Isso não é normal - Perina escrita por Pipoca


Capítulo 7
A sua presença já me faz tão bem


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoas lindas que acompanham a fic *-* Eu tô escrevendo na praia e aqui não tem internet, então só vou postar quando voltar para casa, ou quando a internet pegar... Eu surtei com o beijo Perina foi tipo *o* PERFEITO, mas o lance da aposta me deixou chateada...Enfim, eu fiz esse capítulo na quinta-feira e não tive tempo de terminar até agora (sábado 06/09), mas eu tentei caprichar... Estou ultra feliz que estão gostando da história, isso é muito importante pra mim... Beiiijos e boa leitura. (Leiam as notas finais)



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Karina estava começando a achar que Pedro realmente tivesse algo de interessante por trás daquele jeito irritante. Eles tinham algo muito forte, uma atração que ultrapassava limites e Karina não sabia mais como disfarçar, quando eles estavam perto um do outro ela não conseguia nem pensar direito, como é possível mudar tão drasticamente em uma semana? Ela estava insegura e resolveu esperar para tomar qualquer atitude, ela queria ter certeza que não estava fantasiando nada novamente e que desta vez era real, era pra valer.

Gael tinha dado uma última chance para Cobra, que implorou para não ser expulso da academia, ele percebeu que o lutador não tinha ideia do que estava fazendo, lá nos hospital ele pôde ver que Cobra estava bêbado e já tinha aprendido a lição graças ao soco de Karina.

Todo dia quando Bianca acordava Karina já estava se arrumando para o treino, Bianca não tinha muitos compromissos, era de casa pra ribalta, da ribalta pra casa e em dias alternados para casa do Duca. Karina estava se sentindo meio boba, talvez um pouco idiota, porque teve que sofrer tanto por um cara que no fim das contas nem era tão importante assim? Para Bianca, Karina estava diferente, estava mais alegrinha, isso para ela significava que ela estava apaixonada e a irmã mais velha já sabia por quem.

_*_

Pri e Fabi estavam esperando Karina na frente do colégio, assim que viram a lutadora sorriram e acenaram, Karina odiava como elas ficavam cheias de frescurinhas as vezes, mas no geral elas eram algumas das pessoas que mais lhe davam apoio.

― Ela chegou! Ela chegou! ― Disse Pri para Fabi.

― K, você não sabe o que aconteceu! ― Disse Fabi com entusiasmo.

― O que foi em? As duas tão cedo aos pulinhos... ― Disse Karina desconfiada.

― Vai ter um show daquela banda que você ama, como é o nome mesmo? ― Disse Pri fazendo suspense.

― Ah, NX Zero !!!― Disse Fabi sem aguentar mais guardar segredo.

― NÃO BRINCA!! Cês tão de onda com a minha cara só pode! ― Disse Karina incrédula.

― É sério K, vai ser incrível!! Você vai né? ― Disse Pri que gostava da banda, mas não tanto quanto Karina...

― É CLARO QUE EU VOU!! ― Disse Karina mega animada com a novidade. ― Ihh, mas eu tenho que perguntar ao seu Gael antes... ― Disse Karina com medo que o pai não deixasse.

― Não esquenta com isso não, ele vai deixar, vai ser demais! É sexta-feira de 20:00 naquele clube bem legal. ― Disse Fabi deixando Karina mais aliviada.

― Vamos pra sala, já vai tocar o sinal. ― Disse Karina com um sorriso enorme no rosto.

Elas estavam caminhando pelo corredor das salas, conversando sobre o show e sobre a viagem, Pedro e João já estavam sabendo do show, assim como muitos da escola, inclusive Tainá, para ela aquela seria a oportunidade perfeita para tentar algo com Pedro novamente, mas desta vez ela tinha que afastar Karina antes.

As aulas correram bem, já haviam voltado do intervalo e seria aula de química no laboratório, todos pegaram seus equipamentos, e aventais e se dirigiram para a sala. O professor para evitar barulho de conversas durante a aula sorteou as duplas e Karina acabou ficando com Pedro, sorte ou azar?

― Bom turma, espero que tenham gostado das duplas, ficaram juntos na minha aula pelo resto do ano. ― Disse o professor william.

― Ah não professor, eu vou ter que aturar esse mala como parceiro pelo resto do ano? ― Disse Karina fingindo ira, ela estava até um pouco feliz, ficar perto de Pedro fazia bem a ela.

