Pequeno pedaço de morte escrita por Ann


Capítulo 4
Anjos e demônios


Notas iniciais do capítulo

E aí? Voltei com mais uma parte da história de Kate! Espero que gostem!



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Abby continuava sorrindo para mim, mas não seu sorriso amigável, e sim algo terrível que eu não queria entender.

Abby: Kate, está tudo bem? Venha dormir. - ela falou se aproximando de mim.

Seu sorriso maldoso desapareceu tão rapidamente quanto surgiu um olhar de preocupação em seu rosto

Eu: Está tudo bem, Abby. Não estou com sono. - falei e voltei a encarar a janela.

Abby: Ao menos deita, Kate. - ela falou e colocou uma blusa. - acho que amanhã o resto das nossas roupas já estarão secas, e então podemos ir.

Eu: Ainda bem.

Ela se apoiou do meu lado na janela e ficamos em silêncio por um tempo.

Abby: Como você está se sentindo?

Eu: Lésbica.

Sua gargalhada musical foi acompanhada pela minha.

Abby: Isso também, venha, você precisa estar bem disposta amanhã.

Eu: O que tem amanhã?

Abby: Tirando o fato que seus pais já devem ter chamado a polícia?

Sorri, ela tinha razão. Então deitei com ela do meu lado e adormeci.

Provavelmente foi só um sonho, mas foi algo que mexeu comigo: Eu tinha a sensação de estar meio acordada, e ouvindo as coisas que se passavam ao meu redor, entre os barulhos, captei a voz de Abby.

Abby: Deixar ela ir? Assim sem mais nem menos? Justo agora?

!: Não vai me dizer que você se apegou de verdade- falou uma voz masculina que me era familiar, e depois de de um " Claro que não" gritado por Abby, ele prosseguiu -Você fez o que eu te falei, não foi?

Eu tentava reconhecer quem estava ali, mas a conversa continuou.

Abby: Fiz perfeitamente bem, mas e agora? - eu sem querer respirei de um jeito diferente e os dois fizeram silêncio.

Senti os dois pares de olhos em minha direção, mas não arrisquei nenhum movimento. Depois de alguns minutos, o estranho-familiar finalmente respondeu a pergunta.

!: Agora ele certamente virá buscá-la. Confie em mim, ela precisa ir.

Abby: Se você está dizendo...Mas eu acho melh....

!: Eu não ligo para o que você acha melhor - interrompeu o homem.- você deve fazer com que ela vá embora com ele. Eu não ligo para os seus métodos, só faça o que falei. Não precisamos mais do disfarce, já nos descobriram.

O sono me venceu e eu não escutei mais nada, apenas afundei na escuridão.

Não sei nem por que me preocupei em registrar isso, era somente um sonho idiota, se bem que ultimamente, os sonhos idiotas estão se tornando realidade para mim.

Abri os olhos, irritada com a claridade que atingia meu rosto.

Eu: Caralho... - resmunguei enquanto me levantava. Abby não estava em nenhum lugar do quarto, mas minhas roupas estavam dobradas em cima de uma mesa.

Me levantei e me vesti. Andei pelo quarto e abri a porta do banheiro. Nada da menina, onde diabos ela se meteu?

Decidi esperar, talvez ela tivesse ido testar algum dos telefones. Me encostei na janela o dia estava nublado e já devia ser o fim da tarde.

Não sei quanto tempo fiquei boiando sobre a vida na janela, mas ouvi a porta abrir atrás de mim. Eu sorri para Abby, até que vi que ela me encarava do mesmo jeito que ontem. Aquele jeito que me dá medo. Ela trancou a porta e veio andando até mim lentamente.

Abby: Assustada? - ela fez uma voz inocente.

Eu: Claro que não. - recuei instintivamente

Abby: Ainda bem. - E Ela continuou avançando, até eu encostar minhas costas no vidro frio da janela. Me lembrei do sonho quase que naquele instante.

Eu: O que você quer? - minha voz saiu estranha.

Abby: Então, Kate. Conte-me mais sobre sua vida de não-humana.

Tremi da cabeça aos pés.

Eu: Do que você está falando?

Abby: Ah, vamos lá , Katherine, não se faça de boba.

Eu: Abby, o que aconteceu? - a pergunta apesar de ser perfeita para o momento, me pareceu sem sentido, eu não sabia como, mas sabia a resposta.

Aquela não era a Abby

E tão repentinamente quanto a resposta, uma luz veio da janela. Seguida de um barulho estridente, tanto eu quanto a falsa-Abby olhamos pela janela. Ela já não sorria mais.

