Além Do Fraternal escrita por Gey Scodelario


Capítulo 5
Quando um beijo acontece...


Notas iniciais do capítulo

Oiee! Obrigada pelos lindos Reviews, vocês são os melhores!! e Obrigada Gabriela C Rosario pela linda recomendação, eu adorei *-* Boa Leitura Pessoal!



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Karina não conseguia dormir direito. Por isso, foi até o quarto de Pedro. Viu que ainda estava acordado devido ao feixe de luz que escapava por debaixo da porta. Deu três batidas leves e esperou que ele respondesse para entrar. Pedro estava deitado na sua cama usando apenas uma calça de moletom preta. Como sempre, olhava para o teto, perdido em pensamentos.

_Não consegue dormir?_ ele perguntou, ainda olhando para o teto.

_Não.

_Imaginei, você sempre vem ao meu quarto quando não consegue dormir.

_Pedro..._ ela mudou de assunto._ E aquela menina que você conheceu hoje... Pri não é? O que achou dela?

_Muito bonita, esbelta, exuberante... Inteligente também. Mas, por que a pergunta?

Karina não soube o que responder. Por que estava perguntando aquilo? O que esperava ouvir? “Eu odiei aquela garota, ela é horrorosa e burra, não faz meu tipo...”? Não. Isso, com certeza, não se passava pela cabeça dele naquele instante.

_A mamãe conversou muito comigo hoje._ ele interrompeu a linha de pensamento da garota._ Me disse para apoiar você e te aconselhar.

Ele parou de olhar para o teto e encarou a irmã. Estava sério e seus olhos castanhos escondiam o que ele realmente sentia naquele momento.

_Olha, quero que saiba que te apoiar eu apoio sempre._ ele se sentou na cama e recostou-se na cabeceira._ Mas quero sempre o seu bem e por isso sinto que devo te proteger. Mas não veja isso uma forma de impedir você viver.

Karina sorriu e sentou-se na beirada da cama, ao lado dele.

_Te digo o mesmo.

_E então..._ ele escolheu as palavras certas para prosseguir._ Acha que você e esse Lírio têm futuro?

Ela não imaginava como estava sendo difícil para ele fazer aquela pergunta. Cada palavra saiu como uma adaga, cortando sua garganta e seu peito.

Karina não respondeu de imediato. Parecia pensar se realmente se interessava por Lírio. Ela sabia que não, mas... Enfim, precisava de novas aventuras.

_Eu não sei Pedro! Só conversei com ele duas vezes, não tem como saber.

Um silêncio incômodo caiu no quarto. Pedro tentava ponderar seu ciúme e Karina fazia o mesmo.

_Bom..._ ela quebrou o silêncio, colocando-se de pé._ Vou dormir. Boa noite.

_Ei!_ ele a acompanhou._ E meu beijo de boa noite?

Karina sorriu e lhe deu um beijo no rosto. Não pode deixar de notar a barba que estava nascendo roçando na fina pele do seu rosto... E um arrepio a percorrendo nesse momento.

Ela se deitou, mas não dormiu. Ficou pensando no turbilhão de sensações e sentimentos que povoavam sua mente. Não entendia por que não conseguia mais tratar seu irmão com naturalidade... Como irmã.



No dia seguinte, eles mal tiveram tempo para o café. A conversa da noite rendeu um atraso acompanhado de xingos dos pais.

Na escola foram recebidos por Jade e Lírio.

_Que bom que chegaram!_ a garota deu um abraço em cada um.

_Sim, eu já não aguentava mais a Jade reclamando que já estava tarde.

O comentário de Lírio fez Pedro sorrir, o que deixou Karina mais tranquila. Quando entravam na escola, ela sussurrou ao pé do ouvido dele: “Abaixe as armas, ele é legal”.

O primeiro horário foi Física, e tanto Pedro como Karina detestavam essa matéria. Mas os dois se comportavam de modo diferente em relação a isto: ele se sentava no fundo e, quando podia, tirava um cochilo. Já ela sentava na primeira carteira e anotava cada sílaba, letra, som que saía da boca do professor. Já o segundo horário foi mais tranquilo: língua inglesa.

Durante o intervalo sentaram-se, como sempre, na mesa de Jade. Esta reclamava da quantidade de deveres que já tinha para fazer.

