Dezesseis Anos e Meio escrita por Lady Padackles


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Nunca escrevi uma song fic na vida, e nem sou muito chegada a elas... Mas esse capítulo estava pedindo, então pela primeira vez, incluo uma canção. É provável que quase ninguém conheça. Não sei... Aconselho a buscarem no Youtube para escutar junto com os Js. O nome da música é “Yes” de Tim Moore.



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O início da semana não foi dos melhores para Dean. Logo na segunda-feira, cedo pela manhã, teve treino de basquete. E um treino desastroso por sinal... Dean estava com os pensamentos longe, e sem se concentrar, simplesmente não conseguia acertar nada.

– Não é possível! – Reclamou “navalhada”, quando o menino, pela décima vez, não conseguiu dar um passe bem feito.

Brian olhou feio para o capitão.

– Pablo... Nós estamos aqui para treinar. Ninguém nasceu sabendo... – disse com a voz firme, em defesa do louro.

O hispânico calou-se, mas não pareceu nada satisfeito, trocando olhares de revolta com o restante do time. Logo ficou claro que Dean era o queridinho. O protegidinho do treinador... E isso já era razão suficiente para que os outros garotos não fossem com a cara dele.

– Dean, você pode ir beber água. Está muito calor... – dizia Brian enquanto os outros jogadores bufavam, correndo pelo campo.

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– O time inteiro me odeia... – lamentou-se Dean para a namorada logo depois do treino.

– Impossível, Dean! Como pode alguém odiar você? Logo você...

Jo abraçou o namorado por trás, e Dean retribuiu o carinho. Não que ele tivesse vontade, mas já tinha se conformado a cumprir seu papel. Ainda abraçado à namorada, os pensamentos de Dean divagavam. Faltava um dia para o seu encontro com o professor Winchester...

Ele havia treinado por horas em frente ao espelho... Sentia-se mais preparado e por vezes até mais calmo. E então Dean lembrava-se do olhar intrigante do professor... E vinha a curiosidade em saber como seria a sensação de tocá-lo...

Mas não, ele não podia ter pensamentos assim... O menino apertou os olhos com força e enterrou a cabeça nos ombros da namorada, em uma tentativa de esquecer Sam ao menos por um momento. Tinha que parar com aquela curiosidade sem sentido...

“Tanto faz se o professor Winchester é flácido ou musculoso... Tanto faz... Tanto faz...” - O louro repetia para si mesmo em silêncio.

– Está tudo bem com você, lindo? – perguntou Jo, estranhando o comportamento do namorado. Pelo jeito “navalhada” e o resto do time estavam mesmo mexendo com o garoto.

– Tudo bem... – respondeu o louro com pouca convicção. Beijou Jo em seguida. Iria ficar ao lado da ruiva para sempre se fosse preciso. Casariam e teriam filhos... Quem sabe assim esquecesse Sam de vez... Faria qualquer coisa para se livrar daquela maldita obsessão.

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No dia seguinte, quando o horário do encontro com Sam finalmente chegou, Dean estava tenso. Apesar disso, sentia-se preparado. Já sabia alguns movimentos de luta, e estava convicto que apenas encarando o homem de frente poderia por fim tirar da cabeça os pensamentos indesejados. Iria ficar tudo bem... Ele já havia planejado exatamente como agir.

A descontração de Misha e Justin contrastava com o seu comportamento apreensivo. Os dois estavam ainda mais animados que as meninas com a tarefa designada a eles, se é que isso era possível. Jo e Ruby carregavam revistas e livros com fotografias e desenhos antigos para se inspirar e criar o figurino da peça. Tagarelavam sem parar, passando as figuras de uma para a outra.

Misha e Justin estavam incumbidos de escolher as músicas que seriam tocadas. Os dois haviam passado os últimos dias pesquisando e baixando canções da internet. Não queriam escolher nada muito recente ou muito óbvio. Aproveitariam aquele encontro para ouvir as descobertas de cada um e decidir quais eram as melhores.

Antes mesmo que Sam chegasse, os quatro já estavam sentados e puseram-se a trabalhar em suas tarefas.

– Eu baixei várias músicas dos anos oitenta! Deixa eu te mostrar... – Exclamou Misha, pegando seu i-phone. Justin sorriu e imediatamente colocou os fones no ouvido.

Dean respirou fundo e esperou quieto em seu canto. Repetia para si mesmo que estava tudo bem... Iria contar a Sam que tinha assistido e treinado movimentos de várias lutas, desde o Boxe ao Taekwondo. Poderia inclusive reproduzir algumas coisas que aprendeu. E tanto fazia se ele era flácido ou musculoso... Isso não importava... Ele era seu professor, um homem, e sua relação com ele era meramente acadêmica.

– Boa tarde, meninos! Bom encontrá-los compenetrados e trabalhando!

Dean respirou fundo. Lá estava o professor Winchester...

Misha, Justin e Jo acenaram para o homem de longe. Ruby fez questão de se levantar e cumprimentá-lo com dois beijinhos.

Sam pediu para a menina se sentar e continuar seus afazeres. Ele e Dean tinham um treino de luta pela frente...

