The 69th: For What I Believe In escrita por Luísa Carvalho


Capítulo 36
A Edição 69


Notas iniciais do capítulo

Tá, tenho muita coisa pra falar antes desse capítulo.
Primeiro: vou viajar mais uma vez amanhã, então os próximos capítulos ficarão com postagem programada (ou seja, desculpa se der bosta kkk)
Segundo: eu nunca escrevi um capítulo tão grande assim antes, mas esse foi extremamente necessário. Tem quase um ano de diferença entre esse e o último cap ja postado, então espero que entendam que tinha muita coisa a ser dita. E, gente, a fic chama the 69th e essa é a fucking edição 69, então acho que eu mereço 3 mil palavras.
Terceiro: eu espero muito, muito, muito mesmo que gostem do capítulo (e da June, que agora tem a mesma idade que eu, uhul)



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(POV June)

Um ano depois

Se na manhã em que me ofereci como tributo tivessem me perguntado como eu imaginava minha vida a um ano daquele momento, eu certamente não descreveria minha realidade de agora.

Com quinze anos de idade, sou uma Vitoriosa. Moro há quase um ano no Distrito 6 e vivo das riquezas fornecidas pela Capital para usar tudo o que tenho guardado em prol do distrito e de sua população. Sustento um projeto de distribuição de alimentos e trabalho ao lado de Constance Meyer e Wallace e Otto Dash, vindos de uma família de morfináceos. Juntos, administramos a alimentação de pessoas de Leste a Oeste e reunimos recursos para reanimar alguns processos de produção no distrito. E fazemos tudo o mais longe possível da vista do Presidente Snow.

Não há dúvidas de que ele aumentou a guarda após nossos acordos. É certo que foi liberada a minha passagem para o lado Oeste, assim como a de Burton, Constance, Wallace, Otto e de cinco caminhoneiros locais, e foi construído lá um estabelecimento como o Centro. Porém, a repressão aumentou em proporções imensas agora que o Oeste não é absolutamente isolado. O novo Centro, por exemplo, é administrado por Pacificadores e os alimentos só vão de lá até as nossas cozinhas porque eu pago por eles, sem excessões.

– É possível viver sob repressão, mas não sem comida. Nós estávamos morrendo, June - Wallace busca sempre me lembrar, conseguindo assim impedir que eu veja a passagem como algo ruim.

Depois do comunicado que fiz na TV, onze entre doze distritos passaram a ignorar minha existência, considerar-me um mero caso perdido. Mas não o 6, e não o Presidente Snow.

Ainda assim nos acostumamos a isso. Eu, principalmente.

Isso porque fui me encontrando aqui no distrito. Construí uma grande família, reuni um núcleo de pessoas que têm minha total confiança. Fiz as pazes com Kryanna e descobri que não há ninguém melhor para ensinar a meus irmãos as verdades do mundo. Tive minha mãe de volta depois do incidente envolvendo os gêmeos e o Presidente Snow. Ela separou-se do meu pai e, unicamente por causa de seus filhos, formou uma vida aqui - ainda que longe das mais agradáveis a seus olhos. Ela ainda não me apoia no que faço, mas quis vir para cá por espontânea vontade; eu é que não preciso que me entenda. Meu pai continua na Capital, e o que notei da primeira vez em que o vi após a Arena ainda é gritante: ele me apoia como revolucionária, e diz isso sempre que me envia parte de seu salário - quantia extremamente necessária agora. Quanto a mim, passei a proteger Mathew e Daniel como se fossem a maior preciosidade que o mundo tem a oferecer. E, em um piscar de olhos, eu tinha uma vida pronta, limpa e digna de orgulho.

Às vezes me pergunto se Cameron pensaria o mesmo, se era isso o que ele esperava que eu fizesse com a vida que ele protegeu. Gosto de pensar que sim. Espero que seja.

Por fim, tenho ele.

Mas a questão é que Burton Robertsen é milhões de vezes mais do que um colega de trabalho ou um membro da família a quem você automaticamente sabe amar: ele tornou-se meu mais fiel confidente, minha fonte de segurança em momentos de incerteza, a pessoa com quem sei que posso contar em qualquer circunstância. Ele me ensinou a amá-lo de um jeito que nunca pensei poder ser possível.