― E você fala como se eu quisesse ficar contigo como parceira, né esquentadinha?! ― Disse Pedro revidando por força do hábito, na verdade ele gostou dessa brincadeira que o destino lhe pregou.

― Olha moleque eu só não te bato porque estamos no meio da aula. Agora cala a boca e me dá o tubo com o líquido azul. ― Disse Karina tentando não perder a cabeça com ele.

― Pode deixar doutora esquentadinha, eu pego pra você, você pediu com tanta educação que eu não tenho como te negar. ― Disse Pedro sarcasticamente, lhe entregando o tubo e sorrindo para ela.

― Palhaço. ― Disse ela um pouco sem graça com o sorriso dele, era difícil não ficar boba na frente daquele sorriso.

Pri e Fabi não ficaram em dupla mas acabaram sentando próximas, elas logo notaram o climinha entre K e Pedro, muita gente notou, por mais que estivessem brigando, os olhos dele estavam brilhando ao olhar nos dela e vice-versa, Karina já estava até um pouco corada, e as amigas notaram que ela estava diferente desde que Pedro chegou no bairro. Como muitas outras pessoas, Tainá também notou o clima e ficou furiosa, ela sentia por Pedro um sentimento de posse, não era amor era uma obsessão doentia, ela só não queria ser trocada por Karina outra vez, por isso tanta implicância. Ela estava pensando em como fazer Pedro querer se afastar da lutadora, ela não podia simplesmente falar mal dela para Pedro, ela já havia tentado e ele não deu a mínima atenção, então ela resolveu deixar os dois se acertarem. “Quanto mais alto é o voo, maior é a queda.” – ela estava partindo desse princípio, quando eles estiverem prestes a ter algo sério, ela iria lá e armaria para Pedro e Karina discutirem e se afastarem de vez.

Para a alegria do planinho de Tainá, os dois estavam cedendo aos poucos, Karina já havia passado 20 MINUTOS sem discutir com Pedro e o mesmo sem chamar Karina de apelidinhos que ela não gostava, a única exceção foi “esquentadinha” , era um clássico e ela estava até gostando. A aula não demorou muito, e logo que acabou eles foram liberados. Pedro ficou numa espécie de reunião com sol e com o pessoal da banda, enquanto Karina foi para casa de ônibus com Fabi.

― Eu vi em... Você e o Pedro lá na aula... É por causa dele que você tá toda feliz esses dias não é? ― Perguntou Fabi fazendo K corar.

― Claro que não! E eu estou normal! ― Disse Karina se virando para a janela do ônibus para não ter que se abrir com Fabi. No fundo ela queria contar tudo, mas tinha receio de parecer uma completa idiota.

― Para de esconder! Eu bem vi você chorando quando viu ele com a Tainá, e depois tava toda feliz, ai eu fiquei sabendo que eles tinham terminado e entendi o porque da sua alegria toda... K para de ser boba se abre comigo! ― Disse Fabi, Karina olhou para ela respirou fundo e soltou.

― Quer saber? Eu estou confusa, nem sei o que está acontecendo comigo esses dias, eu achava uma coisa e agora sinto outra totalmente diferente e eu não sei como contar, eu não vou contar. Nós nos beijamos e eu não estou entendendo mais nada. SATISFEITA? ― Perguntou Karina em tom sarcástico, Fabi não poderia abrir maior sorriso.

― Você está apaixonada pelo Pedro! COMO FOI ESSE BEIJO ME CONTE TUDO!! Que lindo K! Ele é mesmo um gato, e eu sempre soube que desde pequenos por trás daquelas brigas ia dar namoro! ― Disse Fabi entusiasmada.

― Namoro? Não viaja Fabi, eu nem sei o que eu estou sentindo, não sei se ele sente igual e não pretendo dizer nada. E o beijo foi normal, como qualquer outro. ― Mentiu, não foi um beijo normal, mas ela nem sabia porque havia dito aquelas coisas todas, não ia sair falando do coração acelerado, da atração e nem de nada mais.

― K, mas você não sentiu nada durante o beijo? Nada? ― Disse Fabi, assim que concluiu a pergunta, viu a lutadora corar, ela sabia que ela tinha sentido mil coisas mas que ela não ia falar. Respeitou o silêncio da amiga, apenas em relação ao beijo. ― Ei mas o que você acha dele? ― Perguntou Fabi, com uma resposta ela tiraria todas as suas conclusões.

