Black escrita por Artur


Capítulo 15
Capítulo 15: Sacrifícios


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Como estão? Demorei um pouquinho de nada, mas aqui estou eu mais uma vez com mais um capítulo fresquinho de Black! Aproveitem que este está cheio de ação, drama e emoção! Ficou grande, mas acho que era necessário.. enfim, boa leitura!

Beijos!



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Black

Capítulo 15: Sacrifícios

— Eu sei que vocês estão me ouvindo, sei que estão como baratas escondidas por aí! Mas vejam, estarei dando-lhes uma última chance, voltarei para Woodubry, comemorarei o sucesso iminente com meus soldados e habitantes, e quando voltarmos aqui em um próximo encontro, espero que vocês tenham fugido e deixado a prisão para mim!

— Phillip, eles estão aqui. – Martinez o avisou assim que viu uma movimentação constante de mordedores nas proximidades da prisão, todos atraídos pelos disparos e pelas explosões de antes. Phillip sorri de lado, como se aquilo o alegrasse.

— Muito bem, terei que dizer adeus agora. Ah, agradeçam a sua amiguinha Sofia, foi graças à ela que eu tive mais vontade ainda de vir aqui e conhecer cada um de vocês, seus vermes! – Phillip proferiu, revelando a chegada e a permanência de Sofia em Woodbury. — Nosso recado foi dado, vocês estão acostumados a enfrentar e lutar conta os mortos... Mas hoje vocês aprenderam que deve-se temer os vivos.  De qualquer maneira, no final desse dia... Todos vocês irão fazer o que sempre fazem....

Phillip fez uma pausa enquanto virava o rosto e fitava uma multidão de andarilhos aproximando-se drasticamente da prisão. O Governador simplesmente sorri sadicamente, seus olhos brilhavam  com tudo aquilo até que se voltava a dizer;

— Lutar contra os mortos.

A respiração de todos os sobreviventes espalhados pelo campo da prisão ficara anelante, muitos estavam com o coração acelerado diante de tudo que presenciaram minutos atrás, no entanto, o dia seria mais longo que o normal para cada um deles. Rick e Andrea estavam por detrás do veículo explodido por Martinez anteriormente, já Maggie estava acompanhada de Glenn, Tyresse, Michonne e Beth por detrás do ônibus capotado na entrada lateral da prisão. Mais acima, Carol estava deitada no gramado vasto do local com o corpo de Cassey na sua frente.

— Eles estão indo embora? Estão partindo, é isso? – Andrea questionou atenta nos inimigos que estavam atrás das cercas principais e frontais da prisão. A loira estranha o fato do Governador e seus capangas entrarem nos seus respectivos veículos e partirem de volta à Woodbury.

— Sim, e isso não é um bom sinal. Fique atenta, algo de estranho está acontecendo. – Rick sabia analisar as coisas com uma maestria impressionante, o líder se retira de onde estava notando a chegada de inúmeros e incontáveis errantes que cambaleavam na direção da cerca lateral perto de onde Maggie e os outros estavam. — Droga, pessoal! Cuidado, os errantes foram atraídos!

O berro de Rick Grimes chama a atenção de todos que reparam na quantidade intrigante de errantes que andejavam até eles. Todos se afastam das cercas enquanto corriam na direção de Rick e Andrea, Ethan logo se aproxima  enquanto seu irmão, Thomas, chorava diante do corpo de sua namorada.

— Eu sinto muito, Thomas. – Carol soava entristecida, porém, convicta que fez o certo ao usá-la como escudo, a mulher vira-se na direção dos demais percebendo do que se tratava. — Precisamos ir, temos que fazer algo.

Carol fora a última que juntou-se na breve reunião que ali era feita. Todos estavam assustados e apreensivos, incluindo Rick, que estava prestes a tomar uma decisão arriscada quanto a situação em que a prisão se encontrava naquele momento.

— Escutem todos. – Comunicou Rick, olhando para cada um que ali estava presente. — Sei que estão assustados, o Governador nos deu uma visita, mas precisamos nos recuperar. – O xerife tentava convencer as pressas que todos deveriam colaborar naquele momento, independentes das perdas que tiveram. — Vejam; estão aqui e em uma quantidade enorme, precisamos detê-los antes que as cercas caiam, precisamos mais do que nunca proteger o nosso lar.

