Além Do Fraternal escrita por Gey Scodelario


Capítulo 6
Quando a tempestade é confidente...


Notas iniciais do capítulo

Oie! Mais uma vez muuito obrigada pelos Reviews lindos que eu tanto amo! E muuito obrigada Amor Épico pela divina recomendação que você fez, eu tipo, amei *--* Boa Leitura pessoas!



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A luz fraca do Sol inundou o quarto, fazendo Karina acordar. Seus olhos demoraram a se acostumar com a luminosidade. Instintivamente, ela apalpou o lado esquerdo da sua cama: estava vazio. Só então ela percebeu que estava com várias cobertas cobrindo-a e ela não se lembrava nem de ter arrumado sua cama. Com certeza Pedro tinha ido para seu quarto durante a noite, mas antes, cuidou para que ela não sentisse frio.

Como era sábado, e não teria aula, ela pensou em tentar dormir novamente, mas infelizmente seu corpo já tinha se acostumado a se levantar naquele horário. Sentindo-se vencida pelo relógio biológico, Karina levantou, trocou de roupa, escovou os dentes e desceu para tomar o café. Encontrou seus pais já de pé, Gael já pronto para ir trabalhar. Pedro ainda não tinha acordado.

_Meu bem, você chegando e eu saindo._ Gael deu um beijinho na testa da filha, depois dirigiu-se à Dandara:_ Amor, até mais tarde. Não se esqueça de contar para os meninos.

Deu um selinho em Dandara e saiu. Karina ficou curiosa com o que o pai havia dito e perguntou:

_Contar o que mamãe?_ Karina sentou-se a mesa e serviu-se de café.

_Bom, parece que vai ter uma festa para os funcionários da empresa e seu pai quer que vamos. _ Dandara juntou-se à filha.

_Legal, e quando será?

_Hoje à noite. Seu pai pretende chegar mais cedo, umas 17h, para sairmos umas 18h, por que a festa está marcada para as 19h.

_E papai sabe onde é o local?

_Sabe sim. Por isso, se quiserem ir, tratem de se arrumarem mais cedo, para não atrasarmos.

Karina não estava com clima para festas, mas parecia que era muito importante para o pai que toda a família fosse, por isso ela iria se esforçar para transparecer alegria.

_Bom dia, mulheres da minha vida!

Pedro havia acabado de entrar na cozinha. Estava sorridente, diferente do seu humor matinal de sempre.

_Que felicidade é essa?_Dandara perguntou, enquanto ele juntava-se às duas.

_Nada mãe, acho que o simples fato de poder acordar uma hora mais tarde já me deixa feliz.

_Ou será que uma certa garota morena tem culpa no cartório.

Karina pensou estar falando baixo, mas sua voz praticamente ecoou pela cozinha. Dandara começou a rir e disse:

_Garota morena? Meu menino está namorando?

Pedro lançou um olhar fuzilando a irmã, enquanto respondia:

_Não mãe, não estou namorando...

_Ah claro que não! Ele só agarrou minha amiga no meio da boate, nada de mais._ Karina interrompeu, rancorosa.

_Pedro... Você está gostando dessa menina?

_Mãe..._Pedro começou a falar, mas, mais uma vez, Karina o interrompeu.

_Não mãe, ele não gosta. Ou melhor, gosta. Não sei, talvez ele só esteja passando o tempo.

_Meu filho isso não é legal._ Dandara o repreendeu.

Pedro desistiu de tentar falar o que realmente estava acontecendo. Buscou o olhar da irmã, mas esta parecia muito interessada nas próprias torradas.

Durante o resto da manhã, os dois não se falaram. Pedro passava por Karina na escada, mas fazia questão de ignorá-la, enquanto ela ia à cozinha e fingia que ele não estava lá.

Começaram a se arrumar às 16h... Ou melhor, Karina e Dandara começaram a se arrumar às 16h. Enquanto ia para seu quarto, ela passou pelo de Pedro e o ouviu dizendo:

_ Sinto muito, mas parece que iremos à uma festa da empresa onde o meu pai trabalha hoje... É eu também queria muito te ver hoje, sinto muito.

