O Príncipe escrita por donttsurender


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas!
Obrigada a Bea que pela correção, você é de mais!
Continuem comentando e me dando opiniões e ideias sobre os próximos capítulos.
Podemos conversar no twitter @donttsurender ou tumblr choosinghim.tumblr.com

OBRIGADA A RADIO DISNEY POR ME MANTER ACORDADA ATÉ AS DUAS DA MANHÃ ENQUANTO EU ESCREVIA E CANTAVA 1D!
E as minhas leitoras, vocês são de mais, leiam até o fim, nosso querido Maxon deixou um recado especial para você.



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Meu pai estava enfurecido, pois no fim parte do ataque havia sido transmitido ao vivo, e eu não suportava ficar perto dele nesses momentos, inventei um mal-estar e vaguei pelo jardim o resto do dia. Do lado de fora o sol constante de Angeles brilhava forte e tudo sempre tinha uma cor muito vivida, pensei na noite que encontrei América pela primeira vez e ela me acusou de tranca-la com outras garotas numa jaula. Eu mesmo chegara a pensar no castelo como uma jaula, uma cela, que me separava de todas as chances de uma vida normal.

Mas eu nascera para ser rei e o povo dependia de mim. Sempre tive consciência disso. Nunca, nem por um segundo desejei não ter essa vida, por que sabia o quanto era importante para cada pessoa viva em Illea que eu cumprisse, muito bem, o meu destino. E eu faria qualquer coisa por eles, por todos aqueles rostos que eu não conhecia, por todas aquelas crianças que nunca vi, por todas aquelas paisagens, mesmo as que nunca pude fotografar, era o meu país , eu sempre o amei profundamente e aceitei todo e qualquer sacrifício que tivesse que fazer em seu nome. Inclusive desistir da chance de viver intermináveis histórias de amor.

Como as que li nos livros da biblioteca do palácio e assistido em filmes. Minha mãe me contou uma certa vez que sempre foi apaixonada por meu pai e que ele foi a única razão pela qual ela se inscreveu na seleção. Meu pai se deu ao trabalho de escolher minhas candidatas mas no fim das contas elas eram garotas como minha mãe, certo? Garotas que se sentiam próximas a mim de alguma maneira, mesmo que apenas pela ideia de ser princesa, todas estavam lá por mim e a cada minuto que eu passava aceitando aquilo, eu desejava desesperadamente que dentre elas estivesse A garota.

Aquela com qual eu poderia dividir qualquer segredo, dividir meus gostos, a garota que eu faria planos e que estaria ao meu lado não importa a decisão que eu tomasse. Eu faria qualquer coisa por ela e ela por mim. Só a menção desse futuro fazia meu estômago se revirar de ansiedade. Ela estava por perto, eu podia sentir, a garota certa estava por perto, era tudo que eu podia esperar...

Após os ataques as garotas escreveram para seus parentes e eu não as vi no almoço, o jantar fora servido no quarto e eu não pude vê-las novamente. Estava começando a me sentir sozinho novamente. Quando me deitei para dormir, imaginei o que estaria fazendo minha futura rainha no momento. Todos os rostos passaram em minha mente eu não pude de deixar de sorrir ao imaginar alguns rostos em particular. E assim, dormi mais tranquilo.

Na manhã seguinte durante o café da manhã, não conseguia parar de observar as garotas. Era óbvio que sabiam que estavam sendo observadas. Algumas ficavam tão duras que se mexiam enrijecidas, talvez com medo de fazer algo que me desagradasse, como Celeste. Já outras se mexiam timidamente tentando não me desagradar, como Marlee e algumas outras. Sendo sincero, Celeste tentava se destacar com cada movimento. Como se precisasse. A garota em si era um furacão, sua simples presença forçava qualquer um olhar para ela. Mas cada uma tentava me agradar a sua maneira. Era engraçado pensar nessa forma, pensar que aquelas mulheres estavam ali tentando me agradar para ser escolhida, quando o que eu queria era conhece-las de verdade, saber seus defeitos e sentir seus efeitos, queria rir de suas peculiaridades e admirar seus detalhes.

