Persecutor escrita por Emi AK


Capítulo 21
Like the Cool Kids


Notas iniciais do capítulo

~ Obrigada a AndromedaSama e jessypaiva, que comentaram no capítulo anterior
~ Os capítulos irão demorar para serem publicados :| , espero que compreendam e tenham paciência ;)
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Boa Leitura!



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| Nathaniel Lambert |

As luzes estavam acesas, mas tudo ao meu redor estava escuro. Eu estava no palco. Um palco quadrado de chão macio e cercado por cordas. Era um ringue, um rapaz me encarva do outro lado. Meus braços estavam moles e jogados ao lado do corpo, me sentia fraco. Uriel havia me aconselhado: “Descarregue nele”. Eu não iria fazer isso. Fechei meus olhos e decidi que preferia apanhar.

~~~

Meu corpo estava dolorido. O acordo da luta era: sem socos no rosto. Felizmente meu oponente cumpriu o acordo, e agora uns três roxos se juntaram a outras manchas esverdeadas que pintavam o meu tronco.

Uriel estava indignado, não acreditava que eu havia perdido a luta. As coisas não são como desejamos. Agora eu tento me afogar nas águas do chuveiro do vestiário, enquanto meus “irmãos” riem e comentam as lutas. E internamente zombam da maneira pela qual eu apanhei. Me recupero, visto minhas roupas e volto para casa. Nunca sei o que me aguarda, talvez outra luta.

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| Lis Fontaine |

Inundada de dever de casa. A maioria atrasados. Está tudo uma bagunça, e eu ainda tenho que estudar para as provas, Sweet Amoris é muito mais puxada do que minha antiga escola. Antes eu passava as tardes fazendo nada, agora tenho coisas demais para fazer. Porém não é nada que eu não consiga suportar, vamos assim dizer. Já liguei para a Iris 6 vezes. Não consigo entender nada de álgebra.

– Lis, olha, eu não sou muito boa em álgebra, acho melhor pedirmos ajuda para alguém que entenda.

– Mas…

– Eu conheço um pessoal, amanhã falamos com eles no colégio, tudo bem?

Acho que esgotei a paciência de Iris. Alguém bateu na porta do meu quarto.

– Pode entrar.

– Querida, não acha que já estudou demais? Você está trancada nesse quarto faz horas! É melhor fazer uma pausa, certo?

– Tudo bem tia.

Levantei da cadeira e fui para a cozinha, procurei na geladeira algo para comer, tirei uma garrafinha d’água e morangos, no armário peguei uma tigela, cereal, e uma colher na gaveta. Cortei os morangos com a colher mesmo, joguei tudo na tigela e preenchi com cereal.

Odeio matemática! Quem foi o idiota que misturou números e letras? Esse cara é um retardado”. Eu pensava enquanto misturava tudo. Fui até a sala e me sentei no sofá, liguei a TV e comecei a ver um documentario sobre filhotes de gatos. Mudei de canal, isso tava me deixando depressiva.Minha auto-estima estava tão alta que até mesmo filhotes de gato americano me deixavam para baixo.

Um documentário sobre peixes, não é tão ruim, mas também não é legal. Crianças com dislexia, não, isso remete a minha infância, melhor passar, se não a auto-estima vai para abaixo de zero.

Continuei zapeando entre os canais, até que desisti. Ouvir os sons dos meus dentes quebrando o cereal é bem mais confortável. Lembrei do canal musical, e peguei a música 27 pela metade. Inacreditavelmente eu sabia cantar algumas partes de cor. Depois disso veio Echosmith com Cool Kids.

“I wish that I could be like the cool kids

Cuz all the cool kids, they seem to fit in

I wish that I could be like the cool kids, like the cool kids”

Essa música mexe comigo, me faz querer dançar, chorar, gritar, soltar os cabelos. Essa música sou eu.

Justamente quando me levantei para dançar na sala, minha tia apareceu, assim que me viu de braços erguidos ela parou, sua boca estava se abrindo, mas tudo o que saiu dela foi uma porção de ar sem som aparente.

– Você deixou as coisas no balcão…

– Eu vou arrumar, me desculpa.

Ela me analisou por alguns instantes. Um alerta barulhento e vermelho piscava dentro da minha cabeça. Abaixei os braços lentamente, a tigela já estava vazia, apertei o passo e fui para a cozinha. Ouvi uma pequena risada atrás de mim. Tomei um gole da garrafa d’água.

