Pequeno pedaço de morte escrita por Ann


Capítulo 3
Kate, corra.


Notas iniciais do capítulo

Katherine Mason ainda não sabe se estava sonhando ou entrando em uma nova e assustadora etapa da sua vida. Acreditaria ela em Roy, um belo estranho que virou seu mundo de cabeça para baixo, ou em tudo que sempre viveu? O capítulo a seguir é um pouco mais pesado do que os outros, espero que gostem.



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Apesar de ter sentido a pancada forte na cabeça, não senti dor alguma, apenas encarei o vulto, surpresa.

Eu: Abby?

Ela sorriu. Me levantei na hora eufórica e arranquei os ferros de minhas pernas sem delicadeza.

Abby: Te encontrei. - ela falou e chegou perto de mim. Estiquei a mão para ela, mas desta vez não havia vidros entre nós, e toquei seu rosto. Menos de um segundo depois, ela me abraçou.

Roy: Kate! CARALHO!

Ele gritou e eu me separei da Abby no mesmo instante. Corri até ele , que ainda estava preso no carro e puxei seu corpo de lá, pelo visto, ao contrário de mim, Roy sentia muita dor.

Roy: Sai de perto dela, Kate. - ele falou quando finalmente conseguiu se levantar e se pôs entre nós duas. Ele tinha um corte na bochecha e um no ombro, o do ombro parecia mais profundo.

Abby: Do que você está falando?- ela nos olhava confusa.

Eu: Roy, tudo bem, é a Abby. - falei, tirando ele da minha frente.

Roy: É mesmo? Sobreviveu dentro de um explosão?

Abby: Eu ouvi a Kate gritando e saí da casa atrás dela segundos antes de tudo!.

Roy: E como você veio parar aqui? - ele tirou uma pistola do cinto e apontou para a Abby. Me coloquei entre os dois.

Eu: Roy, isso é ridículo. pare.

Roy: Sai da frente Kate, até para você, um tiro seria muito dolorido.

Mas eu não saí.

Roy: Ela não é quem você pensa.

Me virei para Abby.

Abby: Você vomitou em mim na terceira série e viramos amigas assim.

Eu: Só a Abby saberia disso. - falei para o Roy.

Mas ele não abaixou a arma, ele fechou os olhos, depois os abriu. Um estranho tom de vermelho escuro tomava conta de sua íris normalmente negra.

E atirou.

PUTA MERDA. Olhei para a Abby, mas do jeito que ela me olhou de volta, o tiro acertou em mim.

Roy: KATE?!

Caí no chão de quatro. Não doeu o tiro em si, mas eu senti a bala perfurar minha pele e percorrer minha corrente sanguínea, procurando um lugar para poder sair. Então começou a subir.

Abby: Olha o que você fez, seu maluco. Katherine? - e os dois começaram a discutir, mas eu não entendia o que eles falavam.

Cuspi a bala surpreendente limpa no chão bem na hora que outro barulho de tiro chegou em meu ouvido.

Quando olhei para cima, quem estava no chão do meu lado era Roy.

Kate, Corra.

E a arma estava na mão da Abby. Eu não entendi como as coisas ficaram daquele jeito. Roy olhava para mim e mantinha uma mão pressionando a barriga, enquanto me procurava com a outra.

Katherine, rápido.

Eu não conseguia me levantar, nem chegar perto de Roy. Estiquei minha mão para a dele e senti uma agulha no meu pescoço. Vi a boca perfeita de Roy se mexer, provavelmente gritando, mas não consegui ouvir o som. Logo, ficou tudo escuro novamente.

E para variar, eu desmaiei.

Antes mesmo de abrir os olhos, senti que meus pulsos estavam amarrados, separados. E meus tornozelos também. Senti que estava em uma cama, com meus quatro membros separados e amarrados em algo sólido e forte, eu estava apenas com minhas roupas de baixo.

Meus olhos pesavam uma tonelada, mas consegui abrir eles.

Eu: Abby? - perguntei para a forma escura que estava perto da cama, e logo ouvi sua resposta.

Abby: Kate? Kate, você está bem?- então ela apareceu no meu campo de visão. Estava de calcinha e uma blusa folgada.

Eu: Por que eu estou amarrada?

Abby: Me desculpa Kate, eu não sabia como você ia reagir. - ela falou soltando as cordas.

Eu: Onde estamos?- perguntei esfregando os pulsos

Abby: Em algum hotel perto daquela estrada em que estávamos.

Eu: Roy? - só disse uma palavra, mas ela entendeu a pergunta.

Abby: Sinto muito, Kate... Ele morreu.

Por que meus olhos começaram a lacrimejar? Eu não nutria nenhum sentimento pelo meu estranho sequestrador, surtia? Quase cheguei a acreditar na história que ele havia me contado. Mas por que seu sorriso não saía da minha mente? E eu sentia novamente suas mãos em mim?

Abby: Kate, não chora. - e me abraçou.

Eu: Por favor, Abby, me explica tudo direito.

Abby: Depois do primeiro tiro, eu me joguei em cima dele e tirei a arma de sua mão. - ela fez uma pausa.

Eu sabia que ela ia continuar, mas não consegui me segurar.

Eu: E depois...

Abby: Depois eu atirei. - ela tapou a boca. - Me desculpa Kate, eu não queria... mas ele atiraria novamente e eu precisava pará-lo.