Isso sempre me deixava nervoso. Que todas elas tentassem me deixar tão impressionado mostrando apenas suas melhores partes e depois de tudo eu descobrisse que não eram nada do que aparentavam. Sem dúvidas o mais difícil seria saber o que realmente estavam pensando, com uma exceção, é claro. E então notei a falta de América a mesa.

– Por que temos garotas a menos a mesa, Justin? – perguntei

– A senhorita América pediu para receber o café em seu quarto senhor.

– Houve algum problema? – Preocupei-me.

– Não que eu saiba senhor, suas criadas apenas informaram que ela estava sentindo mal estar.

– Obrigada, Justin, verifique-se de que ela está bem e que não lhe falte nada.

O que acontecera com minha amiga? América recusando-se a fartura de comida não devia ser um bom sinal. Passei o resto da manhã perguntando-me o que havia acontecido para que América pulasse a refeição e decidi perguntar a ela durante o almoço, afinal éramos amigos e era assim que as amizades funcionavam certo? Não era nenhum especialista, mas amigos compartilhavam coisas e graças a Deus América não era de negar nenhuma verdade.

Na hora do almoço ela estava ausente novamente e fiquei ainda mais preocupado. Que diabos estaria acontecendo? Ela estaria pensando em desistir? Ao passo que as garotas que queriam voltar pra casa resolveram ficar, ela decidira sair? Seria bem típico dessa garota contraditória.

– Ela pediu para ser servida no quarto novamente senhor – sussurrou Justin quando me pegou encarando o lugar vazio de América. – Procurei pelas criadas e me garantiram que a senhorita passa bem, mas que após o ataque preferiu continuar em seu quarto e não compareceu ao salão das mulheres tampouco.

Acenei em concordância. Talvez eu mesmo devesse ir visita-la e certificar-me disso. Talvez ela me achasse muito invasivo se eu o fizesse, ou talvez achasse que eu não me importava com ela se eu não fizesse. Eu realmente era péssimo em interpretar mulheres.

No fim da refeição após fazer a reverência as garotas, tinha me decidido a visita-la, mais por curiosidade do que por compreender o que ela esperava que eu fizesse. Mas meu pai me seguiu assim que sai do salão de refeições.

– Vamos, temos uma reunião importante agora. – ele ordenou assim que as portas se fecharam atrás dele.

– Mas eu pretendia...

– Você pode falar com essas garotas outra hora Maxon, elas estão ai para você a qualquer momento – e deu uma risada seca, odiei o modo como ele fez isso e o jeito como falou das garotas... Como se fossem objetos. Como podíamos ver as coisas de um jeito tão diferente?

Passei a tarde e a noite na sala de reuniões e não pude ver se América participou do jantar. A primeira coisa que fiz após o fim da reunião foi encontrar algum criado para perguntar sobre isso, quando Justin passou para informar que América ficou em seu quarto novamente. Queria muito procura-la imediatamente. Mas era muito tarde e com certeza ela já havia ido dormir. Então arrastei-me escada a cima em busca da minha própria cama. Desejando pela primeira vez não ter tantas obrigações reais para que pudesse cuidar do que realmente me importava.

Tentei procurar América na manhã seguinte mas assim que pus os pés para fora da cama recebi a notícia que meu pai me esperava na sala de reuniões para o fim da reunião passada.

[...]

Andei o mais rápido que pude sem que começasse a correr, já tinha imaginado mil teorias para o comportamento de América no dia anterior, mas no fim das contas nenhum deles fazia muito sentido, em parte por que eu não fazia ideia sobre nada do comportamento feminino e em parte por que América era a pessoa mais contraditória que eu conhecia.

Andei pelo corredor escuro onde todas as portas estavam fechadas sem saber como encontraria o quarto certo, quando no fim do corredor vi uma luz vinda do único quarto que tinha a porta aberta. Aberta não, completamente escancarada! Não pude deixar de sorrir, só poderia ser América. Quando alcancei, estava meio sem jeito me perguntando se deveria bater, afinal, já estava aberta. Me deparei com algo ainda mais surpreendente.