_Primeira semana de aula e os professores já nos ocupam para o resto do mês!_ ela reclamava.

Karina não pôde deixar de notar que ela apressou o passo para sentar-se ao lado de Pedro deixando-a, mais uma vez, ao lado de Lírio.

_Bom, mas isso não irá atrapalhar os planos para o fim de semana, não é?_ Lírio lançava um olhar significativo para Karina.

_Ah, Lírio, por favor, não nos exclua!_ Jade interveio._ O que vocês acham de sairmos na sexta? Para fechar a semana?

A maioria das pessoas presentes concordou, exceto Pedro e Karina que não sabiam se o convite se estendia a eles. Mas Jade resolveu o problema:

_Vocês vão, não é?_ ela apontou para os dois.

Imediatamente os dois se olharam como se buscassem a resposta um no outro. Foi Pedro quem tomou a iniciativa:

_Bom... Não conhecemos bem a cidade então...

_Ah não se preocupe!_Jade o interrompeu._ Lírio tem acesso livre ao carro do papai, ele pode buscar vocês e depois deixá-los em casa.

Pedro olhou para Karina esperando que ela desse o veredicto: sim ou não. Ela sorriu e disse:

_Ok! Aonde vamos?




_UMA BOATE? VOCÊS PIRARAM!

O grito de Dandara pôde ser ouvido até o fim da rua. Pedro e Karina procuraram as palavras mais delicadas, mais sensatas para dizer a mãe que tinham sido convidados para irem à uma boate na sexta, mas a estratégia não funcionou. Até ensaiaram no ônibus como a notícia seria dada, mas não deu certo. Estavam sentados à mesa, na cozinha, enquanto a outra andava de um lado para o outro, furiosa.

_Mas que tipo de amizades são essas que vocês arrumaram que convidam vocês para irem a uma boate?

_Mãe, não veja uma boate como...

_Um lugar sujo, pervertido, onde jovens têm acesso livre a bebidas e drogas e depois saem como loucos pelas ruas atropelando inocentes e morrendo em acidentes trágicos?

Karina calou-se na hora. Dandara disse a frase tão rapidamente que parecia ter gravado de algum lugar.

_Mãe, por favor!_ Pedro tentou interceder._ A senhora não confia na gente?

_Sim, não confia na educação que nos deu?_ Karina também tentou.

_Sim, não confio é nos outros! Já imaginaram se acontecesse uma briga? Se a boate pega fogo? Se um carro atropela vocês?

_Mãe, para de ser pessimista!_Pedro tentava contornar, mas aquela situação já estava irritando.

_Está bem..._ Dandara pareceu ceder. Os dois chegaram até a sorrir, alegres. Mas..._ Vamos esperar o pai de vocês e ver o que ele acha ok? Agora, aos seus afazeres! Enquanto isso vou ir até o mercado. Comportem-se!

Os dois permaneceram no mesmo lugar. Olhando perplexos a porta da cozinha se fechando. Foi Pedro quem quebrou o silêncio:

_Eu não esperava uma reação dessas.

_Eu esperava. Se ela já pirou quando você disse que iria a uma festa, pior seria uma boate, não acha?

Ele concordou e, sem mais nem menos, segurou a mão dela, que repousava sobre a mesa.

_ E... Você quer realmente ir à essa boate?_ ele brincava com os dedos dela.

_Sim, por que a pergunta?_ Karina tentava manter o nível de respiração normal.

_Aquele Lírio te falou algo durante o intervalo?_ agora ele rodeava o indicador na palma da mão dela.

_Não... Por que a pergunta?_ ela insistiu.

_Só curiosidade. O que você acha da Jade?

A pergunta foi como um choque para Karina que imediatamente afastou sua mão e a recolheu no seu colo.

_Em que sentido?_ ela disse.

_Em todos... Como amiga, como pessoa, como...

_Sua namorada?

Pedro riu e ficou um pouco vermelho. Desviou seu olhar para a janela e continuou:

_Quem sabe?

_Você está a fim da Jade?_ ela insistiu.

_Não sei eu...

_Ela é minha amiga!

_E por isso deixou de ser mulher?

