Royal Hearts escrita por Cams, Tamires, nat


Capítulo 31
Shay - Recomeços


Notas iniciais do capítulo

Helloooo
Demorei mas apareci, bem na hora do almoço para desfrutarem essa belezinha de sobremesa hihi

Pessoal, esse foi um dos capítulos mais desafiadores para mim, em questão de história, tempo e narração, pois é a primeira vez que escrevo como Shalom. Tentei ao máximo distinguir ele do Jules como a Nat fazia, mas como não sou nenhuma profissional talvez vocês vejam semelhanças, até porque são gêmeos vivendo praticamente as mesmas experiências. Então depois me contem nos comentários o que vocês acharam...

Sei que falamos sobre a frequência do capítulo, que teríamos mais cuidado mas infelizmente isso não aconteceu, e eu sinto muito. Eu e Tata estamos trabalhando em alguns projetos pessoais como pesquisa, estágio e faculdade que demandam muito do nosso tempo e disponibilidade de escrita. Essa arte, arte pois exige dedicação, cuidado e criatividade, muitas vezes se torna desgastante e, como disse anteriormente, desafiadora, o que atrapalha o nosso fluxo de ideias e frequência de postagens. Antes de retomarmos a fic discutimos muito se postaríamos o primeiro capítulo ou se acumularíamos vários e então divulgaríamos. Estou falando isso pois recebemos algumas mensagens e estamos repensando nosso método. Portanto gostaríamos de saber se preferem que seguimos de acordo com a nossa disponibilidade ou se preferem que haja um acúmulo de capítulos... Gostaríamos muito da opinião de vocês e queremos que saibam que não abandonaremos a história até que haja um fim...

Bjoo a todos vocês e aproveitem ♥

Cams



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Tique

Taque

Tique

Taque

O tempo está passando Shalom…

O meu coração retumbava como as batidas de um relógio invisível, contando um tempo que eu não sabia qual era. Descobrir que Jules havia eliminado alguém me deixou ansioso por motivos que eu nem sabia quais eram. Sentia que meus irmãos progrediam de uma forma mais rápida na corrida para encontrar suas almas gêmeas, e eu estava ficando para trás. 

Invariavelmente eu sempre me comparava a todos os meus irmãos, dia após dia, e mesmo depois da nossa longa conversa e acordo de sinceridade alguma coisa parecia estar num descompasso. Eu não conseguia sentir muito entusiasmo pelas coisas que me rondavam, mas depois de tudo prometi que levaria pelo menos um dia de cada vez, nem que fosse até a decisão final. Mas nossa, por que isso parece tão difícil para mim? Eu sei que nunca fui uma pessoa muito sociável, mas fui criado para ser educado e agradável em minhas interações, mas parece que estou fazendo o extremo oposto desde que toda essa baboseira começou. Não sou eu mesmo e nem um candidato adequado a essas garotas, e mesmo assim elas insistem em continuar. Vai entender…

 Saber que minha irmã mais nova tinha mais coragem do que eu para tomar certas iniciativas mostravam o quão imaturo eu era no quesito amoroso; ela enfrenta dilemas sobre honra e amor com paixão, disposta a ouvir o próprio coração. Jules era bem parecido, deixando-se levar pela emoção na maioria das vezes, mas de forma mais tímida e contida, bem Jules. Agora eu? Não sabia nem por onde começar, mas o sorriso que meu irmão gêmeo ostentou ao passar pela porta que dividia o nosso quarto era um verdadeiro impulso.

Eu tinha certeza que Jules havia se dado bem  antes mesmo dele abrir a boca. Era um sorriso largo, orgulhoso, que somado aos olhos brilhantes me deram a certeza que ele deu um passo a frente em sua investigação amorosa. Não que eu estivesse com inveja, talvez um pouquinho, pois Sam era linda, simpática e atrevida, sendo um ótimo par para ele. Jules conta como foi um beijo suave, carinhoso e delicado, que fez todo o seu corpo exprimir afeto e aconchego. Ouvindo aquilo eu só conseguia pensar se era assim para todo mundo ou foi só a experiência dele, que de qualquer forma foi maravilhosa, me distraindo por toda a noite até me ver sentado em frente às câmeras do Jornal Oficial com Jules me cutucando.

— Cara, como você ainda não teve nenhum encontro com a Maia? - Pergunta inquisitivo.

— Quem? - pergunto confuso

— A garota que está sendo entrevistada agora idiota! Gavril perguntou o que vocês já tinham feito de emocionante e ela respondeu de forma curta e direta um “nada” - Jules me reprova com cada olhar e palavra.

Vasculho em minha mente por algum momento que tenhamos passado juntos, mas a loira realmente não teve nenhuma presença marcante, e nem eu tentei mudar essa situação convidando-a para um encontro. Olhando para Maia agora, vejo um pouco de tristeza em sua fala, principalmente quando responde a última pergunta do apresentador.