Abby: Ele veio. - ela resmungou e se abaixou, pegando uma faca debaixo da cama e apontando para mim.

Abby: Se você se mexer, eu te mato.

Dizem que nessas horas a vida inteira passa pelos olhos, mas eu não sentia isso. Eu sentia que minha vida inteira passava por um bueiro, minha melhor amiga, meus pais, tudo! Nada era como realmente parecia ser.

Então me lembrei que facas já não podiam me assustar. Virei a cabeça um pouco de lado para ver quem era " ele" que ela resmungou. Então vi um reluzente mustang preto.

Puta

que

pariu.

Sorri internamente com aquela revelação, ele tinha sobrevivido, e veio até aqui... por mim.

Eu: Não será preciso. - respondi e antes que ela tivesse alguma reação eu me joguei pela janela, quebrando todos os vidros. Pude ouvir Abby resmungar. Caí bem em cima do carro.

Roy: Belo pouso. - ouvir sua voz antes de ver seu rosto, então lá estava ele, me puxando para dentro do carro.

Eu: Roy? Mas como você sobrev...

Roy: Não é tão fácil assim me matar Kate. - ele falou acelerando o motor, e logo o hotel ficou para trás. - Ela não desistirá assim tão fácil.

Apesar de suas palavras, percorremos quilômetros sem preocupação. Ele dirigia calado enquanto eu tirava os cacos de vidro pelo meu corpo, fiquei com medo de assustá-lo quando tirei um caco de 10 cm da minha barriga, mas se ele se espantou, não demonstrou.

Roy: Como você está? - ele perguntou quando terminei, tirando os olhos da estrada por alguns segundos para me analisar. Minha roupa estava suja de sangue, mas eu não sangrava em lugar algum, não mais.

Eu: Confusa. O que foi aquilo lá trás?

Roy: Acho que você descobriu que ela não era a sua amiga.- ele juntou os cacos com a mão e jogou pela janela.

Assenti com a cabeça.

Roy: Na verdade, nunca foi. Foi enviada para ficar de olho em você até a hora certa chegar.

Eu: Enviada?

Roy: Não tenho certeza se sou eu quem deve te explicar isso, Kate.

Odeio quando ele faz isso.

Muitas perguntas borbulhavam em minha mente, mas a frase que minha boca quis pronunciar foi :

Eu: Pensei que estivesse morto.

Roy: Estou aqui agora. Foi uma falha minha deixar que ela te levasse. Me desculpa, Kate.

Eu: Ela atirou mesmo em você?

Roy: Sim. - e levantou a blusa mostrando a cicatriz , que parecia ter sido feita há anos, não dias.

Eu: Mas você disse que era humano.

Roy: E sou, mas sou um pouco diferente dos humanos normais.- Ele hesitou por alguns segundos, então acrescentou. -Sou um humano subordinado.

Eu: O que isso quer dizer?

Roy: Quer dizer que abdiquei de minha vida humana normal para trabalhar para algum anjo. Ou nasci em uma família de subordinados.- aproveitei que ele estava respondendo e continuei com a minha rodada de perguntas.

Eu: E por que esse anjo te mandaria para me proteger?

Roy: Ela não me mandou para te proteger, ela me criou para te proteger.

Eu: Ela? - olhei para ele.

Roy: Sua verdadeira mãe, Katherine.

todo o ar saiu de meus pulmões neste momento.

Eu: Minha mãe é um anjo?- sussurrei tão baixo, que não tive certeza se ele escutou, mas então ele olhou para mim e tive certeza que ele havia entendido a pergunta. Aguardei a resposta.

Silêncio da parte dele.

Eu: Quando você vai me falar tudo sobre ela?

Roy: Acho que ela preferiria te falar pessoalmente. - arregalei os olhos. - na hora certa. -Ele acrescentou.

Eu: Você vai me levar para conhecê-la agora?

Roy: No momento, estou te protegendo de demônios. Quem sabe depois de fazer isso.

Eu: Demônios?

Roy: Você deveria descansar agora.

Eu: Mas acabei de acordar- protestei.

Então ele ligou o som alto, disposto a me ignorar.

Apesar da raiva momentânea, me sentia grata por ele estar ali, e o sonho que tive ( sendo sonho ou não) pareceu evaporar da minha mente diante de um Roy vivo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que estão achando? Se não comentarem eu não tenho como saber! Comentem e me ajudem a melhorar!



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