Além Do Fraternal escrita por Gey Scodelario


Capítulo 9
Quando se chega ao limite...


Notas iniciais do capítulo

Oie! muuuito obrigada pelos favoritos, acompanhamentos, recomendações e Reviews, vocês são demais! E um obrigada especial a Bell e a Biiah pelas recomendações perfeitas que eu tanto amei :3 Valeu meninas *-* Boa Leitura!



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Karina sentia cada pedacinho do seu corpo sendo aquecido com aquele chocolate quente. Estava no que parecia ser uma sala de estar, enrolada em uma coberta que o próprio Cobra tinha trazido. Ele agora esperava ela se recuperar para iniciar as perguntas. Afinal, o que ela estava pensando? O beijava, sumia e agora batia na porta da casa dele? Pelo visto tinha sido muito bonzinho com ela...

—Sinto muito por ter... Sumido._ ela disse timidamente, como uma criança explicando ao pai alguma travessura.

—Tudo bem, não tínhamos nada sério, não é?_ ele retrucou.

Essa afirmação a incomodou um pouco, mas compreendia a raiva que ele devia sentir dela. Terminou de tomar o chocolate e prosseguiu:

—Enfim, muito obrigado por... Não ter batido a porta na minha cara.

Cobra não pode deixar de achar engraçado o que ela havia dito. Definitivamente, aquela garota o encantava! A observou ajeitando a coberta sobre seu peito e a visão da blusa um pouco transparente, revelando o sutiã branco por baixo, não passou despercebida.

—Assim você me deixa sem graça._ ela o alertou, deixando-o em argumentos.

—Desculpe. Antes de mais nada, eu quero que você me esclareça, de uma vez por todas, que tipo de relação você tem com seu irmão.

A pergunta dele a deixou sem reação por alguns instantes. Parecia que seu cérebro estava lutando para entender o sentido daquelas palavras.

—C-Como assim? Relação?_ ela queria mais tempo para pensar em uma resposta.

Ele se levantou da poltrona em que estava e começou a vir na direção dela, parando à poucos metros, com os braços cruzados.

—Sim, por que você tem que concordar comigo de que não é normal um cara sentir mais ciúmes da irmã do que da namorada.

Ele parecia sádico, naquele momento. O que ele queria? Que ela falasse “Sim, eu e o Pedro somos irmãos, mas ultimamente andamos nos beijando por aí.” “Por aí nada! E nem foi bem um beijo!”, ela se repreendeu, mentalmente.

—Olha Cobra, eu sinto muito se minha relação com o Pedro incomoda você, mas...

—Me incomodar?_ ele parecia não estar acreditando no que ela dizia._ Karina incomodaria a qualquer um! Pensa bem, se eu quisesse algo sério com você eu teria que te disputar com... Seu irmão!

Karina abriu a boca para responder, mas o único som que emitiu foi o de um suspiro cansado. Ela levou a mão no rosto e ficou um tempo assim, para pensar em algo para dizer ao rapaz que estava visivelmente confuso. Mas não foi necessário, o próprio Cobra disse, em seguida:

—Me desculpe Karina, eu não queria julgar vocês, é que... Sei lá, é estranha a forma como se tratam.

—Por que é estranho? Temos muito carinho um pelo outro e demonstramos isso, ao contrário de muitos.

Cobra preferiu não esticar o assunto. Pelo visto Pedro era intocável aos olhos de Karina.

—Bom..._ ele parecia procurar as palavras certas._ Eu vou pedir à Valentina para preparar algo para comermos, o que acha?

—Eu adoraria._ ela respondeu.

Cobra sorriu em resposta e saiu, deixando Karina sozinha com seus pensamentos. Era uma situação chata aquela, ele estava visivelmente chateado e desconfiado. Apesar de tudo, Karina gostava do rapaz, mas devia confessar para si mesma que não estava pronta para algo mais sério com ele. O motivo? Talvez o fato de que ele corria o risco de levar um chifre todos os dias.

“Eu devia ser queimada viva!”, ela pensou com raiva.

Cobra voltou em seguida, dizendo:

—Vamos até a cozinha? A Valentina faz questão da nossa presença lá.

Karina estranhou o pedido, mas o acompanhou. Uma mulher de cabelos muito brancos e sorriso gentil a recebeu na cozinha. Cobra indicou a bancada e os dois se sentaram nos bancos altos próximo à esta.