— Então me diga Maia, seus motivos para ter entrado na Seleção mudaram? - indaga com um pouco de pesar

— Em partes Gavril. O motivo para ter me inscrito inicialmente foi a necessidade de segurança e novas experiências que meus pais indicavam que iria ter. Não conhecia os príncipes mesmo nossos pais trabalhando juntos, então não tinha nenhum interesse amoroso. - responde Maia com franqueza. Já estava mais do que comprovado de que não era o poço da sensibilidade, mas mesmo assim a frase doeu como uma faca sendo cravada na pele. - Então quando meus pais estavam vendo o jornal oficial em um dia qualquer, próximo do fim das inscrições para a seleção eu vi o príncipe Shalom em um momento rápido de descuido em que seus olhos demonstraram cansaço em relação a todos aqueles problemas que estavam sendo listados e que eu imaginei ele fosse ter que se dedicar a resolver. Só que o que mais me surpreendeu foi a rapidez em que esse olhar foi substituído por um olhar de força, que fazia parecer que havia uma armadura impenetrável ali. E foi por isso que eu decidi me inscrever na seleção, uma pequena esperança se formou em meu peito em que talvez ele pudesse me ajudar com a minha própria armadura. Mas creio que agora parte dessa esperança se foi.

 Fico sem ar com sua resposta, além do incrível peso da culpa me rondando e martelando os meus pensamentos. Uma garota que eu nunca havia prestado atenção conseguiu notar através de uma tela coisas que minha família lutava em perceber: minha determinação. Minha vontade era de sumir no mundo, principalmente com o olhar decepcionado de minha mãe e de algumas outras selecionadas. Um mês se passou e o que eu conhecia dessas pessoas que um dia poderão casar comigo? Muito pouco. 

 Assim como Maia notou, não me deixaria ser abalado por essa situação desagradável que se instaurou. Um plano tomava formato em minha cabeça, mas deixo o estúdio se esvaziar quase por completo até começar a executá-lo. Me aproximo do diretor do Jornal e com um pigarro chamo a sua atenção da tela para mim.

— Alteza, não imaginava que ainda estava aqui! Precisa de algo? - Pergunta solícito. Ele era um homem gentil, e depois do fiasco da entrevista de hoje com certeza iria me ajudar.

— Preciso sim. Gostaria das cópias de todos os programas transmitidos desde que as selecionadas foram sorteadas. - digo sério. Precisava correr contra o tempo e absorver o máximo de informações possíveis dessas garotas antes de deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente.

— Muito fácil senhor. - Responde com um sorriso. - O seu pedido é uma ordem. Espera, é uma ordem mesmo. - Completa rindo da própria piada ao se afastar. Ele volta então com uma caixa cheia de dvds titulados com as ocasiões especiais, como a despedida da cidade, a chegada no palácio, as festas que ocorreram e cada jornal oficial.

 Assisto DVD atrás de DVD descobrindo coisas interessantes sobre cada uma das garotas, me ajudando a conhecê-las melhor quando eu não me disponibilizei para isso. Descubro que a despedida de Clarissa foi a mais cheia, por causa dos seus pais famosos e sua própria fama, sendo considerada uma das queridinhas para a coroa; também nas despedidas vi que Elissandra é orfã e Laura possui irmãos gêmeos, o que provavelmente faz com que entenda um pouco mais do meu universo. Para a minha surpresa na despedida de Julieta vejo um pequeno garoto chorando de soluçar, e o jornalista informa que é o sobrinho da garota, com a mesma idade que a pequena Sara, nascido no mesmo dia inclusive. Já no palácio o Jornal Oficial mostra o lado mais pessoal de cada uma e seus lazeres, com Beatriz meditando nos jardins no crepúsculo, Melanie com um circuito de pequenos quebra-cabeças e jogos de perguntas arrebentando em todos, Taís contando piadas a cada entrevista e Katerina, com sua impressionante dedicação em todas as tarefas ganhando vários sorrisos de aprovação de Silvia. 

 Todas essas novas informações me deixam com um peso maior ainda no coração, mas Maia ainda é a maior culpada. A cada aparição o seu olhar curioso, determinado e feliz por viver uma nova aventura foi se apagando, assim como o entusiasmo do povo de illéa pela garota. Sua beleza deslumbrante não a ajuda a aparecer tanto nas câmeras, nem mesmo os seus contatos, sendo deixada de lado não apenas por mim mas pela mídia também. Observo que com o passar das semanas além do seu brilho se esvaindo vejo a dedicação à competição ou a tentativa de aparecer um pouco mais; no começo usava roupas luxuosas, elegantes e bem coloridas. Com o passar dos dias a presença do preto e cinza é perceptível por todos, até mesmo para Gavril, menos para mim. Lembro que hoje mesmo ela usava um vestido de renda de gola alta e uma saia lisa, tão escuro quanto um buraco negro, assim como a minha alma. Era frustrante saber que eu era o causador de tanta mudança em uma pessoa, e saio apressado para corrigir a situação o quanto antes.

 Chego rápido ao segundo andar, recebendo olhares de repreensão dos guardas no topo das escadas me deixando confuso até notar o silêncio mortal nos corredores. Para confirmar minha suspeita olho para o meu relógio e me surpreendo ao ver três horas da manhã marcados pelos ponteiros. Quase desisto de conversar com a garota, mas noto uma luz saindo da porta entreaberta e sons de passos dentro do quarto. Dou uma leve batida na porta para não acordar as garotas dos outros quartos, sem nenhum sinal de retorno. Abro a porta com cuidado para não encontrar Maia nua ou em alguma situação mais vulnerável que possa piorar a situação, mas encontro outra cena totalmente diferente. Maia perambula recolhendo objetos e roupas pelo cômodo e guardando-os dentro de uma mala quase cheia. Um misto de tristeza e decepção me invadem, fazendo eu perder qualquer tipo de reação até Maia me ver parado na porta, me tirando do torpor.