Ele voltou a olhar nos olhos da irmã, que sentia um nó apertando em sua garganta. Estava acontecendo novamente, mais uma vez ele se apaixonava por alguma amiga dela. Mas o foco era: será que Jade também estava interessada? Karina preferiu não prosseguir naquela conversa. Levantou-se e foi para o seu quarto, ignorando os chamados de Pedro. Trancou a porta e se jogou na cama. Será que os dois iriam começar a namorar? Iriam se casar? Ter filhos? “Ah! Para Karina, ele só perguntou o que eu achava dela, significa que ainda se importa com a minha opinião...” Ela se sentou imediatamente. Se ele se importava com a opinião dela, será que ela seria capaz de atrapalhar aquele romance? “Que espécie de monstro você está se tornando!”



Mais tarde, Gael chegou e a reunião de família recomeçou, agora com um componente a mais.

_Queremos ir a uma boate na sexta, mas a mamãe não quer deixar._ Pedro disse, quando o pai perguntou qual era o problema.

_Bom... Dandara, por quais motivos você não quer permitir?_ ele dirigiu-se à esposa.

_Gael, boates são perigosíssimas! Bebidas, drogas... Eu não sei... Acho que não deveriam ir.

_Pai, somos responsáveis!_ Karina intercedeu._Não iremos nos embebedar, muito menos usar algum tipo de drogas, sabemos que isso não é legal.

Havia um motivo para Gael e Dandara protegerem tanto os filhos: tinham medo que encontrassem alguém que pudesse reconhecê-los e contar toda a verdade. Mas Gael sabia que não poderiam segurá-los por muito tempo e a prova estava acontecendo naquele momento. Por isso, pela primeira vez, cedeu:

_Não vejo problema nisso Dandara. Os dois são bem grandinhos, sabem se cuidar. Além disso... Imagina só: sexta a noite, a casa só para nós dois...

Dandara riu ao mesmo tempo em que Pedro e Karina faziam caretas de nojo.

_Por favor, poupem-nos dos detalhes!_ ela disse, escondendo o rosto no ombro do irmão.

No dia seguinte, os dois combinaram um horário para que Lírio passasse na casa deles para buscá-los. E, como acertado, na sexta, às 20h, ele estava lá. Dandara fez questão que ele entrasse e se apresentasse.

_Não fique tímido!_ ela dizia, o arrastando para dentro.

_Não estou... Quero dizer...

_E aí cara!

Pedro descia o lance de escadas e ia até o colega.

_Pontual hein?_ ele disse, dando um aperto de mão no outro.

_Sempre! Onde está a Karina?

_Estou aqui.

A voz vinda do alto da escada atraiu os olhares de todos os presentes na sala. Karina trajava um vestido preto, um pouco rodado, um pouco acima do joelho; sandálias de salto pretas com strass, o cabelo curto preso em um broche e maquiagem leve, apenas realçando os olhos azuls. Lírio não tinha palavras para descrever tal beleza. Pedro, por sua vez, perdeu-se no olhar dela, que estava fixo nele.

Enquanto ela descia a escada, pensava: por que estava tão interessada no olhar que Pedro estava lhe lançando? Por que aquilo lhe causava calafrios? Foi ele quem a recebeu no último degrau e segurou a sua mão para ajudá-la a descê-lo. Mantinha os olhos fixos nos dela. De longe ela ouviu um elogio vindo de Lírio.

_Obrigada._ ela respondeu inconscientemente. Seus olhos ainda fixavam os olhos do irmão. Por fim, foi ele quem disse:

_Você está linda!

_Muito obrigada.

Os dois sorriram um para o outro. Parecia que, na sala, só existia eles. Até que Gael os trouxe de volta a realidade.

_Eu sei que minha princesa está linda, puxou a mãe! Mas quero saber o horário que vocês estão de volta.

Karina, Pedro e Lírio trocaram olhares confusos. Foi Pedro quem respondeu:

_De acordo com meus cálculos... 1h da manhã? O que acham?

Dandara ia discordar, mas Gael foi mais rápido:

_Ótimo! Uma da manhã quero vocês dentro de casa. Nem um minuto mais, nem um minuto menos? Divirtam-se!

Karina deu um beijinho nos pais e acompanhou os dois rapazes até o carro.

_Onde está a Jade?_ ela perguntou, ao ver o carro vazio.

_Ela irá com as amigas, parece que o irmão de uma delas irá levá-las. Ok, quem irá no banco da frente?

Karina ia se oferecer, mas Pedro disse:

_Eu vou.