― AH, ele é normal, sei lá Fabi. ― Disse K, um pouco desconfortável com o papo.

― Mas e no palco? Tocando? O que cê acha dele? ― Perguntou Fabi curiosa.

― Ah, no palco ele é... ― Disse Karina pausadamente fazendo uma carinha de quem estava sonhando acordada. ― Ele fica tão linQUASE BONITINHO. ― Disse Karina despertando do transe.

― Bonitinho é? Hmm sei. ― Disse Fabi sacando tudo o que estava se passando no coração da amiga.

― Olha a nossa parada, vamos descer logo! ― Disse Karina mudando de assunto.

― Tá vamos, mas eu quero saber mais sobre esse rolo com o guitarrista depois. ― Disse Fabi fazendo Karina andar mais rápido só pra não ter que responder. ― Olha K, você pode se abrir comigo sempre que precisar, está tarde eu vou pra casa mas estou a disposição. Vou esperar seu SMS me contando cada detalhe! ― Disse Fabi tomando distância.

― Vou pensar no seu caso. Tchau. ― Disse K entrando na academia para cumprimentar o pai. ― Oi pai. ― Disse Karina chegando perto do pai que estava arrumando os troféus na prateleira.

― Oi filha! Aproveitando que você chegou, eu preciso dar uma saidinha rápida e eu quero que você ponha os troféus, que eu acabei de limpar, na prateleira de cima. Faz isso pra mim? ― Pediu Gael vendo a filha fazer a velha expressão do “tudo eu”.

― Tá, eu que faço tudo aqui mesmo não é?! ― Disse Karina com um leve tom de provocação, o pai bagunçou seus cabelos e eles riram. ― Deixa eu só tirar a farda que eu venho arrumar. ― Disse indo na direção dos vestiários e observando Gael deixar a academia.

Karina colocou um short de malha que ela não usava a um bom tempo, estava justo mas ela não ligou saiu e foi na direção da prateleira. Como as 2 últimas eram muito altas para ela alcançar, ela pegou uma escada e subiu para colocar os últimos. A aula havia parado para um intervalo dos alunos e alguns lutadores foram tomar uma ducha, os vestiários ficavam no caminho da área de guardar o equipamento, que era onde ficavam os troféus, o público masculino ficou impressionado com a beleza de Karina que já estava subindo os degraus da escada, ela não notou mas alguns dos seus amigos de academia ficaram a observando sem acreditar que aquela era a mesma Karina que eles conheciam a anos.

― Qui é que é isso!!! ― Disse Marcão se referindo ao corpo da loira.

― Que saúde! ― Disse Zé mordendo os lábios.

― Que isso novinha!! ― Disse Cobra também aos sussurros. Pedro, que foi pagar a ribalta percebeu uma concentração de pessoas e foi ver o que estava acontecendo, quando ele abriu espaço entre os lutadores logo pôde ver o motivo da reunião masculina, Karina. Ela estava de costas colocando os troféus nas prateleiras altas, ele já tinha notado que por baixo da armadura ela tinha um belo corpo mas na academia aquilo parecia novidade. Ele ficou incomodado com tantos caras sarados olhando para a “sua esquentadinha” mas ele não podia se permitir sentir ciúmes, já que eles não tinham nada assumido.

― NOSSASINHORA! ― Disse um dos lutadores não muito alto, mas o suficiente para chamar a atenção da loira que virou para ver o que estava acontecendo e se assustou ao ver grande parte dos alunos da academia a observando um pouco de longe. Ela segurou na prateleira para não cair e logo ficou parecendo um tomate.

― O-o-que que cês tão fazendo ai?? ― Perguntou Karina fazendo eles gaguejarem e alguns até correrem para não serem vistos, eles não sabiam o que dizer e não podiam dizer o que de fato estavam fazendo.

― Nada, eles estavam indo juntos ao vestiário e eu vim falar com você. Ai nos esbarramos uns nos outros e foi isso. ― Disse Pedro para tira-los logo de perto dela.

― É-é foi isso K. ― Disse Zé gaguejando.

― Ué eu achei que a gente tava olhando a bunda dela... ― Disse Marcão um pouco baixo, em seguida levou um pescotapa e todos os lutadores disseram em coro:

― CALA A BOCA MARCÃO!