— O que você está fazendo aqui? - pergunta com raiva e andando em minha direção. - Que eu saiba você não foi convidado e já passa da hora de você visitar secretamente uma de suas selecionadas.

— Eu vim aqui conversar com você. - respondo envergonhado, pois ela tinha total razão.

— Quem disse que eu ainda quero conversar com você? Não percebe que estou fazendo coisas mais importantes? - indaga ainda com raiva. Noto também um pouco de amargor em sua voz, e agora que está mais próxima de mim percebo seus olhos um pouco inchados e o rosto vermelho, indícios de que estava chorando.

— Olha, eu sei que você não quer me ver, mas mesmo assim eu vou ficar. - respondo de forma direta. Maia então bufa e volta a fazer suas malas. - Eu vim me desculpar por todas as coisas que eu fiz. Na verdade todas as coisas que eu não fiz com você. Sei que fui um idiota e estou aqui tentando me redimir. 

 Minhas palavras não fazem efeito algum na garota, apenas a dando mais determinação de completar a mala com os últimos itens. Estressado com a sua atitude pego algumas das roupas e objetos de decoração e os ponho de volta no lugar, tornando a tarefa de Maia mais difícil para que ela preste atenção no que eu estou falando. Com um urro de raiva diante da minha atitude se aproxima de mim com o dedo na minha cara, furiosa.

— Quem você pensa que é garoto? Só porque é um príncipe não quer dizer que pode ter tudo. Existem limites e eu cheguei ao meu. Se você não está interessado em me conhecer não vou ficar aqui mais um dia sequer.

— Não é bem isso Maia.

— Ah, não é não? - Me interrompe com os olhos pegando fogo. - Se você não é inteligente o suficiente para entender então vou explicar. Desde que eu cheguei aqui você nunca olhou na minha cara, nunca fez questão de dizer um simples bom dia, destruiu uma sala inteira e nem pediu desculpas para quem viu tudo e ainda por cima, devido a sua incapacidade de notar qualquer pessoa além de si mesmo, me fez ser humilhada em rede nacional. Satisfeito ou quer que eu continue? - termina de falar respirando com dificuldade. A raiva havia ido embora após o seu desabafo, deixando apenas a mágoa em seu rosto, levando a garota quase a beira das lágrimas. 

 Novamente fico sem reação, apenas observando o rosto de Maia e tentando entender tudo o que ela disse de mais sincero na minha cara. Nós mantemos o olhar um sobre o outro até me sentir incomodado e virar o rosto, para então voltar a falar.

— Você tem completa razão. Eu fui mais do que um idiota. Eu fui um babaca completo sem educação. Não tive um pingo de consideração por ninguém, menos ainda por você. Me desculpe por tudo. - falo com sinceridade. Estou um pouco mais leve por dizer tudo, mas vejo que Maia ainda não me perdoou. - Olhe, eu realmente peço desculpas por tudo. Estou reconhecendo meus erros e tentando mudar, mas isso não vai acontecer de uma hora para outra, ok? A primeira coisa que eu estou fazendo é vir aqui conversar com você e me redimir. Nunca foi a minha intenção magoar você.

 Pela primeira vez vejo Maia ponderar sobre tudo, esboçando um leve sorriso ao olhar para mim novamente.

— Eu provavelmente não deveria dizer isso, mas eu te perdoo. Guardar rancor nunca foi o meu forte, e acho que todas as pessoas merecem uma segunda chance. - Suas palavras acendem uma fagulha de esperança no meu coração, apenas para ser apagada ao ver Maia retomar a sua tarefa de finalizar a mala.

— Por que você está fazendo isso? Eu pensei que você tivesse me perdoado e que iria ficar. - Indago confuso

— Eu estava dizendo a verdade, mas isso não é o suficiente para me fazer ficar. - responde calmamente ao acrescentar a última camisola a mala. 

 Finalmente percebo os trajes da loura, que consistiam apenas de uma camisola rendada e um fino robe, escondendo, mas não totalmente todas as suas curvas. Não consegui evitar a vermelhidão que atinge o meu rosto, mas também não consigo parar de admirar a beleza de Maia, a ponto dela notar e me encarar de volta. Ela não estava com vergonha ou com raiva por a encarar, tendo um mix de divertimento e um certo orgulho por ter causado essa reação em mim em seu rosto. 

 Meu coração se acelera a cada passo que dou em sua direção, com calma o suficiente para tentar entender como Maia reagiria. Ela continua olhando no fundo dos meus olhos, sem desviar o olhar, acelerando ainda mais os meu batimentos e causando um frio em minha barriga. Paro a centímetros de seu corpo, escutando a sua respiração e um perfume adocicado de mel. Sinto seus cabelos longos e macios entre meus dedos, assim como a pele macia do seu rosto. As pequenas carícias fazem meu corpo se arrepiar de desejo, pedindo por mais. No instante que Maia fecha os olhos eu sei que posso acabar com a distância entre nós.