 A voz de Rick estava um pouco falha, mesmo querendo transparecer segurança e confiança aos sobreviventes, o líder não conseguia esconder a própria aflição ao perceber que estavam sendo ameaçados tanto pelos vivos, quanto pelos mortos.

— O que estamos esperando? Vamos! – Glenn interrompeu o momento virando-se enquanto corria na direção da cerca, todos fazem o mesmo com exceção de Ethan, que vai ao encontro de Thomas cujo o qual ainda chorava com o corpo de Cassey nos braços.

— Thomas... precisamos ajudar, sei que a Cassey queria que você sobrevivesse. Vamos fazer isso cara, por ela e por todos nós. – Ethan tentou de todas as maneiras ajudar o irmão a esquecer da perda mesmo que seja por alguns minutos. — Preciso de você, Thomas. Todos nós precisamos.

E com um gesto silencioso, Thomas seca as lágrimas dando uma última olhada no corpo sem vida da amada. Ethan acaba ajudando o irmão a se levantar enquanto ambos corriam na direção dos demais.

— Usem facas ou qualquer arma branca que tiverem! Precisamos deter esses da frente! – Rick gritava intensamente, afinal, o próprio barulho dos grunhidos de todos os errantes que ali estavam era o suficiente para abafar a voz dos sobreviventes. — Vamos!

Os sobreviventes se espalham alinhadamente pelo pequeno e estreito corredor de areia que separava a cerca exterior – onde os andarilhos forçavam a entrada –, com a cerca interna. Michonne atravessava sua katana nas brechas da cerca perfurando posteriormente, os crânios dos transformados mais próximos a si.

Ao lado de Rick e de Michonne estava Andrea, com uma faca de tamanho mediano utilizando as mesmas técnicas que a companheira de inverno estava utilizando. Próximos ao trio estavam Glenn, Maggie e Tyresse que juntos, realizavam os mesmos atos a fim de evitar que as cercas cedam.

— Essa parte, agora! – Carol alertou assim que viu que alguns errantes estavam ‘’escalando’’ na multidão de transformados e estavam prestes a atravessar o topo da cerca, inclinando-a no processo. — Desgraçado!

Carol obteve a ajuda de Beth e de Ethan no processo de eliminação dos zumbis escaladores. A filha mais nova de Hershel apunhalava sua pequena faca enquanto Ethan portada uma barra de metal a qual estava estirada no chão. Os errantes insistiam em atravessar as cercas aos arredores da torre 3, porém, o que os andarilhos não contavam era a persistência dos sobreviventes em deixar tudo seguro.

— Esperem... – A voz de Rick soou-se em meio ao barulho de armas perfurando crânios e grunhidos e resmungos. — Para trás, todos! – O líder percebeu que a cerca estava prestes a realmente ceder, a parte superior estava inclinando-se conforme a aglomeração continuava, deixando os zumbis cada vez mais perto de realizarem o que tanto querem.

— Mexam-se! – A esposa de Glenn acordara do breve transe voltando-se para cerca só desta vez, estirando os braços enquanto realizava uma força extrema para mantê-la estável. — Façam o mesmo! Vamos!

Os demais sobreviventes acabam copiando o ato de Maggie empurrando as cercas para o lado contrário. Contudo, as forças dos errantes unidas pareciam superiores ao esforço que todos faziam, e, conforme as cercas começavam a se inclinarem ainda mais, Maggie é surpreendida por um andarilho que surge por debaixo puxando a perna da jovem.

— Maggie! – Os orbes de Glenn arregalaram-se com o susto, a esposa do coreano é puxada para próximo da cerca podendo ser, no máximo, arranhada pelo errante do outro lado que havia lhe puxado.

E com um único e preciso movimento, Glenn utiliza seu machado com maestria realizando um golpe vertical na altura do braço do transformado que puxara Maggie. O golpe se repete por mais duas vezes até cortá-lo por inteiro.

— Você está bem? – Questionou o coreano, visivelmente preocupado com a situação da esposa. Maggie não teve tempo de responder a pergunta do amado, uma primeira parcela das cercas laterais acaba cedendo finalmente enquanto abria passagem para a entrada dos andarilhos.

— Corram! Protejam-se! – Rick gritou ao perceber que não havia escapatória senão fugirem da desgraça iminente o quanto podem. O xerife corre pelo corredor de terra subindo por uma simplória elevação do solo até chegar na porta de metal que dava acesso ao pátio da prisão, Michonne surge logo atrás com Andrea ao seu lado.

