Camp Half-Blood ~ Fic Interativa escrita por Little Avenger


Capítulo 25
Capítulo XXIV — Anna


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais (Se ainda tiver alguém aí ç.ç)



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“Ás vezes o amor não é suficiente quando o caminho se torna difícil” Lana Del Rey.

Minha cabeça doía mais que tudo, assim como minhas mãos. Encarei o saco de pancadas pendurado a minha frente e soltei um suspiro pesado antes de voltar a socá-lo com toda a força que restava em mim.

— Não seria melhor guardar toda essa raiva para a guerra?

A voz ecoou por toda a arena, fazendo com que todo o meu ser se arrepiasse. Por que a voz dele me causava tanto efeito? Isso não poderia estar acontecendo em hipótese alguma. Eu tinha um coração gelado demais – graças a ELA – e não podia me deixar levar pelos meus sentimentos. Parei de socar o saco e encarei Raecius com um sorriso debochado nos lábios.

— Já passou do toque de recolher, é hora de criança estar na cama — As palavras saíram mais geladas do que eu esperava.

Mas contrariando a minha vontade de ficar sozinha, Raecius olhou bem nos meus olhos. Fiquei algum tempo sustentando o olhar, até que não aguentei. Ele parecia estar lendo a minha alma.

— Seus olhos estão meio brancos — Ele disse num sussurro que quase não deu para que eu ouvisse.

Soltei um suspiro pesado e resolvi ignorá-lo. Se meus olhos estavam realmente brancos como ele dizia, eu não tinha muito tempo antes de ter um dos meus ataques, precisava extravasar a minha raiva antes que machucasse alguém. Voltei a socar o saco de pancadas até não aguentar mais, e quando parei para respirar um pouco Raecius já havia sumido.

[...]

Eu não sei que horas havia ido dormir na noite anterior, mas havia sido tarde o bastante para que eu levantasse xingando os Deuses e o mundo. A pressão para que todos do acampamento treinassem havia aumentado tanto que todos ali viviam sempre se matando de tanto treinar e geralmente nem dormiam direito, fazendo com que tudo resultasse em um lugar cheio de adolescentes cansados e estressados. Tudo por causa de uma maldita guerra que estava sendo desencadeada pelos deuses, de novo.

Era incrível o modo como eles tinham o grande poder para se meter em encrencas e deixar a sujeira para que seus filhos limpassem. Isso me fazia odiá-los cada vez mais, mas não o bastante para que eu decidisse pular a cerca para o outro lado. Ás vezes a vontade batia, mas eu tratava logo de mandá-la ao Tártaro. Eu não queria ser ruim, não queria sucumbir às vontades de minha mãe. Eu tinha certeza que ela ficaria orgulhosa se eu saísse dos trilhos pelo menos uma vez e a última coisa que eu queria era deixá-la orgulhosa. Não depois da merda toda que ela tinha feito comigo.

— Vamos, Anna! Ta esperando o que aí?

Encarei a minha mais nova irmã, que tinha acabado de me tirar dos meus devaneios. Seu nome era Milla e ela era a pessoa mais energética que eu já tinha conhecido, ela parecia até uma criança depois de consumir uma dose bem grande de açúcar.

Me arrumei o mais rápido que pude antes de sair do chalé carregando meu mais novo brinquedo: Um florete feito de gelo totalmente resistente e mais bruto que um diamante, minha arma poderia ser considerada inquebrável e não podia ser derretida. Eu sabia disso porque já tinha tentado destruí-la, simplesmente por ter sido um “presente” da minha mãe. Até decidir que não valia a pena destruir uma arma tão bonita e com poderes – sim, eu também tinha descoberto que com a arma eu tinha mais controle sobre o gelo – tão legais por pura birra. Agora a arma tinha se tornado inseparável.

Eu não demorei muito na mesa de café da manhã, ignorava tudo e a todos enquanto engolia o sanduíche como se fosse algum tipo de animal faminto. Toda aquela situação pré-guerra estava me deixando estressada e com a mão coçando pra enfiar o meu florete em alguns monstros, destruindo-os de dentro para fora até que não restasse nenhum para contar história, coisa que eu sabia que era impossível. Bom, dizem que a esperança é a última que morre né?

— Anna! Achei que nunca mais fosse te achar, garota — A voz de Alan me despertou de um de meus devaneios perfeitos.

Encarei o filho de Hermes com a sobrancelha arqueada. Não fazia muito tempo desde a última vez que tínhamos nos visto, mas eu tinha saído correndo. Alan queria me fazer de psicóloga amorosa se eu bem me lembrava, e eu não estava disposta a ocupar esse posto. Ele não sabia que meu coração ainda era congelado? Por Zeus.

— Se veio se lamentar por gostar de algum hétero... — Soltei um suspiro cansado. — É melhor voltar, amigo — Sorri debochada e me levantei da mesa, carregando minha arma comigo.