 Seus lábios são macios e quentes contra os meus, intensificando todo o calor que tenho em meu corpo. Se possível eu trago-a ainda mais perto de mim, abraçando-a pela cintura e apoiando seu fino pescoço em minha mão. Maia também me deseja mais perto, agarrando as costas do meu blazer e segurando os meus cabelos. Tudo o que tem ao redor desaparece, e eu só consigo ver, sentir e pensar em Maia, até que eu preciso interromper o beijo para retomar o fôlego. 

 Os dois estão respirando pesadamente, e vejo em Maia que toda a dúvida que ela tinha sobre mim desapareceu, sendo tomada pelo desejo. Não precisa mais do que um segundo para retribuir o meu beijo, me abraçando até não ter nenhum espaço entre nós. Eu ainda a quero mais, a abraçando e beijando calorosamente todo o espaço entre seu pescoço e a escápula. Seu fino robe desliza sobre os seus ombros, e com um puxão Maia o retira expondo sua pele reluzente aos meus lábios. Ela então puxa o meu blazer e desfaz minha gravata com maestria, beijando o meu maxilar e meu pescoço enquanto os retira.

 Busco o apoio da cama, trazendo-a sobre mim com gentileza. Passo as mãos por suas longas pernas a fazendo suspirar, beijando-me com mais paixão.  Ela então me empurra para deitar na cama, mas ao fazer isso bato minha cabeça sobre a mala, me cegando de dor. 

 - Ai meu deus Shay! Você está bem?

— Acho que estou, só preciso respirar. - Digo gentilmente para Maia entender que preciso de um pouco de espaço. Ela entende prontamente e ainda abre as portas da sacada, enviando uma lufada de ar fresco e clareando minha cabeça.

— Sinto muito Shay, acho que me empolguei.- admite com timidez. Ela agora estava sentada ao meu lado, olhando para mim com um rubor não apenas pela vergonha de ter me machucado.

— Não se preocupe, nós nos empolgamos. - digo rindo. - Mas não estou nem um pouco arrependido. Pode me machucar mais vezes se vamos ter mais emoções assim.

Maia se revolta e me bate com pequenos tapas, mostrando a sua indignação.

— Eu estou aqui toda preocupada com você e você ainda tem coragem de dizer essas gracinhas?! Eu deveria ir embora mesmo. - Diz se levantando e pegando coisas para a mala. Rindo a puxo pela cintura direto para o meu colo, ouvindo sons de protesto que eu silencio com mais beijos intensos. Maia também ri e solta um babaca em meio aos suspiros. Aos poucos voltamos para o mesmo clima de antes do acidente, o que me faz interromper nossa proximidade.

— O que foi? Tem algo errado? - Maia questiona observando o meu rosto.

— Muito pelo contrário. Está tudo certo, mas acho que devemos parar por aqui, ir com mais calma, você não acha? - Inspeciono o seu rosto e noto uma sutil decepção, que tenta mascarar com um sorriso. - Até alguns minutos atrás você queria ir embora e agora não quer que acabe querida? - alfineto a moça ao mesmo tempo que beijo a ponta de seu nariz, num gesto doce e delicado.

— É, você tem razão. Até que você não é um completo babaca Alteza. - ela então se levanta e cobre-se com o robe, para então abrir a porta do quarto.

— Posso ir embora sabendo que amanhã você ainda estará aqui? - a mínima chance de uma resposta negativa aperta o meu coração enquanto Maia pondera sua decisão.

— Acho que posso ficar aqui mais alguns dias, até porque a comida daqui é maravilhosa e realmente me sinto segura dentro dos portões. - O alívio por sua resposta é tão grande que não me contenho e a abraço com toda empolgação, levantando-a do chão. Com pesar nós nos despedimos e eu sigo caminho para o quarto, mas sem nada de sono.

— Meu coração ainda está acelerado por todos os beijos e carícias que trocamos. Não consigo parar de sorrir ao lembrar da reviravolta da noite e em como Maia conquistou toda a minha atenção em apenas algumas horas. Eu tinha certeza que não conseguiria dormir tão cedo, mas também não queria ficar sozinho, agradecendo aos céus por notar um facho de luz saindo do quarto de Zaki. Ainda bem que alguém legal estava acordado para me fazer companhia.

— Também com insônia pequeno marajá? - faço uma tentativa de piada ao atravessar a porta e me deparar com Zaki acompanhado.

— Você sabe que os marajás são de outro continente né? - debocha James. Ele se aproxima para trocarmos um aperto de mão simples, enquanto Zaki surge do outro lado e fazemos quase uma luta de polegares.

— Se eu soubesse que estava rolando uma reuniãozinha eu teria vindo mais cedo. - brinco sabendo que nunca trocaria Maia por dois pretendentes da minha irmã caçula.

— Parece que eu não sou o único com insônia nesse palácio. Ainda bem. - Sorri enquanto me sirvo um copo de Whisky.  O copo leva então a minha atenção para os rostos avermelhados dos príncipes, indicando que estavam bebendo a mais horas do que eu imaginava.