Sentada no chão simplesmente estonteante, América jogava cartas com suas empregadas. Elas riam e se empurravam numa camaradagem como se conhecessem a muitos anos e já tivessem partilhados segredos. Não parecia de forma alguma que elas eram inferiores a América de alguma forma, e sim apenas uma amizade genuína. A atmosfera cheia de felicidade que o quarto parecia estar me fez entender um pouco o porquê América preferiu isso a descer ao salão onde todas as garotas estavam tentando apenas serem notadas.

Fiquei alguns minutos absorvendo a felicidade daquele momento particular delas usando isso para dar um tempo a minha mente cansada. Sentir o astral do quarto me fazia lembrar que eu tinha apenas dezenove anos. Senti imediatamente um peso sair dos meus ombros. Ver América sempre fazia com que eu me sentisse assim, mais leve, uma pessoa comum. Me encostei e continuei observando sem querer distrai-las.

Então, rapidamente os olhos de América me focaram e abri ainda mais o sorriso querendo perguntar a ela o que ela estava fazendo ali. Ela se levantou sorrindo e caminhou em minha direção... ela estava tão linda.

Uma de suas criadas me notou, e depois as outras, tentaram esconder as cartas e levantaram.

— Senhoritas — cumprimentei.

— Majestade —a que parecia ser a chefe fez uma reverência. — É uma grande honra.

— Para mim também — respondi sorrindo, era a verdade.

Pude ver as criadas se entreolharem. Passou alguns segundos até que uma delas disse:

— Já estávamos de saída.

— Sim, estávamos mesmo — acrescentou outra. — Íamos... hã... e olhou para a chefe em busca de ajuda.

— Íamos terminar o vestido da senhorita América para sexta-feira. — completou.

— Isso mesmo. Faltam apenas dois dias.

Com um sorriso enorme estampado no rosto, elas se esquivaram tentando sair do cômodo.

— Eu não tinha a intenção de atrapalhar o trabalho de vocês - disse, mas estava grato de poder conversar com América a sós.

— Que turma você tem — Comentei depois que as três sairam. Entrei no quarto observando cada pedaço em busca de pistas que me fizessem entender mais América.

— Elas me mantêm motivada — respondeu com um sorriso no rosto.

— Está claro que se afeiçoaram a você. Isso é difícil de encontrar. – Me referindo ao jeito que elas olhavam e se comportavam com América, o que eu podia falar? Eu estava afeiçoado a ela também. Afeiçoado a essa garota que não queria nada além da minha amizade e que me parecia tão confusa e complicada. Meu pai sem dúvidas já teria mandando-a para casa caso soubesse tudo que já aprontou, mas eu não podia fazer isso, estava afeiçoado a ela. — Não é assim que imaginava seu quarto.

Não que eu tivesse passado horas imaginando como seria o quarto de América, nem de todas as garotas do castelo. Mas imaginei mais jóias espalhadas, algumas roupas, livros jogados ou coisas pessoas que eu pudesse saber do que elas gostavam ou do que não gostavam.

América levou as mãos à cintura e disse:

— Mas este não é meu quarto, é? Ele é seu. Só está me emprestando.

Não queria que ela se sentisse uma intrusa, queria que elas se sentissem em casa. Afinal um dia seria realmente a casa de uma delas. Fiz uma careta.

— Mas com certeza disseram-lhe que você poderia mudar alguma coisa. Uma cama nova, uma pintura diferente...

— Uma camada de tinta não vai tornar este quarto meu. Garotas como eu não moram em casa com piso de mármore — deu de ombros e com ar brincalhão.

Sorri, ela não estava se fazendo de coitada ou tentando me lembrar que ela era necessitada como muitas pessoas já tentaram fazer para tirar algum proveito da minha situação. Ela só estava constatando o fato. Sorri.

— E como é seu quarto de verdade?

— Hum... O que você veio fazer aqui exatamente? - desconversou.

O que eu fui fazer ali? Exigir o por que ela não tinha ido as refeições no salão no dia anterior? Bom, eu já tinha entendido o porquê. Mas ainda me sentia meio traído pela sua ausência. Sem dúvidas eu estava afeiçoado a ela, queria que ela estivesse lá para que eu pudesse ter conversado com ela nos meus horários vagos.