“Bem feito!”, Karina pensou, enquanto entrava no seu quarto e trancava a porta. Pensou bastante na roupa que usuária para ir à festa. Por fim, escolheu uma calça jeans skinny preta, com alguns detalhes em strass nos bolsos, uma sandália de salto preta, uma blusa simples na cor branca e uma jaqueta jeans azul escura. Estava ótima.

Quando terminou de pentear o cabelo sentou na sua cama e ficou olhando para a porta. Seus pensamentos pousaram no que tinha acontecido na noite anterior, no beijo de Pedro e Jade. Pensava se aquilo iria render ou se seria apenas mais um dos vários casos que Pedro tinha por aí. E quanto a Jade? Ela nunca tinha escondido o interesse por Pedro, mas nem esperou dar um tempo para se conhecerem. Estava na hora de repensar aquela ami... O que estava fazendo?

Ela ficou de pé e começou a andar de um lado para o outro no quarto. Percebeu que vivia em função de Pedro sim! Estava jogando fora uma amizade que teria futuro por ciúmes!

Em um ato de desespero, ela saiu do quarto e foi até o dele, entrando sem bater. A situação foi um pouco constrangedora: Pedro tinha acabado de sair do banho e estava apenas de toalha. Assustou-se com a entrada repentina da irmã, que perdeu a fala ao vê-lo naquele estado.

_Tá maluca?_ ele perguntou, apertando a toalha enrolada na cintura.

_Eu... Eu vim te dizer que se quiser namorar a Jade, fique á vontade. _ ela olhava para todos os lados do quarto, exceto para ele, que permanecia estático na porta do banheiro.

_Hã... Obri..Gado?_ ele gaguejou, confuso.

_De nada. Mas, com uma condição.

Ela finalmente o olhou nos olhos.

_Que você não se intrometa nos meus relacionamentos com ninguém! Entendido?

Pedro finalmente saiu do lugar onde estava e foi até ela. Ficaram frente a frente, poucos centímetros os separavam. Ele a focava como se tentasse ler a mente dela.

_O que deu em você? Acha mesmo que eu vou deixar qualquer um ficar com você?

_Mas...

_Mas nada! Não tente mudar as coisas Karina, não sei o que esta acontecendo, mas fique sabendo de uma coisa: você não vai namorar ninguém sem a minha permissão.

_Você está...

_NÃO ADIANTA! NÃO VOU PERMITIR QUE VOCÊ FIQUE COM OUTRO HOMEM QUE NÃO SEJA...

Ele se calou imediatamente. Apenas agora havia percebido que estava segurando os braços de Karina e que esta tinha os olhos cheios de lágrimas. Dandara assistia toda a cena, estática, na porta do quarto. Nunca tinha o visto o filho agindo daquela maneira.

Karina se afastou dele e correu para seu quarto, chorando. Pedro queria ir atrás dela, mas sua mãe o deteve. Ele sentiu uma dor invadindo seu peito e as lágrimas foram inevitáveis. Se sentou na cama e escondeu o rosto na palma das mãos. Dandara sentou-se ao lado dele e disse:

_Pedro, o que está acontecendo?

_Eu não sei mãe! Eu não sei! Eu não...

Ele chorava e isso já estava preocupando Dandara. O que estava acontecendo com os filhos? Nunca foram de brigar, sempre eram tão companheiros e agora brigavam por ciúmes? Ela acariciou o cabelo do filho e disse:

_Eu te proíbo de tentar atrapalhar os romances da sua irmã.

Ele ergueu os olhos para a mãe, assustado. Estavam vermelhos devido às lágrimas.

_Mas mãe...

_Pedro, se a Karina vai fazer a escolha certa ou não, isso é problema dela. Eu proíbo os dois, de se intrometerem na vida um do outro. No início eu achava normal, mas isso está passando dos limites.