— Não está muito tarde para isso? - Pergunto ao mesmo tempo que bebo um gole. O calor vindo da bebida acalma um pouco os meus nervos, antes animados com as lembranças de Maia.

— O melhor não seria muito cedo? - Zaki responde apontando para as janelas, que mostravam os primeiros raios de sol do dia. Nossa, eu passei mais tempo com Maia do que imaginava. - Mas enfim, o que você está fazendo essa hora da madrugada fora do seu quarto?

— Como você sabe que estava fora do meu quarto?

— Eu vi quando ficou para trás no estúdio depois da gravação e não escutei você voltar. - o que fazia sentido, já que o quarto de Zaki era, assim como o meu e o de Jules, no final do corredor. - E então…?

Por um momento penso em responder com qualquer mentira plausível para um semi bêbado, mas como havia me prometido viveria um dia após o outro, e essa promessa seria muito mais difícil de manter se eu continuasse mentindo para todos. Diante disso passamos as próximas horas conversando sobre a minha única aventura e os outros dois contam um pouco mais de suas experiências, se abrindo inclusive sobre suas situações com Celeste.

 Mesmo apenas um mês desde o começo da seleção Zaki e James acreditam que não serão os escolhidos, e que Cell já possui seus favoritos. Obviamente Lucca está no top 5, mas me surpreendo ao ouvir o nome de Alexander e de Pierre também. Eu precisava ficar mais esperto com esses dois, mais do que já deveria. Alexander sempre teve uma fama de galã, principalmente com todos os seus troféus verdadeiramente merecidos, e Pierre, com sua quietude, discrição e paz me transmitiam mais suspeita do que segurança. 

 Ao contrário do que poderia imaginar os dois príncipes na minha frente não estavam abalados, rindo e aceitando a condição deles. Nas palavras de James ele estava “apenas pela companhia, e claro, pela comida.” Zaki preferiu não responder, mas pelo o que já havíamos conversado eu sabia que também estava no palácio pelas 

 Em determinado momento James dormiu sem que percebêssemos, deixando apenas eu e Zaki conversando, oportunidade perfeita para o outro falar de forma mais íntima comigo.

— Eu entendi que você gostou muito dessa garota, mas não faça nada que se arrependa, ok? - Zaki assume um ar sério que eu não queria lidar às sete da manhã.

— Ok Ok senhor. Pode deixar. - resmungo em resposta.

— Nada que se arrependa e que vá magoar ela ou alguma dessas outras garotas. Ninguém veio para Angeles para ter o seu coração partido. - diz resignado. Durante toda a nossa conversa Zaki estava muito filosófico, mas essas últimas palavras me deixaram um pouco apreensivo.

— Aconteceu alguma coisa que eu não sei? Algo relacionado com a minha irmã por exemplo.

— Não é nada demais Shalom. Acho que o whisky finalmente está fazendo efeito. - diz sorrindo como se nada tivesse acontecido.

— Olha Zaki, eu posso parecer um deus sem coração, mas isso não é verdade. Eu me importo com as pessoas, pelo menos algumas delas, e para a sua alegria você está na lista.- Falo ao mesmo tempo sério e descontraído. Cara, esse lance de ser verdadeiro é mais difícil do que eu imaginava. - Pode chorar no meu ombro que eu deixo alteza.

— E que o senhor abençoe a infeliz alma que terá que conviver com você pelo resto da vida. - diz levantando o copo vazio em benção.

— Amém!

Alguns minutos desconfortáveis se passam antes que eu não consiga me conter e insistir para Zaki contar a sua história. Antes de falar qualquer coisa confere novamente se James estava dormindo, e mesmo assim sua voz é quase um sussurro.

— Provavelmente você deve ser uma das últimas pessoas que deveria saber disso, mas como você mesmo disse, eu posso confiar em você. Então lá vai: eu acho que estou gostando de alguém daqui.

— Você o quê?! - tento conter o meu espanto, mas a surpresa é tamanha que não consigo impedir o meu meio grito de sair.

— Sabia que não devia contar para você… Finge que nunca ouviu nada disso. - Zaki parece desapontado com a minha reação, tornando-se fechado novamente. Para reverter  essa situação demonstro um interesse legítimo na situação.

— Mas como isso aconteceu? E minha irmã? Acho que essa não é nem de longe uma situação ideal para vocês.

— Acredito que sua irmã concorda comigo que nunca seríamos mais do que bons amigos, e desde que admiti isso para mim mesmo passei a enxergar o palácio com outros olhos, assim como as pessoas.

— Mas e aí? Não é uma das minhas selecionadas não né? Se for se prepare para ir embora logo depois do café da manhã. - falo rindo mas com uma pitada de verdade

— Não, não é uma de suas selecionadas, nem do seu irmão. - Zaki deixa claro, e pelos seus olhos sei que não está mentindo.

— Também espero que não seja uma de nossas criadas. O seu pai provavelmente nos mataria se voltasse namorando com uma delas

— Também não é Shay..

— Ah, Victoria também está no palácio. Ela também é uma princesa e até bastante legal..

— Também não Shay.

— Mas se fosse qualquer uma dessas últimas alternativas você não me contaria, não é mesmo? - questiono já sabendo a resposta. O príncipe apenas acena com a cabeça em concordância e permanece calado. 

