Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 9
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/529199/chapter/9

Brian foi logo apresentando Dean aos seus colegas de time. Ele era o único do primeiro ano, e o único novato também, além de ser um dos menores em estatura. Só isso já era o suficiente para deixá-lo intimidado...

– Dean, esse é o Pablo, e ele é o capitão. – disse o treinador.

Pablo olhou para o louro e cumprimentou-o com um subir de sobrancelhas. Era um rapaz hispânico, muito alto, com cara de poucos amigos e uma cicatriz perto da boca. Provavelmente causada por um lábio leporino? Dean nem pensou nisso... Para ele Pablo tinha cara de quem tinha levado uma navalhada no rosto. Ficou horrorizado.

– Trate esse aqui com carinho, hein? Ele só tem quinze anos! – Advertiu o professor Scott.

A frase de Brian só deixou Dean ainda mais apreensivo... Como assim “trate com carinho, ele só tem quinze anos?”. Talvez fosse apenas uma forma delicada de dizer “só o espanque quando completar dezesseis?”. O menino engoliu em seco.

–-------------------------------------------------------------------------

O treino, assim como Dean previra, foi um desastre. Ele sequer conseguiu acertar uma bola no cesto. A cada erro que cometia, percebia olhares fuzilantes de Pablo em sua direção. O louro estava detestando tudo aquilo...

– Você vai melhorar, não se preocupe... – Incentivava Brian, dando-lhe tapinhas nas costas.

Para sua sorte, Brian era benevolente. Deixava os meninos beberem água e descansarem quando precisavam. Ao final do treino, fez questão de acompanhar Dean até o vestiário.

– Eu fui péssimo... Sinto muito... – desculpou-se Dean, cabisbaixo.

O treinador sorriu.

– Não se preocupe, você vai melhorar depressa... Não desanima!

O garoto suspirou. Por que ele havia sido escolhido para entrar no time? Não fazia sentido. Precisava perguntar...

– Professor, por que me escolheu? Eu não sei jogar...

O treinador sorriu novamente.

– O meu papel é descobrir talentos e treiná-los... Eu vejo potencial em você, Dean. Mas precisa praticar para poder se aperfeiçoar... É só você querer.

Dean aceitou a resposta. Por hora, bastava. Quem era ele afinal para saber o que Brian procurava em seus jogadores? Torcia para conseguir melhorar logo e não decepcionar o treinador. Até lá precisaria aguentar a cara emburrada e ameaçadora do “Navalhada”...

–--------------------------------------------------------------------------

Assim que encontrou seus colegas, Dean quis saber sobre o treino da peça de Teatro. Ruby estava pulando de alegria, pois novamente tivera a oportunidade de ensaiar suas falas com o professor. Não o tempo todo, mais quinze minutos tinham sido o suficiente para deixá-la radiante.

– Ele é tão lindo! Tão fofo! – suspirava ela.

Garota bobona... Para que ficar sonhando com algo que não podia ter? Será que ela não via que não tinha a menor chance com o professor? Sam nunca iria querer uma pirralha como namorada... Aquele homem tinha a mulher que quisesse. Devia passar seus fins de semana namorando mulheres adultas, lindas, divinas e maravilhosas. Aquele pensamento causou-lhe um aperto no peito, que Dean ignorou.

– Na próxima reunião eu e o Justin vamos trabalhar na trilha sonora! Não é o máximo? – Exclamou Misha entusiasmado. – As meninas vão pensar nos figurinos, e o professor Winchester vai ensaiar a luta com você... – concluiu.

Dean sentiu um vazio no estômago. Pelo menos agora ele tinha tempo para ensaiar a luta... E foi isso que fez. Assim que voltou para o seu quarto pegou o laptop e começou a assistir vídeos pelo youtube. Tentava copiar os golpes na frente o espelho. Ele tinha que fazer de tudo para não parecer patético... Iria treinar o fim de semana inteirinho se fosse preciso.