Depois da conversa que tive com Snow, Burton, por um motivo que ainda desconheço, desconfiou que seu pai pudesse estar envolvido com denúncias dos furtos - o que, de fato, era verdade. Eu, obviamente, nunca mais ousei olhar no rosto de Gerwin; ele não merecia minha atenção depois de tudo o que havia feito. É estranho pensar que passei tanto tempo em sua casa, convivendo com seu filho e com sua esposa a ponto de ver neles uma nova família, e ele ainda assim foi capaz de me trair dessa maneira.

Burton também nunca foi o mesmo com seu pai depois disso; eu realmente fui o motivo pelo qual ele agora evita conversar ou até mesmo permanecer em um mesmo cômodo que Gerwin. E, por mais que eu diga a ele que não posso aceitar ter destruído uma relação entre pai e filho, Burton insiste que fez o que era certo e que eu “valho mais que um traidor, mesmo que esse traidor seja seu pai.”

E é por esse e por outros inúmeros motivos que sou extremamente grata por Burton ser a pessoa sentada ao meu lado quando sou colocada sobre um palco erguido em frente ao Edifício da Justiça do Distrito 6.

Eu aperto sua mão o mais forte que posso e vejo que ele se esforça para não fazer uma careta.

– June, relaxe, você já esteve em uma Colheita antes - diz enquanto a equipe da Capital finaliza a arrumação do palco e as pessoas começam a se aproximar. A expressão apavorada em seus rostos é exatamente a mesma do ano passado, mas há algo bem pior dessa vez: eu conheço muitas das famílias que temem por seus filhos, assim como muitos dos jovens cujos nomes estão dentro das bolas transparentes. Saber que alguém conhecido pode ser sorteado é mil vezes pior do que ouvir o nome de um jovem qualquer, mesmo que tão indefeso quanto. Ainda mais porque sei por experiência própria o que os tributos enfrentarão.

– Tem razão - respondo, enfim, irônica. - Eu com certeza devo ver a Colheita passada como prova de que tudo vai ficar bem.

– Vamos combinar que você não pode se oferecer dessa vez, ok? - Burton ri com o próprio comentário, mas não acho tanta graça assim. Ele beija minha mão rapidamente quando aperto a sua ainda mais forte, então assume um tom mais sério. - Nomes são sorteados todos os anos, June. Nós vamos assistir à Colheita, conhecer os tributos e decidir o que fazer com eles.

Finalmente sorrio, reconhecendo que temos um dever com os jovens que forem sorteados. Sou muito grata por poder ter Burton ao meu lado, por terem permitido ao Distrito 6 dois mentores já que vim da Capital, sendo assim quase “café com leite.” Afinal, já não sou uma excessão em tudo?

No geral, estou feliz por poder ajudar os tributos. Posso não saber de muita coisa, mas saí da Arena porque tenho habilidades suficientes - e muita sorte ao meu favor, é claro. Além do mais, convenhamos que não tive o melhor mentor que podiam me oferecer. Sei que ele conseguiu um paraquedas e me deu uma vantagem imensa ao sugerir que eu estendesse minha prática das facas para além do Centro de Treinamento, mas deu Cameron por vencido e foi como se reconhecesse só um de seus dois tributos. Fez um ótimo trabalho nos intimidando no início para depois não ajudar em muita coisa.

Não que isso faça alguma diferença; eu amo Burton apesar de tudo.

– Como estão meus Vitoriosos favoritos? Preparados? - Elise Werbern indaga de forma escandalosa, aproximando-se de nós. Mais cedo, quando ela chegou ao Distrito 6 e foi até a Aldeia dos Vitoriosos, percebi o quanto havia sentido falta de sua companhia. Muitos meses se passaram desde a última vez em que a vi, na sala de minha antiga casa na Capital. E, hoje, ela fez questão de ressaltar que a vida no distrito me faz parecer anos mais velha e que eu e Burton somos “uns fofos. Seus fofos.” - Não sei como serão os tributos esse ano, mas tenho certeza de que não chegarão aos pés de June e Cameron.

Nem eu nem Burton respondemos às suas perguntas; eu, pelo menos, só sorrio.

