segurando-o com firmeza enquanto incendiava o pano por dentro da garrafa e lançava o explosivo até depois dos muros de Woodbury, com o objetivo de atingir os capangas que estavam do outro lado e até mesmo assustá-lo. — Parte dois. — Sasha realizava o mesmo feito com outro coquetel, lançando-o mais uma vez.

— Ela está aqui! — Gritou um dos homens de Phillip. O soldado correra na direção do carro que Sasha se abrigava, contudo, a negra demonstrou sua excelente pontaria disparando por dentre os espaços das janelas abaixadas do veículo, atingindo no peito o homem que correra na sua direção. 

—  Sasha. — Carol sussurrou em um tom de voz quase inaudível. A sobrevivente correra na direção de Sasha, entregando novas armas para a companheira enquanto voltava-se para a direção dos andarilhos. — Bom trabalho, eles vão entrar. Irei com eles, assim ninguém perceberá minha presença. Entre só depois que toda horda estiver lá dentro, os atiradores estarão ocupados com os zumbis, será a nossa chance.

— Só tome cuidado. — Sasha pediu, correndo em seguida para  duas árvores próximas ao carro de onde estava. A irmã de Tyresse esperava o fluxo de andarilhos diminuir para poder adentrar na cidade.

Carol não poderia assegurar que ficaria bem, muito menos que tudo daria certo. A mulher caminhava em passos arrastados, assim como os zumbis, e tinha apenas um objetivo; matar todos que aparecerem em seu caminho, assim como os zumbis.

O fogo se espalhou na área esquerda do muro destruído. Os explosivos lançados por Sasha atingiram dois atiradores que pegaram fogo no mesmo instante. Alguns capangas corriam na direção oposta à horda alertando aos sobreviventes que saíram de suas respectivas casas com o barulho da buzina do caminhão, que só parou ao atingir de maneira desgovernada um dos alojamentos da cidade.

Carol retirou sua arma, mirou na direção do soldado e disparou contra uma de suas pernas, fazendo-o cair imediatamente no chão sendo logo mordido pelos zumbis que o alcançavam. Mirou novamente uma mulher que observava assustada tudo aquilo, provavelmente era uma habitante da cidade. Carol suspirou, e atirou, matando-a no processo.

Mais atiradores surgem na parte de cima da rua inclinada da cidade. Eles dispararam contra os errantes antes que os mesmos chagassem nas mediações em que os habitantes residem. Carol foi obrigada a correr para não ser atingida e, por sorte, conseguiu manter o disfarce de zumbi.

— Onde você está... onde um Governador moraria? — Carol questionou a si mesma ao perceber que o líder da cidade ainda não se revelou perante toda destruição. A mulher olhou para todos os alojamentos do local, e decidiu acabar com um por um para não restar dúvidas.

Sasha agiu assim que viu que praticamente todos os errantes da horda já haviam entrado no local. A atiradora do grupo da prisão andejava lentamente,  passou por cima das madeiras do muro caído, e logo correu na direção de um alojamento, abrigando-se na parede do mesmo.

— Tyresse... — Pensou, fitando com os orbes arregalados em todas as direções da cidade. Sasha mirou nos soldados de Phillip, disparou contra o crânio dos mesmos, mas logo fora obrigada a se proteger quando uma mulher disparou contra sua direção.

A mulher surgira por dentro do estabelecimento e, ao avançar pela parede do local, viu Sasha avançar em cima de si, levando-a ao chão. Sasha cortara a garganta da residente de Woodbury com uma incrível agilidade. O sangue da mulher jorrou por todos os lados, e Sasha simplesmente apunhalou sua arma mais uma vez, e voltou a focar nos demais soldados.

Carol segurava um galão de gasolina em uma das mãos. A mulher de cabelos grisalhos espalhava sorrateiramente o líquido na frente de todos os alojamentos da calçada do lado esquerdo, o lado onde estava. E, após terminar sua ação, lançou o isqueiro no chão e o fogo logo surgiu espalhando-se por toda a calçada.

Um dos homens de Woodbury observou a presença de Carol, e logo disparou contra a mulher que seria de fato atingida se não fosse por Sasha, que rapidamente eliminou o inimigo de Carol, efetuando um disparo contra o mesmo.