Karina ainda estava apoiada na prateleira em cima da escada e todos os parceiros de academia foram a jato para os vestiários, Pedro se aproximou para conversar com ela:

― Oi esquentadinha!

― Oi moleque. O que quer comigo?

― O que? AH, sim, eu- eu... É... Eu vim fazer uma aula experimental de Muay Thai.

― Você? Lutando Muay thai? HA-HA. ESPERA... É SÉRIO ISSO? ― Disse Karina rindo.

― É claro, ou você pensa que eu gosto de apanhar? Eu quero aprender uns golpes! ― Depois de dizer isso Pedro fez uma simulação de luta com o ar, o que fez Karina rir e se desequilibrar da escada, ela tentou segurar na prateleira mas não conseguiu, ela caiu da escada e por sorte Pedro a segurou antes que ela pudesse cair no chão e se machucar.

― OPA! ― Disse Pedro com Karina em seus braços.

― Obrigada por... Por me segurar. ― Disse Karina tentando sair dos braços de Pedro , que estava com ela no colo. Ela estava com uma vontade enorme de beija-lo, mas não daria o gostinho a ele de se sentir amado por ela. ―Já pode me colocar no chão. ― Disse tentando não corar por causa da proximidade de ambos.

― Algo me diz que você não quer que eu faça isso. ― Disse Pedro ainda com Karina em seus braços. ― Sabe esquentadinha, você é bem bonita. ― Disse Pedro fazendo ela ficar com raiva e dar um chute na coxa dele com o calcanhar. Com o impacto do chute ele a soltou e ela parou em pé na frente dele. ― Aii! Que isso sua louca?? ― Disse sem entender o motivo da raiva da menina .

― Que isso? A gente tava até conversando mas você não perde a oportunidade de me zoar não é? Babaca. ― Disse saindo enfurecida na direção dos vestiários. Pedro foi atrás dela mas, ela fechou a porta com tanta força que a fechadura caiu mas ela não percebeu. Ela entrou na cabine e se sentou na tampa da privada. Ela achou que ele estivesse fazendo piada com a cara dela e ficou irritada. Ele foi no banheiro e tentou falar com ela mas a porta estava trancada.

― Ô esquentadinha, o que eu fiz dessa vez em sua maluca? ― Gritou do lado de fora do banheiro, ela não respondeu. “Garota maluca” pensou Pedro, Gael estava olhando na direção dele com uma cara nada amigável.

― Eu que pergunto, o que você fez pra minha filha moleque? ― Perguntou o lutador intimidando Pedro.

― I eu lá sei? Ela é maluca, se trancou no banheiro. ― Disse Pedro sem entender nada.

― Como assim se trancou? Você deve ter feito alguma coisa pra ela ter feito isso... OLHA SE EU DESCOBRIR QUE VOCÊ DEIXOU A MINHA FILHA TRISTE VOCÊ MORRE MOLEQUE.― Disse Gael preocupado que a filha estivesse presa. ―Karina! Karina! Você tá bem filha? ― Disse tentando destravar a porta. ― Karina abre a porta! ― Ele já estava alterado.

― Me deixa em paz que saco! ― Disse Karina sem entender o motivo de tanto grito. ― A porcaria da porta está aberta, agora dá pra parar de gritar? ― Disse Karina irritada.

― Não é o que parece. ― Disse Gael com Pedro do seu lado. O guitarrista estava preocupado com a possibilidade dela estar trancada, pois o banheiro só tinha duas janelas extremamente finas e como já estava tarde não seria fácil de achar um chaveiro, teriam que arrombar, mas era uma porta grande de madeira boa, seria difícil.

― Ninguém merece! ― Disse saindo da cabine e indo na direção da porta, ela rodou a fechadura que caiu na mesma hora, ela soltou um grito e ficou um tanto desesperada por estar presa no banheiro. ― NÃO ACREDITO, QUE DROGA!

― O que foi filha? ― Disse Gael preocupado com a filha.

―A fechadura da porta caiu e eu acho que tô presa aqui. ― Disse Karina com mais raiva do que antes, e um pouco de medo de ter que passar a noite ali.

― Esquentadinha calma, é só chamar alguns lutadores e pedir pra eles arrombarem a porta, relaxa. ― Disse Pedro tentando evitar um surto da menina.