—Eu pedi ao Cobra para trazê-la aqui por que gosto de uma companhia quando cozinho, espero que não se importe.

—Ah, claro que não, será um prazer!_ Karina respondeu gentilmente.

—Valentina é como uma segunda mãe para mim._ ele disse.

—Sim, conheço esse rapaz desde quando ele era um bebê de colo._ a mulher parecia perdida em lembranças.

—Por falar em mãe, _ Karina interrompeu o momento retro._ Onde estão seus pais?

Cobra e Valentina trocaram olhares e a mulher começou a juntar os ingredientes para um bolo. Ele parecia um pouco sem graça e desviou sua atenção para a caixa de leite, enquanto respondia:

—Eles foram viajar... Valentina, onde tem uma faca para eu abrir a caixa?

Karina percebeu que aquele assunto não era muito bem vindo, por isso calou-se.

—Então, quem gosta de bolo de chocolate?

Foram horas divertidas aquelas em que passaram ajudando Valentina a preparar um maravilhoso bolo de chocolate. Karina estava impressionada com a forma como Cobra tratava a mulher: um carinho enorme havia entre os dois. Se ela contasse a alguém do colégio, não acreditariam.

Já eram umas duas da manhã quando Cobra a levou para casa. Ele estacionou o carro na frente da casa dela e o desligou. Ficaram em silêncio por um momento, até que ela disse:

—Muito obrigado, por tudo.

—De nada. Volte sempre._ ela riu e ele ficou encantado com o sorriso dela.

—Ah, as roupas..._ ela apontou para a camisa que vestia e a calça azul marinho.

—Bom, acho que minha mãe nem vai notar a falta, mas me devolva quando puder.

Ela sorriu em resposta e mais uma vez ficaram em silêncio. No fundo, ela estava com medo do que iria encontrar quando entrasse em casa.

—Olha, _ ele parecia ter lido a mente dela._ fica tranquila, vai dar tudo certo.

—Você é uma pessoa maravilhosa!

Karina se despediu com um beijo no rosto dele e tomou o rumo de casa. Cobra a observou e um remorso enorme o invadiu.

***

Ela entrou em casa delicadamente, e não sabia o porquê. Na verdade, temia encontrar Pedro e Jade na cama... Nus? “E daí? A casa é minha também, não preciso tomar cuidado para entrar nela.”

A porta se fechou num clic surdo e a garota ia subindo a escada, quando a luz da sala se acendeu e revelou um Pedro sentado na poltrona de braços cruzados. Karina deu um sorriso irônico e disse:

—Oi pai!

—Muito engraçado. Posso saber onde você estava?

—Bom..._ ela desceu a escada e caminhou para a sala._ Suponho que você tenha visto com quem eu cheguei, não?

—Vi... Mas acho que eu esperava que fosse mentira, sei lá.

Ele a olhava fixamente e ela não fugia do olhar dele. A frustração era visível no semblante do rapaz.

—Sobre o ocorrido..._ele começou a falar, mas ela foi categórica ao interrompê-lo e dizer:

—Não quero saber. Assunto seu e... Dela.

—Não houve mais nada além do que você viu.

Karina deu uma gargalhada e se aproximou dele.

—E daí? Olha Pedro, esse assunto morreu para mim, você morreu para mim. Agora, se me der licença...

—NÃO!

Pedro se colocou de pé e a segurou pelo braço, fazendo-a retroceder bruscamente.

—Precisamos conversar, eu não aguento mais isso!

Ele se surpreendeu ao ver lágrimas nos olhos dela.

—Karina eu te amo! Eu amo, amo! Eu quero você, como um homem deseja uma mulher.

Ele a aproximou mais, colando seu corpo ao dela, mas Karina resistiu a aproximação e o afastou.

—Somos.... Irmãos._ ela limpou as lágrimas de seu rosto violentamente._ Tá me ouvindo? IRMÃOS._ ela gritou a última palavra.

—Sei disso e sinceramente isso tá me matando! Você acha que eu gosto de olhar para você e querer te beijar todos os dias? Acha que gosto de sentir um ciúme doentio toda vez que te vejo com alguém?

—Essa conversa é inútil Pedro...

—Inútil é fugirmos dela! Sabe por que aconteceu aquilo que você viu, entre eu e a Jade?_ ela contorceu o rosto ao ouvir aquele nome. Será que ele não percebia que ela queria esquecer aquilo?_ Por que EU NÃO AGUENTO MAIS!