~~~

Assisti algumas video aulas e me senti mais confiante quanto a matéria, ainda não peguei o ritmo, mas creio que quando me encaixar nesse sistema vou me sair bem melhor. Acho que minha auto-estima subiu de nível. Eu deveria ter me mudado faz tempo para Le Havre, ou não, afinal seria um choque sair de Dreux e encontrar com o Nathaniel.

Melhor esquecer, me sinto ruim quando meus pensamentos se direcionam a ele.

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| Nathaniel Lambert |

Cool Kids não para de tocar no meu celular, canto, escrevo e batuco o ritmo do refrão em todo e a qualquer lugar ou momento. Queria ter minha bateria de volta para treinar um pouco e aprender a tocar minhas músicas favoritas. Terminei a tarefa, já posso descansar um pouco.

É estranho, gosto de ouvir o instrumental das músicas e decorar algumas sequências. Me lembro quanto aprendi a tocar Umbrella na bateria, ficou idêntico à musica original. Fazer música é algo mágico, produzir sons, arrancar sorrisos das pessoas. Eu queria ter uma banda, fazer parte de uma, viajar, tocar, viver.

~

– O quê você vai fazer pai?

– Cala a boca Nathaniel, isso já está me trazendo prejuízos! Maldito natal que eu resolvi te dar uma bateria.

– Não, pai, NÃO.

Ambre começou a chorar, minha mãe não estava em casa.

– PAI. PARE!

Tentei impedi-lo, suas mãos estavam envoltas em um taco de baseball, as juntas dos dedos e as pontas estavam esbranquiçadas, o rosto púrpura e quente de sangue e raiva. Meu pai deu um empurrão em mim com o tronco, caí no chão num baque surdo e pesado.

Seus braços já estavam nas alturas, e o primeiro golpe foi proferido. Um som estrondoso de tambores, metal e rompimento. Minha face rígida de raiva, o choro de Ambre, e mais golpes.

Lágrimas frias percorreram meu rosto. Respirava fundo, meus pulmões chegavam a doer. Um sentimento de impotência tomava conta de mim. “Não vou soluçar”.

~

Doces e venenosas lembranças sobre a minha infância. Não faz muito tempo, foi há uns 6 ou 5 anos atrás. Porém, me lembro como se fosse hoje, - as imagens são vívidas, como se toda a cena estivesse se recriando, ressurgindo diante dos meus olhos - e para complicar, as piores lembranças são as mais nítidas.

As boas lembranças são frágeis, e só de recria-las, sinto que posso dissipar tudo aquilo com os dedos, como se fosse um nevoeiro. Confuso e um pouco abstrato. Mas lá no fundo a ressalva, um ou dois sorrisos prevalecem. Meu pai levando eu e Ambre a nossa sorveteria favorita, a praia, o cachorro - não me lembro bem, um branco e marrom, peludo e pesado - um abraço, um elogio.

E Lis.

Só que Lis é algo mais complexo, mais indeterminado ainda Lembrar dela é ruim, e é bom. Triste, alegre, frio, energizante, superficial, profundo. Uma explosão de sentimentos concretos e sentimentos que ainda não pude decifrar. Pensar em Lis é como pensar em um código. Você tem uma tabela com 10 palavras decifradas, e deve traduzir uma frase com 20.

Droga, por que tudo me faz pensar nela? Tenho certeza que não é paixão ou amor. Me parece mais um incomodo. Não sei definir.

Agora está tocando Maps do Maroon 5, droga, tinha que ser essa música?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não deixem de deixar um comentário com sua opinião.
Qualquer erro encontrado na fanfic é só mandar uma mensagem que eu venho e edito ;D
Obrigada!