— Maggie, por aqui! Vem! – O coreano puxa a amada pelos braços enquanto corriam na direção da torre 3, o casal pretendia se abrigar lá, no entanto, o fluxo de walkers era intenso e o espaço... estreito.

— Vão, eu cubro vocês dois! – Exclamou Tyresse, pondo-se à frente dos dois. O negro começa então a desferir diversos golpes com seu martelo, eliminando uma série de errantes, mas sendo surpreendido por um em especial que o agarra por trás levando-o ao chão.

— Tyresse!! – Glenn e Maggie gritaram em uníssono, os dois já estavam prestes a entrar na torre quando foram surpreendidos com a situação de Tyresse. Seria tarde demais caso Glenn fosse ajuda-lo, porém, Sasha surge no momento certo com sua excelente mira efetuando um disparo no errante que tentava abocanhar o próprio irmão, eliminando-o de vez.

O corpo mole e sem vida do transformado cai em cima de Tyresse, que vê a situação a seu favor camuflando-se com o zumbi por cima enquanto os demais simplesmente passavam ao lado e dispersavam-se nos dois caminhos.

Do lado oposto onde Rick e os demais correram, as cercas restantes também cedem aumento gradativamente no fluxo de caminhantes. Carol e Beth são obrigadas a fugirem quando notaram que seria inútil lutar ali, a filha mais nova de Hershel é surpreendida quando dois andarilhos mais ágeis acabaram agarrando o braço direito da jovem, pausando sua trajetória.

— Beth! – Carol gritara assim que viu que a jovem fora pega. A senhorita Peletier  retrocede os passos até chegar em Beth enquanto disfere um chute na perna do primeiro errante que a pegara, e fincava sua lâmina no cérebro do mesmo.

O único errante que assolava a jovem Beth foi tratado por Thomas, que se aproxima juntamente a seu irmão Ethan, e realiza um disparo certeiro com sua pistola no centro da testa do errante, deixando Beth ilesa de qualquer ferimento.

— Venham vocês duas! – Alertou apressado, Carol e Beth passam à frente do homem de barba enquanto o mesmo não consegue fugir a tempo sendo mordido primeiramente no pescoço, e, logo depois, no braço esquerdo.

— Thomas! – O grito de desespero de Ethan soou ao ver que o irmão mais velho havia sido fatalmente mordido. — Filhos da mãe! Thomas, vou te ajudar! Não se preocupe, ok? – Ethan estava visivelmente mais assustado que o normal, o moreno elimina os zumbis mais próximos enquanto ajudava o próprio irmão a caminhar pelo corredor estreito.

— Por aqui, venham depressa! – Beth gritou mais afastada. A jovem já havia aberto a passagem da cerca interna que levava ao campo da prisão. Carol tinha feito sua entrada no mesmo instante, sendo acompanhada pelos irmãos logo em seguida.

O grupo todo estava separado; uma parte estava segura já no pátio da prisão, enquanto a outra parcela de sobreviventes estava espalhada no campo frontal do local. E, por dentre as cercas, vagavam os andantes sedentos em carne seca e carne viva. Já haviam derrubado a cerca externa, e seria questão de minutos para derrubarem a cerca que ligava diretamente ao pátio principal.

— Carol? Beth? – Uma voz conhecida para as duas ecoou-se mais distante dali.  — O que diabos aconteceu aqui? – A voz continuou a surgir até que ambas perceberam que tratava-se de Daryl juntamente a seu irmão Merle, onde ambos retornaram para prisão justo no momento que uma invasão de errantes estava ocorrendo.

— É o Daryl! É ele! – Beth exclamou maravilhada por vê-lo vivo e de volta ao grupo em um momento tão delicado e decisivo para todos eles. Daryl tinha sua real importância no antigo grupo da prisão, e a loira não consegue esconder a felicidade de ter a ajuda do caipira mais uma vez. — Entrem por aqui, rápido!

Carol estava estagnada. A mulher de cabelos curtos e grisalhos tinha perdido as esperanças de vê-lo novamente, porém, a imagem de Daryl bem na sua frente lhe mostrou que nem sempre as coisas tem um final definitivo. Carol só retorna para a realidade quando um grito de dor e sofrimento saiu da boca de Thomas, o homem estava imergindo-se em sangue enquanto era amparado pelo irmão, Ethan.

— Não se preocupe, ficará tudo bem! – Ethan tentava tranquilizá-lo. — Vamos fazer alguma coisa, vamos te ajudar, pode ter certeza! – O irmão mais novo estava visivelmente mais desesperado que o próprio ferido, Ethan estava com medo de perdê-lo de uma maneira tão brutal.