Karina o olhava intrigada, uma dor rasgava seu peito e ela chorava compulsivamente agora. Pedro se aproximou dela, mas ela começou a se afastar, até que ele a prendeu entre a parede da sala e seu corpo. Karina evitava olhá-lo, mas ele não foi nada gentil quando ergueu o rosto dela, forçando-a a encará-lo.

—Olha para mim. Você acha que é fácil para mim tudo o que está acontecendo?_ ela desviou o olhar, mas Pedro parecia muito alterado agora e gritou._ OLHA PARA MIM!

—ME DEIXA EM PAZ!_ ela gritou em resposta.

—Não! Eu quero resolver tudo agora, por que se tornou impossível viver assim! Eu não aguento mais._ ele começou a chorar._ Fico pensando em você todos os dias, quando te vejo meu coração dispara de uma maneira que nunca senti antes.

Karina entendia bem o que ele dizia, por que simplesmente sentia o mesmo. Ela levou suas mãos trêmulas ao rosto dele e o tocou delicadamente, fazendo-o fechar os olhos e suspirar, dizendo:

—Eu te amo tanto... Me perdoa pelo o que aconteceu hoje, eu me descontrolei! Vi na Jade uma oportunidade para esquecer você. Assim que você saiu, eu pedi desculpas à ela e ela foi embora, eu juro!

—Pedro, você não tem que me dar explicações!_ ela tentava se controlar.

—Tenho sim! A Jade estava praticamente se jogando para cima de mim e eu fui um fraco, um idiota! Além disso, pesou o fato de eu querer me afastar de você.

A jovem sorriu e abaixou a cabeça, as mãos espalmadas no peito dele. Pedro deu um beijo na testa dela e a observou por um instante, na verdade procurava nela algo que o lembrasse que ela era sua irmã, algum traço parecido com o seu, algo físico. Mas percebeu que nada se assemelhava. Karina era uma garota linda, com traços delicados e expressão forte, ao mesmo tempo. Seus olhos em nada pareciam com os seus: eram azuis, de um azul envolvente, enquanto os dele eram castanhos. Por um momento, pensou que talvez não fossem irmãos, o que facilitaria as coisas, mas logo se repreendeu por isso.

—Por que tá me olhando desse jeito?_ ela perguntou, levantando seu olhar para ele.

—Desculpe._ ele sorriu, encabulado.

—Pedro, não podemos ficar assim para sempre, eu encostada na parede e você me prendendo.

Ela imaginou que, dizendo isso, ele fosse se afastar, mas estava enganada. O rapaz permaneceu imóvel, os braços apoiados na parede na qual ela estava encostada, a prendendo. Como se algo a atraísse, uma espécie de ímã, ela aproximou seu rosto do dele, seu olhar fixo no dele. Ele não ficou parado e aproximou seu corpo do dela, sentindo-a moldar-se perfeita e delicadamente sob si. Agora as pontas do nariz de ambos se tocavam, a respiração ofegante tornando tudo mais sedutor.

—Pedro..._ ela sussurrou, buscando a pouca razão que ainda tinha.

—Shh..._ ele tocou o rosto dela._ Não estraga isso.

—Mas..._ ela insistiu, no mesmo tom de antes._ Não podemos... Não é certo!

—E quem pode nos julgar?

—Deus.

Pedro ficou imóvel de imediato e se afastou um pouco, sem desfazer o contato do olhar. Ela tinha razão, eram tementes a Deus e ele os julgaria. Mas por que se sentia tão atraído por ela? Quanto mais orava, pedindo forças, mais fraco ficava!

Karina aproveitou a distração do irmão e se afastou dele. Sentou-se no sofá e em seguida ele se sentou ao seu lado. Ficaram um pouco afastados, olhando fixamente para algum ponto à frente. Até que ela o olhou e fez algo que o assustou um pouco: depositou um beijo no rosto dele, um beijo demorado. Ele não resistiu e virou seu rosto de imediato, capturando os lábios dela em um beijo de tirar o fôlego.

Como o beijo dele era bom, era macio, delicado e, ao mesmo tempo, sedento. Apenas os lábios se tocavam, era como um beijo de língua fosse proibido por enquanto. As mãos dela acariciavam a nuca dele, enquanto ele a enlaçava pela cintura.