E, sem esperar resposta, sentou-se no banco do carona. Não queria que sua irmã fosse naquele lugar como se fosse... Namorada dele!

_Bom, vamos então._ a voz de Lírio saiu em um tom de desapontamento.

A boate ficava no centro da cidade, demoraram uns 20 minutos para chegar lá. Chamava-se Solaris e a cor da fachada era de um lilás berrante. Dois seguranças controlavam o fluxo de pessoas. A fila para entrar estava enorme.

Jade os aguardava bem em frente à entrada e, assim que os viu, veio correndo ao encontro deles.

_Que bom que chegaram! E vivos!

Todos riram, exceto Lírio que não gostou da piadinha. Jade atraiu os olhares de Pedro imediatamente com seu vestido verde escuro, colado ao corpo e curto.

_Eu disse a ela que vestisse alguma roupa, mas ela preferiu esse pedaço de pano enrolado no corpo._ disse Lírio, reparando na forma que Karina olhava para a irmã.

Karina notou a troca de olhares entre a amiga e Pedro, mas preferiu ignorar. A noite estava apenas começando.

_Ok... Como iremos entrar?_ ela perguntou, procurando algo com o que ocupar a mente.

_Não se preocupe._ Jade deu uma piscadela e caminhou até o segurança.

Eles ficaram observando a garota ir a passos firmes (em saltos enormes!) até o segurança. Pareciam se conhecer, pois, assim que a viu, ele abriu um sorriso e a cumprimentou.

_Ela sabe o que tá fazendo?_ Pedro dirigiu-se a Lírio.

_Espero que sim...

Minutos depois Jade os chamou e eles a acompanharam. Passaram pelos seguranças com uma facilidade incrível.

_Como você fez isso?_Karina perguntou andando ao lado dela.

_Karina! Nunca te disseram que ter contatos é importantíssimo para a vida de uma pessoa?

Entraram na boate juntos e se surpreenderam. À medida que desciam a escada, viam que não era qualquer coisa! O local era rodeado de telões com imagens de florestas, rios, mares, um teto que imitava um céu estrelado, uma pista de dança enorme e, ao redor dela, uma área com mesas. O bar ficava do lado oposto a escada.

_Que... Doido!_ disse Pedro estupefato.

_Venham, vamos escolher uma mesa.

Jade os guiou até o local onde se encontravam as mesas. Escolheram uma que ficava perto da pista. O que separava a pista e aquele local era uma grade lilás, não muito alta, apenas o suficiente para servir de barreira entre quem dançava e quem se divertia. Sentaram-se e ficaram assistindo os vários shows que anônimos davam na pista.

_Quer dançar?_ Lírio perguntou a Karina que tomou um susto.

_Ah... Eu não sei dançar...

O som parou um momento, deixando todos na expectativa.

_Dizem que esse DJ é ótimo!_ disse Jade olhando na direção do DJ.

O som voltou a tocar e todos vibraram.

_Eu amo essa música! Vamos dançar!

Jade levantou-se e arrastou Pedro. Karina não queria sair de perto deles por isso tomou uma atitude inesperada:

_Você não queria dançar? Vamos!_ e arrastou Lírio.



I've had a little bit too much (much)
All of the people start to rush (start to rush by)
A dizzy twisted dance
Can't find my drink or man,
where are my keys? I lost my phone!

Pedro parecia um pouco perdido e trocava olhares com a irmã, que ria da situação. Jade fechou os olhos e começou a dançar. Ela se aproximou dele e começou a fazer movimentos audaciosos.

What's going in on the floor?
I love this record baby but I can't see straight anymore
Keep it cool, what's the name of this club?
I can't remember but it's alright a-alright

Just dance, gonna be okay da da doo-doom
Just dance, spin that record babe da da doo-doom
Just dance, gonna be okay
Da da da
Dance, dance, dance
Just, j-j-just dance



Agora todos na pista pulavam em sincronia, exceto Pedro e Karina que olhavam ao redor confusos.

_Qual é? No planeta de vocês não se dança?_ Jade sussurrou no ouvido de Pedro, que sentiu um arrepio inevitável percorrer sua espinha.

_Eu não sei dançar...

Jade sorriu e colocou as mãos dele em volta da sua cintura.

_Siga-me!