― É isso mesmo! Pai chama o Zé, o Marcão, o Duca quem quer que seja mas me tira logo daqui! ― Disse Karina, ela não gostava de sentir que não podia fazer algo, ela não gostava da ideia de não poder resolver a situação que fosse.

― Olha K eu já volto! ― Disse Gael correndo na direção do tatame e chagando lá só encontrou Duca arrumando o material. Pedro estava encostado na porta mas não sabia muito bem o que fazer, não queria puxar assunto e ver Karina transformar a conversa em mais uma briga dos dois. Como somente Duca estava na academia, Gael teve que vir só com um lutador. ― Filha o Duca tá aqui, se afasta da porta que a gente vai empurrar!

― Tá, me tira logo daqui. ― Disse Karina já impaciente.

― Pronto? ― Gael perguntou a Duca, que assentiu com a cabeça e deu um impulso forte contra a porta. Não conseguiu. Tentou novamente, sem sucesso. Ele já estava com o braço dolorido e Pedro resolveu ajudar, ele e o lutador foram correndo juntos e se chocaram contra a porta que veio a baixo. Karina se assustou e soltou um grito, Gael foi suspender Duca e sem ter porque, Karina abraçou Pedro, que ficou sem reação, mas gostou bastante e retribuiu.

― “cof cof” ― Tossiu Gael propositalmente, para que eles se separassem. Eles entenderam o recado e se soltaram, Karina evitou olhar para o guitarrista, pois estava sem ter como explicar porque o tinha abraçado.

― Valeu Duca. Olha pai eu já vou indo porque eu tô cansada, com dor de cabeça. ― Disse Karina indo para casa antes que “surtasse” novamente e abraçasse o músico mais uma vez, ou pior.

Gael agradeceu Duca e Pedro tentou sair de fininho, não queria ter que explicar o motivo da confusão. Pena que o mestre viu o músico indo embora e o chamou.

― Moleque volta. Você vai explicar direitinho porque a Karina foi daquele jeito pro banheiro. ― Disse Gael com um semblante intimidador.

― Olha eu não tenho culpa se a sua filha não sabe receber elogios... ― Disse Pedro tentando ir embora sem muitos hematomas.

― O que quer dizer com isso? ― Disse Gael confuso com a história do elogio.

― Olha seu Gael, eu estava pensando em fazer aulas aqui na sua academia e fui falar com a esquentadinha, ela começou a rir e eu disse que ela era bonita, e pode acreditar, eu não sei porque ela saiu bufando em direção ao banheiro. Ela é meio louca. ― Disse Pedro com medo de apanhar por causa de algo que ele não tinha feito.

― Foi só isso? E quanto as aulas, você quer mesmo fazer muay thai? ― Perguntou Gael um pouco feliz por ter mais um possível aluno.

― Sim, e as aulas eu realmente quero fazer, sabe, pode parecer que sim já que eu já fui amigo da esquentadinha, mas eu não gosto de apanhar, não de outras pessoas que se não ela. ― Disse Pedro com sinceridade, ele até arrancou uma risadinha de Gael que deu dois tapinhas nas costas do garoto. Quando ele falava da “esquentadinha” ficava com brilho nos olhos, corava e não conseguia conter o riso. Gael sabia reconhecer muito bem um garoto apaixonado, gostou da sinceridade que ele tinha na fala e mesmo que não quisesse a sua caçula namorando “tão cedo” gostaria que fosse com um rapaz como ele ou como Duca, mas seu aluno preferido já havia ganhado o coração de Bianca.

― Bom, se é assim, você traz R$ 200,00, faz a matrícula e começa amanhã mesmo. Tem cinco aulas experimentais antes de ter que pagar a matrícula e a mensalidade. Agora eu vou para casa, já está tarde vá também. ― Disse Gael vendo o guitarrista assentir e ir embora. Pedro acabou esquecendo de pagar a ribalta e resolveu pagar no dia seguinte.

_*_

Karina chegou em casa e Bianca estava ensaiando para o show de talentos que teria na ribalta, ela faria a peça “Romeu e Julieta” com Lírio, ele não era bem um ator mas conseguia representar de maneira regular. Bianca estava andando de um lado para o outro o que deixou Karina nervosa. Ela pegou a toalha e foi tomar banho enquanto Bianca enlouquecia por uma peça que só seria dali a um mês. Gael chegou falou com as filhas que não deram muita atenção, já que a mais velha estava louca por causa do show de talentos e a caçula estava com um sorriso bobo escutando música na cama.