Nesses momentos ficava claro como as vezes ser um príncipe poderia ser difícil. Nós somos fadados a certos tipos de escolha, quer queiramos ou não. Bastava olhar para Zaki para ver como os seus sentimentos e seus deveres disputavam entre si uma decisão final. Qualquer que fosse ela eu esperava que terminasse com um pouco de alegria. 

 O assunto praticamente cortou qualquer resquício de animação que eu poderia ter, assim como o sol que já se destacava no horizonte indicando que logo todos acordariam para o café. Com um aceno de cabeça me despedi de Zaki e sacudi James para que acordasse e deixássemos o quarto para o dono, que aparentava um extremo cansaço. Ao sair me deparo com uma carranca bem parecida com a minha me aguardando na porta do quarto.

— Se eu soubesse que seria tão difícil estar em sua guarda pessoal eu nunca teria me candidatado. - resmunga Isaac. Ele me espera entrar dentro do quarto para continuar o seu sermão. - Eu tive que inventar várias desculpas para o seu irmão para ele me ajudar a te cobrir, isso porque eu não fazia ideia de onde você estava. Então mais uma vez você me deve essa.

— Ok Tames. Chega. Já pode ir embora. Preciso tirar um cochilo da beleza antes de Jules pular na minha cama. - falo mal humorado. Eu já estava tirando as roupas e deitando na cama quando Isaac pulou nela me impedindo de deitar.

— Não antes de você me contar onde estava. E não me diga que passou a noite inteira no quarto do príncipe Zaki. - seu sorriso mostrava que suas expectativas eram altas, me fazendo admitir logo de uma vez.

— Vamos dizer que eu passei bons momentos com Maia essa noite. E isso é tudo. - digo firme e empurrando-o para o chão para liberar a minha cama. - Mais tarde conversamos.

— Confirmado alteza. - Tames não estava satisfeito com a resposta, me provocando  com a reverência que sabia que eu odiava. Ele que ficasse insatisfeito, pois eu só torço para que tenha sonhos com uma determinada garota. 

***

— Se você continuar falando sem parar no meu ouvido esse pedaço de bolo no meu prato vai desaparecer dentro da sua boca. E não do jeito que você gosta. - ameaço nervoso. 

Grande parte do meu bom humor foi jogado pelo ralo, em partes por não ter dormido nada antes do café da manhã opcional (aos fins de semana não éramos obrigados a fazer refeições em família, mas era uma regra implícita entre os Schreave), em outras pela ressaca que Julian insistia em piorar, mas o grande motivo foi chegar ao grande salão e notar uma das cadeiras da mesa das selecionadas faltando. Eu queria ir embora o mais rápido possível, contudo havia uma aura de bom humor no recinto que deixava todos felizes e conversadores. Mesmo Sarah não conseguiu me distrair com os seus desenhos feitos de panquecas e frutinhas. 

 Quando meus pais finalizam a sua refeição eu não aguardo nem um minuto a mais para sair disparado do salão. Por mais rápido que eu ande o quarto de Maia parece a quilômetros de distância, e me sinto como uma pessoa perdida num deserto correndo atrás do lago que nunca existiu. No momento em que chego a sua porta um medo me aflige até os ossos. Medo de encontrar o quarto vazio de objetos e emoções, restando apenas um ligeiro perfume de uma noite transformadora para mim. 

 Abro a porta com muita cautela, esperando que Maia grite para ninguém entrar ou com um convite suave para continuar. No entanto o que vejo gela o meu corpo: há uma criada limpando o quarto e a cama com cobertas reviradas.

— Quem é que vai entr... Ooh, me desculpe alteza. Eu não sabia qu... Me desculpe. Em que posso ajudar?– me pergunta surpresa, parando todos os seus afazeres.

— Ela foi embora? - consigo dizer. Não vejo nenhum sinal de Maia ou do porque ela foi embora, me levando a acreditar no pior, que mentiu para mim. O rosto de Sophie, segundo o crachá da criada se suaviza, exibindo um sorriso contido.

— Não meu senhor. Maia ainda está dormindo. Não conseguimos acordá-la para o café da manhã, e como parecia tão confortável na cama resolvemos deixá-la descansando. Ontem foi um dia difícil para ela. - em suas últimas palavras noto uma sutil reprimenda, que ignoro totalmente ao atravessar o quarto e me posicionar na beirada da cama.

Em meio às cobertas Maia dormia profundamente, com um aro de cabelos loiros ao seu redor. Afasto uma mecha de seu rosto e delicadamente acaricio a sua bochecha. Como Sophie disse, Maia estava muito confortável e nunca teria coragem de acordá-la. Em vez disso resolvo deixar um bilhete na sua mesa de cabeceira.

Só você mesma para me enlouquecer. Mesmo sem saber eu vivi alguns minutos no inferno achando que você tinha me deixado. Mas ao ver você dormindo iluminada por raios de sol eu sinto que fui transportado para os céus. Obrigado por despertar em mim a pior sensação do mundo, a de te perder. S

 Ao sair do quarto a minha intenção era passar despercebido por todas as outras moradoras do andar, mas logo ao virar o corredor encontro com Laura e Nicollet conversando animadamente.