Carol olha de relance para Sasha, que assente com a cabeça e logo avança pelo resto da cidade. Carol tem sua atenção chamada por gritos de residentes de Woodbury que foram cercados pelos zumbis e mordidos na sequência. Outros ficavam reféns em suas próprias casas, com medo de tudo que ocorria nas ruas da cidade.

Transformados sentiam a presença de Carol – que já abandonara o disfarce – e já tentavam alcançá-la. No entanto, a sobrevivente retira sua lâmina que sempre carregava na cintura, cravando-a no crânio do primeiro errante que surge.

— Aqui. — A voz de Sasha saiu apressada. A sobrevivente quebra o vidro extenso de dois alojamentos distintos, retirando de sua mochila uma espécie de lança-chamas que fora encontrado por Glenn e Daryl na missão do dia anterior.

Sasha ateou fogo no interior dos locais. A rajada de fogo atingia tudo que encontrava pela frente, queimando no processo. No segundo alojamento, Sasha queimara um residente de Woodbury que nem sequer teve tempo de reagir.

A irmã de Tyresse parou o processo para se defender de soldados que disparavam na sua direção, porém, os mesmos foram cercados pelos andantes da horda guiada por Sasha e por Carol. A negra esboça um sorriso de alívio ao perceber que o plano de Carol estava funcionando, e a horda ia ocupando os soldados e moradores ao máximo.

Carol percebeu que alguns locais específicos na cidade eram protegidos por alguns seguranças devidamente armados, percebendo que algo de importante era mantido ali. Carol  aproveitou o momento em que os dois seguranças fugiram diante da hora, para adentrar no local sem dificuldades.

Carol percebeu que se tratava de uma sala com alguns equipamentos de torturas. A mulher ficara boquiaberta ao notar o tamanho da insanidade do Governador, que provavelmente pretendia utilizar aqueles instrumentos dolorosos ou com o Tyresse, ou com algum residente da prisão.

A Peletier restante se retira do local. Observando todo o caos que Sasha fizera no lado de fora, incendiando boa parte da cidade ao ponto do próprio lança-chamas esgotar sua capacidade de produção de fogo.

Sasha percebeu uma área iluminada com tochas. A excelente atiradora correra na direção do local com a esperança de que ali estava seu irmão, vivo e consciente. Porém os pedidos de Sasha não se atenderam, a negra viu que apenas se tratava de uma espécie de arena onde o Governador juntava seus moradores para assistirem à lutas de humanos contra zumbis.

— O que você está fazendo aqui dentro? O que está acontecendo lá fora? — Um homem surgiu surpreendendo Sasha. A mulher mira na direção do rapaz disparando na altura da coxa fazendo-o ir ao chão no mesmo instante.

— Onde está o Tyresse? — Sasha perguntou com os olhos arregalados de tanta revolta. — O homem que vocês sequestraram? ONDE ESTÁ O TYRESSE? — Tornou a perguntar efetuando mais um disparo, dessa vez na barriga do homem. — Me diga! Onde ele está?

— Eu não... não... sei  do que você... — O homem sibilou com dificuldades, Sasha não deu tempo para o mesmo responder, disparando agora no centro da testa do desconhecido.

Sasha inclinou a cabeça. Estava abalada, seu irmão havia sido sequestrado por pessoas horrendas, matara pessoas até então inocentes de maneira brutal e frita, mas sabia que aquilo era preciso.

Sasha viu sua perna direita ficar bamba e sem estrutura em questão de segundos. A mulher vai ao chão percebendo que havia sido atingida por uma bala; os homens de Phillip chegaram até a arena.

— Desgraçados... — Murmurou gemendo de dor.

— Você não é tão esperta. — Um dos homens falou, elevando a própria arma. — Transformados não metem medo em nós, talvez em moradores mais fracos, mas em nós não.

— Onde está o meu irmão? O que vocês fizeram com o Tyresse?? — Sasha gritou completamente raivosa. A negra ainda estava deitada no chão, recebendo outro disparo na região do ombro esquerdo.