Quando se separaram, ficaram se encarando até que perceberam o que tinham feito. Karina fechou os olhos e mais uma vez as lágrimas falaram por ela. Pedro a abraçou forte e sussurrou:

—Vai dar tudo certo. Confia em mim.

***

No dia seguinte, Karina acordou sentindo que algo tinha mudado, agora para sempre. Colocou-se de pé e desceu as escadas devagar, até ouvir vozes na cozinha. Eram seus pais, que assim que a viram abriram um enorme sorriso.

—Bom dia! A que horas vocês chegaram?_ ela perguntou, dando um beijo no rosto do pai.

—Umas... Sete?_ ele respondeu, sem graça.

—Onde está seu irmão?_ Dandara perguntou, servindo à filha um pouco de café.

—Acho que dormindo ainda.

Mas Karina estava enganada. Pedro tinha acabado de descer as escadas e entrado na cozinha. Tinha um semblante cansado, de quem não tinha dormido direito. Seu olhar cruzou o dela e um rubor surgiu na sua face.

—Então meu filho? Saiu ontem?_ Gael perguntou, enquanto o outro se sentava na cadeira ao seu lado.

—Não eu... Fiquei aqui com a Karina, não quis deixá-la sozinha.

Karina disfarçou o desconforto em estar mentindo para os pais e percebeu o esforço de Pedro para não olhá-la.

—E o que vocês ficaram fazendo para passar o tempo?_ Dandara perguntou, se juntando ao resto da família.

—Nada._ eles responderam em uníssono, os olhares fixos nas próprias xícaras de café.

Durante o resto do dia, Dandara e Gael tentaram estabelecer um diálogo com os filhos, mas não foi possível. Ambos preferiam permanecer em silêncio, pensando nos acontecimentos da noite anterior.

No dia seguinte, era visível que Pedro e Karina não estavam bem. Ela não se juntou ao pessoal como fazia diariamente para lanchar, nem se uniu a ninguém nos trabalhos de Química, isolou-se completamente. Pedro não ficou muito diferente, preferiu não lanchar e na aula de Química, mal trocou uma palavra com seu parceiro, Lírio.

E, como sempre, as tempestades eram as confidentes de cada lágrima, cada suspiro, cada oração que faziam, pedindo para que aquela situação mudasse.

Um dia, Karina tomou uma atitude drástica: enquanto voltava do colégio, passou por uma igreja protestante. Resolveu entrar e pediu para conversar com o pastor. Era um lugar de tamanho médio, muito acolhedor. Naquele momento, estavam apenas o pastor e duas secretárias da igreja. Ele estava em uma sala, fazendo algumas anotações, quando uma das mulheres, muito alta e com ar gentil, bateu à sua porta.

—Pastor? Com licença, tem uma mocinha aqui que necessita falar com o senhor.

Vindo logo atrás da mulher, Karina o ouviu dizer “Tudo bem, peça a ela para entrar.”

—Pode entrar._ a mulher disse, abrindo caminho.

A jovem entrou na pequena e aconchegante sala e observou cada detalhe. O pastor era um senhor de idade, já com seus fios brancos. Seu olhar era cheio de ternura e compaixão. Com um sorriso no rosto, ele perguntou:

—Então, o que a traz na casa do Senhor? Nunca te vi por aqui. Ah!_ ele se levantou de repente e apontou para uma cadeira na frente da escrivaninha em que estava._ Sente-se por favor. Aceita uma água?

—Não, obrigado._ ela respondeu, sentando-se e, instintivamente, encolhendo-se, como se a seguir participasse de um julgamento.

—Pode falar filhinha.

—Bom..._ ela abaixou o olhar._ Eu vim aqui por que... Por que... Eu...

Ela começou a chorar de repente, assustando o senhor, que imediatamente se levantou e abriu a porta da sala, dizendo:

—Lena? Por favor, traga um copo com água e açúcar e alguns lenços.

Enquanto a mulher não chegava, ele tentava consolar Karina, dizendo palavras de conforto como “Deus conhece suas dores.” Ou “ Deus não deixa seus filhos serem humilhados” mas, quanto mais ele falava, mais a consciência dela pesava e mais ela chorava.

Finalmente, a mulher que a recebeu na igreja, entrou na sala, com uma jarra de água, dois copos e uma caixinha de lenço de papel. Quando ela ia saindo, Karina ouviu o pastor dizendo à ela:

—Não deixe ninguém nos interromper.

E o som da porta de se fechando, a alertou para o fato de que com certeza ele esperava explicações.