Eu: E a agulha?

Abby: Agulha?

Eu: Como eu desmaiei?

Abby: Você simplesmente caiu desacordada.

Eu: E o tiro que eu levei? - certamente haveria uma explicação lógica para eu ter vomitado uma bala.

Abby: Tiro? Ele errou, kate. Você não levou tiro nenhum. - ela falou e acariciou meu rosto. - está tudo bem agora.

Eu: Por que não vamos embora?

Eu estava sentada na cama e ela em pé, na minha frente, nesse momento, ela segurou as minhas duas mãos.

Abby: Kate, está chovendo demais lá fora. Nossas roupas estão enxarcadas, coloquei na secadora há pouco tempo.

Eu: E como vamos para casa?

Abby: Do mesmo jeito que eu cheguei aqui. Com meu carro.

Eu: Você nos seguiu até aqui?

Abby: Claro. Ele estava com a minha melhor amiga no carro e a polícia não acreditou em nada do que eu disse no telefone. Acho que minha voz de bêbada não ajudou.

Apesar de tudo, eu sorri de leve.

Eu: Será que teria como eu telefonar para os meus pais?

Abby: Eu já tentei ligar para alguém, mas meu celular descarregou e o telefone do hotel está sem área por causa da chuva.

E fez uma cara claramente frustrada. Abby era estranhamente linda, ela tinha cabelo loiro natural que ia até os ombros e olhos verdes brilhantes, pequenas sardas pelo nariz fino e pela bochecha e lábios iguais a de uma boneca. Deve ser muito estranho nos ver juntas, a bela e a esquisita. Pensar sobre isso me fez lembrar imediatamente de Roy falando que eu era linda.

Eu: Ele morreu... mesmo?

Abby: Sinto muito Kate... Se eu pudesse fazer algo, eu faria. - coloquei as duas mãos no meu rosto e fiquei assim por uns minutos, quando finalmente me segurei, tirei-as de lá.

Então percebi o quão próximos nossos rostos estavam, e acho que ela percebeu também, pois nos aproximou ainda mais e tocou suavemente sua boca na minha.

Não sei se eu sempre tive alguma atração pela Abby, se eu ainda achava que era um sonho, ou se eu estava confusa demais em relação a tudo o que aconteceu para ligar os pontos. Só sei que assim que os lábios de Abby pediram permissão para abrir os meus, eu cedi. Ela colocou as duas mãos em meu rosto e empurrou sua língua dentro de minha boca, e eu abri o espaço que ela queria e explorei seus lábios também.

Sim, eu estava beijando a minha melhor amiga, e estávamos com poucas roupas em um quarto de hotel, a ideia deve ter ocorrido na cabeça dela também, pois se antes ela estava com as duas mãos nas minhas bochechas, agora ela empurrou meus ombros de modo que eu caísse deitava na cama, e veio por cima de mim e mordeu meu lábio inferior devagar, puxando-o para cima.

Eu: Abby, eu não sei se.. - falei contra os lábios dela, mas ela pressionou sua boca contra a minha.

Abby: Shhhhh - e desceu as mãos pelo meu corpo. Ela intensificou o beijo, travando uma dança com as nossas línguas enquanto eu a segurava pela cintura, pressionando o corpo dela contra o meu.

Então ela tirou a blusa e veio novamente para cima de mim.

Abby não fez um mal trabalho, o que me fez imaginar se aquela era a primeira vez que ela fazia isso, mas não tive tempo de pensar muito.

Não demorou muito para nós duas cairmos ofegantes lado a lado.

Eu: Isso foi... - terminei minha frase com um suspiro pesado.

Abby: É.- ela concordou comigo.

Eu: Não acredito.

Abby: Ah, eu acredito facilmente.

E demos uma risada característica do pós-sexo.

Abby: Kate, eu...- e parou a frase.

Eu: Sim?

Abby: Estou com sono.

E nós duas rimos novamente, e logo escutei sua respiração pesada.

Mas eu não conseguia dormir, apesar da ótimo distração que Abby tinha sido, eu não conseguia parar de pensar na suposta morte de Roy, todas as minhas lembranças acabam comigo esticando a mão para ele, mas sem alcançá-lo. Por que eu não alcancei ele? O lunático que me contou histórias estranhas mas conseguiu me fazer rir. Me levantei e coloquei a blusa folgada que Abby estava vestindo. Andei distraída até a janela do quarto e abri a cortina, encarando a noite chuvosa lá fora. Estiquei minha mão e toquei no vidro, imaginando o por que daquilo tudo estar acontecendo.

Por que você cisma em não ver a verdade.

Eu não sei se isso foi minha consciência, ou se meu amigo mental estava de volta. Por mais estranho que pareça, eu torci pela segunda hipótese, ele tinha que estar de volta, ou melhor, ele nunca deveria ter partido.

Você deve partir imediatamente. Então eu ouvi um barulho fora da minha cabeça.

Me virei rapidamente e vi que Abby estava de pé e me encarava. Seu corpo ainda estava nu, banhado pela pouca luz que vinha lá de fora, mas havia algo em seu olhar que me desarmava completamente.

Eu: Abby?


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? O que acham que vai acontecer com Kate Mason a partir de agora? deixem seus comentários!



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