– Vamos então, Dean? Vamos lá para o tablado?

O louro sentiu suas pernas bambearem e seu coração disparar. Respirou fundo novamente tentando ficar mais calmo. Ele não tinha nenhum motivo para tanto nervosismo, tinha? Sabia exatamente o que fazer...

Quando Sam pôs-se de frente para ele e sorriu, mostrando duas covinhas bem marcadas nas bochechas, o louro sentiu-se completamente perdido.

– Você me disse que não sabia lutar... – disse então o professor, quebrando o silêncio. – Eu pensei em algo como uma luta livre... Nada muito complicado. Eu posso te mostrar os movimentos e a gente vai ensaiando. Pode ser?

Tudo que Dean havia planejado dizer lhe escapou, e o menino simplesmente acenou com a cabeça afirmativamente, olhando para o professor assustado.

Sam colocou um colchão no chão para que ninguém se machucasse. Depois voltou a falar, explicando o primeiro golpe que tentariam.

– Você se aproxima de mim, e faz como se fosse me dar um soco. Aí eu seguro o seu braço e finjo te atingir no estômago com um pontapé. Você se joga para trás e cai no colchão...

Dean apenar olhava para ele, sem esboçar reação.

– E então, vamos tentar?

Sam olhou para o garoto na expectativa, mas o louro permaneceu parado. Era para ele dar um soco no professor? Infelizmente Dean estava desesperado demais para tomar qualquer iniciativa.

Sam, percebendo o nervosismo do outro, começou a ficar nervoso também. Sua intenção inicial era explicar um movimento de cada vez, ensaiando em seguida. Mas talvez fosse melhor que falasse mais um pouco antes de partirem para a ação...

– E o se... segundo golpe – continuou Sam, gaguejante – você se levanta e faz como se fosse me empurrar no chão. Aí eu te seguro, te levando e te jogo por cima de mim...

Dean balançou a cabeça afirmativamente, fingindo prestar mais atenção do que na verdade conseguia.

O discurso do professor pareceu demorar uma eternidade. Quando Sam finalmente acabou de descrever cada um dos movimentos que havia planejado, respirou fundo e resolveu agir. Dean era só um garoto... A iniciativa precisava partir dele afinal.

– Vamos lá então? – perguntou com docilidade, e se aproximou.

O louro balançou a cabeça mais uma vez.

– Vem... Me dá um soco... De levinho...

Dean então fechou o punho e encostou na barriga do professor. Estava sem jeito e bastante trêmulo.

– Da próxima vez pode ir com mais força... – advertiu Winchester – para parecer mais real...

– Tudo bem... – respondeu Dean em um fio de voz.

Sam então segurou o braço do menino. Era quentinho e macio... O mero contato de braço com braço fez com que tanto Sam quanto Dean sentissem arrepios por todo corpo. Ambos suavam frio, mas Sam finalizou o movimento como planejado tocando a barriga do louro com o pé, de leve.

– Agora você se joga! – pediu.

Dean deixou-se cair no colchão de qualquer jeito. Aquele treinamento estava sendo mais difícil do que antecipara.

– Vamos treinar esse movimento de novo? – perguntou Sam ofegante, tentando ser profissional. Ofereceu a mão para Dean se levantar em seguida.

Olharam-se nos olhos mais uma vez e Dean estremeceu. De fato tanto fazia se Sam era flácido, musculoso, gordo, magro ou todo torto... Seu desejo era mergulhar nos braços daquele homem e senti-lo da cabeça aos pés... Era mais forte que ele.

Dean reiniciou o movimento dando um soquinho ligeiramente mais forte na barriga do professor. Sam segurou o braço do menino novamente e ambos, como da primeira vez, se arrepiaram com o contato. Dean se jogou no colchão em seguida como planejado.

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– Ahh, essa música que você pegou é linda! Eu não conhecia... – exclamou Justin ao ouvir uma das canções escolhidas por Misha. – Pode ser o tema de um dos casais...

–Qual delas? – perguntou o moreno, pegando os fones de ouvido para si. Sorriu em seguida. – Sim, eu também adorei! E também nunca tinha ouvido antes...

– Deixa a gente ouvir também! – pediu Jo. Os meninos a princípio queriam fazer segredo, mas acabaram cedendo.

– Vou ligar na caixa de som... – disse então Misha, conectando seu i-phone.

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– Vamos ensaiar o segundo golpe? Dessa vez você tenta me empurrar. Eu te seguro pela cintura e te jogo por cima de mim...

Dean engoliu em seco... Tremeu só em imaginar as mãos fortes do professor o segurando pela cintura e o erguendo do chão. Seu coração bateu ainda mais forte quando os primeiros acordes de uma melodia tocante se fez ouvir.

Oh yes, yes... (Oh Sim, sim...)

Sam também estremeceu ao som da música que vinha da caixa. encarou o garoto nos olhos. Como era lindo... Suas mãos estavam trêmulas e sua garganta, seca. Mas tinha de continuar...