— Ethan. - Carol o repreendeu, séria. — Você sabe que não tem nada que possamos fazer. Ele foi mordido no pescoço, é impossível que Thomas sobreviva. – Carol por um momento havia esquecido do retorno de Daryl, algo audacioso e insano passava pela sua cabeça naquele momento.

— Eu sei Ethan, não precisa tentar algo, cheguei no meu fim. – Thomas proferiu, intercalando sua frase com gemidos constantes de dor.

— Você ainda pode fazer algo por nós, Thomas. Algo que garanta nossa sobrevivência nesta prisão. Pense no seu irmão e na Cassey, pense no quão útil você seria agora. – Sibilou Carol, demonstrando aos poucos no que havia pensando anteriormente.

— Você está certa, Carol. – Thomas respondeu ainda agonizando-se de dor. — Ainda posso fazer uma última coisa por todos vocês. Me levem para perto dos zumbis, serei um sacrifício.

— O que? Um sacrifício? Vocês estão malucos?! – O irmão mais novo de Thomas não havia concordado com a ideia insana de Carol. — Não posso deixar você fazer isso, Thomas. É irracional e cruel para você!

— Não, Ethan. Não tem mais nada que eu possa fazer, estou morrendo você não vê? Logo serei mais um desses vermes, mas eu sei que posso ajudar de alguma maneira, sei que posso ajudá-los com um último ato. – Thomas tinha sua voz falha e trêmula. — Permita-me dar essa chance para vocês, para Judith... tenho certeza que os nossos pais estariam orgulhosos de nós dois.

Um silêncio torturante se faz perante todos. Ethan olhava entristecido para o irmão, enquanto Beth já se aproximara trazendo Daryl e Merle consigo. Mais acima, nas cercas que davam acesso ao pátio da prisão, os zumbis forçavam mais uma vez a entrada enquanto Rick e os demais já se viam perdidos.

— Pai! – Carl surgiu retirando-se da passarela onde estava com os gêmeos Billy e Ben. — Você está bem? Vocês estão bem? O que aconteceu? Ficamos assustados. – O garoto ajeita o chapéu enquanto olhava para o pai.

— E o nosso pai? Onde ele está? Cadê o papai? – Ben questionou notando a ausência de Allen e já percebendo que a torre onde o mesmo ficava havia sido explodida, pensando assim, nas piores possibilidades.

— Vocês devem voltar para o bloco de celas. Juntem-se à Lori, Donna e Hershel e nos aguardem lá, será um dia intenso. – Aconselhou Rick, fazendo o trio de adolescentes voltarem para o interior da prisão.

Ethan decide apoiar a decisão do irmão mais velho em servir de isca para atrair uma parte dos errantes que ameaçavam invadir o pátio da prisão. O grupo contorna a prisão, Daryl e Merle davam o apoio físico eliminando os errantes mais próximos até chegarem no local estratégico; a área onde os demais transformados estavam.

— Veja! É o Daryl e os outros. Eles devem ter pensado em algo! – Apontou com o dedo Michonne assim que viu a ação dos demais. De inicio, Rick mostrou-se surpreso com o retorno de Daryl, apenas assentindo com a cabeça para o caçador enquanto voltava-se rapidamente para os andarilhos que forçavam a cerca. 

— É a sua vez, Thomas. – Carol informou, fazendo o ferido andejar em passos difíceis e arrastados para ficar mais próximo dos transformados. Todos os demais retrocedem os passos ficando mais distantes do local enquanto Thomas gritava loucamente para atrair a atenção dos andarilhos.

— O que ele está fazendo? Ele é uma isca, é isso?- Andrea indagou ao ver o que Thomas pretendia fazer. Rick fecha os olhos por alguns segundos enquanto voltava-se a atirar com sua pistola nos zumbis que ainda não foram atraídos pelos gritos de Thomas.

— Está dando certo, tá atraindo eles. – Enalteceu Merle, mostrando um sorriso de satisfação enquanto todos olhavam incrédulos para a cena de Thomas correndo na direção contrária enquanto metade dos zumbis o perseguiam atraídos pelo banquete servido.

Thomas correu e gritou o máximo que pode, porém, o homem é alcançado pelos andantes que se jogam por cima do sobrevivente levando-o ao chão com uma rapidez incrível. Thomas logo é dominado por completo enquanto ia sendo devorado vivo.