_*_

Karina acordou um pouco mais tarde do que o normal e percebeu que seu pai já tinha ido para a academia, ela se arrumou e foi também. Chegando lá ela se deparou com uma cena que a deixou confusa: Pedro e Gael conversando civilizadamente, e Gael estava até sorrindo. Pedro entregou um envelope para o mestre e eles apertaram as mãos.

― Posso saber o que está acontecendo aqui? ― Perguntou Karina sem entender nada, até que ela se lembrou de que Pedro havia dito que queria se matricular na academia, ele treinaria no turno da noite, já que de manhã tinha aula de música na ribalta e de tarde tinha escola, quanto ao perfeitão, ele ajudaria os pais nos fins de semana.

― Pode, eu vou treinar contigo aqui na academia. ― Disse Pedro provocativo.

― Ah não pai, você não matriculou esse moleque não né? ― Disse Karina que não sabia se bufava por ter que aturar as piadas de Pedro ou se pulava de alegria por ficar mais perto dele, é claro que essa comemoração seria interna.

― Matriculei sim e não quero briga dona Karina. ― Disse Gael repreendendo a filha.

― Eu não acredito que vou ter que te aturar aqui no lugar que eu mais amo! Isso é um castigo! ― Protestou Karina, enquanto Pedro apenas fazia aquela velha cara de “eu não ligo se você não gostou, eu vou ficar, aceite”.

― A é? Pois pra te ajudar a acreditar e te fazer ser mais educada, é você que vai se encarregar de treinar o Pedro até ele acompanhar a turma! E nada de “mas” eu já vou começar a aula. ― Disse Gael cortando as asas da filha e saindo deixando os dois sozinhos.

― Olha só quem vai ser a minha nova professora! ― Disse Pedro provocando a lutadora. Karina o deu uma rasteira e ele caiu no chão.

― Olha aqui, eu não vou deixar você estragar as coisas aqui na academia! Isso é a coisa que eu mais amo na vida então eu acho bom você levar a sério. ― Disse Karina virando as costas, Pedro puxou a sua perna com o pé, ainda no chão. A lutadora se desequilibrou e caiu ao lado do guitarrista, que aproveitou o local escondido e se posicionou em cima da garota, que ficou imobilizada.

― Nem pense nisso! ― Disse Karina.

― Isso o que? Quem está sugerindo é você. ― Disse Pedro notando a lutadora corar, ele aproximou seus rostos e fez menção de beija-la, mas não o fez. Ela acabou não resistindo a proximidade do guitarrista e tomou a iniciativa, ele soltou seus braços e apoiou os dele no chão enquanto ela passava os seus sobre o pescoço do músico. Ele não estava acreditando mas ela realmente queria beija-lo, dessa vez ele não precisou criar coragem para tomar a iniciativa, isso significava que ela gostava dele, e saber disso era muito bom. Tudo ao lado dela era bom. Quando se separaram, estavam deitados lado a lado, ela levantou, e saiu, ele resolveu deixa-la pensar, e ele estava atrasado para a ribalta também...

_*_

Karina não conseguiu mais bater em nada, ela começava a socar o saco de areia e depois se pegava abraçada a ele, como se fosse alguém... Pri e Fabi sabiam porque o pensamento da lutadora estava longe do ringue e da luta, quando ela saiu de perto de Pedro ela foi no banheiro lavou o rosto e as amigas chegaram, como elas estavam sozinhas, Karina não aguentou tanta pressão e acabou contando o que havia se passado minutos antes na sala perto dos troféus... Elas é claro surtaram de felicidade e se mostraram muito dispostas a ajuda-la a entender o que estava acontecendo, por “ajuda-la a entender o que estava acontecendo” quero dizer que elas começaram a falar freneticamente que Karina estava apaixonada e que isso era incrível, e que ele também deveria estar gostando dela na mesma intensidade, que ele era uma boa pessoa... Falaram até os tímpanos da lutadora estourar.