Ela colocou-se de pé e saiu do quarto, fechando a porta. Depois foi ao quarto da filha, que chorava deitada na cama.

_Minha querida!

Dandara daria sua própria vida para não ver a filha sofrendo. Correu até a cama dela e sentou-se ao seu lado.

_Por que ele faz isso mamãe? Por que não me deixa viver? Eu fui até lá para..._ ela enxugou as lágrimas e respirou fundo._ Para propor uma trégua e de repente ele ficou louco! A senhora tinha que ver os olhos dele mamãe!

Dandara sentiu algo que nunca sentira antes: uma repulsa por Pedro. “Santo Deus, ele é meu filho!” Ela fechou os olhos, engolindo as lágrimas e disse:

_Eu conversei com ele, ele não vai mais fazer isso. Vai ficar tudo bem, ok? Agora levante-se, recomponha-se, por que daqui a pouco seu pai deve estar chegando.

Ela saiu do quarto, deixando uma Karina triste e pensativa. A imagem de Pedro furioso não saia da sua cabeça! O olhar dele era de pura ira e ás vezes corriam dos olhos para a boca dela.

Depois de se recompor, ela saiu do quarto e foi para a sala. Gael já tinha chegado e estava se arrumando. Pedro apareceu minutos depois e evitou olhar para ela, mas ela não pode deixar de notar o quão bonito ele estava. Ele se sentou no mesmo sofá que ela, mas praticamente no lado oposto. O silêncio reinava naquele local. Às vezes, Pedro a olhava pelo canto do olho. Queria dizer algo, mas estava envergonhado. Ela, por sua vez, sentia-se paralisada, não ousava mexer um dedo sequer... Estava com medo dele.

Gael e Dandara desceram pouco depois e, juntos, todos foram para o carro. O local aonde seria a festa não era muito longe e Gael parecia muito seguro do caminho que percorria. Durante toda a viagem, Pedro e Karina permaneceram em silêncio. Gael estava ciente da briga dos dois e tinha prometido à esposa que conversaria com o filho assim que chegassem da festa.

Chegaram ao salão às 19:30h e este já estava cheio. Tinham mesas espalhadas por todo salão, cada uma com o nome de algum funcionário.

_Senhores, permitam-me que os leve até a mesa de vocês.

Um garçom os acompanhou até a mesa, que ficava próxima à um palco. O salão era enorme, todo pintado de branco com alguns tons dourados. Tinha um lustre de cristal bem no centro e colunas de mármore. As mesas eram de vidro, todas com uma rosa e um cartão desejando uma boa festa da Sofia.

_Quem é a Sofia?_ Pedro perguntou, lendo o cartão.

_È a chefona, dizem que ela e o marido adoram dar festas de alto nível aos seus funcionários.

Gael trabalhava na área da computação. Já tinha trabalhado na IBM, em São Paulo e agora trabalhava em uma filial, que auxiliava nas pesquisas da sede brasileira. Seu currículo era extenso e sua paixão pela informática levava os filhos a ambicionarem a mesma carreira.

Karina olhou para as pessoas ao seu redor. Pareciam pessoas simples. Até que sua atenção se voltou para a mulher que agora cumprimentava Gael.

_Gente, quero que conheçam a minha chefe , Sofia.

Karina somente agora notara o rapaz que estava atrás de Sofia, olhando para o salão desanimado.

Cobra estava desanimado com a festa. Foi apenas para agradar a mãe. Ele procurava algum lugar para escapar daquele salão, quando seu olhar encontrou o de Karina. Ela o cumprimentou com um aceno da cabeça, mas ele pareceu não estar entendendo, por isso lhe deu as costas e saiu. Karina deu um sorriso amarelo e certificou-se de que ninguém tinha visto aquele mico.

Sofia fingiu não perceber a saída nada discreta do filho e cumprimentou a todos, educadamente. Seu marido fez o mesmo.

_Família estranha._ Pedro sussurrou.

