Believe - Heiress of Death escrita por a n a k l u s m u s


Capítulo 6
Capítulo Cinco - Ficar ou Fugir?


Notas iniciais do capítulo

Olá! Chegou a sexta-feira.. E com ela, um novo capítulo para vocês. Espero que gostem.



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Devo ter esbarrado em muitas pessoas enquanto atravessava o ginásio, pois ouvi protestos e sussurrei desculpas com o pensamento bem longe e olhos fixos ao caminho em frente, até finalmente chegar até onde Nathan estava.

Por alguns segundos apenas o observei com a sensação estranha – e sempre presente – de que já nos conhecíamos de algum lugar. Era terrivelmente difícil desviar os olhos dos dele, ainda que quase não fossem visíveis com o boné que usava, mas me forcei a virar para a frente, em direção à festa, mantendo-me ao lado dele.

– O que faz aqui? – Esperava não parecer uma maluca falando sozinha.

– Aproveitando a festa. – Não podia vê-lo muito bem, apenas com o canto do olho, mas sentia que estava sorrindo.

– Verdade? – Perguntei com ironia revirando os olhos. – “Os fantasmas se divertem” é muito antigo, não acha? – Referia-me a um antigo filme.

Ele deu de ombros, ainda com um sorriso nos lábios.

– Qual é a sua? E sem piadinha dessa vez. – Virei para olhá-lo, esquecendo por um instante de manter um ar normal.

– Não tenho outro lugar para ir. O som está por todo lugar, então... Melhor aproveitar o movimento. – Nathan virou em minha direção levantando um pouco a aba do boné e, para minha surpresa, não parecia estar brincando. – Olha, Angelique, você parece tão confusa quanto eu... O que sei é que ninguém pode me enxergar. Só você! Por alguma razão não consigo sair do colégio e acabo de ser chamado de fantasma. – Seus olhos pareciam querer ler meus pensamentos.

Não sabia o que dizer. Parte de mim queria fugir, sair correndo para bem longe dali, para longe de Nathan. Outra parte – talvez a maior e mais inconsequente – ansiava por respostas. A verdade era que sabia tanto quanto ele sobre tudo o que acontecia. Mas o principal para mim era um detalhe naquilo tudo:

– Como você sabe o meu nome?

O sorriso torto dele estava de volta me deixando irritada. Era difícil saber se estava se divertindo com aquilo, sendo irônico ou apenas fosse seu jeito de ser educado.

– Você não lembra...? Eu ouvi. Ouvi sua amiga dizer. – Seus olhos me estudavam com atenção. Tive certeza que diria outra coisa, mesmo que em segundos sua fisionomia passasse tranquilidade, mas ainda não consegui acreditar.

– Olha... Nathan. – Que estranho dizer o nome em voz alta. – Eu não sei o que está acontecendo. Não entendo! Acontece que eu...

– ANGELIQUE! Você está louca? Como pode me deixar sozinha?

Meu corpo congelou enquanto minha cabeça rodava. Até mesmo Nathan pareceu se assustar com a aproximação exagerada de Amanda, cortando toda a minha – nada boa – explicação.

– Desculpa, Mandy. Achei ter visto alguém conhecido. – Péssima. Eu precisava encontrar desculpas melhores.

– Tudo bem, mas agora você vai fazer a apresentação. Anda, suba já naquele palco!

O que? Apresentação? Palco? Eu? Não, Mandy só podia estar brincando! Nathan ainda me olhava, dessa vez realmente se divertindo com a situação.

Fácil para ele.

Não me lembro de como fui parar lá, provavelmente empurrada contra a minha vontade por uma Amanda descontrolada, mas em minutos estava de frente para todos em cima de um palco com um microfone na mão e olhares curiosos.

– Hum... Boa noite a todos! Sejam muito bem vindos ao nosso colégio. – Tremia da cabeça aos pés. Minhas mãos suavam tanto que eu tinha medo de que alguém pudesse notar ou de deixar o microfone escorregar. Em poucas palavras descrevi o evento daquela noite e, com um alívio sem tamanho, passei a palavra ao diretor Russel.

Quando desci do palco, Mandy me esperava a uma curta distância. Eu vou matar você! Sussurrei em direção a ela, fazendo um gesto de cortar a garganta. Pena que isso teria que esperar. Eu precisava fazer uma ronda pelo ginásio e assegurar que tudo corria bem.

Em uma das laterais do local, mesas foram montadas com panfletos e informações sobre as atividades do colégio, assim como alunos ajudavam com as explicações. A comida acabava e logo era reposta pelos responsáveis e Ian estava entre eles. O péssimo humor devia ter passado, já que olhava com segundas intenções para as possíveis novatas. Sentia pena delas, mas era um alívio não ser o alvo dele daquela vez.

– Até que você fez um bom trabalho.

Virei rapidamente, assustada. Ótimo, tudo o que eu precisava no momento era uma espécie de fantasma me seguindo para todos os lados. Ignorar seria a melhor opção. Continuei andando.

– Você ainda não me respondeu e não vou desistir assim tão fácil.

Respirei fundo e me afastei um pouco mais para um canto vazio antes de encarar Nathan.

– O que você quer? – Porque ele tinha que ter olhos tão profundos e bonitos? Era difícil me manter fria assim.

– Saber o aconteceu comigo. O que eu sou, porque só você consegue me ver...

– Olha... – Interrompia antes de o interrogatório continuar. – Eu não sei! Não faço ideia do que está acontecendo. Sofri um acidente, fiquei em coma e quando acordei via coisas, ou melhor, pessoas que ninguém mais podia. – Sério, devia parecer uma louca, onde estava com a cabeça de me abrir assim?