Wish I could shut my playboy mouth
How'd I turn my shirt inside out? (Inside out, baby)
Control your poison babe
Frozen as stones they say
And were all getting hosed tonight



Karina ria da situação do irmão, mas seu riso se desfez ao ver o quão sensual era a dança de Jade. Ela rebolava com os braços no ar, jogando o cabelo de um lado para outro e cada vez mais próxima de Pedro, que parecia hipnotizado.

_Ei! Que ciúme é esse?_ a voz de Lírio se sobressaiu á música alta. Ele falava no pé do ouvido dela.

_Não... É até engraçado._ ela respondeu se afastando um pouco.




What's going in on the floor?
I love this record baby but I can't see straight anymore
Keep it cool, what's the name of this club?
I can't remember but it's alright a-alright

Just dance, it's gonna be okay da da doo-doom
Just dance, spin that record babe da da doo-doom
Just dance, it's gonna be okay
Da Da Da
Dance Dance Dance
Just, j-j-just dance

Mais uma vez a dança sincronizada começou e todos pulavam ao som do refrão. Lírio tentava atrair a atenção de Karina, mas ela disfarçava e olhava pelo canto do olho como seu irmão idiota caia direitinho nas redes da amiga, que agora se agarrava ao pescoço dele.

_Você está cansada? Se quiser nos sentamos..._Lírio começou a falar, mas Karina o interrompeu.

Era guerra? Pois a batalha estava só começando. Sem mais, ela passou os dois braços pelo pescoço do rapaz e se soltou. A timidez? Já era!



When I come through on the dance floor checkin' out that catalog
Can't believe my eyes, so many women without a flaw
And I ain't gon' give it up, steady tryin' to pick it up like a car
I'ma hit it, I'ma hit it and flex and do it until tomorr' yeah

Shawty I can see that you got so much energy
The way you're twirlin' up them hips 'round and 'round
And now there's no reason at all why you can't leave here with me
In the meantime stay and let me watch you break it down

Pedro tentava respirar. Olhou para o lado procurando um apoio da irmã quando se deparou com esta rebolando até o chão, de costas para Lírio e subindo devagar. As pessoas ao redor aplaudiram, enquanto Lírio estava boquiaberto. Ele não esperou um aviso: a virou de frente para si e a trouxe para perto, pela cintura, em um puxão. As mãos dele acariciavam as costas dela de forma sensual.

And dance, gonna be okay, da da doo-doo-mmm
Just dance, spin that record babe, da da doo-doo-mmm

Just dance, gonna be okay, da da doo-doo-mmm
Just dance, spin that record babe, da da doo-doo-mmm
Just dance, gonna be okay, d-d-d-dance
Dance, dance, just, j-j-just dance

As luzes abaixaram, deixando apenas o teto estrelado iluminando toda a pista. Pedro tentava ver a irmã naquela escuridão, mas os flashs de luzes brancas o deixavam tonto.

Half psychotic, sick, hypnotic
Got my blueprint, it's symphonic
Half psychotic, sick, hypnotic
Got my blueprint electronic

Half psychotic, sick, hypnotic
Got my blueprint, it's symphonic
Half psychotic, sick, hypnotic
Got my blueprint electronic

Go! Use your muscle, carve it out, work it, hustle
I got it, just stay close enough to get it
Don't slow! Drive it, clean it, Lysol, bleed it
Spend the last dough
(I got it)
In your pocko
(I got it)

Karina não tinha noção do que ocorria ao seu redor. Só tinha ciência de ter um rapaz louco na sua frente que pirava a cada vez que ela rebolava. Tentava ver o que Jade estava fazendo com seu irmão, mas no intervalo das luzes brancas tudo o que via era um vulto se agarrando a ele.

Just dance, gonna be okay, da da doo-doo-mmm
Just dance, spin that record babe, da da doo-doo-mmm

Just dance (baby), gonna be okay, da da doo-doo-mmm
Just dance, spin that record babe (baby, yeah), da da doo-doo-mmm
Just dance, gonna be okay (spin that record baby, yeah), d-d-d-dance
Dance, dance, just, j-j-just dance

Mais uma vez as luzes se acenderam, acompanhando o fim da música. Todos aplaudiram o DJ pela ótima escolha da música. Jade parecia exausta e disse aos demais:

_Que tal nos sentarmos e pedirmos alguma bebida?