– É claro que não serão como eles, Elise - Burton então comenta quanto ao fim da fala dela -, nunca mais haverá tributos da Capital.

Nós três rimos. Lembro-me muito bem de quando Elise e minha professora, Sra. Maine, tentaram evitar que eu me oferecesse, mas não obtiveram sucesso porque não havia regra alguma que me proibisse. Obviamente, o Presidente Snow e os Idealizadores cuidaram disso para essa edição - e para todas as futuras.

“Todo jovem voluntário necessita ter nascido em e estar registrado como habitante de solo distrital,” diz um novo parágrafo da cláusula segunda das regras dos Jogos Vorazes.

Eu e Cameron poupamos dois adolescentes do Distrito 6 ano passado, mas algo do tipo não poderia nunca mais acontecer. Dessa vez, estou sentada em frente a dois grupos - o das garotas e dos garotos - que não terão como escapar.

Quando Elise Werbern para em frente ao microfone, tosse algumas vezes para limpar a voz, então recita o exato mesmo discurso de todos os anos. O vídeo sobre os Dias Escuros e o surgimento dos Jogos é transmitido no imenso telão ao meu lado, depois Elise pode voltar ao centro do palco.

– Bom, vamos começar. Primeiro as damas!

Ano passado, essa foi minha deixa. Estremeço só de pensar em como meu coração disparou quando tudo o que eu conseguia pensar era no famoso “é agora ou nunca.” Burton parece, como eu, relembrar aquele momento, pois puxa minha mão para seu colo e espreme meus dedos com mais força como se dissesse algo tipo “aguente firme.”

E eu aguento. Tento manter minha expressão neutra quando Elise anuncia alta e claramente:

– Rietta Triston!

Não a conheço, e tampouco me lembro de qualquer outro Triston - o que torna tudo um pouco mais fácil. Ela tem cabelos de um loiro mais escuro que o meu e uma estrutura frágil; alta, magra, aparentemente fraca. Apesar das aparências, porém, Rietta engole em seco e estufa o peito, caminhando em direção ao palco com uma certeza incomum aos tributos do Distrito 6. Vejo que, no grupo dos meninos, um garoto que parece ter sua idade, talvez um pouco mais, chora em silêncio. Seria seu namorado, seu irmão, primo ou um jovem desconhecido cuja ficha acaba de cair? Quero dizer a ele que vai ficar tudo bem, que cuidarei de Rietta, seja ela próxima dele ou não.

De repente, uma pergunta me vem à mente: será que ele se ofereceria como tributo?

Nada acontece, porém. Não é como comigo e Cameron; não há alvoroço, discussões ou dúvidas. Rietta apenas caminha até o palco e fica em pé, ereta, enquanto Elise revela o nome do segundo jovem a ser enviado à Arena.

É Elijah Homes. Sinto calafrios subirem por meu corpo não porque reconheço seu nome, mas conheço aquele rosto, aqueles traços.

Já lhe dei comida, já precisei dizer a ele que não sabia de nenhuma vaga disponível na oficina de conserto de aerodeslizadores. Já o vi cuidando de uma garota pequena na rua e já o ouvi contar à mãe que ficaria desempregado por um tempo.

Aquele garoto sabe lidar com as circunstâncias, isso é fato. Porém, por mais que não queira agir com Elijah do jeito que Burton foi com Cameron, as imagens dele desamparado no meio da rua me fazem ter certeza de que não passaria do Banho de Sangue.

Depois de apresentados ambos os tributos, Burton vira-se para mim. Temos tempo enquanto Elijah e Rietta se despedem das pessoas próximas.

– O que acha deles? - pergunta, e fico tentada a dizer exatamente o que se passa em minha cabeça. Porém, não quero parecer dura demais ao julgá-los, e sei que Burton não se importa em sê-lo.

– Você primeiro - afirmo.

Ele realmente não hesita em responder.

