A-ya escrita por Aninha


Capítulo 3
Encantada


Notas iniciais do capítulo

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A noite chegou, e Kamama havia me deixado sozinha na caverna. Eu estava deitada em um tipo de cama. Era macia, porém não muito confortável como eu gostaria.

–Melhor do que andar sobre pernas de barro...-Murmurei para as paredes.

Estava entendiada, precisava fazer algo. Kamama deveria estar exagerando ao dizer que havia criaturas perigosas lá fora. Ela deveria estar só com medo de me ver encontra-lo antes da hora. Eu tinha certeza que não iria encontra-lo, afinal a criatura tão monstruosa não poderia andar por ai despercebida.

Coloquei meu primeiro pé fora da cama e depois o outro, até que me levantei. Fui caminhando na ponta dos pés -como se alguém pudesse me repreender por aquilo, sendo que eu estava sozinha- até a saída. A lua brilhava e iluminava o meu vestido. A noite estava absolutamente deslumbrante e o medo que mamãe havia colocado em mim, desaparecera assim que olhei para o céu. Será que eu faria algo tão ruim se desse apenas uma voltinha? Não.

Sai daquela caverna e fui caminhando entre as plantas e flores, rodopiando entre os arbustos e dançando. Peguei um estranho ser miúdo em minhas mãos -que estava repousando sobre um galho- e o acariciei. As pessoas o chamam de besouro.

–Que coisinha adorável. -Falei para o inseto que balançava suas anteninhas.

Fui colocando-o novamente em seu devido lugar, quando o mesmo "croo-ak" surgiu. Levantei a cabeça em um movimento lento, e o barulho ficava mais frequente. Meus cabelos estavam arrepiados, e eu sabia que aquilo não poderia ser bom. -Eu não deveria ter saído do subterrâneo. -Pensei.

O grasnido ficou mais próximo e poderia jurar que estava atrás de mim. Me virei com cuidado e foi quando eu vi, aqueles grandes olhos vermelhos a me encararem. Coloquei minhas duas mãos sobre a boca -a fim de conter meu grito de pânico-. Não consegui ver sua forma, apenas via os olhos chegarem mais perto.

Corri, corri o mais rápido que pude, agradecendo pela velocidade que as Ghiguas me deram. Eu não sabia para onde estava indo, ou de quem eu estava fugindo. Uma língua passou pelo meu pescoço e eu virei meu tronco-ainda correndo- para empurrar o ser que estivesse me, supostamente, atacando.

–Não! -Gritei.

Como uma pétala se desprende da flor, eu cai. Estava olhando para trás e não havia visto o penhasco que estava a minha frente. Tudo passava pelo meu rosto e meus cabelos flutuavam para cima. Eu estava caindo - e de uma altura extremamente grande-. Seria demais pedir para viver um pouco mais? Eu só tinha um dia de vida, na verdade, nem isso. Fechei os olhos esperando que a dor ao cair não fosse forte demais, quando um braço me agarrou -ou melhor, dois-.

–Pode abrir os olhos senhorita, não vai cair. -Falou uma voz extremamente atraente.

Com medo de ao abrir os olhos me deparar com aqueles brilhos vermelhos, apertei ainda mais as minhas aberturas.

Um "shiiu" saiu de sua boca. -Ele estava tentando me acalmar?- Respirei fundo e ia dizer algo, mas suas mãos tocaram meu rosto, fazendo uma caricia. Suas mãos eram quentes e seu toque era como um veludo sobre a seda. Relaxei meus olhos e finalmente os abri.

Ele estava sorrindo para mim. Fiquei engasgada com sua beleza. O seu cabelo era curto e negro como carvão. Os seus olhos, cinzas platinados, lembravam o brilho das mais solitárias estrelas do céu, brilhantes e raras. Seu sorriso era simplesmente perfeito. Ele era de uma aparência indescritível.

–A senhorita está bem? -Ele perguntou ainda sorrindo.

–S...sim. -Falei com dificuldade.

Estava ainda indagada com sua beleza, até que me dei conta que estávamos voando. Dei um curto gritinho ao ver suas asas de penas negras. Ele era como um anjo que flutuava segurando a sua amada, mas um anjo diferente. Não era um anjo daqueles inocentes, havia malicia em seu toque.

–Anjo da noite... -Falei quase em um sussurro, quando me dei conta de que havia pensado alto.

Ele riu e tirou o cabelo do meu rosto.

–Pode me chamar assim se quiser, tenho vários nomes.

Ele foi voando, com cuidado, para a superfície e me levando em seus fortes braços. Eu não estava mais com medo, sabia que ele iria me proteger daquele ser maldito de olhos vermelhos.

Fui acompanhando o pequeno voo -que parecia eterno- encantada com sua beleza. Ele era o ser mais lindo que poderia existir, eu tinha certeza. E se era essa a tal "terrível criatura" que Kamama se referia, eu queria ter a conhecido antes.


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