_Por que acha isso?_ Karina retrucou, no mesmo tom.

_Não reparou no filho? Saiu sem nem dizer um oi... Mal educado.

_Não julgue antes de conhecê-lo Pedro.

_Por quê? Você o conhece?

Karina ia dizer que sim, mas se ouviu dizendo “Não.” e calou-se. Durante algum tempo, os dois ficaram em silêncio, ouvindo seus pais conversarem sobre assuntos que simplesmente não os interessavam. Até que Sofia subiu ao palco, pegou o microfone e pediu a atenção de todos.

_Eu gostaria de dá boas vindas à nossa 15ª do funcionário da empresa Binary da IBM, esperamos que divirtam-se para que no início da semana estejam contentes e prontos para mais trabalho.

As risadas encheram o salão. Com certeza Sofia era adorada pelos funcionários, seu jeito simples denunciava isso. Segundo Gael, ela tinha muito dinheiro, mas por ser de família pobre havia aprendido que na vida humildade é tudo. Pedro e Karina ficaram encantados com a história de vida da mulher, que agora se retirava do palco debaixo de aplausos.

_Pai, eu posso dar uma volta pelo salão?_ Karina perguntou.

_Claro, mas não demore, não sei a que horas iremos embora.

Karina concordou e saiu, sob os olhares desconfiados de Pedro. Ela não ficou andando pelo salão, foi direto para os jardins. Estava uma noite linda e não fazia muito frio. O lugar tinha vários pinheiros, algumas estátuas e um chafariz no centro. Mas o que realmente chamou sua atenção, foi um rapaz sentado em um dos vários banquinhos espelhados pelo jardim. Ele parecia muito interessado no chafariz, tanto que mal notou quando ela se sentou no mesmo banco, porém um pouco distante.

Karina ficou na dúvida se dizia “Olá! Lembra de mim?” ou “Olá, qual seu nome?” ou “Você é realmente mal educado ou tem perda de memória?”. Mas foi poupada por ele, que disse:

_Procurando alguma coisa?

Ele a olhava desconfiado. Parecia que realmente não se lembrava dela, mas ela teve que confirmar:

_Você não se lembra de mim, não é?

_Claro que me lembro, a doidinha que ficou com ciúmes do irmão e saiu da boate correndo, acredite uma pessoa como você não é fácil de esquecer.

_Não?

_Ah não, não é todo dia que uma garota sai correndo de uma boate com dois caras correndo atrás e mais uma garota, acredite por aqui o comum é: garotas saem primeiro, sem chamar a atenção e os rapazes depois. Talvez uma garota também... Um ménage né?

_Eu chamei tanta atenção assim?

_Sim... Mas não pense que foi por causa do seu belo visual.

Karina desviou seu olhar para o chafariz, ele estava intimidando-a com a forma como a olhava.

_Então..._ ele prosseguiu._ Não foi para me ver que você veio aqui, não é?

_Não, estou querendo... Fugir, eu acho.

_De novo? Sua vida deve ser muito emocionante.

Karina não conseguiu conter o riso. Cobra, por sua vez, se aproximou dela. Ficaram em silêncio um instante, até que ele disse:

_Será que hoje você vai me dar tempo de pelo menos pegar seu telefone?

Ela voltou seu olhar para ele e corou. Ele estava tão próximo...

_Não sei se devo dar meu telefone a uma pessoa que finge que não me conhece na frente dos outros.

Dessa vez, ele riu e se afastou um pouco, recostando-se no banco.

_Vai dar uma de difícil agora?

Karina deu uma gargalhada e levantou-se. Como ele ousava ofendê-la daquela maneira? Por um acaso, alguma vez nos poucos momentos de convivência que tiveram, ela se ofereceu para ele?

_O que foi? Ontem você aceitou até uma bebida que eu te ofereci.

_Cobra... Me diz uma coisa: isso tudo é frustração por não conseguir uma garota para satisfazer suas vontades? Porque, sinto dizer, não dá certo. Tente ser mais educado, da próxima.