– A menina é frágil. Tem atitude, mas é fraca demais e acho que não vai conseguir atacar ninguém. Não vai longe. - Fico impressionada. E a atitude de Rietta, aparentemente fraca e indefesa? E a maneira como se manteve forte na frente das câmeras, a determinação que transmitiu como se provar-se forte apesar das probabilidades fosse seu único objetivo? Pelo jeito, para Burton, isso não lhe rendeu pontos a mais. - Mas o garoto eu conheço, June, e ele sabe aguentar firme. Passou por muita coisa, tem bagagem. Eu aposto nele.

Então quer dizer que eu e Burton não concordamos nem um pouco a respeito de nossos tributos. Interessante.

– E você? - Burton quer saber.

Mas talvez seja tão interessante que o melhor é deixar para mais tarde.

– Ainda não sei bem.

**

(POV Burton)

Depois de vermos nossos quartos no trem para a Capital, eu e June vamos ao vagão principal para nossa primeira conversa com os tributos. Fiquei surpreso quando ela não me perguntou o que dizer a eles antes; pareceu ter tudo na ponta da língua. Confesso que queria ser aquele a ajudá-la nessa nova situação - afinal, esse é meu terceiro ano como mentor -, mas a verdade é que June dá sempre seu melhor quando é espontânea.

Ela é a primeira a falar uma vez que nós quatro estamos sentados em uma espécie de roda.

– É um prazer - diz aos tributos com um ar doce na voz. - Então, como estão se sentindo?

– Confusa - Rietta responde, objetiva. Percebo por seu olhar que, por mais que esteja morrendo de medo, nunca demonstraria suas fraquezas, como se isso a pudesse tornar ainda mais frágil. - Acho que ainda não processei isso tudo muito bem.

June abre um sorriso e coloca uma mão sobre meu joelho.

– Não esquente com isso, estamos aqui para te ajudar a aceitar. Não é, Burton?

Não concordo. Seria mesmo possível June não ter aprendido nada com o mentor que fui ano passado? Sacrifiquei o início de minha relação com ela para ser bom naquilo, bom para ela. Não fui um idiota em vão.

Não é como se estivéssemos aqui para nos tornarmos amigos dos tributos, pessoas com quem eles pensam poderem contar. Na Arena, não estaremos lá para eles.

Assim, em vez de dar qualquer resposta a ela, resolvo reparar em Elijah, que tem no rosto uma expressão dura feito pedra. Tenho uma vaga ideia do que se passa em sua cabeça: ele provavelmente quer ganhar em nome de sua família porque eles não conseguiriam seguir vivendo se ele fosse morto. Não se importa em parecer fraco ou desinteressante. Precisa ganhar e sabe disso. Admiro sua determinação, e não entendo como June pode deixar de reparar nisso. Enquanto o anúncio do nome de Rietta pareceu tocá-la profundamente, ela sequer prestou atenção em Elijah. Mas não foi uma convicção tão grande quanto a dele que a moveu durante seus Jogos? Não é essa uma das coisas que mais amo nela?

Elijah pode não querer provar nada em frente às câmeras, mas eu o conheço e sei que exige muito de si em nome dele mesmo e de sua família.

E June, que enxerga com tanta facilidade quem as pessoas realmente são, o vê como só mais um tributo.

Mas pensar em Elijah e Rietta em vez de numa resposta a ela não adianta; June agora me fuzila com o olhar. Acho que não quer que eu seja duro com os tributos, não do jeito que fui com Cameron. A verdade que nunca contei a ela, porém, é que não me arrependo de como o tratei. Cameron tinha inúmeras qualidades como pessoa, mas simplesmente não as necessárias para sobreviver aos Jogos Vorazes. Ele precisava cair na real, precisava de um motivo para, como June, perceber que aquilo não era a Capital que eles bem conheciam. E, assim como tive certeza de que seria duro com o irmão de June enquanto ele fosse meu tributo, estou certo de que não deixarei espaço para que Elijah e Rietta ousem ver os Jogos como brincadeira de criança.

E é por isso que fico definitivamente sem concordar com June quando diz que estamos lá para ajudá-los.

– Bom, vamos dar espaço para vocês aproveitarem o que a Capital tem a oferecer - June enfim comenta, e o faz com desgosto. É como se sentisse que qualquer coisa boa a respeito da Capital tem um gosto amargo. Qualquer um que tenha assistido a seu comunicado na TV está familiarizado com isso.