_Podem ir, eu e a K vamos dançar mais um pouco... Não é?_ Lírio olhou para Karina ansioso.

Karina estava exausta, mas não queria ficar perto de Pedro e Jade, por isso confirmou o que Lírio disse. Pedro lhe lançou um olhar revoltado e acompanhou a morena. Sentaram-se à mesa e logo o garçom veio anotar os pedidos.

_Por favor, dois coquetéis Fantastic._ disse Jade.

_O que é isso?_ Pedro quis saber.

_É um coquetel de frutas com champagne, espero que goste.

Pedro aceitou e voltou seus olhos para a pista, mas precisamente para Karina, que agora ria de algo que Lírio sussurrava ao seu ouvido.

_Eles formam um belo casal não é?_ Jade percebe a direção do olhar do rapaz.

_Você acha?_ ele responde, ainda com os olhos fixos na irmã.

_Pedro... Não me diga que você faz a linha ciumento? Espero que seja só com a irmã.

Essa foi uma pergunta que fez Pedro pensar. Já tinha namorado sério uma vez e nunca foi tão ciumento com a namorada como sempre o fora com Karina.

_Sabe, o Lírio já foi muito ciumento. Hoje em dia ele me deixa viver em paz e ele vive a vida dele como bem entender. Um não se intromete na vida do outro.

_Eu deixo a Karina viver, apenas cuido um pouco mais dela do que o habitual.

_E ela Pedro? É muito ciumenta?

_Digamos que todas as minhas candidatas a namorada têm que passar pela aprovação dela.

Jade começou a rir da afirmação. Então, se ela quisesse algo com Pedro, deveria agradar a Karina primeiro? Sem chance!

_Então... Diga-me uma coisa, o que ela está fazendo agora?_ ela perguntou se aproximando de Pedro.

Pedro olhou para a pista e viu sua irmã dançando colada ao corpo de Lírio. Jade o observou e segurou seu queixo, fazendo-o olhar nos olhos dela. Ela estava muito próxima, a ponta de seu nariz tocava o dele.

_Ela está com meu irmão, dançando coladinha a ele, o seduzindo._ ela respondeu a própria pergunta._ Ela pediu sua permissão para fazer isso?

Pedro balançou a cabeça negativamente. Jade ainda segurava o queixo dele.

_Então por que você deveria pedir permissão a ela para namorar... Ficar..._ ela foi se aproximando._ Beijar...

Os lábios dela tocaram os dele de forma delicada, para depois se aprofundarem naquele beijo. Pedro não sabia se prosseguia ou parava aquilo. Não estava totalmente concentrado no que sua boca fazia. Pensava em Karina, apenas nela. Por que ela não tinha voltado para mesa? Por que queria ficar a sós com ele?

*-*-*-*

Karina prosseguia dançando. Estava sendo até divertido, ela tinha que admitir. Lírio estava se revelando uma excelente companhia, com suas piadinhas sobre as formas estranhas com que as pessoas ao redor estavam dançando. Durante alguns momentos ela lançava olhares para a mesa onde Pedro estava e odiava a forma como Jade se jogava para cima dele. Odiou mais ainda quando Jade segurou o queixo dele e o fez olhar para ela.

Decidiu não se torturar mais. Desviou seu olhar para o outro lado, mas Lírio chamou sua atenção:

_Opa! Parece que seremos parentes!

Karina perguntou o porquê e ele apontou para a mesa onde o irmão dela estava. Agora, Pedro e Jade se beijavam profundamente, como se o mundo fosse acabar naquele instante. Karina sentiu-se tonta, parecia que algo a havia acertado bem na boca do estômago. Seus olhos lacrimejaram, mas ela segurou as lágrimas. Não aguentava mais ficar ali.

_Eu... Preciso tomar algo._ ela disse a Lírio.

Não esperou qualquer resposta dele e dirigiu-se para o balcão do bar. Um barman lhe perguntou se ela queria algo, mas Karina negou. Apenas se sentou em um banco alto e olhava ao redor, pensando em uma forma de fugir dali. Aquela imagem horrível não saia da sua cabeça! Sem que ela notasse, um rapaz sentou-se ao seu lado e ficou observando-a. Karina não o tinha notado, até que aquele olhar analisador realmente começou a incomodar. Ela virou-se para ele e perguntou:

_Deseja alguma coisa?