— Ah, é que tive uma ideia.

— Sobre?

— Bem — disse bolando melhor algo que já tinha me passado pela cabeça—, já que você e eu não temos o relacionamento típico que procuro ter com as outras garotas, talvez devêssemos usar... meios alternativos de comunicação.

Parei em frente a penteadeira quando foquei algumas fotografias. Era América e sua família.

— Sua irmã mais nova é a sua cara — era verdade, eu nunca tive irmãos e não tive a chance de me ver em outra pessoa, ela era uma versão mais nova de América, eu fiquei maravilhado.

— Ouvimos isso quase sempre. E o que você ia dizer sobre comunicação alternativa?

Voltei a caminhar pelo quarto me sentindo meio idiota em continuar com o que tinha em mente, era algo bem infantil até chegar a um piano.

— Visto que está aqui para me ajudar, ser minha amiga e tal — olhei para ela —, talvez não devêssemos recorrer aos tradicionais bilhetes entregues por criadas nem aos convites formais para encontros. Pensei em algo menos cerimonioso.

Peguei uma partitura em cima do piano

— Foi você quem trouxe?

— Não, já estava aqui. Consigo tocar de cor as músicas de que realmente gosto.

Ergui as sobrancelhas, ela não só tocava como já sabia suas canções de cor, América era mesmo...

— ...Impressionante.

Voltei a caminhar.

— Você poderia parar de fuçar e completar o raciocínio, por favor?

Puxa, mesmo que “esse não fosse o quarto dela”, parecia pedir para ser explorado, expondo um lado de América a cada canto. Suspirei.

— Muito bem. Estava pensando que podíamos ter um sinal ou um jeito de dizer que precisamos conversar sem que os outros notem. Talvez coçar o nariz? — tentei coçar o nariz sem parecer que estava assoando o nariz.

— Assim vai parecer que seu nariz está entupido. Não é atraente.

Não é atraente? Isso quer dizer que em algum momento eu era atraente, certo? Olhei para ela meio perplexo e concordei.

— Muito bem. Talvez apenas passar a mão no cabelo.

Ela acenou negativamente assim que eu falei.

— Meu cabelo passa a maior parte do tempo preso com grampos. É quase impossível passar a mão nele. Além disso, o que acontece se você por acaso estiver usando a coroa? Ela vai acabar caindo.

Apontei para ela

— Excelente argumento. Humm...

Recomecei a caminhada tentando não me perder em devaneios sobre seu quarto.

— Mexer na ponta da orelha?

Ela ponderou a ideia.

— Gostei. Simples o bastante para ser discreto, mas não comum a ponto de confundirmos com outra coisa. Mexer na orelha. É isso. – Disse ela atrás de mim.

Algo me chamou atenção em sua penteadeira. Um jarro vazio se destacava dos demais objetos na estante.

Me Virei e sorri:

— Estou feliz por você ter gostado. Da próxima vez que quiser falar comigo, basta mexer na orelha e virei assim que puder. Provavelmente depois do jantar —dei de ombros.

Peguei o Jarro nas mãos e descobri uma moeda solitária reluzir lá dentro, o que aquilo significava? Passei-o de uma mão para outra ouvindo o tilintar da moeda. Bom, não custa perguntar.

— Mas o que é isto?

América suspirou fundo

— Receio que esteja além de qualquer explicação


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Notas finais do capítulo

"Olá, querida. Tive de vir agradecer você pessoalmente, por acompanhar minha historia, por estar ao meu lado em quanto trilho esse difícil caminho que é o amor. Obrigada por escolher acompanhar a minha historia dentre tantas outras. Gostaria de dizer a você minha amada, que como todas as selecionadas se tornou imensuravelmente querida por mim, que um dia (se ainda não chegou) será a sua vez de encontrar o seu rei, alguém te ame como eu amei e alguém que te proteja como eu faria, por que você é maravilhosa do jeito que é, obrigada por ser você mesma e tornar o mundo um lugar mais feliz. Com amor, Maxon."