— Desconheço esse Tyresse. Você conhece? — Ironizou o homem que havia disparado. Os demais capangas sorriem demasiadamente. — A menos que você esteja falando de um negão que o Governador trouxe...

Sasha rosnou de fúria. O sangue escorrendo por seus ferimentos não importava mais, muito menos a dor que sentia naquele instante. Sasha lançara um olhar extremamente fuzilante para o homem que comentara a respeito de seu irmão, sua feição modificou-se completamente.

— A essa altura ele deve estar morto. — Continuou o capanga de Phillip. — Mas não se preocupe, faremos questão de garantir seu encontro com ele. — Concluiu e disparou no ombro direito de Sasha.

A sobrevivente da prisão dessa vez se encontra estirada no chão úmido e arenoso da arena. O lado direito da sua face estava em contato com o solo, Sasha arfava intensamente, a perna de sangue tornou-se mais intensa, agora os sete homens que a rodeavam riam da situação da mulher.

Era o fim. Tyresse morrera, e Sasha estava prestes a receber um último disparo. Mais afastada, bem na frente da arena onde todos se reuniram, Carol observava angustiada todo o ocorrido. Percebera que a companheira de grupo estava sem escapatória, já erguendo a própria arma para disparar contra os inimigos que a ameaçavam.

Mas Carol não teve tempo. Sasha fora mais rápida. A mulher retira vagarosamente a granada que carregava na cintura, retirando o pino e jogando-o sem muita força na direção dos homens que a cercavam.

A explosão logo aconteceu. Todos os homens foram envolvidos na explosão da granada, assim como o corpo de Sasha, que agora estava totalmente carbonizado e dividido em alguns pedaços. A explosão também envolveu outra granada que estava presa no coldre na cintura de Sasha, aumentando a potência da explosão.

— Sasha! — Carol gritou, surpresa pela ação da companheira. O chão do local treme com o impacto da explosão, assim como a poeira que fora predominante no interior da arena. Carol retrocedeu alguns passos, ainda chocado ao ver ao ato de desespero de Sasha, a mulher de cabelos grisalhos foi surpreendida quando um jovem, cuja idade não aparentava ser maior que vinte anos, surgiu por detrás da mulher.

O jovem agarrou Carol, que conseguiu se soltar com pouca facilidade. A mulher apontara sua arma na direção do garoto, que estava visivelmente nervoso.

— Onde seu governador fica? — Carol questionou com um tom de voz autoritária. — Me diga, onde Phillip se aloja?  — Carol perguntou mais uma vez, o garoto cede apontando para um local que possuía um primeiro andar. — Obrigada.

Carol dispara, e o jovem garoto vai ao chão.

A mulher dona de cabelos curtos e grisalhos fita o local indicado pelo garoto. Caminhando em passos largos e apressados, até retirar o último equipamento que trouxera em uma de suas mochilas; uma espécie de lança-rojão diferente de uma RPG, mas com capacidade destrutiva idêntica.

Carol coloca o armamento pesado em seu ombro direito. Resmungou demonstrando estar mal acostumada com a utilização do rojão, mirou por alguns segundos, e logo disparou na direção do alojamento, explodindo-o por completo. Carol largou o rojão como um ato de alívio, estava cansada e contente por ter conseguido fazer algo, mesmo que tenha custado a vida de Sasha.

Carol observa toda destruição causada em Woodbury. Inúmeras casas pegando fogo, assim como diversos corpos no chão, e inúmeros zumbis perambulando pelas ruas da cidade. Carol assente sozinha com a cabeça, sorrindo de leve estando feliz por concluir algo que planejou, e que todos foram contra.

Mas as consequências viriam, e de uma maneira inimaginável quando o barulho de uma arma destravada ecoa-se por detrás de si.

             

 


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Entramos na sequência dos dois últimos capítulos da fic! Beijos! A sequência da invasão à Woodbury foi levemente inspirada nos episódios 5X01, 6x02 e 4x07. Os gifs contém cenas de tais episódios utilizados em um contexto semelhante na fic!

A música que representa o capítulo é Gold de Wake Owl, espero que ouçam com atenção! Aqui vai o link:
https://www.youtube.com/watch?v=XaPheukyE3I



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