Ela girou nos calcanhares e saiu, em direção ao salão, mas Cobra a segurou, fazendo-a voltar com o puxão e ficar frente a frente com ele, colada ao seu corpo .

_Vou te mostrar como costumo satisfazer minhas vontades e você vai implorar para que eu volte a tratá-la como antes.

Com um puxão ele a trouxe para mais perto e a beijou. Foi um beijo violento, forte, sugava as energias de Karina que se debatia. Ele segurava os punhos dela com uma mão e com a outra enlaçava sua cintura. De repente, o contato dos lábios se desfez. Eles ficaram se encarando, ele com cara de surpresa e ela com ódio e desprezo no olhar.

Cobra soltou os punhos dela, mas permaneceu com o braço em volta da cintura dela. Ia dizer alguma coisa, mas o que aconteceu a seguir foi mais rápido do que os olhos de ambos puderam ver: um borrão os separou, empurrou Karina para o lado e acertou o rapaz no rosto.

_Deus!_Karina exclamou, fazendo menção de ir até Cobra, que permanecia agora jogado no chão, com a mão no nariz, mas Pedro a segurou.

_Pedro me solta!_ ela tentava se livrar dele, mas o irmão era mais forte. Parecia não ouvi-la.

Seu olhar exalava fúria e ele mesmo parecia impressionado com o que tinha acabado de fazer. Respirava fundo, olhando de Cobra para Karina. Depois de algum tempo, conseguiu dizer:

_Você..._ ele apontou para Cobra, que levantava devagar._ Nunca mais se aproxime dela. E você_ ele apontou para Karina, com repulsa no olhar._ Venha comigo.

Ele começou a arrastá-la, mas Cobra correu e parou na frente dele.

_Cobra, por favor..._ ela pediu, mas se Pedro tinha fúria, Cobra tinha ódio.

_Como... Ousa... Você sabe quem eu sou?_ ele dirigiu-se a Pedro, que continuava segurando Karina pelo braço.

_Sei: o covarde filho da chefe do meu pai que sai por aí agarrando meninas inocentes... E daí?

_ E daí? Digamos que, se não se desculpar, dou um jeito para que seu pai não esteja mais naquele empresa amanhã.

Karina prendeu a respiração, apavorada. Pedro, por sua vez, parecia não ter escutado a ameaça.

_Ah que coisa fofa: o filhinho da mamãe vai contar tudo para ela, vai? Sai da frente!

Ele fez menção de seguir seu caminho, mas Karina percebeu que Cobra não estava brincando, por isso se livrou das mãos do irmão e colocou-se entre os dois.

_Pedro... Ele não me agarrou... Eu o beijei, por que quis.

Os dois olharam espantados para ela, que se sentia horrível por estar dizendo aquilo. Pedro abriu a boca três vezes, procurando as palavras certas para repreendê-la, mas estava sentindo uma dor tão grande em seu peito, uma decepção que ele não compreendia, um nó na garganta que indicava que estava prestes a chorar, que não conseguiu se pronunciar. Karina continuou:

_Nos conhecemos ontem, na boate e, enquanto você ficava com a Jade,_ ela fez questão de frisar isso._ nós conversamos. E, agora, por uma feliz coincidência, nos encontramos novamente e... O resto você sabe.

Cobra não sabia se confirmava a história ou não. Mas sentia que Karina estava fazendo de tudo para que seu pai não sofresse as consequências pelo ataque do irmão. Por isso, ele passou o braço pela cintura dela e disse:

_É... F-Foi isso.

Pedro olhava para os dois enojado.

_Vamos, Karina._ ele disse, finalmente, indo até ela e praticamente a arrancando dos braços dele.

Cobra deu uma risada e disse alto:

_Nos vemos por aí meu amor.

Karina olhou para traz e o fuzilou com o olhar.

Entraram no salão sem chamar muita atenção. Ao se aproximarem da mesa, ele escorregou a mão que segurava o antebraço de Karina, para as mãos dela e fingiu serem um casal de irmãos felizes.

