A Neverland Tale escrita por Danica Valdez


Capítulo 5
Navio voador


Notas iniciais do capítulo

Podem me bater virtualmente eu entendo, 6 meses pra deixar o bloqueio criativo de lado ; Mas eu voltei! E já comecei a escrever o próximo capítulo que pretendo postar logo aqui. Estava com saudade de escrever essa fic, da Adellah, do Kole e do Pan ♥. Espero que gostem desse capítulo que na minha opinião foi um dos melhores que eu já escrevi.
Leiam e comentem pra eu saber que vocês estão vivos e que ainda sabem da existência da fic ;)



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Corpos. O salão estava cheio deles, as pessoas caídas no chão de olhos abertos com a face sem emoção. Os convidados que ainda estavam vivos permaneciam encolhidos em grupos, alguns até se escondiam atrás de mesas viradas. Passei meus olhos por todo o espaço procurando minha mãe, não tive êxito.
Atordoados, os convidados demoraram a perceber minha presença. Mas, Odile não. Olhou diretamente para mim. Senti arrepios pela forma como me encarava, parecia querer me perfurar com o olhar.

Quem a olhasse não pensaria que ela era uma bruxa, aparentava estar na casa dos cinquenta, era baixinha e possuía cabelos encaracolados que desciam até suas costas. O que chamava atenção eram suas roupas e a maquiagem escura no rosto.
– Já estava na hora de você se juntar á festa, Adellaide! – ela disse com um entusiasmo forçado - Se bem que eu estava muito entretida com seus adoráveis convidados.
– Kole, tire-os daqui – sussurrei para ele tentando ignorar o fato de que minhas pernas tremiam – Deixe-os seguros.
Kole então chamou os convidados, que não hesitaram nem um segundo sequer em seguí-lo ás pressas. Tendo o último saído, as portas se fecharam violentamente com um estrondo.
– É uma pena, gosto muito de plateias – Odile disse – Se bem que prefiro discutir em particular o assunto pendente que temos.
– Onde ela está, sua imunda?! – gritei á plenos pulmões.
– Nossa, mas que linguajar é esse? Aposto que aprendeu com seu pai – ela disse colocando a mão no peito fingindo estar ofendida.
– Pare de enrolar, eu sei que...onde ela está?!
Mal conseguia terminar a frase e já não sabia mais se estava chorando de raiva ou de tristeza.
– Sua mãe? Com sorte, logo ela estará a sete palmos abaixo da terra, fazendo companhia a seu pai.
Nunca desejei tanto que alguém sofresse como naquele momento. Ao ver as lágrimas em meu rosto ela sorriu com satisfação.
– Por que não fazemos uma troca? – ela abriu os braços teatralmente – Eu conto para onde mandei sua mãe e você me diz o que sabe sobre o Elixir.
– Como assim ´´para onde a mandou``? – perguntei confusa – Você a matou!
– Quem te disse essa asneira? Sua mãe é muito mais valiosa viva que morta, querida – ela rolou os olhos como se fosse óbvio – Está disposta a fazer essa troca?
– Sim – respondi rapidamente – Fale primeiro onde ela está.
Ela gargalhou, fazendo ecoar o som por todo o salão.
– Você é tão ingênua, bom era de se esperar que uma princesinha que nem você fosse assim. Aposto que acredita em príncipes de bom coração que cavalgam cavalos brancos e finais felizes. Me diga, o que sabe!
– Eu não sei nada sobre esse tal de Elixir, meu pai nunca mencionou nada sobre isso para mim! – menti.
De repente sua expressão mudou, tornando-se sombria e ela se aproximou lentamente de mim, até ficar a poucos passos de distância.
– Acho que você precisa de um incentivo para falar a verdade.
Ao terminar a frase ela estalou os dedos. Á principio nada aconteceu, mas poucos segundos depois uma nuvem de fumaça preta se formou no ar, mostrando imagens embaçadas que logo se ajustaram.
