Juliana acordou serenamente com os raios de sol invadindo o ambiente, a temperatura amena e aconchegante anunciava o verão que chegaria dentro de alguns dias.

Abriu os olhos sem pressa e vasculhou o quarto à procura de Damon, que não estava lá. Sentou-se e soltou um breve suspiro libertando um pouco sua incompreensão perante a atitude dele na noite passada.

Levantou com um ar de fadiga matutina natural, foi até o banheiro, fez sua higiene íntima habitual, trocou suas roupas e desceu as escadas. Encontrou Damon de costas, distraído, sentado no sofá.

– Bom dia, meu amor! – Disse ela chamando a atenção dele, que pareceu despertar de um devaneio.

– Bom dia! – Ele disse despertando um meio sorriso.

– Acordou cedo? – Disse ela sentando-se ao seu lado.

– Não muito... – Disse ele trazendo outra vez esse sorriso.

Juliana sentia que algo estava realmente errado, mas imaginava qual seria o motivo. Ternamente depositou um beijo suave nos lábios dele e sentiu um aroma conhecido.

– Whisky?! Já está bebendo? – Ela perguntou de forma curiosa, sem repressão.

– Sua amiga é humana, o álcool me ajuda a controlar a vontade... – Dizia ele.

– Hum... – Disse a garota.

Um silêncio estranho pairou no ar. Juliana começou a olhar para suas mãos sobre suas coxas e as juntou de uma forma que começasse a mexer em suas unhas e provocar um rangido irritante.

Não era só a garota que sentia esse clima estranho, o próprio Damon percebia, mas o que o incomodava não era algo que ele pudesse simplesmente contar a ela. Era uma necessidade que começara a consumi-lo e dividir essa aflição com Juliana não seria uma opção viável, se ele contasse o que estava incomodando só a faria se sentir culpada e ele não queria isso.

Não queria passar o peso para ela, Juliana não estava pronta e ele compreendia. Ela é a menininha dele, quem ele quer proteger e cuidar, quem ele quer arrancar sorrisos e momentos únicos. Damon percebera que não estava conseguindo esconder bem seu pequeno incômodo e que ela notara tudo.

O vampiro aguentou por alguns segundos o tique nervoso da namorada, mas não por muito tempo.

Pousou uma de suas mãos sobre as dela impedindo o movimento e o ruído das unhas. Juliana olhou surpresa para Damon e se deparou com um sorriso sincero dele, e toda a sua insegurança se foi.

Ele pegou a mão dela, levou até seu rosto e depositou um beijo. Em seguida fez um movimento com os lábios sem emitir nenhum som: “Eu amo você”

Juliana sorriu toda abobalhada e repetiu quase os mesmos movimentos labiais: “Eu amo você também”

Damon deu uma piscadela e puxou a garota para si, de uma forma que ela pousasse sua cabeça sobre o peitoral dele.

Os dois ficaram ali naquela posição, abraçados, por alguns minutos. Juliana brincava com os botões da camisa azul-marinho de Damon, enquanto ele envolvia com seus braços a cintura dela e descansava seu queixo sobre os cabelos da namorada.

– Tá com sono ainda? – Perguntou Damon com uma voz doce ao ver a garota soltar um bocejo.

– Não dormi direito pensando... – Disse ela levantando a cabeça e ficando frente a frente com a dele.

– E o que estava incomodando essa cabecinha? – Perguntou Damon dando um leve peteleco na lateral da testa dela.

– Nada... Não tem mais importância. – Disse ela fechando os olhos momentaneamente com o quase imperceptível impacto do dedo dele.

– É bom mesmo... – Ele disse beijando a testa dele. – Lembrei de uma coisa...

– O que? – Perguntou ela.

– Você me convidou para ser seu acompanhante no Encontro das Senhoritas de Mystic Falls e até hoje não me falou a data... – Disse Damon.

– Não esquenta não bonitinho, falta quase um mês ainda, a prefeita Lockwood resolveu adiar por causa das festas dos Fundadores... – Disse ela sentando-se normalmente.

– Uau... Quanto mais o tempo passa parece que isso fica mais longe. – Comentou Damon.

– Ihh! Tá com pressa, é?! – Disse Juliana.

– É porque você ainda não me viu de terno, eu fico... Destruidor! – Exclamou Damon convencido.

– Destruidor? – Indagou a garota.

– De corações... – Completou Damon convencido.

– Aff... – Disse Juliana revirando os olhos.

– ‘Aff’ nada! – Disse Damon. – Você não sabe o que está perdendo...

– Eu não estou perdendo nada! Até porque tudo isso aí é meu... – Juliana disse averiguando com os olhos o namorado.

– É sim! Pode usar e abusar... – Damon disse estirando-se no sofá e colocando as duas mãos atrás de sua nuca.

– Safado! – Disse a garota empurrando o rosto dele com uma de suas mãos fingindo um tapa.

Damon riu.

– Olha a agressão! – Ele repreendeu.

– Ah... tá! Você reclama, mas eu sei que você gosta... - Disse a garota.

– Gosto, é?! – Disse Damon aproximando sua face da dela.

– Gosta! – Ela disse levantando uma de suas sobrancelhas.

– Tem certeza? – Ele disse aproximando mais ainda seu rosto.

– Absoluta! – Juliana disse em seguida deu um tapa um pouco mais violento na bochecha dele.

– Não faça isso de novo, não serei responsável pelos meus atos! – Disse Damon sem perder o tom sensual.

– Isso o que? – Provocou Juliana dando outro tapa.

De súbito, os dois começaram a se agarrar no sofá sem preocupação. Foi então que Fernanda surgiu passando pelo corredor provocando os dois, começou a cantar para chamar a atenção:

– “Na, na, na, na... Come on! Come on! Come on!... S, S, S and M, M, M...”

Os dois se soltaram, Damon bufou e em seguida ambos começaram a rir.

– Por que pararam? Se eu ver alguma coisa nova, eu jogo um dólar! – Disse Fernanda parando no meio da sala.

– Essa fala é minha! – Reclamou Damon.

– Ui que medo! Ele patenteou... – Fernanda se tremeu. – Sabia que o seu namorado não tinha estilo quase nenhum quando me conheceu?

– Sério?! – Disse Juliana.

– Super!... Ele não passava de um carinha do interior sem jeito que prometeu arruinar a eternidade do irmão... – Disse Ela.

– Isso é mentira! – Damon bufou novamente. – Você me traumatizou... isso sim!

– Nossa! Coitadinho dele... – Disse Nanda.

– Você era uma vampira experiente e eu um iniciante. – Disse ele.

– Ele era tão ingênuo... – Suspirou Fernanda sentando-se na poltrona quase em frente a deles. –... Nem sabia o significado de ménage a trois!

Damon ficou encabulado enquanto Juliana ria.

– E preferia continuar não sabendo! – Disse ele.

Juliana parou de rir.

– Espera aí! Ménage a trois?! Vocês dois? – Juliana procurou, encarando o rosto dos dois, uma resposta negativa, mas eles continuavam calados. – Damon!

– O que foi? – Disse ele fingindo-se de desentendido.

– Nanda...? – Juliana esperou uma negação.

– Nós estávamos bêbados em Paris... – Explicava-se a vampira.

– Que nojo! – Juliana fazia gestos de ânsia.

– Err... – Damon ia se explicar também quando o Salvatore mais novo atravessou a porta de entrada da casa.