_Onde estavam queridos?_ Dandara perguntou, enquanto os dois se sentavam.

_Dando uma volta pelo jardim, mamãe._ Pedro respondeu.

Karina apoiou o cotovelo na mesa e ficou esperando a festa acabar. Queria ir embora dali o mais rápido possível! Mais para o fim, ela viu Cobra retornando ao salão e recebendo uma bronca de seus pais. Ele olhou na direção dela e acenou, mas ela fingiu que não viu e voltou seu olhar para Pedro, que parecia perdido em seus próprios pensamentos, enquanto olhava um ponto qualquer no outro lado do salão.

Às 00:00h em ponto, Sofia anunciou o fim da festa. Gael os arrastou até a patroa, para parabenizar pela festa, assim como os outros funcionários fizeram, e eles foram para casa.

Durante o caminho, Gael e Dandara comentavam sobre a festa, mas Pedro e Karina apenas davam respostas monossilábicas. Quando chegaram em casa, foram imediatamente para o quarto. Dandara os observou preocupada, enquanto subiam as escadas.

_Quando você vai conversar com o Pedro? _ ela perguntou para Gael, que afrouxava a gravata.

_Amanhã querida, ele deve estar cansado agora. Vamos dormir?

Ela sorriu e o acompanhou.

No seu quarto, Karina terminava de se aprontar para dormir. Fazia uma noite agradável. Ela se deitou e ficou lembrando de tudo o que havia acontecido. Por que Cobra a olhou tão surpreso quando terminou o beijo? E quanto a Pedro? Como seria dali para frente, ele a trataria de forma diferente? Sentiu um aperto no peito ao pensar que agora sim ele cairia nos braços de Jade. “Ela não serve para ele!”, pensou desesperada.



De repente o tempo lá fora mudou e uma tempestade começou a cair. Raios cortavam o céu e iluminavam seu quarto e os trovões provocavam sustos a toda hora. Ela se encolheu na coberta, mas desistiu de lutar contra seu orgulho.

Levantou-se cautelosamente e saiu do quarto. Atravessou o corredor na ponta dos pés e abriu a porta do quarto oposto ao seu. Pedro estava deitado olhando para o teto, como sempre. Quando a viu entrando, sorriu e sussurrou:

_Tem coisas que não mudam não é?

Ela não respondeu. Simplesmente correu até a cama dele e se deitou ao seu lado, virando-se contra ele. Pedro a abraçou e a cobriu com sua coberta. Ela fechou os olhos quando percebeu que vinha mais um trovão.

_Obrigado._ ele sussurrou no ouvido dela.

_Por que?_ ela perguntou, ainda de olhos fechados.

_Por confiar em mim para protegê-la dos trovões. Deles, eu vou sempre te proteger.

Ela sorriu e acomodou-se nos braços dele. Dormiram calmamente a noite inteira, sendo interrompidos às vezes por trovões que assustavam Karina. Estavam acostumados a dormirem juntos em noites de tempestades, Pedro a "protegia" dos trovões. Reconheciam que, agora mais velhos, algo tinha mudado e já não era a mesma coisa dormirem juntos, mas a inocência falava mais alto.

Pedro não conseguiu dormir facilmente, durante um tempo ficou olhando para a tempestade lá fora e para o rosto da irmã refletido no vidro da porta que levava à pequena varanda do quarto. Ela dormia profundamente. Às vezes ele se pegava acariciando o cabelo dela e se repreendia por aquele ato, não entendia o por que.

No fim das contas, percebia que já não podia viver sem ela e que queria tanto que aquela noite nunca acabasse para que no outro dia ela não tivesse que ir para a escola e ser alvo de garotos como Cobra. "Estou ficando louco!", ele pensou. Tomou, então uma decisão: no dia seguinte pediria Jade em namoro. Estava na hora de viver e deixar Karina seguir em frente, por mais duro que isso fosse para ele... E era.


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