Lá estava ela, acorrentada e sendo mantida em uma espécie de cela. Ainda usava o vestido cuidadosamente escolhido para o baile e não possuía sequer um arranhão. Sua cabeça pendia para baixo e meu coração se apertou ao me lembrar que a última conversa que tivemos foi devastadora.
Suspirei e a vontade de conter as lágrimas foi forte demais, mas não consegui e elas correram livremente pelo meu rosto. Encarei as imagens em silêncio.
– Que tediante, céus! – Odile bufou – Vamos, deixar isso mais animado, que tal?
A imagem na nuvem mudou, minha mãe acordou em um sobressalto. Olhou a sua volta confusa e tentou se libertar das correntes que a prendiam, sem sucesso algum.
– Tirem-me daqui! – gritava a plenos pulmões.
– Argh, muito barulhenta – disse Odile fazendo um gesto com as mãos.
Minha mãe parou de gritar. Seus olhos se abriram e ficaram arregalados e abriu a boca, dessa vez tentando puxar qualquer resquício de ar do ambiente.
– PARE! – gritei indo na direção de Odile.
Ela desapareceu do meu caminho e reapareceu atrás de mim. Sussurrou em meu ouvido:
– Esta é sua última chance, onde ele está?
Nesse exato momento, várias coisas aconteceram ao mesmo tempo.
As portas do salão se abriram com um estrondo, e dezenas de guardas entraram brandindo espadas. Odile gritou algo em uma língua que eu não compreendia e agarrou minha mão. Nisso, começamos a levitar e o chão parecia cada vez mais longe. Os olhos de Odile faiscavam de ódio, enquanto eu tentava me soltar.
Senti algo pesado puxar meu pé, gritei e surpresa avistei Kole segurando com as duas mãos a minha canela. Os guardas nos observavam do chão atônitos e sem saber o que fazer. Foi então que uma fumaça roxa nos envolveu e eu não consegui ver mais nada.
...
– Majestade? – ouvi uma voz me chamar, mas não reconheci de primeira.
Minha visão estava um pouco embaçada e tudo ao meu redor parecia girar. Depois de alguns minutos, minha visão finalmente se estabilizou e eu pude ver com clareza onde estava. Era um cômodo pequeno e sujo, mas estranhamente iluminado por uma única janela redonda
– Princesa? – Kole chamou novamente – Está se sentindo bem?
– Fisicamente estou ótima – respondi me levantando.
Kole fez o mesmo. Fui em direção a janela e curiosa em saber onde estava olhei através dela. Estava bem ensolarado e algumas nuvens teimavam em aparecer, mas apareciam bem perto...Até que eu olhei mais para baixo e percebi que estávamos no ar.
Cambaleei para trás rapidamente e esbarrando em Kole. Cobri minha boca com uma das mãos e olhei para ele assustada. Ótimo, além de ter sido sequestrada por uma bruxa maluca que está mantendo a minha mãe em cativeiro eu também estou em um lugar estranho que levita, sendo que eu tenho medo de altura.
– Onde estamos? – perguntei a Kole.
– Não faço ideia – Kole sentou no chão novamente e passou a mão nos cabelos nervosamente – Depois que a fumaça se dissipou, nós simplesmente aparecemos aqui. Sem Odile, você estava desmaiada e não acordava. Eu tive o mesmo susto que você a constatar que estamos no ar.
– Há quanto tempo estamos presos aqui?
– Um dia, eu acho – respondeu franzindo o cenho – Quando chegamos aqui estava de noite e amanheceu há um bom tempo já. Onde eu fui me meter...
Senti pena de Kole, ele não deveria estar envolvido nisso.
– Precisamos sair daqui – eu disse decidida.
– Já tentei forçar a porta, mas ela nem saiu do lugar – Kole relatou.
Observei a porta rústica por alguns segundos e percebi um buraco de fechadura logo abaixo da maçaneta.