— Alteza. Tentando um encontro às escondidas? - me provoca Nick. Laura riu da pergunta ao mesmo tempo que analisava a minha reação. Não seria adequado falar que estava no quarto de outra selecionada então contorno a situação.

— Na realidade não. Estava procurando alguém para caçar comigo e soube que você é uma ótima atiradora Laura. E então, o que me diz?

— Claro que eu aceito! Há tempos eu queria experimentar os campos de caça do palácio e estava quase me convidando para um encontro com você. - responde animada. Seria interessante me divertir com outras pessoas que não a minha família. - Só vou me trocar e encontro você lá embaixo daqui uns quinze minutos?

— Claro, também preciso tirar essas roupas. Elas são péssimas para caçar, confie em mim. - digo rindo me lembrando da vez que os irmãos foram caçar logo depois de um almoço em família e destruímos todas as roupas. 

 Com uma reverência  Laura se despediu e seguiu para o quarto, deixando Nicollet e eu sozinhos. Era um pouco desconfortável estar com as selecionadas do meu irmão, então enquanto me despedia e rumava para o meu próprio quarto escuto Nick dizer.

— Se saiu bem hein alteza. Pode ficar tranquilo que não direi que estava no quarto de outra a noite toda e agora também. - ela estava rindo, mas não pude deixar de notar uma nota de ameaça em sua voz, que me causou calafrios por todo o dia. 

***

— Então quer dizer que enquanto perseguiam um porco selvagem a princesa Celeste caiu num brejo e Julian ficou atolado no barro? - Laura estava sem fôlego de tanto rir, assim como eu. Era uma história muito boa para não contar em meio a caça.

— E Jules teve que voltar descalço porque os sapatos ficaram presos na lama, e ninguém nunca mais achou. Você não imagina a bronca que recebemos de América e Marlee. Ficamos de castigo durante um mês.

— Eu pensei que vocês eram velhos demais para ficar de castigo. - supõem Laura.

— Nunca duvide da rainha. Acho que mesmo quando tivermos nossos filhos ela ainda nos castigará.

— Não se preocupe, nós não seremos punidos pela America. - responde sorrindo. Eu fico um pouco desconcertado e não sei como reagir, apenas concordando com Laura, deixando-a andar na minha frente a procura de coelhos. Eu estava me referindo a eu e meus irmãos, não a nós dois como casal, e isso acabou chamando a minha atenção. 

 O fato dela supor que estava falando como um casal não deveria ser uma surpresa para mim, bem como ficar desconfortável com a situação. Podia ser pela minha inexperiência com garotas e encontros, mas vez ou outra Laura dava alguns indícios de romantismo, e eu não fazia o mesmo. Até mesmo agora, enquanto seguia alguns rastros Laura sorria para mim de vez em quando, olhando para trás para ter certeza que eu continuava ali.

 Mal sabia ela que eu não estava. Meu corpo estava presente, seguindo os seus passos e andando com cautela, porém os meus pensamentos voltavam para os beijos da noite anterior. 

 Laura de repente pára, me tirando dos meus próprios pensamentos, e com a sua linguagem corporal sabia que tinha encontrado um alvo. Me aproximo lentamente por trás da garota para saber em que ela está mirando, e vejo um cervo a uns duzentos metros de distância. Era um tiro difícil, com alguns galhos e folhagens no caminho, mas com a respiração controlada e um mínimo movimento corporal, Laura acerta entre os olhos do animal. 

 Nos aproximamos do cervo e delimitamos o espaço para os criados conseguirem achá-lo. Explico a Laura que normalmente eles são responsáveis por todo o manejo, desde a captura, ao transporte e a limpeza do animal para ser enviado à cozinha, para então ser servido em alguma refeição. Ela fica impressionada com o nosso sistema, e elogia toda a organização do palácio. 

— São tantas pessoas para lidar, e mesmo assim vocês conseguem nos fazer sentir bem-vindos.

— Minha mãe e minha irmã, assim como Silvia, Marlee e as outras assistentes trabalham dia e noite para tudo ser perfeito. - digo orgulhoso. Administrar o palácio bem com organizar os principais afazeres de Angeles era uma tarefa árdua, que duvidava fazer tão bem feito quanto elas.

— Quando eu crescer quero ser como a rainha. - assume um pouco acanhada. - America é um símbolo de força e poder, ao mesmo tempo que é um doce de pessoa cuja energia impacta todos. Fico feliz de ter tido a oportunidade de conhecê-la.

— As vezes fico pensando nessas coisas, como algumas pessoas nos enxergam como ídolos, ou seres especiais. Mas para mim são apenas a minha família.

— Acredite. Grande parte do país os veem assim. Eu mesma inclusive. - Laura reconhece. Eu a vejo titubear algumas vezes, ponderando se falava algo ou não, mas com um suspiro admite o que a afligia. - Durante muito tempo nutri uma paixão platônica por você.

Suas bochechas estavam coradas, realçando os seus olhos azuis e a tornando adorável, alterando a personalidade sexy e magnética que possuía normalmente. Laura não era ainda mais adorável pois tinha uma espingarda pendurada nos ombros, visual que combinava perfeitamente com ela e a mesma demonstrava conforto. 