—Você ainda não me disse seu nome._ ele disse, enquanto voltava para seu lugar.

—Me chamo..._ ela respirou fundo, o nariz e os olhos vermelhos._ Karina.

—Mora aqui há muito tempo Karina?

—Não, eu vim de São Paulo há alguns meses. Olha, eu não quero incomodar...

—Ah não, não é incomodo nenhum. Aceita um pouco de água?

Ela confirmou e o observou enchendo um dos copos. Pensou no que diria, até que ele parecia ter adivinhado:

— As confusões da nossa mente, quando tudo foge ao controle... Achamos que não iremos suportar muito tempo, mas nos esquecemos de tudo o que Jesus passou, para nos salvar. Sabe filha, somos humanos. Erramos, acertamos. E sabe quem nos fez assim? Deus. Não estou dizendo que tudo o que acontece no mundo é certo, só estou dizendo que temos a chance de nos redimir perante à ele.

—Não como eu me redimir do que eu fiz. É tarde de mais..._ ela disse, as lágrimas mais uma vez acompanhando cada palavra.

—Nunca é tarde. Nem na hora da morte. Os pedidos de perdão, nesse momento, são mais sinceros do que quando passamos uma vida inteira pedindo perdão e, no dia seguinte, agimos da mesma maneira.

—Mas é isso que está acontecendo comigo! Eu peço perdão e, no outro dia, ajo da mesma maneira...

—Bom, por que você não me conta o que está acontecendo?

Ela ficou calada por um instante, pensando se deveria mesmo dizer à ele que estava apaixonada pelo seu irmão. Mas, se ouviu dizendo:

—Não posso contar.

—É um direito seu. Apenas nunca se esqueça que sempre há uma chance de...

—EU ESTOU APAIXONADA PELO MEU IRMÃO, COMO QUER QUE EU ME REDIMA, IMPLORO PERDÃO, POR ISSO? EU VIVO COM ELE, EU ACORDO COM ELE, EU VOU DORMIR COM ELE!

O berro de Karina, foi um desabafo, guardado há dias, meses. Estava sufocando-a e ela tinha que contar para alguém. O pastor ficou sem palavras, apenas dizendo:

—Deus!

—Olha, me desculpe._ ela se colocou de pé, vacilante._ Eu não queria ter tomado seu tempo com isso. Eu... Ah...

Sem saber o que dizer, Karina saiu da sala o mais rápido que pôde, sob os olhares de Lena. Quando chegou a porta, sentiu seu braço sendo puxado e, quando virou-se viu a outra mulher, com os olhos focados na jovem.

—Você precisa continuar com esse romance.

—O que?_ Karina perguntou.

—Você e seu irmão precisam descobrir, precisam lutar pelo amor de vocês.

—Mas... Somos...

—Não desista desse romance. Vocês... Precisam.

Apenas agora, Karina tinha percebido que o pastor se encontrava parado na porta da sala, acompanhado de Lena, olhando para as outras duas na porta, estupefatos. Ela voltou seu olhar para a mulher à sua frente e disse:

—Você é louca.

Sem mais, ela saiu, pensando seriamente em tudo o que tinha escutado. Seguiu direto para casa e, chegando lá, encontrou Pedro deitado no sofá, olhando para qualquer lugar, exceto para a televisão à sua frente. Assim que a viu entrando, sentou-se e desligou o aparelho.

Ficaram se encarando por um momento, em silêncio. Karina reparou no quão abatido o rapaz estava. Até que ela disse, com uma lágrima escorrendo pelo seu rosto delicado:

—Oi... Senti sua falta.

Com um suspiro cansado, Pedro se colocou de pé e foi até ela. Sem esperar mais, a beijou desesperadamente, como se sua vida dependesse daquele beijo, dependesse dos lábios dela, do corpo dela... Dela. Por completo.

Os lábios se tocavam com paixão, Karina se entregou por completo aquele momento, o abraçando fortemente, deixando sua mochila cair no chão. Ele procurava ao máximo demonstrar seu amor por ela, através daquele beijo.

Se separaram por alguns minutos, tomando fôlego. As lágrimas presentes desde o início daquela loucura. Karina fechou os olhos e abaixou a cabeça, sentindo-se culpada.

—Eu te amo._ ele sussurrou, a abraçando fortemente.

Ficaram ali, abraçados, pensando em como seria o dia seguinte. A semana seguinte... O resto de suas vidas.


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