Por fim, resolvo render-me ao comentário que quer escapar desde que entrei no trem:

– Principalmente os bolinhos de chocolate.

Pego um da bandeja, mordo a massa fofa - Deus, como eu amo essas maravilhas - e sou puxado por June para fora do vagão. Assim que a porta se fecha atrás de nós, ela para em minha frente e eu tenho certeza do que aconteceria a seguir.

Lá vem.

– Eu não acredito que você vai ser assim esse ano também. As edições passadas não foram o bastante? De quantos anos você precisa para perceber que é duro demais com seus tributos? - Seu tom de voz é extremamente alto. A porta fechada não barraria som algum. Tenho certeza de que os tributos ouviriam a discussão como se estivéssemos bem ao lado deles.

– June, é assim que eu trabalho.

Eu tinha todo um discurso preparado na cabeça, e não planejava parar de falar por aí. Mas ela me interrompe antes que eu possa continuar:

– Você quer dizer que ser um idiota é seu jeito de trabalhar.

Não sei muito bem por que, mas o fato de sua última fala ter sido uma afirmação e não uma pergunta me irrita profundamente. Mais do que provar seu lado da discussão, ela quis me insultar.

Sei que diz coisas sem pensar, mas ela não é uma criança cujas falas podem passar batidas.

– Sabe, June, eu fui seu mentor e você venceu a droga dos Jogos Vorazes! - Estou a ponto de gritar, o que não é uma surpresa. Nossas brigas costumam transformar-se em berros extremamente rápido. - Será que você não poderia tentar ser mais, digamos, grata pelo que tem?

– Não tem nada a ver com gratidão! É que você não vê que a última coisa de que um tributo precisa é alguém que dificulte a situação, e você só torna isso um inferno pior do que já é! - O rosto de June está levemente vermelho e seus punhos estão cerrados. Percebo que esse momento é para ela a hora de soltar tudo aquilo que guardou para si durante sei lá quanto tempo, e não consigo evitar pensar na entrevista final da Edição 68. Se for como foi com Caesar Flickerman, ela não terá filtro algum. - E, já que tocou no assunto, você não foi tão importante na minha vitória quanto pensa. Só baixe a bola, Burton.

Olhando para ela naquele momento e ouvindo o que tem a dizer, tudo no que consigo pensar é que eu também sei ficar vermelho, cerrar os punhos e gritar para todo o trem ouvir.

E, mais do que qualquer coisa, também sei falar sem pensar.

– Importante ou não, eu não ligo, June. Não me arrependo de nada do que disse para qualquer um de vocês. - Vejo que sua expressão fica ainda mais séria; ela sabe de quem estou falando agora. Quanto a mim? Bom, eu não pensaria antes de colocar tudo para fora. - Principalmente para Cameron. Ele mereceu.

June abre a boca para falar, mas a fecha rapidamente e fica em silêncio, pensativa. Percebo que o que disse pode ter em sua cabeça um sentido que eu nunca sequer insinuaria: que Cameron mereceu ter morrido. Porém, uma parte um tanto imponente de mim me impede de retirar qualquer coisa do que disse. Não é porque realmente quis falar uma coisa dessas, mas porque eu não lhe daria razão nenhuma depois do que ouvi. Se sou dispensável quanto à vitória dela, por que quis tanto que eu viesse? Por que não quis fazer isso sozinha se seu jeito de ser mentora é o melhor possível? Não estou aqui para fazer-lhe companhia durante os Jogos, mas porque sei tanto quanto June que ela precisa de mim.

Então, por que é tão difícil para ela admitir que precisa de ajuda uma vez na vida?

Não falamos mais nada; eu tenho meus motivos e ela tem os dela. É o suficiente para mim olhar em seus olhos e não enxergar nenhuma ponta de arrependimento.

Entro em meu quarto e me jogo na cama, sozinho. Tenho a impressão de que, no corredor, Rietta pergunta a June se está tudo bem, e realmente não me importo com a resposta.

Se June quer fazer isso sozinha, ótimo. Rietta é toda sua para servir de cobaia.


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Notas finais do capítulo

Tretas, D.Rs, gritos e berros. Isso não para por aqui, podem ter certeza.



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