— Vamos, é a nossa vez. – Daryl afirmou andejando em passos lentos com sua besta em mãos, os demais logo o seguem, menos Ethan que continua parado observando seu irmão sendo morto pelos errantes.

Escureceu. O sacrifício de Thomas valeu à pena e todos os errantes que ameaçavam invadir a prisão foram eliminados com facilidade, Ethan estava triste e abalado pela perda do irmão e da cunhada, Cassey em um único dia. Donna e seus filhos gêmeos também estavam chocados pela morte de Allen, no mais, a prisão estava de pé e os sobreviventes resistiram a mais um dia infernal.

— Não consigo acreditar nisso, não consigo aceitar que Allen se foi! – Donna se imergia nas próprias lágrimas enquanto era amparada por Lori. Ben estava calado e pensativo na própria cela, o loiro ainda custava a acreditar que o pai fora morto, Billy estava abalado assim como a mãe, mas sabia que nada poderia ser feito agora.

— Estamos felizes por tê-lo de volta, Daryl. – Carol definitivamente estava contente por saber que o companheiro de grupo havia retornado para a prisão, mesmo que Merle estivesse ao seu lado. O irmão do caçador havia sido tratado com repúdio por Michonne no inicio, principalmente pelos dois terem tido intrigas no passado, contudo, Rick sabia que era preciso manter a convivência caso queiram ganhar a guerra.

— Rick! – A voz apressada e aflita de Sasha soou-se pelos corredores do bloco de celas C. — É ela, é a Sofia! Ela está aqui e trouxe companhia! – As sobrancelhas da negra estavam levemente erguidas na testa, surpresa ao saber que Sofia tinha retornado.

Neste instante, Rick, Glenn, Carol, Maggie, Daryl, Merle, Carl, Sasha, Michonne e o próprio Ethan foram em direção ao pátio principal da prisão. Todos estavam devidamente armados sem baixar a guarda em momento algum, o carro cujo qual Sofia estava parou em frente à cerca que fora aberta por Merle com uma pressa inimaginável.

— Desçam do carro com as mãos para cima! Agora! – Rick gritou exaltado. O líder já estava farto e cheio de tudo que envolve o Governador e Woodbury, e só de lembrar que Sofia o traiu para unir-se a Phillip, Rick explodia de raiva. — O que vocês estão fazendo aqui?

— Rick! Sou eu, Sofia! Esse é o meu irmão Scott, e este o cientista de Woodbury, Milton. Eles estão comigo agora, e eu os convenci de que deveríamos voltar. – Sofia informou, descendo do veículo assim com o Rick havia ordenado.

— Você não me respondeu! O que vocês fazem aqui? Que eu saiba você nos traiu, Sofia!

— Espere, Rick! – Ethan interrompeu ainda mais raivoso que o líder da prisão. O rapaz andejava mais à frente, estando bem próximo de Sofia e dos outros dois. Ethan fixa seus olhos na loira que havia lhe traído unindo-se com o seu pior inimigo.

A fisionomia de Ethan muda completamente, raiva e angustia já o dominavam. Sofia o abandonou sem remorso algum, e estava bem ali na sua frente como se nada disso tivesse acontecido.

— Como você tem coragem de vir até aqui e agir como se fosse uma parceira nossa? – Ethan questionou, deixando a liderança de Rick de lado. — Você sabia que o líder da sua nova comunidade nos atacou? Que deixou três mortos incluindo a Cassey e o meu irmão??

— Ethan eu sinto muito, mas não tive escolha! Eu queria poder explicar tudo a vocês antes de ter partido, mas essa era a única chance que eu tinha para acabar com tudo isso! – Sofia tentou explicar-se. — Eu tentei acabar com essa guerra internamente, vi que não tinha a menor chance sozinha, coloquei fogo em uma  parte da cidade, instalei o caos em Woodbury. Trouxe bolsas repletas de armas e munições, mapas com localizações estratégicas, deixei meu pai lá naquela cidade com o monstro do Governador... e tudo isso foi por vocês.

Todos ficaram em silêncio com o que Sofia acabara de dizer, incluindo Ethan que agora via sua raiva esvaindo-se aos poucos. Muitos ainda sentiam com a falsa traição de Sofia, mas na  realidade, todos sabiam que a loira estava falando a verdade, que essa era a verdadeira Sofia que eles conheciam.