– Não acha que “O sexto sentido” já saiu de moda? – Ele perguntou, com um ar divertido e o sorriso torto de volta.

– Haha! Muito divertido. Mas veja só, você é o quase invisível aqui. – Revirei os olhos, dando as costas para Nathan.

– Acredito em você, Angelique. Só esperava que pudesse encontrar respostas dessa vez. – Alguns passos silenciosos e ele estavam ao meu lado.

Um arrepio passou por minha pele ao mesmo tempo em que meu estomago parecia cheio de borboletas. O que? Não, nada demais, só efeito de estar perto de um fantasma ou coisa parecida. Antes que pudesse responder, uma terceira voz se fez ouvir.

– O que uma menina linda está fazendo sozinha nessa festa? Não me parece justo.

Um garoto que eu não conhecia, só tinha visto de longe entre os possíveis novos alunos se aproximava de mim. Era bonito, com um cabelo loiro e olhos de um castanho bem claro, quase mel. Tinha um porte atlético visível mesmo com as roupas sociais que não parecia se adequar ao seu cabelo bagunçado propositalmente.

Abri a boca para dizer que não estava sozinha, mas pensei melhor bem a tempo.

– Só estou de olho no evento. Sou uma das responsáveis, então... – Dei de ombros.

Ao meu lado, Nathan cruzou os braços, encarando o garoto a minha frente.

– Entendo... Meu nome é Friedrich Burkhardt, alias. Mas pode me chamar apenas de Fred.

– Angelique Davis. – Apertei a mão que ele me estendia.

– Lindo nome... Angelique. – Para meu constrangimento ele não soltara a minha mão. – Será que poderia fazer uma pausa para dançar? – Sorria de uma forma cativante e ao mesmo tempo descontraída.

– Ele fez bem em convidá-la. Eu não deixaria a chance passar, se pudesse fazer o mesmo. – O comentário de Nathan me deixou completamente surpresa. Virei para olhá-lo, mas encontrei apenas o vazio.

O leve aperto em minha mão que me despertou, ainda que as borboletas tivessem voltado com força total. Friedrich ainda esperava a minha resposta.

– Hum... Está bem. Eu acho. – Concordei ainda confusa e – mesmo negando – com um desejo de que pudesse ser Nathan a me convidar.

Dançamos por algum tempo as músicas lentas e agitadas que a banda tocava. Fiquei surpresa ao notar que Fred, como gostava de ser chamado, era um cara legal, mesmo com seu jeito um tanto convencido de ser. Dono de um sorriso cativante e de uma conversava animada sobre diversos assuntos, era quase nula a chance de não gostar de sua companhia. Contou-me que já estava matriculado no colégio, estaríamos então, no mesmo ano. Com algum tempo de conversa ele deixou de lado as cantadas sem sentido e se tornou ainda mais divertido.

Fiquei sabendo que era alemão, mas havia deixado seu país ainda muito novo e por isso não possuía sotaque nenhum, ainda que soubesse a língua perfeitamente bem. Fazia questão de se manter atualizado sobre as informações de sua terra.

Quando finalmente meus pés começavam a me matar dentro das botas, pedi para paramos ao avistar Mandy sentada sozinha em uma mesa próxima usando o celular.

– Venha, quero te apresentar uma pessoa. – O puxei pela mão, como se fossemos velhos amigos, até a mesa.

Amanda abaixou o celular quando nos aproximamos. Desejei que minha amiga pudesse ser ao menos um pouco mais discreta em seus olhares, ainda assim, não deixei de sorrir.

– Friedrich, essa é Amanda, minha melhor amiga. Mandy, esse é o Fred, vai estudar no mesmo ano que nós duas.

– Muito prazer em conhecê-la, Mandy. – O sorriso de Fred era galanteador em direção a mina amiga, na hora soube que havia feito uma ótima coisa ao apresentá-los.

– O prazer é meu, Fred, seja muito bem-vindo!

– Pode dar atenção ao nosso novo amigo um pouco? Preciso ver como andam as coisas por aqui antes que algo saia completamente do controle. – Estava animada com a apresentação bem sucedida. Recebendo uma resposta positiva dos dois, peguei o meu celular que estava na bolsa de Amanda e me afastei rapidamente.

A última coisa que eu queria era rondar o evento, mas era algo necessário, logo me dei conta disso. Ian Scott começava a aprontar algumas com os convidados mais novos, pregando peças e até mesmo jogando pequenos alimentos nos que estavam um pouco mais distantes, onde suas mãos não podiam alcançar.

– É sério isso? Você não cresce, garoto? – Me intrometi entre ele e um garoto, aparentando não passar dos 12 anos de tão pequeno, que parecia prestes a vomitar. – Anda, vá se juntar aos outros. – Fiz um aceno a ele, voltando-me para Ian. – Eu acho bom que isso não volte a acontecer.

– Qual é, boneca. Eu só estava me divertindo um pouco. – Como se fossem apenas um único ser sem nenhuma inteligência, Ian e seu grupinho do time começaram a rir.

– O seu conceito de diversão está muito alterado, Scott! – Ian começava a me tirar do sério.

– Verdade, Davis? Será que a verdadeira diversão está em sofrer um acidente de carro e perder o irmão?

Golpe baixo.

Dei alguns passos para trás tentando manter o equilibro. Foi algo como receber um soco na boca do estomago. Eu mal conseguia respirar, meus olhos se enchiam de lágrimas. Dessa vez nada de risadas para descontrair. Até mesmo Ian parecia um pouco arrependido do que dissera, ainda que não fosse normal para ele pedir desculpas a alguém.

Ele não iria pedir.

E eu não tinha nada a dizer.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que estão achando? Não deixem de comentar, quero saber de tudo. Logo, logo teremos mais.



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