Ele não respondeu, simplesmente sorriu com sarcasmo e voltou-se para o barman:

_Por favor, uma dose de Wisk e para a Srta. aqui, que tal uma soda?_ ele olhou para Karina novamente, indagador. Como não teve nenhuma resposta ele continuou._ Sim, uma soda. Obrigado.

Karina o observava intrigada. Quem ele pensava que era para ir lhe oferecendo uma bebida assim? Sem nunca tê-la conhecido?

Era um rapaz bonito, ela tinha que admitir. Tinha o cabelo preto e rebelde, os olhos em um tom castanho e isso contava com sua pele bronzeada e com o terno preto, a calça jeans escura e o tênis escuro... “Um homem que usava terno e tênis... Estranho.”

O barman chegou com os pedidos e retirou-se. O rapaz bebeu um gole da sua bebida e ficou olhando para Karina e para o copo à frente dela.

_Não vai beber?

_Por que eu deveria?

_Ah, qual é? Aceite isso como... Uma cortesia.

_Não aceito cortesia de estranhos.

_Prazer, Cobra.

_Karina.

_Pronto não somos estranhos mais, agora beba.

Ele estava mandando que ela bebesse a soda? Ela tinha que ir embora dali.

_Olha, não tem veneno, não tem sonífero e nem droga alguma. Vi você se livra daquele cara chato no meio da pista e achei que merecia uma bebida, não é qualquer uma que consegue se livrar dele.

Karina não conseguiu conter o riso, mas logo o disfarçou. Cobra sorriu inconscientemente e continuou:

_E com essa carinha triste... Aposto que viu o carinha que você gosta beijando outra... Acertei?

Karina sentiu-se vencida e tomou um gole da soda. Respirou fundo e disse:

_Por pouco. Foi meu irmão.

_Ciúme de irmã?

Ela balançou a cabeça envergonhada. Não sabia por que, mas sentia-se mais confortável conversando com ele do que com Lírio.

Este, por sua vez, vinha ao encontro dela, com cara de preocupado. Ia dizer algo, mas quando viu Cobra ao lado dela mudou completamente a expressão:

_Ele está te incomodando Karina?

Karina olhou de um para o outro assustada, parecia que a qualquer momento iria explodir uma briga ali.

_Não Lírio, ele apenas foi gentil. Que bom que apareceu... Eu estou indo embora._ ela ignorou a cara de preocupação dele e voltou-se para Cobra._ Muito obrigado pela conversa.

E atravessou a pista de dança decidida, em direção a saída. Pedro conversava com Jade, quando viu a irmã indo embora. Ele saltou da cadeira em desespero e correu atrás dela, para revolta de Jade, que foi atrás dos dois.

Já do lado de fora, Karina esperava por um táxi. Sentia suas mãos tremerem e tremeram mais ainda ao sentir Pedro segurando seu braço e fazendo-a virar-se para ele.

_Aonde você vai?_ ele perguntou.

_Embora. Se você quiser pode ficar, eu pego um táxi.

_De jeito nenhum, eu a levo._ Lírio os alcançava, ignorando os olhares indignados de Jade.

_Eu não quero atrapalhar a noite de vocês..._ Karina dirigiu-se aos dois.

Jade respirou fundo e conteve-se. “Sorria! Você está atrapalhando minha noite!”, ela pensou.

_Que nada querida, o Lírio te leva em casa. Eu e o Pedro pegamos um táxi mais tarde... Não é?_ ela olhou para o rapaz ansiosa.

_De maneira alguma! Eu vou com minha irmã._ ele voltou-se para Karina e tocou seu rosto._ Você está se sentindo bem K? Está pálida e..._ ele segurou as mãos dela._ Trêmula.

_Não sei Pedro, acho que não estou acostumada com esses lugares, por isso estou assim. Só quero ir embora.

Pedro compreendeu e voltou-se para Lírio.

_Olha cara, fica tranquilo, nós pegamos um táxi...

_Não! O Lírio nos levará em casa, a noite já deu para mim também.

Karina notou um tom de revolta na voz de Jade, mas ignorou. Caminharam até o carro em silêncio. Quando chegaram até ele, Jade fez questão de ir atrás com Pedro, mas ele insistiu para sentar-se perto da irmã.

