POV Austin

Depois de alcançar Ally pela segunda vez, eu a peguei no colo e ameacei jogá-la no lago. Ela gritava estéria dizendo que faria tudo o que eu quisesse. Eu apenas a pus no chão novamente, a segurei pela cintura e disse:

– Qualquer coisa?

– Sim - implorou ela.

– Então promete, que nunca vai me abandonar.

Ela riu.

– Você só pode ta brincando né? - disse ela entre gargalhadas - Eu não preciso prometer isso, até por que eu nunca vou fazer isso.

Eu sorri e abracei-a com força.

Ela segurou minha mão direita e me puxou até o lago novamente. Nós estávamos mais afastados do pessoal, e quando voltamos até onde eles estavam começaram com as piadinhas:

– E aí está o casalsinho, hein. Foram para o cantinho para ter mais “privacidade”? - brincou Cassidy.

A maioria já havia saído da agua, haviam mais ou menos cinco pessoas no lago ainda. Dez e Trish estavam sentados em uma toalha, ambos enrolados em outras. Sentamo-nos ao lado deles, Ally ao lado de Trish e eu ao lado de Dez.

POV Ally

Quando sentei do lado da Trish, ela começou o interrogatório:

– Me conta tudo! - disse ela.

– Ok, o que você quer saber?

– Quando vocês começaram a sair?

– Bem, nós não começamos a “sair”. Foi bem mais direto do que isso…

– Como assim?

Eu expliquei para ela toda a história da primeira noite minha e do Aus, nos minimos detalhes, como ela pediu.

– Não acredito que isso aconteceu e você não me contou!

– To contando agora. - falei rindo.

– Não tem graça! - disse ela me batendo.

– Ai! - exclamei.

– Desculpa. Mas sério, eu to feliz por vocês dois.

– Valeu Trishina. - brinquei.

Ela sorriu.

– Eu ainda não acredito que o Dallas de traiu com a Kira.

– Ta de boa. Ele disse que estava namorando comigo para esquecê-la, e eu fiz o mesmo, não tenho do que reclamar.

– Nossa, você ta mudada. - disse ela.

– Não, não estou. Só estou…. Feliz. Muito feliz.

Olhei para Austin, percebi que ele também me olhava. Eu sorri e voltei a olhar para Trish.

(...)

Marta e mais alguns orientadores do acampamento montaram a fogueira. Ainda sentados nas toalhas, Austin pegou seu violão e disse em voz alta para todos:

– Quem quer cantar? - disse ele.

– Canta a sua música nova. - sugeri.

– Qual?

– Aquela que você tava compondo.

– Ata.

– Austin, Austin, Austin! - gritaram todos.

Ele virou de lado para ficar de frente para mim e começou a cantar: https://www.youtube.com/watch?v=khlbGCEsAak&hd=1

Eu sorri durante a musica toda. Assim que ele terminou de cantar, eu “pulei” no pescoço dele e lhe dei um beijo na bochecha. Cheguei no ouvido dele e sussurrei:

– I’m stuck on you… - cantei.

Ele me abraçou e eu retribui.

(...)

Depois do Austin, mais cinco pessoas cantaram. Depois, quando já havia anoitecido, juntamente com os inspetores, contamos histórias de terror, verídicas, “ficcionadas”, inventadas etc…

Ficamos na fogueira até aproximadamente umas onze horas da noite. Me senti bem quando voltamos para a cabana. Senti que Kira ficou me olhando o tempo todo…

Eu sou o tipo de garota que não gosta de sair, sempre gostei de ficar em casa. Autin já é beeem ao contrário, não consegue ficar sem fazer nada, tem sempre que estar fazendo algo divertido. Ainda não sei como nos damos tão bem…

POV Austin

Quando voltamos para a cabana, Ally foi direto para o quarto. Não falou nada desde a fogueira.

Não queria incomodar, só quero o melhor para ela… Alguns minutos depois que ela foi para o quarto, eu fui também. Encontrei-a deitada na cama, virada de costas para mim.

Andei devagar para não fazer barulho, FAIL.

– Não precisa tentar ficar em silêncio, eu to acordada. - disse ela se virando para mim.

– Pensei que já estivesse dormindo, ou que não quisesse conversar. - falei.

– Não é isso, eu só… Queria ficar um pouco sozinha. Mas percebi que é bem pior.

– Quer que eu fique? - perguntei.

Ela assentiu, logo abaixou a cabeça e assim permaneceu. Sentei na cama e a abracei.

– Quer me dizer alguma coisa? - perguntei.

– Não agora… É cedo demais para dizer em voz alta…

– Tudo bem, mas lembra: eu to aqui para o que você precisar. - falei dando-lhe um beijo na testa.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que eu disse:

– Tive uma idéia. Que tal nós contarmos coisas sobre nós que ninguém mais sabe?

– Ok. Você primeiro.

– Tudo bem, vamos ver… Ah, já sei. Eu sou tipo, apaixonado por bichinhos de pelúcia.

– Jura?! - disse ela surpresa - Isso é uma coisa que eu realmente não esperava do quarterback do colégio.

– Ta, ta, ta. Agora você.

– Eu costumo vestir roupas de acordo com o meu humor.

– Como assim?

– Se eu estou apaixonada, uso vermelho. Se estou calma, uso azul, e por aí vai.

– Legal. Ok, vamos ver…Ah! Mas, não, não… melhor eu não contar.

– Fala. - pediu ela.

– Não é uma coisa boa.

– Pode confiar em mim.

– … Quando eu tinha 8 anos, a minha babá na época, me… “assediou”... - falei evitando contato visual.

– Austin, isso é sério? Sabia que isso é crime né?

– Eu sei…

– Você devia ter falado isso para os seus pais, isso é completamente absurdo!

– Não adiantaria fazer nada, eles nunca acreditam em mim. Além disso ela já ta presa, foi pega fazendo isso com mais duas crianças do bairro…

– Por que nunca me contou isso? Sou sua melhor amiga há anos.

– Eu fiquei com medo…

– Medo de que?

– Que achasse que eu estava mentindo só para ficar com você.

– Primeiramente, ninguém tem o direito de brincar com uma história dessas. Segundo, você me conquistou não com suas habilidades ou caracteristicas, mas sim pelas suas ações e paixões.

Ela pôs os braços em volta do meu pescoço e me deu um beijo na bochecha.

– Ok, agora eu… Acho que não tenho nada para contar…

Percebi que ela estava mentindo.

– A qual é, deve ter alguma coisa.

– Definitivamente não tem.

Ela abaixou a cabeça e começou a brincar com os dedos, ela sempre faz isso quando está nervosa ou escondendo algo.

– Ally…

– A minha mãe ta com câncer.