Comecei a andar para fora do pavilhão na esperança de que Alan me deixasse em paz. E ele não o fez. Eu estava sendo uma vaca com ele, eu sabia disso. Mas fazia tempo que eu não conseguia mais controlar os meus impulsos ruins, parecia que meu lado negro tinha resolvido mandar o bom pro espaço sem passagem de volta.

— Não precisa ser grossa, ok? Só quero te pedir uma coisa — Ele disse, parecendo meio ofendido com a minha repentina falta de educação.

Não que eu me importasse.

— Só posso ajudar se quiser aprender a dar uns bons chutes na bunda de alguns monstros — Resmunguei.

Não tinha me dado ao trabalho de encará-lo, mas podia sentir que ele estava sorrindo. Girei o florete em minhas mãos enquanto me virava em direção a arena.

— Eu ia pedir ajuda com isso mesmo! — Ele disse com uma animação de dar nos nervos. — Eu fui treinado, mas sinto que posso melhorar em alguns aspectos e quero que você me ajude.

Dessa vez eu voltei minha atenção a Alan. Ele parecia estar realmente empenhado em melhorar as suas habilidades e eu não iria negar ajuda.

— Tudo bem, vamos treinar — Pisquei para ele e adentrei a arena.

[...]

O suor tomava conta de cada partícula do meu corpo e eu estava tão exausta que poderia desmaiar de sono ali mesmo. Eu não tinha pegado leve no treino e muito menos o instrutor. Quando Allan e eu adentramos a arena alegando que treinaríamos em equipe, vários monstros de uma vez foram soltos.

Segundo o instrutor para “treinar nossa capacidade de resistência em batalha”. E para a nossa própria sorte nós tínhamos saído bem e agora estávamos jogados no meio da Arena com a respiração descompassada e o suor fazendo com que as roupas grudassem em nossos corpos.

— As crianças já cansaram?

Meus olhos encontraram o caminho até o dono da voz de imediato. Era como um imã sendo atraído por metais, sempre que ele falava eu sentia uma necessidade descomunal de analisar o seu rosto ou até mesmo seus lábios extremamente convidativos proferindo as palavras sílaba por sílaba.

Balancei a cabeça para afastar os pensamentos, eu não podia me deixar levar. Não por ele.

— Por que você não cala a boca e vai procurar uma de suas distrações? — Grunhi enquanto me sentava e encarava Raecius.

O sorriso maldoso habitual tomou conta de seus lábios, me fazendo vontade de ir lá e socar ele até que ele não sorrisse mais. Eu odiava o efeito que ele tinha sobre mim.

— Isso tudo é ciúmes, loirinha? — Ele perguntou com a voz carregada de deboche.

Aquilo só servia para me deixar com mais raiva, mas eu estava cansada demais até para ser o combustível e alimentar aquela briga.

— A tensão sexual entre vocês está começando a me incomodar — Alan que até agora estava quieto resolveu abrir a boca para falar um monte de besteira.

Como sempre. Encarei o filho de Hermes como se falasse “Cala a boca ou eu vou arrancar sua língua e costurar bem na sua testa”. E acho que ele entendeu o recado, pois se levantou do chão e saiu da Arena levantando as mãos em sinal de rendição.

— E então... — Raecius me encarou com um sorriso malicioso nos lábios. — Quer acabar com a tensão sexual?

Massageei minhas têmporas diante daquela pergunta. Como ele esperava que eu não tentasse matá-lo com todas aquelas provocações? Não era realmente possível. Me levantei do chão e resgatei meu florete. Caminhei até Raecius e sorri maliciosamente, um sorriso cheio de intenções que ele retribuiu, logo dando lugar a careta de dor que apareceu assim que eu chutei os países baixos dele.

— Vamos ver se você consegue acabar com a tensão sexual agora — Sussurrei próxima ao ouvido dele.

Logo depois saí da Arena assobiando uma música qualquer enquanto girava meu florete em minhas mãos.


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Notas finais do capítulo

Devo desculpas, muitas desculpas. Eu fiquei mais de 7 meses sem atualizar essa fic e por que? Porque eu ganhei um lindo block. Eu simplesmente não conseguia escrever NADA, nada mesmo. Esse capítulo é prova disso, eu to tentando escrever ele desde Junho. Eu prometi que não ia abandonar essa história e foi exatamente o que fiz, isso me deixou frustrada o bastante para tentar voltar com ela. Eu já estou escrevendo o próximo capítulo, pois foi nessa semana que eu consegui vontade para voltar a escrever. Mas só vou voltar a postar regularmente se alguém aparecer ;-;
Espero que ainda tenha alguém vivo por aí, peço desculpas de todo o coração não só pela enorme demora, mas pelo capítulo não tão bom que eu trouxe para suprir isso.
É isso, xx