– Sei exatamente como vamos sair daqui!
Tateei meu vestido a procura de um pequeno bolso e felizmente o encontrei, dentro dele estava a chave prateada. Agradeci a Mirella mentalmente, uma de minhas costureiras, por ter tido a ideia de colocar pequenos bolsos em meus vestidos em caso de eu querer guardar algo.
– Agora observe – eu disse para Kole enquanto aproximava a chave na fechadura.
– Espere! – Kole saltou rapidamente e me impediu de abrir a porta, segurando meu braço.
– Esperar, o quê? A chave para sair daqui está literalmente em nossas mãos! – falei a balançando perto do rosto de Kole.
– Digamos que a sua chave funcione – disse calmamente - , o que faremos assim que essa porta se abrir? Estamos a milhares de distância do chão e não sabemos quantas pessoas estão aqui e se estão armadas.
Apertei a chave com força contra o peito e desviei o olhar.
– Tem razão...- murmurei guardando a chave no bolso novamente.
– Vamos esperar até que... – Kole ia dizendo, mas foi interrompido por um soco na porta que logo se abriu revelando um homem baixinho com barba grisalha e uma touca vermelha. Atrás dele vieram mais três homens.
– Peguem-nos – o homem de touca vermelha disse com voz trêmula.
Os três homens, que ao contrário do que havia dado a ordem, eram altos e muito musculosos. Nos puxaram com força e amarraram nossas mãos. Depois saímos do minúsculo cômodo para uma saleta pequena que tinha uma escada de madeira encostada a um buraco quadrado no teto.
Um dos homens me empurrou com tamanha força para subir a escada que bati com a cabeça nela, enquanto ele ria eu subia praguejando palavras que se minha mãe ouvisse ficaria profundamente irritada.
Por um momento a luz forte me cegou, mas meus olhos logo se acostumaram como antes e pude ver onde estava. Era um convés, o convés de um navio. Eu estava em um navio voador?
– Mas o que... – Kole abriu a boca, mas logo a fechou.
– Surpreendente, não?
Nos viramos e demos de cara com um homem. Eu me senti muito tola naquele momento, pois tinha certeza que estava corando. Era um homem alto, de cabelos negros e barba bem feita, olhos azuis como o céu que nos cercava e trazia um sorriso encantador no rosto.
– Sou Killian Jones, mas podem me chamar de Hook – ele disse – E sejam bem-vindos a meu navio!
– Engraçado, não me sinto muito bem vindo aqui já que eu passei a noite em um cubículo e tive minhas mãos amarradas – disse Kole mostrando um novo lado seu.
O sorriso de Hook vacilou um pouco, mas ele logo recobrou a pose. Se aproximando de nós fez um sinal para que o homem de touca vermelha viesse a seu encontro.
– Smee, por que não os desamarrou ainda? – Hook gritou.
Smee desamarrou Kole primeiro e depois fez o mesmo comigo, sustentando um olhar de pena.
– Temos muito o que conversar – disse Hook – me sigam, sim?
Kole e eu nos entreolhamos e o seguimos. Íamos em direção a cabine de Hook, que com certeza era o capitão do navio. Seus subordinados olhavam para nós rindo e com desdém. Alguns falavam coisas ridículas para mim, o que deixou Kole muito irritado.
Finalmente em sua cabine, Hook fechou a porta e o sorriso que estava em seu rosto minutos antes tinha sumido por completo. Isso o fez ficar menos encantador.
– Odile me contou sobre o Elixir, mas acho que você pode me dar muito mais detalhes, não é? Princesa?
Ele piscou para mim, fazendo Kole virar os olhos. Se a situação não fosse tão complexa quem sabe eu teria rido.
– Eu já disse que não sei de nada, Odile não acreditou em mim.
– Não a culpo por não ter acreditado, você mente muito mal – retrucou.