–------------------------------------------------------------------------------

– Garth! – Exclamou Sam ao ver o amigo, assim que entrou no bar. O rapaz não tinha mudado nada... Sam seguiu em sua direção e cumprimentou-o com entusiasmo.

Os dois pediram suas bebidas e começaram a colocar o papo em dia. Não demorou muito para Clark chegar para animar ainda mais a conversa. Era ótimo poderem estar ali, reunidos como nos velhos tempos, em uma bela noite de sábado.

Fazia mais de cinco anos que Sam e Clark não viam Garth. O homem casara-se com uma nissei, e havia se mudado para o Japão, onde morava com a família. Era o orgulhoso pai de dois meninos agora.

Garth contou aos amigos tudo sobre sua vida em terra estrangeira, seu emprego como corretor de imóveis, e suas brincadeiras com os filhos. Sua histórias eram muito interessantes, mas nada gerou maior entusiasmo que a notícia de que Clark virara Clara Kentucky a noite, nos fins de semana. Garth ainda não sabia da novidade...

– Como assim você ainda não foi vê-lo? – perguntou o homem para Sam, abismado. – Eu não perderia isso por nada no mundo! Deve ser genial!

Clark deu um empurrãozinho de leve no Winchester, como a repreendê-lo.

– Esse aqui anda esquisito, inventando desculpa para tudo. Só veio aqui hoje por causa de você... Acho que está apaixonado e não quer contar!

Sam engoliu em seco. Não queria contar mesmo... Não quando o alvo de seu amor era um clone do seu namoradinho que morreu na adolescência. E não quando o menino tinha só quinze anos de idade... Na melhor das hipóteses o julgariam maluco... Na pior, um pedófilo criminoso.

O homem já ia se defender, mentir, dizendo que não tinha nada de diferente com ele. Iria culpar a falta de tempo ao excesso de trabalho... Mas não foi necessário. O próprio Clark mudou o rumo da conversa. Parecia mais do que feliz em fazer isso e tagarelar sobre Trevor, seu novo amor. A paixão da sua vida...

– Acho que dessa vez é para sempre... O Trevor é tudo que eu sempre sonhei... – suspirou o moreno.

Em outra ocasião, Sam teria gozado o amigo. Trevor devia ser a décima alma gêmea que Clark arranjava assim, de uma hora para outra... Mas, na atual situação, melhor era deixar que o homem falasse a vontade... Quem sabe assim ninguém se lembrava dele...

A estratégia deu certo. Depois que a conversa sobre Trevor terminou, voltaram a falar sobre Clara e suas apresentações. O clube em que Clark se apresentava estava fechado para reformas, e, sendo assim, ele estava de férias por algum tempo. A reestreia seria em grande estilo, e o transformista estava contando os dias.

– Vai ser uma noite e tanto... E eu vou ser a atração principal! Vocês não podem perder! – explicou o rapaz, de maneira afetada. Em seguida entregou um convite para cada um dos amigos, que dava direito à entrada e um drinque gratuito.

– Ahhh não! – Reclamou Garth em seguida. Estava decepcionado. Sua viagem de volta ao Japão seria dois dias antes da reestreia de Clara Kentucky...

Os três muito se lamentaram, mas Garth teria que se conformar com as fotos e filmagens que Sam prometera fazer. Enviaria tudo pela internet depois.

–---------------------------------------------------------------------------

Quando Dean chegou em casa na sexta-feira, logo depois de falar com seus pais, subiu depressa para o quarto. Precisava de um banho. Começou a despir-se, mas antes de se livrar da cueca, não resistiu treinar alguns golpes em frente ao espelho.

O louro jogou a perna para cima, depois deu um golpe com o braço direito no ar. Infelizmente a imagem que via refletida no espelho parecia patética... Ele precisava melhorar, e depressa... Tentou mais uma vez, e depois outra e outra.