— Paixão platônica? Por mim? Como? Por quê? - pergunto curioso. Essa era nova para mim.

— Não sei. Sentia que você era uma pessoa inabalável, poderosa e muito sensata. Não sei, isso me atraiu. Ah, e claro, você é lindo. - responde rindo.

— Obrigado, eu acho. - novamente sem palavras com essa garota, mas dessa vez por um bom motivo. - E agora que me conheceu?

Laura volta novamente a refletir, permanecendo um tempo ainda maior calada, o que não era um bom sinal. Eu sei  que minha imagem não estava boa com ninguém, e estava tentando mudar isso, mas não estava preparado para o que ouviria em seguida.

— Você é ainda mais bonito pessoalmente. Acho que é o seu perfume que o deixa mais sedutor. Também é super inteligente e poderoso. Mas nessas semanas que estive aqui percebi que você não é sempre sensato e muito menos inabalável. - Laura parou no limite do bosque com os jardins, olhando diretamente nos meus olhos, transmitindo a honestidade que eu precisava para sentir as suas palavras. - Eu não gostei de como você tratou a Caroline. Ela era a minha amiga e uma pessoa muito legal. Ela estava errada, todos sabemos disso, mas ninguém precisa de uma humilhação. Também não gostei quando destruiu quase uma ala do palácio. Mesmo com dinheiro e tudo o possível para reconstruí-lo não foi legal. E então eu fiquei imaginando se essas coisas tivessem acontecido comigo, ao meu lado, e em como eu lidaria com tudo isso. Em contrapartida não vou esquecer como defendeu Celeste contra as imposições do seu irmão ou até mesmo o seu jeito de interagir com aqueles que você ama. Por isso estava super ansiosa para ter um outro encontro com você depois de tudo.

 Eu ouvia tudo com atenção, ao mesmo tempo em que não queria. Aquilo tudo doía quase que fisicamente e não estava preparado para isso. Então o mínimo que podia fazer era ficar calado e concordar.

— Como eu disse para você desde que me entendo por gente sentia essa paixão nada razoável, mas hoje eu percebi que você não é o cara certo para mim, apesar de tudo. - depois disso engoli em seco, virando as costas para fugir para o palácio. Eu não precisava escutar sermão de uma garota e levar um fora ao mesmo tempo. Não dei nem três passos antes de Laura segurar o meu braço e me virar para encará-la. - Ei, eu ainda não tinha terminado.

— O que mais você quer que eu ouça? Como eu fui um idiota com você em algum momento que eu nem lembro mais? - estava impaciente e nervoso, então a educação não era uma das minhas prioridades na fala.

— É, tipo agora. - diz brava, mas logo após assume um ar mais calmo. - Eu ia dizer que eu descobri que você é um ser humano assim como eu, com falhas e defeitos, ao mesmo tempo que é uma ótima pessoa, mas que eu seria apenas amiga. Eu sei que você se sente assim também. Logo antes de dar o tiro você ficou logo atrás de mim, próximo o suficiente para sentir a sua respiração no meu pescoço, e mesmo assim ainda tive um tiro perfeito.

— O que você quer dizer com isso? - pergunto confuso.

— Quer dizer que se eu realmente fosse apaixonada com você eu teria errado o alvo, pois minha respiração estaria acelerada e muito provavelmente estaria tremendo. E talvez, me corrija se eu estiver errada, se tivesse algum sentimento por mim você conseguiria ficar tão próximo de mim? Eu acho que não.

Por mais estranha que fosse o raciocínio de Laura no fundo eu entendia que ela estava certa. Em vários momentos estava pensando em outra pessoa, e em momento algum senti uma fagulha ou um desejo que me levasse à ela. Laura só estava sendo mais objetiva e madura do que eu em entender isso.

— Sim, você está certa. - concordo finalmente. Era ao mesmo tempo estranho e libertador essa sensação, de nos separarmos em paz e conscientes um do outro, muito diferente do que aconteceu com Caroline. - Você é muito mais esperta do que eu, preciso admitir.

— Já fiz muitos papéis românticos para adquirir uma certa experiência em romances improváveis e fantasiosos, e preciso falar que me senti assim todos os dias. - diz sorrindo.

— Espero que tenha gostado de tudo, apesar de alguns momentos. - afirmo cabisbaixo. Mesmo com Laura sorrindo para mim era difícil tirar o peso das últimas semanas dos meus ombros. - Sinto muito por tudo, de verdade. Mas eu estou disposto a mudar.

— Fico feliz Shay. Isso mostra o seu amadurecimento. - Neste momento já estávamos encaminhando para as portas traseiras do palácio, onde nos separaríamos.

— Isso é um adeus? - pergunto abatido. Toda a caçada e a longa conversa haviam me cansado mais do que deveriam.

— E você acha que perderia o jantar da minha própria caça?!


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Notas finais do capítulo

E ai gente? Gostaram desse novo Shay? Ansiosa para ler os comentários de vocês!
Ah, e quis adicionar um pouco mais de emoção no romance, se é que vocês me entendem.. Gostaram dessa mudança?

P.s: Não se sintam reprimidos pelas notas inciais. Gostamos da sinceridade de vocês e é ela quem nos fazem crescer ♥



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