– Nos deixe ir – Kole entrou subitamente na conversa -, o que você ganha nos mantendo aqui?
– Muitos benefícios, um deles é uma bela visão – disse sorrindo em minha direção.
Corei ao perceber que ele falava de mim.
– Mas essa bela visão não é o que vai salvar vocês, Odile trouxe vocês até mim, pois aqui ninguém poderá encontrá-los. Vou levá-los de volta aos seus aposentos e espero que se lembrem de algo.
Os mesmos homens nos esperavam fora da cabine e nos levaram de volta ´´ aos nossos aposentos``. Kole, confuso pediu explicações. Não nos conhecíamos há muito tempo, cerca de dias, mas eu sentia que podia confiar nele e por tê-lo metido naquela situação ele merecia saber de tudo. Quando terminei de relatar tudo, desde o meu sonambulismo até a noite seguinte, quando eu encontrei o diário e a tinta. No fim, Kole estava boquiaberto.
– O Rei Siegfried, um feiticeiro? Ouvi rumores de que ele teve uma juventude agitada e cheia de aventuras, mas não esse tipo de aventura. Com todo o respeito é claro.
– Tudo bem, nem eu acreditei quando li o diário.
– Os segredos do Elixir estarão seguros com Simão, como você mesma disse – Kole acrescentou.
– Sim
Depois de nossa conversa, percebi como o tempo voou. O aposento já havia se tornado escuro e só a Lua nos dava um pouco de luz, além de que nossos estômagos pareciam travar uma guerra contra a fome.
Estava tentando adormecer, quando o navio balançou bruscamente. Me fazendo bater novamente a cabeça, ao fim do dia eu estaria cheia de galos.
– Escutou isso? – perguntou Kole.
– O que? – falei um pouco alto de mais e Kole fez sinal para que eu falasse mais baixo.
– Passos e juro que escutei o barulho de espadas colidindo, isso não pode ser bom.
Ambos fomos pegos de supetão pelo barulho de alguém escancarando a porta. Ela se abriu com força, revelando um jovem de aproximadamente nossa idade. Ele tinha cabelos loiros, era um pouco mais alto que eu e tinha olhos verdes familiares.
– Vão ficar me encarando ou o que? – perguntou de braços cruzados – Não temos todo o tempo do mundo.
Ignoramos sua grosseria e o seguimos para o convés, onde para nossa surpresa os piratas que haviam nos tratado tão estranhamente estavam paralisados, incluindo Hook.
– O efeito não vai durar para sempre, assim que acabar eu vou te encontrar, seu demônio – disse o pirata entre dentes.
– Vou estar te esperando – o jovem o desafiou com o olhar.
Fez um sinal indicando que o seguíssemos. Retirou um colar de seu pescoço e abriu um pequeno recipiente que continha um tipo de pó. Sem nos dar alguma explicação, despejou o pó em nós dois e em si mesmo. Agarrou nossas mãos e disse:
– Pensem em algo positivo, como sair dessa porcaria de navio – disse subindo na borda do mesmo.
– O que acontece se eu não conseguir pensar em nada positivo? – perguntou Kole apreensivo.
– Você cai –respondeu.
E com essa resposta, nos puxou e desaparecemos na escuridão da noite.


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Notas finais do capítulo

* Queria dizer que uma das razões que me fizeram ficar 6 meses sem escrever foi a pouca quantidade de comentários. Desde que eu postei esse capítulo, tive cerca de 100 vizualizaçoes e só um comentario. Então, por favor interajam comigo ASHUASH

Se a Adellah não morrer com a queda, ela vai morrer de um ataque do coração HAUSHUASHAUSA Desculpa, gente. Vou tormar meu remédio depois. Comentem o que acharam, ok? Ah, depois vou adicionar uns gifs que eu fiz pra cada capítulo.
ATÉ O PRÓXIMO o



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