_Ela não está legal, quero ficar perto dela.

Jade deu-se por vencida e, quando entrou no banco da frente, bateu a porta do carro.

Pedro e Karina sentaram-se no banco de atrás. Ela não queria, mas ele insistiu para que ela deitasse no colo dele. Seguiram para casa em silêncio. Pedro alternava entre fazer cafuné e olhar a temperatura de Karina.

Quando chegaram, Lírio fez questão de acompanhar Karina até a porta, mas Jade não saiu do carro. Pedro foi até a janela do lugar onde ela estava e disse:

_Obrigado pela noite.

_Por nada._ ela respondeu friamente.

_Olha Jade, eu sinto muito, mas ela é minha irmã! Não posso abandoná-la.

Jade o olhou com raiva e disse:

_Tá na hora de você parar de viver em função dela, Pedro.

Pedro voltou e os dois foram embora. Pedro correu para dentro de casa e encontrou Karina parada ao pé da escada. Ela o olhava sem graça.

_Me desculpa... Eu vi vocês se beijando, sei que atrapalhei a sua noite.

Pedro não respondeu. Simplesmente a abraçou e sussurrou:

_Eu te amo.

Ele não tinha ideia de como aquela declaração a tinha afetado. O amava tanto, amava tanto seu... Irmão. “Irmão... Irmão...” Imediatamente ela se afastou e subiu as escadas. Pedro ficou sem entender a reação e foi atrás dela.

_Karina!_ ele a chamou, antes que ela abrisse a porta do quarto.

Porém, a resposta veio do quarto no fim do corredor. Gael abriu a porta e fixou o olhar, de quem tinha acabado de acordar, nos dois.

_Ora... Já chegaram? Não são nem meia-noite ainda!

_Pois é, a K se sentiu mal e decidimos voltar.

Karina lançou um olhar repreendendo o irmão por ter dito aquilo, mas já era tarde. Dandara saiu correndo do seu quarto e foi até a filha, que continuava com a mão na maçaneta da porta.

_Minha querida, o que está sentindo?

_Eu estou bem mãe, foi só um mal estar passageiro, descobri que não gosto de lugares fechados com muitas pessoas.

Dandara respirou aliviada e mandou os dois irem dormir. Karina entrou no quarto e fechou a porta, esperando que, com esse ato, deixasse do lado de fora todo aquele sentimento pecaminoso e estranho que nascia dentro dela.

Começou a despir-se quando alguém bateu à sua porta. Ela colocou um roupão e pediu para que a pessoa entrasse. Pedro entrou e fechou a porta devagar, evitando qualquer barulho que pudesse acordar os pais.

_Pois não?_ ela perguntou intrigada.

_Vim ver como você está.

Ele se aproximou dela e tocou sua testa. Seus olhares se encontraram e ambos não conseguiam desviá-los. A mão dele desceu da testa para o rosto dela.

_E você e a Jade?_ ela perguntou, ignorando aquele toque.

_ Não sei.

_Mas... Você está apaixonado?

Pedro não conseguiu evitar um sorriso. O rostinho que ela fez quando disse aquilo amolecia qualquer coração. Karina ficou sem graça e abaixou a cabeça.

_Ei! _ ele segurou o rosto dela com as duas mãos e a fez olhar para ele._ Não vamos falar sobre isso agora ok? Vem aqui.

Ele foi até a cama dela e deitou-se. Karina começou a rir e disse:

_Ah não! Pedro não temos mais 5 anos!

_Qual é Karina? Vem aqui!

Ele bateu a mão na cama, indicando o lugar que ela deveria se deitar. Karina ainda ria quando deitou-se ao lado dele, mas um pouco distante.

_Não é assim...

Ele a puxou para perto, fazendo-a repousar a cabeça no peito dele. Ficaram em silêncio um bom tempo. Até que Pedro disse:

_ Ela me disse para parar de viver em função de você... Mas eu simplesmente não consigo fazer isso.

Karina sorriu e fechou os olhos. Jade podia beijá-lo, agarrá-lo, seduzi-lo, fazer mil coisas! Mas ela só não podia tirá-lo dela. Nunca.


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Notas finais do capítulo

Quem amou o beijo Perina hoje em Malhação? Foi Perfeitooo *--* Musica do Cap: Lady GaGa - Just Dance.