Nothing Never Felt to me (Nunca senti antes)

Like you do right now (O que sinto por você agora)

– Vamos lá... Me... Me empurra – pediu Sam quase sem fôlego.

Dean ergueu os braços, e com um movimento lento encostou nos ombros do moreno, fazendo leve pressão.

Aah, yes, yes, (Aah, sim, sim)

That's the only word (Essa é a única palavra)
I want to hear from your mouth (Que quero ouvir de seus lábios)

E então, trêmulo de emoção, Sam pegou suavemente na cintura de Dean. Finalmente podia segurar seu bebezinho, com ambas as mãos... O garotinho que tanto amava...

Oh, let's not waste our time (Oh, não vamos perder nosso tempo)
Hiding what we feel inside (Escondendo o que sentimos por dentro)

Quem colocou aquela música para tocar logo naquela hora? Dean estava ficando com os olhos marejados.

If your tongue is tied, just whisper yes, (Se sua língua estiver presa apenas sussure "sim")
Darling, yes, darling, yes (Querido, sim, querido, sim)

Com um movimento mais brusco, o professor finalmente ergueu Dean do chão. Ele era macio, quentinho e gostoso...

Yes, yes, don't you feel breathless (Sim, sim, você não fica sem fôlego)
When I'm holding you near? (quando te seguro perto de mim?)

A intenção era derrubar o garoto e ficar de pé. Mas Sam não conseguiu... A emoção era tanta que caiu no colchão também, por baixo de Dean, fazendo seus corpos se tocarem ainda mais do que o necessário.

Ah, yes, yes (Ah sim, sim)
We could light a fire (Nós poderíamos acender um fogo)
And keep it burning for years (e deixá-lo queimando por anos)

Dean, caído por cima, mal conseguia se mexer. Sentia cada músculo, cada contorno do corpo do professor Winchester. Podia ouvir sua respiração e sentir seu cheiro... Estava embriagado, enfeitiçado... Tudo o que o louro queria era poder abraçar aquele homem e ficar junto dele. Beijá-lo, da cabeça aos pés. E Sam queria o mesmo... E muito mais...

It's that misty look inside your eyes (É aquela névoa dentro de seus olhos)
That I want to monopolize (que eu quero monopolizar)
Feel your skin on mine, (sinta sua pele na minha)
It's crying yes darling, yes darling, yes (ela está gritando sim, querido, sim)

Seus corpos gritavam para não se separar, desesperados de tesão, mas tanto Dean quanto Sam buscaram forças para se levantar. E, novamente de pé, olharam-se nos olhos.

Era um sentimento tão profundo e tão grandioso que Dean não pôde conter uma lágrima, e depois outra. Ele não sabia exatamente o que estava acontecendo com ele, mas chorar na frente de Sam já era demais... Sentiu-se envergonhado.

Romantic pressure's gonna drive me insane, (A pressão romântica vai me deixar louco)
Time goes by and I'm losing ground (O tempo passa e estou perdendo terreno)
Do you want to see a loved one in chains, (Você quer ver seu amado acorrentado?)
I'm sinking baby, I'm gonna drown, I'm going down (Estou afundando meu bem, eu vou me afogar, estou afundando).

Sam entendeu que era hora de parar. Ele estava tocado, trêmulo e emocionado. Imaginou o quanto estava sendo difícil para Dean, que ainda era um garoto. Era tanto desejo... Tanto sentimento... E ao mesmo tempo a impossibilidade de ficaram juntos, por uma estúpida imposição social. O pobre menino estava até chorando... Era de cortar o coração.

Oh, yes, yes (Oh, sim, sim)
Can't you feel the passion (Você não pode sentir a paixão)
When I look in your eyes? (quando olho em seus olhos?)
Ah, yes, yes (Ah, sim, sim)
This is how I want it (É assim que eu quero)
For the rest of my life (pelo resto da vida)

Sam apertou o ombro de Dean de leve e olhou para ele com ternura. Queria poder dizer-lhe que dariam um jeito. Que quando duas pessoas se amam, sempre tem jeito...

– Está bom por hoje… Foi muito bom... - disse então, simplesmente, em voz baixa.

O louro sorriu um sorriso discreto e correu para perto dos colegas, enxugando as lágrimas depressa. Escutou o restante da canção calado.

Oh, giving fire to your flame, (Oh, colocando fogo em sua chama)
Every time you speak my name (sempre que você falar meu nome)
Close your eyes and say it to me (feche os olhos e me diga)
Yes darling, yes darling, yes. (sim, querido, sim querido, sim).

Dean engoliu a vontade de chorar. Será que algum dia ouviria Sam lhe dizer sim?


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela paciência... Sei que estou demorando a postar os capítulos, e, pior ainda, estou indo viajar daqui a três dias... Ou seja, o próximo vai demorar bastante (vou ficar três semanas fora – minha irmã está vindo do Brasil me visitar e vamos para Orlando/Disney). Mas não queria ir sem antes me despedir de vocês e postar o capítulo da “luta”. Então, corri para escrevê-lo, e aqui está. Espero que tenham gostado. Beijos, e até a volta!



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