Pedro tocou como nunca no ensaio da banda, ele estava com uma animação tão grande que não conseguiu tirar o sorriso do rosto, para alguns foi até normal já que ele é um típico garoto “riso frouxo”, mas dessa vez o sorriso dele era mais sincero do que nunca, e João tinha percebido isso. O guitarrista contou tudo ao amigo, que ficou feliz por ele, já que no fundo isso era meio que o sonho enrustido dele desde... Desde sempre na verdade. Um beijo da esquentadinha, que ele não precisasse roubar, era algo que ele sempre desejou, deixou de lado por um tempo, mas viu o desejo florescer novamente.

Na escola eles ficaram separados, pois os professores mudaram os alunos de lugar, não se viram durante o intervalo devido ao tumulto provocado por uma briga, tiveram aulas diferentes por um tempo, pois era dia de aulas práticas (meninas: Ed. Física/ meninos: Informática), e quando finalmente largaram ele foi chamado para falar sobre a demo da banda. Ele já estava agoniado por não poder falar com ela sobre o ocorrido pela manhã, e ela estava tentando evita-lo e aproveitou a sucessão de fatos que a ajudaram a manter distância. O jeito seria se encontrarem na academia.

_*_

― Oi esquentadinha, achei que não ia mais conseguir te ver hoje! ― Disse Pedro chegando perto da lutadora.

― Oi moleque. Olha pega isso. ― Disse Karina entregando o material ao músico. ― Me segue que eu vou te ajudar a colocar. ― Disse saindo em direção ao tatame, onde já tinha algumas pessoas se preparando para o treino da noite. Fabi e Pri que vinham à noite ficaram felizes de poder acompanhar o “casal”.

― O que eu faço com isso? ― Pedro disse ingênuo, sem saber como atacar as caneleiras.

― Olha você tem que colar o velcro aqui ô... ― Disse Karina colocando a caneleira dele, ambos sentados, eles arrancaram olhares, pois Karina estava mais “mansa” do que o normal e o garoto não tinha cara de que levava jeito para luta.

― Ah valeu. E quando eu vou aprender a socar como você socou a cara do Cobra aquele dia? ― Disse Pedro fazendo Karina se lembrar do beijo e rir um pouco. ― Olha só isso! Você sabe sorrir! ― Dito isso Pedro viu Karina corar e para disfarçar forçar um sorriso. Ela levantou e o chamou para perto do saco de pancadas, ensinou alguns golpes para ele que era uma verdadeira negação para luta. Depois que os alunos terminaram o treino eles também pararam e Karina resolveu cortar o clima que estava rolando antes mesmo de Pedro dizer algo, ela foi para o vestiário e quando saiu ele já não estava mais lá.

_*_

Os dias foram passando sem muitos acontecimentos, Karina estava tentando ficar distante, ela estava com medo de se deixar levar pelo que estava sentindo por Pedro, que vez ou outra a abraçava, ou roubava um beijo no rosto, eles as vezes se encontravam no parque quando Pedro e Tomtom iam lá para a menina brincar e Karina, que adorava a menina, acabava brincando com eles também, Tomtom conseguia uni-los de uma forma inacreditável. Ele estava ficando cada vez mais irresistível. Chegou a tão esperada sexta-feira e Karina não estava se contendo de felicidade por causa do show da sua banda favorita, parecia sonho Gael deixou ela ir com as amigas contanto que ligasse quando chegasse e quando o show acabasse. Bianca ouviu na ribalta que Pedro iria estar nesse show e acabou escolhendo as roupas da irmã, que não sabia nem porque tinha permitido. Ao chegar lá Karina encontrou as amigas e entrou no show, elas estavam animadas, o show era numa casa noturna, que não era tumultuada, e prometia ser perfeito.

_*_

A sua presença já me faz tão bem

Eu não vejo a hora de te ver sorrir

Quando tudo acabar você vai estar aqui

Quando tudo acabar você vai estar aqui

– A melhor parte de mim - ♥


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Notas finais do capítulo

- Perguntinhas:

O que vocês acham de música nos capítulos? Continuo? Paro de colocar?

Vocês estão gostando da Tainá malvadinha?

E o Cobra, vocês shippam amizade Cobrina? (eu shippo acho que os dois se entendem, mas quero saber a opinião de vocês)

Querem que eu comente mais sobre algum personagem na fic? Sei que personagens como a Sol, Mari e Jade ficaram apagadas aqui, mas como o foco é Perina e eu não acho a Bianca muito interessante resolvi puxar mais para a Pri e a Fabi...



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