— Ela está contando a verdade. Eu mesmo discordei desse plano idiota dela, tive que vir com Sofia para cá, não tive escolha. – Milton completou a jovem enquanto ajeitava os óculos. — Saibam que nunca concordei com as atitudes do Governador, inclusive já ajudei a própria Andreia a fugir de lá.

— Ethan... eu sei que você deve me odiar. Sei que você está sofrendo pelas perdas recentes, mas você tem que me perdoar! Eu fiz tudo isso pensando em vocês, pensando no melhor para todos vocês! – Sofia aproximou-se devagar na direção de Ethan que estava chorando cabisbaixo, a loira ergue a cabeça do rapaz forçando-o a trocarem olhares. — Eu descobri que gosto de você e que não quero que você morra.

Sofia desabafou, finalmente revelando seus sentimentos mais profundos. A loira que antes tinha incerteza em relação ao que sentia pelo rapaz dessa vez nem sequer repara na presença de Daryl, alguém que nutria um sentimento que naquele momento fora esquecido no limbo.

O casal se beija timidamente, e por incrível que pareça, fora Sofia quem tomou a iniciativa. O beijo não durou muito tempo, Ethan logo encerra o momento enquanto abraçava a loira  como um gesto notório de quem sentia muita falta da presença de Sofia. Os dois permanecem abraçados por alguns segundos, Sofia explica novamente tudo que planejou e tudo que fez à Woodbury para Rick e os demais, que após alguns minutos, acabam acreditando novamente na garota que dessa vez retorna ao grupo com seu irmão Scott, e com Milton.

No entanto, nem tudo terminaria na mais perfeita harmonia. O Governador retornara na noite daquele mesmo dia em um carro e sozinho, sem nenhum capanga. Phillip despertara a atenção de todos com seu megafone anunciando sua chegada, muitos acordam assustados, outros repreendem Sofia por achar que a mesma tinha de fato traído a todos.

— Apareçam seus imbecis! – Gritou o Governador, irritado com a demora dos sobreviventes do grupo da prisão que logo surgem no pátio assim como Sofia. — Você achou que saiu por cima me enganado e deixando minha cidade no meio de uma bagunça? Talvez. Mas saiba que as coisas só pioraram para você, loira burra do cacete!

Phillip se estressa revelando suas reais intenções; O homem de tapa-olho acaba retirando da traseira de sua van um zumbi qualquer que logo depois fora reconhecido por Sofia e por Scott. Phillip havia matado Seth e deixando o mesmo transformar-se em zumbi para que pudesse mostrar pessoalmente à Sofia.

— Está vendo? Esse é seu pai que também é outro traidor filho da puta! Percebe como ele está agora, não percebe? Ele virou um saco de carne como todos os outros mortos! – Phillip guia o que antes fora Seth, com o mesmo equipamento utilizado dias atrás por Andrea, até a entrada da prisão, soltando-o no campo enquanto retornava para sua van. — A partir de hoje eu pegarei mais pesado com vocês, já estou cheio de tanta palhaçada e perca de tempo! Daqui a sete dias retornarei aqui com todos os meus homens para acabar com essa guerra. Até breve.

Phillip acaba retornando para Woodbury enquanto todos ficam paralisados com a notícia de que o ataque total estava perto de acontecer, e que provavelmente a lista de morte seria longa.

— Não pode ser... não pode ser verdade! – Scott chorava intensamente ao ver no que o próprio pai havia  se transformado. — É o papai, é o nosso pai Sofia! Ele está morto!

Sofia não havia perdoado totalmente pelo abandono passado do pai, talvez esse seja o ponto mais fraco da loira; perdoar alguém que lhe fez algo no passado. Contudo, Sofia sabia que era ela quem tinha que dar fim aquilo, não cabia ao irmão de dezessete anos e sim à Sofia.

— Eu faço isso. – Foi só o que Sofia dissera, caminhando vagarosamente pelo campo da prisão. A noite era predominante,  todos estavam em silêncio e o único barulho que podia-se escutar era dos insetos na floresta e os grunhidos de Seth, que avança na direção da filha com suas mandíbulas afiadas à mostra.

Sofia ergue lentamente sua pistola silenciada. A loira mira no crânio do próprio pai, enquanto inúmeras lembranças – boas e ruins –, passavam pela sua cabeça. As lágrimas já não eram seguradas enquanto por fim, Sofia fizera o que era para ser feito.

— Me desculpa, pai.

9


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Notas finais do capítulo

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