O garoto golpeava sem parar quando um vulto na porta chamou sua atenção. Dean olhou para ele e assustou-se. Era um rapaz de cabelos arrepiados e descoloridos, e roupas surradas. Estava ali, parado, olhando para ele, olhos vidrados, pelo jeito já há algum tempo.

Dean cobriu-se depressa com a toalha e soltou um gritinho abafado. Aquele homem assustador fazia o “Navalhada” parecer um garotinho angelical... O menino teria feito um belo escândalo se não tivesse, em seguida, reconhecido o namorado de sua irmã: Saul. Sujeitinho esquisito...

Pensou em reclamar sobre a invasão de privacidade. Antes que o fizesse, entretanto, Saul passou a língua lentamente ao redor dos lábios de forma sedutora, deixando o menino sem ação. Em seguida, tocou a própria genitália, lançando olhares provocantes. Dean olhava arregalado, sem entender o que aquele sujeito queria dele. Devia ter trancado a porta do quarto!

– Saul!

Salvo pelo gongo. Pela primeira vez a voz de Mackenzie chegou como um enorme alívio.

– Onde você está? – A voz da moça ecoava de longe, provavelmente do andar de baixo.

Saul aproximou o dedo indicador aos lábios, como a pedir silêncio. Não queria que Dean comentasse a cena com ninguém...

– Já vou, baby! Eu estava aqui dando umas dicas de luta pro seu irmão frutinha! – gritou em seguida.

O homem então saiu deixando uma piscadela. Dean correu e trancou a porta. Que medo!

–-------------------------------------------------------------------------

O resto do final de semana passou tranquilo. Mais para Sam do que para Dean...

Para Sam foi bom reencontrar os amigos. Isso ajudou-o a relaxar e a pensar, ao menos por algumas horas, em outras coisas que não Dean. Depois, claro, voltou a pensar no louro. Agarrou-se com ele enquanto lutavam, beijou sua boca, fizeram amor... Depois contou-lhe sobre suas vidas passadas: o grande amor entre Tristan e Ross, e Sam e Dean. Agora, eram Sam e Dean Ross.

– Por que meu nome é Dean Ross? – perguntou o louro curioso.

Sam não sabia a resposta. Seria coincidência? Não, Sam não acreditava mais em coincidências... Bem, não importava. O que importava é que estavam juntos, um nos braços do outro. E então Sam propôs casamento e Dean aceitou. Adotaram três filhos e viveram felizes para sempre.

Era bom ter a imaginação fértil...

–--------------------------------------------------------------------------

Dean, o verdadeiro, passou sábado e domingo lutando em frente ao espelho. Isso durante o dia. Durante a noite, sonhava... Sempre com a mesma coisa: Sam Winchester! Que suplício...

De Domingo para Segunda fez um esforço consciente antes de adormecer. Não queria, não podia e não iria sonhar mais com seu professor de teatro! Ele não era gay, e aquilo não era normal...

Dean pensou em Jo. Queria sonhar com ela...

– Jo? - Dean sorriu ao ver a garota se aproximar. Estava sonhando... E com sua namorada!

O menino se aproximou e abraçou-a com força, beijando-a em seguida. Os amassos tornaram-se mais quentes, e Dean fechou os olhos. Estava finalmente tendo prazer com a garota. Graças a Deus!

O amasso estava muito bom quando Dean se tocou de uma coisa... Onde estavam os seios de Jo? Ainda com os olhos fechados, apalpou-a um tanto preocupado. Seu coração começou a palpitar. Definitivamente aquele corpo era masculino...

Assustado, Dean abriu os olhos. Jo olhou para ele de volta, indagativa.

– Parou por quê?

– Jo? É você mesma? – perguntou ele aflito.

A ruiva riu.

– O sonho é seu... Você pode se enganar se quiser...

Dean abriu os olhos, dessa vez, de verdade. Acordou assustado e ofegante. Pelo jeito até seu subconsciente estava a fim de gozar com a cara dele...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dezesseis Anos e Meio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.